POV Maria

_Eu sabia que ele não ia vir, Sabia. Mas você me ouve?! Claro que não...-Dizia Dyana, quando estávamos saindo da cafeteria.

_Por favor, Dyana, cala essa boca.- falei com os olhos cheias de lágrima, mas jurei para mim mesma que não choraria por quem não vale a pena. O pior é que eu achava que ele valia à pena. Que idiota que sou.

_Não vem me mandar calar a boca não ta! A culpa é sua, eu te disse pra não confiar nesses garotos, esse tal de Arthur.

_Mar você ta chorando, ai me desculpa. – Falou ela me abraçando. - Não chora por aquele idiota.

_O pior é que eu estava gostando dele, ou pelo menos achava. – falei

_Olha, talvez estamos nos precipitando. E se aconteceu alguma coisa e se...- Não deixei ela terminar de falar.

_Não vou perdoar ele- falei segura do que disse.

_Você quem sabe. Quer que eu te acompanhe até em casa, ou quer vir para minha?- perguntou ela.

_Não, preciso ficar um tempo sozinha. Boa noite!.- falei nos despedindo

_Fica bem ta?!- falou entrando em sua casa. Segui para casa com mil coisas em minha cabeça, mil motivos pela qual ele não foi. E cheguei em algo obvio, ele não foi porque não quis. Quando cheguei perto da minha casa vi Lorg encostado no meu portão. Quando ele me viu abriu um largo e belo sorriso.

_Oi Mar- falou ele ainda sorrindo.

_Oi – Respondi, já que não queria brigar hoje.

_Eu não vim aqui para brigar, eu queria conversar com você. - Falou ele, como se estive ouvindo meus pensamentos.

_Ta bom Lorg. Mas eu estou cansada, outro dia a gente se fala ok?!- Falei tentando abrir o portão, mas ele ficou na frente.

_Não, espera. Você sabe que eu te amo né?! Que você é minha melhor amiga, e a única garota que eu me apaixonei. Por favor, me perdoa pelo que eu falei com você no passado, eu estava deprimido e descontei tudo em você, me perdoa?-Falou ele me fazendo lembrar o passado, e de tudo que já passamos.

_Eu ainda estou muito magoada, com tudo que aconteceu e...- Falei

_Mas me perdoa?- perguntou ele se aproximando e acariciando meu rosto com suas mãos. Tentei evitar seu olhar, mas ele levantou meu queixo, fazendo com que eu o encarasse. Apesar de todas as mudanças ele ainda tinha os olhos do garoto que conhecia, e amava.

_Eu preciso pensar sobre isso, ok?!- falei

_Claro, mas antes eu preciso disso. – Ele se aproximou mais de mim e beijou meus lábios de forma doce e suave, mas um pouco mais maduro. Não evitei o beijo, pois eu queria isso. Logo depois eu me afastei.

_Tenho que entrar. – Falei abrindo o portão.

_Boa Noite Mar- falou ele, não olhei para trás.

Entrei no meu quarto ainda pensando no nosso beijo. Apesar de tudo que ele me fez ele ainda mexia comigo, não tanto como antes, mas ainda tinha alguma coisa, talvez porque ele foi meu primeiro e único namorado e amor.

*Flashback ON

Eu tinha 13 anos quando dei meu primeiro beijo com o meu melhor amigo, ele tinha 14. Nós éramos vizinhos, e eu tinha uma paixonite por ele dês dos 9 anos. E então começamos a namora, nossos pais achavam que era algo de criança, que logo íamos enjoar um do outro, mas passou um mês, Três meses, sete meses e ainda estávamos juntos. Ele até foi na minha casa todo de terno e gravata falar com meus pais, muito fofo. Eu fiz 14 anos e ele um mês depois 15, e continuávamos juntos, eu estava ainda mais apaixonada por ele. Logo após um ano de namoro, algo terrível aconteceu, a mãe de Lorg morreu em um acidente de carro, um homem conhecido do meu pai dormiu ao volante e avançou no sinal mesmo na hora que a mãe do Lorg estava passando. Lorg ficou em choque, passou alguns dias sem querer nem me ver, quando voltamos a ter contato ele estava diferente, estava constantemente irritado. Eu entendia, e continuava junto a ele. Quando o julgamento do homem que provocou a morte de sua mãe iniciou, meu pai foi o advogado do homem, já que ele era uma boa pessoa e velho amigo do meu pai. Lorg ficou indignado, xingou meu pai de todos os nomes possíveis, e isso acabou me ofendendo. Não terminamos, mas também não estávamos mais nos vendo, eu acreditava que ele ia vir me pedir desculpas, eu precisava que ele me pedisse desculpas, pois já não aguentava mais ficar longe dele. Até que um dia quando cheguei na escola, eu o vi beijando sua colega, uma garota mais velha e mais bonita do que eu. Quando ele se tocou que eu estava vendo os dois ,nem ligou, saio de mãos dadas com ela. Fui para casa chorando muito, pois o garoto que eu amava tinha partido meu coração. Passei a evitar ele pelos corredores da escola. E logo depois ele se mudou com seu pai e foi estudar no colégio interno. Apenas esse ano nós nos encontramos em uma festa na casa de um amigo meu. Eu tentei o evitar, mas ele me procurou na festa e tentou falar comigo. Não deixei ele falar nada, fui embora da festa irritada e triste, já que as magoas do passado havia voltado, junto com Lorg.

*Flashback OFF

Quando acordei pela manhã, lembrei que era domingo, e data de morte da mãe de Lorg, a Luciana. E todos os anos eu ia até o cemitério da cidade para levar flores para seu tumulo. Fiz como de costume nessa data, me vesti, passei na floricultura e comprei rosas brancas, que era a sua flor preferida, e segui até o cemitério.

Chegando lá, coloquei as flores em cima do tumulo e fiquei olhando a lapide que tinha escrito:

“ A Vida é uma série de momentos. Desapegue-se”

Lembrei o quanto ele era alegre, carinhosa e não ligava, realmente, para as coisas matérias. A felicidade era o que bastava para ele.

Sorri, lembrando dela e uma lagrima desceu pelo meu rosto. Uma mão tocou no meu ombro, quando virei vi Lorg.

_Eram as flores preferidas dela! – Falou Lorg, colocando as suas flores ao lado das minhas.

_É, eu sei. -Falei com um sorrisinho de cumplicidade.

_Eu vou deixar você sozinho, acho que você precisa desse momento- falei já saindo.

_Você pode me esperar lá na frente?-Perguntou Lorg Eu não queria conversar com ele, mas não poderia negar isso a ele nesse momento.

_Posso- respondi saindo Fiquei esperando por Lord perto de uma árvore dentro do campo onde ficavam os túmulos, um local bem verde, mas muito solitário. Então o vejo vindo, cabisbaixo e um pouco triste. Ele se aproxima de mim e me abraça. Retribuo o abraço. Quando ele me solta, vejo que seus olhos estão vermelhos.

_Obrigada Maria, por vir todos esses anos vê-la, enquanto eu não aguetava vir!- Disse ele

_Eu adorava ela! – falei

_Eu sei que não era por mim que você vinha. – Falou Lorg

_Não foi isso que eu quis dizer Lorg.- Falei

_Eu sei o quanto você ainda esta magoada comigo. -Disse ele. - Eu fui um cretino com você, mas eu mudei, acredite.

Eu acredito que ele mudou, ele já mudou tantas vezes, mas com certeza a sua maior mudança foi fisicamente. Ele passou de um garoto magricelo e pequeno, para um homem alto e com um corpo bem definido, ele estava incrivelmente lindo.

_Ta bem, eu acredito. – Falei.

_Que bom então. - disse ele se aproximando de mim. Seus lábios já estavam bem próximos dos meus, mais eu me afastei. Ele me olhou com uma expressão confusa.

_Te perdoar não é o mesmo que voltar com você. - Falei.

_Ta bem então, mas não me peça para parar de insistir. – Disse ele.

Dei um sorrisinho e caminhei saindo do cemitério, ele me acompanhou. Continuamos em silencio até o portão do cemitério. Então ele disse.

_Espera aí, eu vou buscar meu carro.

_ Não, na verdade eu vou andando mesmo. Mas obrigada. - Falei, tentando cortar a nossa conversa o mais rápido possível.

_Porra Maria. Você continua a mesma, complicada e teimosa. – Disse ele com um belo sorriso torto.

_É continuo mesmo. – Falei cruzando os braços e levantando o queixo.

_Que bom, porque eu adoro essa Maria e mais ainda quando fica irritada.

– Falou ele se afastando para ir buscar o carro. O caminho de volta foi quieto, ninguém falou nada. Quando chegamos na frente da minha casa ele abriu a porta do carro para mim.

_Nossa, você está realmente tentando me impressionar. – Pensei alto de mais.

Ele ficou envergonhado pela primeira vez desde que voltamos a nos falar.

_Acho que sim. - Falou ele, muito baixo.

_Tudo bem. –Falei._Tenho que entrar.

_Até logo Mar.- Falou ele.

_Xau.- Falei entrando em casa.

Fiquei o dia todo em casa, Dyana me chamou para sair, mas eu aleguei que estava doente, e que o médico me mandou ficar em repouso, para não ter que sair. Não queria falar para ela sobre Lorg. Fui dormir cedo.

Acordei atrasada e corri para o colégio. Chegando lá, vi Arthur na frente da escola. Meu coração bateu mais forte, e uma felicidade me consumiu. Quando ele me viu deu um sorriso largo e eu retribui, mesmo sabendo que ele não merecia. Caramba, eu estava realmente apaixonada por aquele garoto.