Sofia

– O que queres com a minha ilustre presença? – perguntei me aproximando.

– Nada de importante, só te chamei para olhar as estrelas. Está uma noite tão bonita. – Heitor explicou.

– Nisso tenho que concordar. Sempre gostei de olhar as estrelas e tentar achar as constelações. – comentei sentando-me ao seu lado.

Ficamos algumas horas olhando aquele céu imenso iluminado por trilhares de estrelas, cada uma com seu próprio brilho.

– Olha uma estrela cadente! – exclamei. – Faça um pedido.

Heitor fechou os olhos e eu fiz o mesmo.

– O que pediu? – perguntei.

– Não conto.

– Ah por favor! – pedi. – Eu conto o meu: eu pedi que... – não consegui terminar de falar, Heitor colocou a mão em minha boca.

– Não quero que perca um desejo por minha causa. – explicou. – Um desejo é como se fosse um sonho bom, se contarmos não se realiza e quanto mais forte desejarmos mais chances ele tem de se concretizar.

– Uau, que profundo. Caiu até uma lágrima aqui.

– Sabe o que eu preciso pra realizar meu desejo? – ele perguntou virando-se para mim.

– O quê?

– Disso.

Ele se aproximou e com uma das mãos em meu rosto, me beijou. Não tenho palavras para descrever o que eu senti, só posso dizer que foi a melhor sensação de toda minha vida! Terminamos o beijo com selinhos e por fim Heitor falou:

– Para que meu desejo se torne real por completo preciso que responda uma pergunta: Sofia Clark, você quer namorar comigo?

– Sim, mil vezes sim! – respondi e abracei-o um pouco forte demais o que fez com que a gente caísse no chão com Heitor sobre mim. – Em todas as línguas: sim, oui, yes, sí, ja, sim. – e o beijei mais uma vez.

– Sabe, consequentemente acabei de realizar meu desejo também. – disse me levantando. – Pedi que encontrasse o amor da minha vida e bum ! Aqui está você.

– Sou um cara de sorte. – ele levantou-se e entrelaçou nossas mãos. – Você é a melhor namorada que alguém poderia pedir.

Descemos as escadas e fomos para o dormitório já era quase meia noite e teríamos aula no outro dia. Chegando no corredor despedimo-nos com um selinho.

– Eu te amo tanto. – ele falou.

– Te amo mais.

– Te amo muito mais.

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Segunda-feira

– Acorda Sofia !! Estamos atrasadas. – era Alice me chacoalhando.

Acordei um pouco sonolenta, tinha alguma coisa errada, olhei para meu pijama e ele estava molhado.

– Por que meu pijama está molhado ?

– Helena tentou te acordar com água mas não deu certo. – Alice explicou. – Agora chega de enrolar, já perdemos o café da manhã não queremos perder aula também.

Troquei-me o mais depressa que pude e fui correndo para a sala de aula junto das meninas. Sorte a nossa que o professor também estava atrasado.

– Drooga. Eu tô com fome, nem café eu bebi e vocês sabem como eu fico sem tomar café. – Helena reclamou.

– Ah não, Helena zumbi raivosa não. Aguenta firme, eu já volto com seu café. – Luciano disse e foi correndo atrás do precioso café para a Helena.

– Bom dia. – Heitor desejou-me com um selinho.

– Bom dia – respondi.

Ele sentou ao meu lado. Reação do pessoal: WTF ? Helena estava quase tendo um ataque de nervos faltava um minuto pra ela gritar comigo até que Luciano chegou com o precioso café dela e ela esqueceu totalmente que eu existia.

As aulas passaram mais rápidas do que eu esperava [ainda bem] e a hora do almoço estava próxima. Sai de mãos dadas com Heitor da última aula e assim que encontrei o pessoal fui abordada por uma Helena estérica :

– Por que você não me contou antes ? – ela perguntou.

– Porque estamos assim faz apenas 8 horas. – respondi de forma irônica.

– Ah, por isso você chegou tarde ontem. Sua safada !

– Não aconteceu nada de mais, além do mais, não fui eu quem estava aos pegas com o Luciano na minha cama.

– Da licença que ele é meu namorado então eu posso.

– E quem disse que nós não somos ? – perguntei mostrando nossas mãos. O pessoal começou a gritar "Vivas, até que em fim, finalmente ou Parabéns’’.

– Bem vindos ao mundo dos relacionamentos !! – desejou-me Alice. – Agora podemos montar encontros duplos.

– 3 vivas para o novo casal ! – exclamou Frederico.

Nesse momento estava com minha cabeça escondida sob o braço de Heitor. Nunca senti tanta vergonha na minha vida. Fomos almoçar e enquanto comíamos observava a nossa turma. Quando cheguei existia uma rixa na escola entre a Elite e os rejeitados e agora somos uma grande família. Bianca ? Não sei. Desde o último incidente ela não deu mais as caras, está sempre sozinha, não conversa com ninguém, tenho pena, de verdade.

Terminamos de almoçar e eu e Heitor fomos dar uma volta pela escola. Andamos, andamos, até que fomos parar no jardim.

– Onde tudo começou... – falou Heitor.

– Tecnicamente a gente se conheceu na biblioteca. – falei.

– Não estraga o clima.

– Tudo bem, mas ainda temos aula de Educação Física.

Assim que terminei de falar uma voz soou pelos altos falantes da escola: "Atenção alunos, devido a forte chuva que aconteceu no sábado, o ginásio ficou totalmente alagado e o campo está sendo aparado, portanto as aulas de Ed. Física foram suspensas até segunda ordem. Obrigada".

Olhei para o campo a nossa frente, nada de anormal. Olhei para Heitor e este estava com um sorriso maroto no rosto.

– De nada – ele falou.

– O que vocês fizeram ? –perguntei.

– Digamos que não foi a chuva de sábado que deixou o ginásio naquele estado e sim um pequeno deslize que alguém cometeu ao deixar a mangueira aberta. – ele explicou.

– Vocês perderam a noção ? E esse desperdício de água ? – perguntei incrédula.

– Ei, foi ideia do Luciano que queria passar mais tempo com a Helena eu só dei uma mãozinha. Vai dizer que não gostou da ideia de passar mais um tempo comigo ?

– Se a diretora descobrir vocês estão fritos.

– Você disse SE ela descobrir. Além do mais a gente tem o Frederico e o Daniel pra colocar a culpa.

– Vocês são loucos. – falei encarando-o.

– Vai dizer que você não gosta desse meu lado rebelde.

– Um pouco de rebeldia não faz mau a ninguém, certo ?

– Com certeza. – ele respondeu e foi aproximando-se de mim e antes que pudéssemos fazer qualquer coisa vários respingos começaram a cair sobre nós. Os irrigadores do jardim foram ativados.

Começamos a rir e depois de recuperar o folego eu disse :

– Sabia que eu sempre quis beijar na chuva ?

– Sei que isso não é uma chuva mas o que acha de realizarmos seu desejo?

– Apoiado.

E sem mais delongas, Heitor selou os nossos lábios com um beijo suave, suas mãos estavam em minha cintura enquanto eu entrelaçava as minhas em sua nuca. Simplesmente aquele foi o melhor dia da minha vida.