Era noite de formatura. Era a noite em que a segurança deles escaparia por entre seus dedos, em que eles fariam aquilo que estavam preparados desde o anúncio de Você-Sabe-Quem. Era a noite em que tudo se despedaçava e as muralhas caíam e em que eles finalmente ganhariam a amedrontadora liberdade.

Eles estava nos jardins, as capas sendo usadas uma ultima vez, os diplomas espalhados por ai, as bebidas e os cigarros e a maconha sendo consumidos por ai. Haviam luzes penduradas pelas árvores, tudo dourado e vermelho – porque aquela era a noite deles, dos leões.

Se a guerra não estivesse ali, eles provavelmente não teriam vivido tão intensamente, teriam ficado com suas dúvidas, palavras na boca, esperando que algo acontecesse. Sim, a escola de magia era um pouco má, por fazer com que eles se sentissem seguros em um mundo horroroso, Hogwarts envenenava a realidade, mas eles haviam conseguido viver. Eles sabiam o que a realidade era, eles não se iludiram.

Nenhum deles que estavam ali sairiam vivos ou sãos de qualquer jeito. De alguma forma, eles sabiam que nunca terminariam aquela guerra, os Comensais eram poderosos de mais – mais crueldade, mais dinheiro, mais vontade de lutar em uma guerra para matar. Eles estavam ali para que outros terminassem o que eles começaram, eles eram apenas o início do fim.

[When Rome's in ruins

We are the lions

Free of the coliseums

In poison places

We are anti-venom

We're the beginning of the end]

Sirius estava sorrindo para James e Lily se beijando em baixo de uma árvore, enquanto se balançava ao som suave da música. Não era uma festa de arromba, rebelde ou contra as regras – era uma ultima noite pacífica antes do resto.

Ninguém chegou perto e ele sabia que era porque ele estava tendo um de seus momentos, onde nada importa e ele fica com aquele sorriso estranho no rosto. Era bizarro, na verdade. Todos olhavam esquisito para ele quando aquilo acontecia, ele sentia os olhares.

Ele gostava de pensar que era exótico.

Havia uma menina que também achava exótico, e quando ninguém chegou perto, ela colocou os braços ao redor de seus ombros e dançou junto ele. O sorriso era petulante. Ele amava.

E ela era Marnele, [o seu cabelo era curto e cheio e dourado, seus olhos escuros como o dele, as sardas claras em seu rosto moreno fazendo com que ela pudesse ser estudada por horas], uma menina americana que viera este ano para Hogwarts junto com James, seu primo, pois sua família tinha sido assassinada – eles eram os responsáveis pelos reforços que os bruxos dos Estado Unidos da América iam mandar e Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado matou todos eles. Ela entrava na Grifinória mais rápido que qualquer outro.

Assim, ao contrário das outras noite, a raposa caçou o cachorro. Apenas por uma noite, mas valeu a pena. Dava um gostinho de vitória antecipada. E Sirius Black, por incrível que pareça, adorava ser caçado. O cabelo dele era comprido para um cara, castanho escuro como seus olhos, e ele não tinha nenhuma sarda no rosto claro, apenas covinhas quando sorria – e ele estava sorrindo.

Quem imaginaria que um Black teria covinhas?

Eles seriam o casal mais fofo do mundo se não fossem os mais selvagens, completamente sem vergonha, que estavam sempre com cigarros feitos de ervas diferentes uma das outras, conversando sobre a família que eles perderam e fazendo sexo selvagem na livraria ou em salas vazias ou no jardim ou na Sala Precisa ou no quarto dela antes das amigas chegarem das festas.

Aquelas aventuras que eles tiveram sempre foram como troféus, histórias que eles teriam para contar – as suas vitórias pessoais. Mas, na verdade, para todos ali, se beijando, se divertindo, dançando e amando, apenas estarem vivos já era uma vitória.

[Tonight the foxes hunt the hounds

And it's all over now before it has begun

We've already won

We are wild, we are like young volcanoes

We are wild, Americana, exotica

Do you wanna feel a little beautiful baby? Yeah!

Oh]

Ao seu lado, ele conseguia ouvir Mary Macdonald e Hestia Jones dançando e rindo e falando que se elas se beijassem, os meninos iam surtar – o que era obvio.

Para deus grifas corajosas e independentes, as duas demoraram algum tempo para se assumirem e ficarem juntas: brigavam como ninguém, escandalosas e utilizando mais feitiços do que o normal. Depois de brigarem era sempre o mesmo Não importa, aquele Não foi nada de mais mesclado de lágrimas.

Mas quando elas ficaram, pelos Céus, nada mais as pararam. Sexo e paixão viraram tudo em suas vidas, se mesclando e fazendo-as viver uma história de conto de fadas, uma sem príncipes ou fadas madrinhas, em que as princesas salvavam umas as outras.

Se havia alguém que adoravam e que faziam meninos de idiotas, eram aquelas duas – sempre eram elas que andavam de calcinha e sutiã no Salão Comunal depois de terem transado no tapete ao lado da lareira, os meninos com que queixo no chão. Nós só estamos mostrando os merdas que eles são, era o que diziam.

[Come on

Make it easy, say I never mattered

Run it up the flagpole

We will teach you how to make boys next door

Out of assholes

(Ha Ha)]

Benjy Fenwick e Emmeline Vance estavam dando seus primeiros beijos, sentados em um galho alto da árvore mais linda do jardim, com a vista para toda a festa e todos os casais. Nenhum dos outros era como eles, um amor pacífico, onde tudo que importava eram as mãos nos rostos um do outros – sexo não era necessário para eles, o casal assexuado.

A única coisa que eles precisavam era amor.

Nadando no Lago Negro, depois de rir de Peter, que caíra e se encharcara sem querer, estava Dorcas. Suas lágrimas se misturando com a água cristalina que lembrava os olhos dele. Ela estava com o coração partido, superando aquilo no modo maluco dela.

Ela só precisava de um cavalete e tinta e pincéis e tudo ficaria bem muito em breve.

Remus estava cuidando da música naquela noite, pensando como conseguiria seguir em frente, sem a Casa dos Gritos para protegê-lo. Ele era tão calmo mas ainda assim tão primitivo. Aquela guerra era um perigo para a sua estabilidade mental. Lupin sabia que era depressivo, apenas não sabia como iria resolver aquilo no meio de uma guerra.

Perto da Floresta, nos limites dos Jardins, estavam os gêmeos Prewett, Gideon e Fabian, planejando uma surpresa [como sempre]. Eles eram brilhantes, como a irmã mais velha sempre os ensinou. Jamais as decepcionariam de propósito, a ninguém, na verdade. E era nisso que pensavam quando acionaram os fogos de artifício.

Lily e James viram tudo de baixo da árvore, Marlene e Sirius ignoraram tudo da pista de dança, ao lado deles, Mary e Hestia se deitaram para verem melhor, Benny e Emmeline se apaixonaram de novo ao observarem de cima da árvore, enquanto Remus tentava achar algum prazer naquela visão – Dorcas apenas chorou mais dentro dágua.

Quando os fogos se transformaram em uma grande leão dourado, os gêmeos não podiam estar mais orgulhosos. Os fogos explodiam como novos vulcões sendo criados.

[We are wild, we are like young volcanoes

We are wild, Americana, exotica

Do you wanna feel a little beautiful baby? Yeah!

Oh!]

Nenhum deles sabia que morreriam até o fim da Segunda Guerra, cada um deles.

Lily e James morreriam protegendo aquilo que criaram para amar; Marlene e Sirius morreriam separados, sem pensar um no outro até se reencontrarem; Hestia viveu muito tempo sem sua parceira de loucuras, tentando fazer com que Mary estivesse orgulhosa dela, aonde quer que estivesse; Benny foi incompreendido até a morte, e deixou Emmeline sozinha, porque ninguém queria ficar com uma garota que odiava transar; Remus não sucumbiria à depressão, ele a superou, mas apenas conseguiu ser feliz quando Tonks apareceu em sua vida; Dorcas fez o que pode para seguir com suas decisões, e foi bem sucedida, nenhum arrependimento até sua morte, já havia chorado todas as suas lágrimas; e os gêmeos morreram como viveram, dando esperança e sendo heróis.

Mas, naquele momento maravilhoso em que eles estavam entre o passado e o futuro, embora não no presente exato, eles sentiram algo novo sendo criado. Eles trariam esperança, eles lutariam até o final, orgulhosos. Eles não sabiam de nada disso, apenas que estavam mudando, que algo nascia dentro deles.

Era um sentimento novo, uma explosão, um novo vulcão sendo criado – assim como os fogos de artifício explodindo.