Roses and Demons: Hell's Flower escrita por JulianVK


Capítulo 11
Já Acabou, Erika?


Notas iniciais do capítulo

Faz tempo desde que lancei o último capítulo! De fato, minha rotina de escrita sofreu muitas mudanças e devo voltar a lançar capítulos nos finais de semana (se tudo der certo). Não consigo colocar prioridade em Roses and Demons, mas gosto muito desta história e quero terminá-la.

Inclusive, mudei o título (originalmente era Antes que eu me Arrependa) por... razões. Pode me julgar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/638230/chapter/11

Depois de um começo completamente desastroso, Erika Secrett finalmente havia conseguido atingir um golpe em sua mestra. Mesmo que estivesse longe de ser algo decisivo, foi suficiente para arrancar exclamações da plateia. Antes caladas, as bruxas explodiram num burburinho.
–Foi um bom ataque, confesso. – Disse Anya Wald, expressando calma absoluta. – Mas não vai funcionar novamente.
–Obrigada pelo elogio, mestra.
Erika respondeu sorrindo com tamanha sinceridade que quase parecia uma criança inocente. A verdade é que se sentia aliviada, como se finalmente tivesse a prova de que alcançar sua mestra não era um sonho impossível. Ela então assumiu novamente sua postura de combate e voltou à ofensiva.
Diferente de antes, os movimentos da princesa eram calculados e precisos. Somando-se estes fatores à sua velocidade natural, ela praticamente não deixava aberturas. Também prestava muita atenção nos movimentos de sua mentora, defendendo-se com sucesso dos contragolpes. A batalha se tornou intensa, silenciando novamente as demais garotas e fazendo-as assistir a tudo com grande ansiedade.
Infelizmente para Erika, por mais que estivesse se esforçando ao máximo, conseguia, no máximo, criar um impasse, algo muito mais vantajosa para sua adversária. De fato, Anya se cansava num ritmo muito mais lento, e logo começou a sobrepujar a jovem. Atingida por um soco, esta última cambaleou, colocando a mão sobre o ombro.
Wald não fez questão de continuar atacando, afinal não era ela quem tinha de provar algo. Também não via necessidade de dizer algo e limitou-se a observar, imaginando que tipo de reação veria a seguir. Já a garota de cabelos dourados respirava pesadamente enquanto um toque de temor aparecia em seus olhos,
–“Ela realmente está levando isso a sério, não consigo achar uma brecha sequer.” –
Erika se sentia lisonjeada, mas também entendia o quanto isto era preocupante. Na falta de opções, considerou até mesmo tentar uma nova finta, mas logo descartou a ideia. Tinha certeza de que Anya não estava mentindo ao dizer que aquilo não funcionaria de novo. Mas se com seu nível de habilidade atual nada parecia dar certo, o que ainda lhe restava fazer?
–Já acabou, Erika? Não me diga que está pensando em desistir!
A voz de Kate Silmun foi ouvida claramente acima do farfalhar da brisa que balançava a grama e as folhas das árvores, o único ruído cortando o silêncio noturno. Era vergonhoso para Secrett apanhar tanto na frente de suas amigas, ainda mais por não conseguir revidar. Não somente Kate, mas Gabrielle e Esther também testemunhavam o embate.
–Kate, eu...
Ela se perdeu no meio da reposta. Dava-se conta de que, caso encontrasse alguma forma milagrosa de vencer aquela luta, estaria mandando essas mesmas amigas, e muitas outras, para um lugar repleto de medo e dor mais uma vez. Muitas de suas irmãs já haviam perdido a vida durante a batalha de Chesord, que direito tinha de enviar ainda mais para a morte?
Esses pensamentos minavam sua convicção e se misturavam às lembranças dolorosas da guerra que vinham à tona. Porém, junto a isso tudo, existiam também memórias que não carregavam lamentos, mas sim sentimentos reconfortantes. Entre elas estavam os esforços de Kate e Elbio para resgatar a garota da prisão, a presença gentil e acolhedora de Madame Papillon, e até mesmo aquela garota por quem tinha tanta admiração, apesar das atitudes assustadoras, a própria Samantha Datch. Eram todas pessoas que não podiam se dar ao luxo de escolher ignorar o conflito, pois se tratava de algo que ameaçava seus lares e suas pessoas amadas.
–Eu vou dar o meu melhor, pelo bem das minhas irmãs. De todas as minhas irmãs!
A surpresa de Anya durou apenas um instante, tão breve que ninguém percebeu. Ela compreendia o que sua aluna queria dizer com “todas as irmãs” e respeito essa atitude, mas se manteve impassível. Já a bruxa de cabelos negros, a única que compartilhava deste entendimento, respondeu sorrindo.
–Então me mostre como você luta quando é pra valer.
Todas as irmãs. Sim, depois de suas experiências no reino vizinho, Erika não poderia deixar de considerar as bruxas de lá como irmãs. Não conseguia simplesmente fechar os olhos enquanto outras filhas de Argenta pereciam. Faria sua mestra teimosa enxergar esses laços que as ligavam, mesmo que tivesse de ultrapassar os limites do próprio corpo para alcançar o nível dela.
–Esse olhar. O que você está pensando em fazer? – Perguntou Anya, percebendo que a princesa estava prestes a fazer algo arriscado. A resposta não veio com palavras, mas sim num grito feroz acompanhado do estalar furioso dos raios que envolviam o corpo da jovem. – “Mas que loucura, Erika!”
Ela se tornou um borrão, tão rápida que somente os olhos de sua mentora conseguiam acompanhá-la. As demais bruxas ficaram estarrecidas ao ver aquela furiosa chuva de golpes, e ainda mais com o fato de que Anya conseguia se defender. Contudo, por mais habilidosa que fosse, nem mesmo suas reações eram rápidas o bastante para evitar todos os ataques. A cada instante era atingida e não se via em condições de fazer qualquer outra coisa senão suportar.
–“Eu não imaginava que ela conseguisse aumentar tanto o próprio poder, mas se continuar lutando assim...”
De fato, Erika sentia o corpo toda se conflagrando em dores cada vez mais insuportáveis. Porém, se parasse agora, seria o fim da linha. Já havia ultrapassado demais os limites de seu corpo e, caso cedesse, não teria mais condições de continuar lutando. Naquele momento decisivo, sua única esperança de vitória era tornar seu frenesi ainda mais intenso.
Nisto, um grunhido de dor encerrou a cacofonia de raios crepitando, lâminas rasgando o ar e pés se movimentando sobre a grama. Tudo foi envolvido pelo silêncio, agora mais inquietante do que em qualquer outro momento do confronto. O punho de Anya ainda estava enterrado no abdômen de sua discípula e as duas bruxas permaneciam daquela forma, imóveis, diante dos olhares de incredulidade, estarrecimento e preocupação.
Então, Erika tossiu e sangue escorreu pelos seus lábios antes que ela desabasse sobre os próprios joelhos, apoiando as mãos no chão para não cair. Wald cambaleou para trás, exausta e ferida, mas se manteve em pé. Em seu rosto estava estampada uma seriedade assustadora, complementada por palavras severas.
–Você esqueceu tudo que lhe ensinei sobre manter o controle sobre si mesma, Erika? Se eu não tivesse encerrado a luta desta forma, nós duas poderíamos estar mortas!
A princesa finalmente percebeu que havia um enorme rasgo na manga direita de sua mestra, revelando a ferida sangrenta causada por suas adagas. Para aplicar um golpe sem correr o risco de machucá-la gravemente, sua mestra não teve outra escolha senão correr ela mesma risco de vida.
–Se você continuar batalhando assim, sem dar a mínima para a própria segurança, vai acabar morta muito antes do que pensa. Ainda mais considerando que seus inimigos seriam demônios.
Agora que pensava com clareza, Erika entendia a preocupação da sua mestra e não podia negar: merecia ouvir aquele sermão. Nem mesmo conseguia se colocar em pé, tamanha era sua dor, e isso lhe dava a certeza de que se continuasse naquele ritmo realmente teria sofrido algum dano permanente. Pior ainda, estava tão concentrada em superar suas limitações que negligenciou até mesmo a segurança de uma das pessoas que mais respeitava. Na verdade, poderia chamar de milagre o fato de que ambas ainda estavam vivas e relativamente inteiras.
–Você tem razão, mestra, eu agi como uma completa imbecil. Não vou mais questionar a sua decisão quanto ao nosso envolvimento na guerra.
–É bom mesmo. – Anya começou a frase com uma voz fria, mas abrandou logo no instante seguinte. – Porque você me convenceu de que realmente não é correto fingirmos que tudo está bem enquanto nossas vizinhas sofrem na pele a fúria dos demônios.
Erika estava incrédula. Antes cabisbaixa, ela levantou o rosto imediatamente e viu que a bruxa de cabelos grisalhos tinha um pequeno sorriso no rosto.
–Mestra, o que está dizendo?
–É bem simples, para falar a verdade. Eu pedi para que você me mostrasse se sua determinação era verdadeira, e para mim não restam dúvidas quanto a isso. Teria colocado sua vida em perigo dessa forma se não acreditasse estar fazendo a coisa correta?
Um tanto abobalhada, Erika riu e desabou de vez. Mesmo que suas forças estivessem absolutamente esgotadas, ela podia dizer que estava satisfeita. Rapidamente, Kate correu até lá para ajudá-la a se levantar.
–Eu sabia que você ia conseguir, mas francamente, precisava exagerar tanto assim? Parece até um manipulador do vento que eu conheço. – Ralhou a jovem de cabelos negros.
As demais bruxas não sabiam o que deveriam fazer a seguir e continuavam a observar, caladas. Anya não demorou para se dar conta disso e repassou suas instruções.
–Aquelas que não desejam lutar estão dispensadas e podem ficar no templo. As que estão prontas para arriscar a vida devem se preparar, pois partiremos dentro de dois dias. Agora vão logo, antes que eu me arrependa!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A perspectiva de ir para Chesord deixa Esther preocupada.

Capítulo 242: Céu Vermelho

Em breve.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Roses and Demons: Hell's Flower" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.