A Dream Twice escrita por laurakr


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Escrevi hoje a tarde espero que a onda de criatividade continue.



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Quando você descobre que o seu precioso sonho se transformou em pesadelo

             O que mais você pode fazer, senão esperar que ele acabe ?

      Porque uma hora ou outra, o sonho acaba, e nós temos que acordar.

                                                 Não é?

 

 

Enquanto corria pra enfermaria, eu consegui clarear um pouco a minha cabeça e me acalmei consideravelmente. Das duas, uma: ou eu estava ficando louca e acabara de ver um fantasma ou realmente havia uma cópia em tamanho maior do Tony estudando nessa escola. Espera... Campdell? Ele disse que se chamava Leonard Campdell não é? Então provavelmente seja algum parente do Tony, por isso a semelhança. Deixa de ser idiota, mesmo um parentesco não explicaria o fato de se parecerem tanto um com o outro e não é como se fossem gêmeos.

 

- Você parece bastante confusa... senhorita fugitiva.

 

Lucas.

 

Eu não precisava nem me virar para saber que era ele. Reconheceria sua voz mesmo se tivessem se passado dez anos. E mesmo que não reconhecesse, somente pelo triste tom com que pronunciou a palavra fugitiva já bastaria para saber de quem se tratava.

Reuni toda a coragem possível para me virar e encará-lo, eu não fazia idéia do que dizer. Acreditem, mais difícil do que encontrar um clone do seu ex-namorado é ter de explicar a um amigo que é quase um irmão pra você, o porque de você ter fugido sem nem se despedir.

 

- Você poderia ter deixado pelo menos um número para contato.

 

Ele parecia muito magoado. Provavelmente seu coração estava tão dilacerado quanto o meu.

 

- Me desculpe.

 

Idiota, eu sei. Mas não havia melhor maneira para me expressar.

 

- Tudo bem... Eu entendo seus motivos. É só que... A saudade foi grande demais...

 

Ele tentou sorrir ao dizer a última frase. Como sempre, agindo despreocupadamente para que eu não me sinta culpada. Abaixei a cabeça e sorri, num  gesto parecido com o dele. Me pergunto porque nunca deu certo comigo. Toda vez que eu faço isso, parece que a vontade de chorar apenas aumenta. E chorar, é a última coisa que eu poderia fazer.

 

- Também senti saudades. Tanta que... Foi quase impossível me manter longe, mas eu precisava disso. Não poderia deixar você se preocupar e sofrer por mim também.

 

- Você sabe que não é assim. E eu continuei a me preocupar, mesmo com você longe.

 

- E teria se preocupado ainda mais se eu tivesse ficado.

 

Sorriu. Um sorriso sincero. Aproximou-se e antes que eu pudesse dizer algo, me deu um abraço tão apertado que pensei que fosse quebrar ao meio. Eu não sou carente, sabe. Pelo contrário, eu odeio me envolver ou coisas do tipo. Também não sou sentimental nem nada, perdi essa capacidade há um tempo já.

Mas quando ele me abraçou, eu senti como se tivesse precisado desse abraço tanto quanto necessito de oxigênio para poder continuar viva. Eu tinha me esquecido dessa sensação. A de ter amigos.

 

- Contanto que você esteja por perto, pode me preocupar o quanto quiser.

 

E foi minha vez de sorrir.

 

- Não vou me esquecer disso.

 

- Eu sei que não. Agora, não pega bem matar aula no seu primeiro dia aqui na escola. Vem comigo que eu te mostro onde fica a sua sala e aproveito pra explicar o que você quiser saber no caminho.

 

- Aquele menino... Não é o Tony... Não é?

 

- Você sabe que não é ele. Isso seria impossível.

 

Embora eu já soubesse que a resposta seria essa, posso jurar que ouvi o barulho do meu coração se despedaçando, como um  copo de vidro se estilhaçando ao tocar o chão.

 

- Sim eu sei.

 

- Bom, você deve se lembrar que os pais do Tony eram divorciados, certo?

 

- Certo.

 

Espera aí, como assim eram? 

 

- E que ele tinha um irmão que morava nos Estados Unidos com o pai?

 

- Sim, lembro que ele comentou uma vez... Embora não gostasse muito

de falar sobre isso...

 

- É. Mas o que ele se esqueceu de nos contar foi que esse irmão, era gêmeo.

 

A imagem do menino com quem eu acabara de trombar voltou a minha mente e todas aquelas sensações estavam começando a se repetir.

Então... é assim que ele seria?

Daquele mesmo jeito? Se eu o visse hoje, é assim que ele estaria?

Eu já estava prestes a perder o controle novamente quando

Lucas, percebendo o que poderia acontecer, tentou me acalmar.

 

- Não é ele Kate. Tudo o que você viveu, todas as nossas lembranças... Quem estava presente era o Tony. Tudo o que você sentiu, foi pelo Tony. Aquela pessoa pode ser como ele por fora mas por dentro é completamente diferente e você tem que conseguir separar uma coisa da outra. Como a maioria daqui conseguiu.

 

- Eu sei.

 

Ele estava certo, eu só precisava colocar isso na minha cabeça e ficar o mais longe o possível do Leonard pra evitar qualquer tipo de confusão.

 

- Mas... Se ele morava com o pai nos Estados Unidos, porque quis vir pra cá?

 

- Ele não quis, ele foi obrigado a vir. Os pais dele voltaram a morar juntos.

 

Eu apenas fiquei em silêncio. Ambos sabíamos o quão irônico era isso.

 

- Bom... – Ele disse tentando quebrar a atmosfera que se formou – Sua sala é a quatorze, quer que te acompanhe?

 

- Não precisa, eu sei onde fica.

 

- Tá. Minha sala é a onze, quando der o sinal do intervalo...

 

- Não precisa se preocupar... Acho que será melhor se fingir não me conhecer. Se eu quisesse ser lembrada não teria pintado meu cabelo de loiro.

 

- Jurando que ninguém vai se lembrar do seu nome né? Ou você se matriculou com um nome falso também?

 

- Droga. Você venceu.

 

- Eu passo lá então. Até depois.

 

- Até...

 

Certo, agora é comigo. Espero que não tenha ninguém conhecido, assim eu posso ficar invisível e passar despercebida por todos. 

E com esse pensamento ilusório eu entrei na sala de aula. Como já estava cheia eu me sentei na última carteira perto das janelas e atrás de uma carteira vazia. Sorte a minha. Ninguém conhecido. Não que eu me lembre pelo menos. Como o professor ia começar a aula eu me virei pra janela e comecei a olhar o céu – o que era muito mais interessante pra mim do que matemática – até que minha atenção se voltasse para o ser loiro que agora estava sentado na carteira da frente.

Ele me olhava com cara de dúvida, como se estivesse tentando lembrar se eu era uma aluna nova ou não – claramente fingindo não saber, já que ele havia me visto a menos de dez minutos – o que me irritou bastante.

 

- Ei, eu sinto que já te vi antes em algum lugar!

 

- Desculpe, acho que não.

 

- AAAH! Você é a novata que passou mal por minha causa agora de pouco!

 

Eu fiquei com vontade de enfiar uma cola na boca dele, mas antes que pudesse fazer algo o professor o acertou bem na cabeça com o pedaço de giz que estava antes em sua mão, e disse:

 

- Leonard, além de chegar atrasado vai tumultuar a minha aula? Vire pra

frente e deixe a menina nova em paz, antes que eu o coloque pra fora da

sala junto com uma advertência.

 

Ele se ajeitou na carteira e respondeu seriamente:

 

- Desculpe professor. Prometo não chegar atrasado e nem tumultuar mais a sua aula.

 

- Que bom senhor Leonard, fico feliz em ouvir isso. Agora abram na página...

 

Eu já estava olhando para fora quando ele deitou sua cabeça sobre a minha carteira  e com o sorriso mais convencido que eu já vira qualquer garoto dar – não que eu tivesse visto muitos – disse em tom zombeteiro:

 

- Agora... Sobre o resto, eu não posso prometer nada... Não é, Kate?

 

Outro sorriso convencido e ele então desapoiou sua cabeça e virou pra frente.

Simplesmente o ignorei e voltei a admirar o céu.

Esse, definitivamente, é um garoto do qual eu preciso manter distância.

 

 

Quando você descobre que o seu precioso sonho se transformou em pesadelo

             O que mais você pode fazer, senão esperar que ele acabe ?

                                      Mas e se ele não acabar?

             E se você se der conta de que está presa nele para sempre?

 

 


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