Segredos Amargos escrita por S Pisces


Capítulo 8
Capitulo 8


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a todos os comentários, acompanhamentos, favoritos. Muito obrigada a todos!



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O resto da tarde passa como um grande borrão. Crianças, gritaria, comilança e Natasha fugindo do marido a todo instante, porém a hora de se despedir chegou e a ruiva não pode evitar ficar a sós com o marido no carro.

“Algum problema Nat?” a voz de Steve preenche o silencio do carro.

“Não, nenhum.” A ruiva responde sem olha-lo.

Steve desvia os olhos da estrada e a observa de soslaio. Tensão emanava de cada célula da mulher, que tentava avidamente não explodir em prantos a qualquer momento.

“Nat, é obvio que tem algum problema. Pode me contar.” O loiro pede.

“Eu já disse que...” o toque do celular interrompe a ruiva, que não hesita em atende-lo.

Romanoff?” a voz rouca do seu ex instrutor adentra seus ouvidos e a mesma arregala os olhos.

“Ah... Senhor Fury. Aconteceu alguma coisa?” ela tenta disfarçar a própria surpresa.

“Desculpe ligar em pleno domingo, mas temos novidades acerca do caso 461.” Se antes ela emanava tensão, agora ela virou a personificação da mesma.

Ela sente seus músculos se retesarem.

“Nat, tá tudo bem?” Steve pergunta vendo a reação da esposa.

“Tá sim amor.” Ela responde com uma tentativa de sorriso. “Eu posso te ligar mais tarde? é que estou no meio do transito.” Ela esclarece e Fury imediatamente entende a situação.

“Tudo bem Romanoff.” Nick fala e encerra a ligação.

“Foi impressão minha, ou seja lá quem estava falando com você, te chamou de ‘Romanoff’?” Steve pergunta com uma sobrancelha arqueada.

A ruiva engole seco. Quando Nick a conheceu, ela ainda era solteira, então usava o sobrenome do pai. Mesmo depois de casada e de ter aderido ao sobrenome do marido, Nick Fury ainda insistia em chama-la de Romanoff.

“Não foi impressão. O Senhor Fury é advogado de uma companhia que trabalhou em conjunto comigo por algum tempo. Ele cismou com meu sobrenome de origem russa e ai, só me chama assim.” Ela explica casualmente.

“E o que ele queria?” a pergunta a pega de surpresa. O marido nunca a questionava sobre assuntos do trabalho.

“Com ciúmes?” ela questiona mudando o foco da conversa.

“Eu? Com ciúmes?” Steve pergunta se fazendo de indignado. “É claro que estou com ciúmes. Aliás, não, ciúmes não. Só acho estranho um cara te chamar pelo seu sobrenome de solteira, sabendo que você é casada.” Ele explica fazendo a ruiva rir.

“Relaxe Steve. Ele tem idade para ser meu pai...” ela comenta.

“Grande coisa. Diferença de idade atualmente não quer dizer mais nada.” ele retruca e ela dá de ombros.

“Que seja. É só uma brincadeira, não precisa ficar com ciúmes.”

“De qualquer forma, não acho isso legal.” O loiro deixa claro sua insatisfação.

Ele havia mesmo ficado com ciúmes de uma besteira como aquela? Ótimo! Crise de ciúmes era tudo o que a ruiva não precisava naquele momento. Ela o observa incrédula por alguns instantes, mas opta por ficar calada. Não valeria a pena começar uma discussão por algo tão infantil e sem sentido como um simples sobrenome.

Além do mais, ela tinha coisas mais importantes em que pensar, como por exemplo, quais seriam as novidades acerca do caso ‘Ian Harrison’. A curiosidade começava a borbulhar dentro de si e o celular em sua mão parecia pesar 10 quilos. Se ela pudesse, iria até o Nick pessoalmente saber das novidades, mas se o marido já estava implicando com ele por causa de um simples sobrenome, imagine se ela falasse que iria encontrar com ele? Ela lança um olhar irritado para o marido que não nota, e o amaldiçoa mentalmente por ser ciumento.

O caminho de volta parece mais longo que o normal, em partes graças a Steve que dirigia dentro do limite de velocidade. A ruiva suspira exasperada, o que não passa despercebido pelo marido.

“Com pressa?” ele pergunta irônico.

“E se estiver?” retruca.

“Qual o seu problema?” definitivamente a relação dos dois estava passando por uma fase conturbada.

“Eu estou cansada e gostaria de chegar em casa logo. Esse é o meu problema!” ela exclama.

“Você já mentiu melhor...” o loiro fala fazendo a mulher rir diante da ironia.

Ela mentia o tempo todo e ele definitivamente nunca saberia distinguir o que era verdade do que não era. Steve podia não ser um completo idiota ou o cara mais ingênuo do mundo, mas sua fé na lealdade das pessoas muitas vezes o impedia de ver o que estava diante dos olhos.

“Do que está rindo?” o homem pergunta ainda mais irritado.

“Eu não estou mentindo. Só quero chegar em casa, tenho trabalhos para resolver.”

“Antes da ligação do Fury você só queria ir para casa para se livrar das crianças, agora você tem trabalhos?” Natasha o encara pensando numa boa resposta, mas não havia nada que pudesse ser dito.

Steve sabia o tempo todo porque ela queria ir embora e ali, diante dele, ela percebeu o quanto a relação deles estava prejudicada. Eram duas pessoas procurando coisas diferentes. Com objetivos e sonhos diferentes. Como ela não havia notado isso antes?

O silencio recai sobre eles e ambos mergulham em suas próprias conclusões e reflexões. Eles estavam bem há algumas horas. Depois da última discussão, eles haviam entrado num acordo e estavam convivendo normalmente. Iriam eles jogar 5 anos de casamento fora? Tem que ser uma crise. Ambos pensavam e se apegavam aquela ideia.

Assim que o carro para, ambos permanecem dentro do mesmo. Eles sabiam que havia muito o que ser dito, mas não sabiam por onde começar. Nenhum dos dois queria dar o braço a torcer, afinal, se havia algo que os dois tinham em comum, era o orgulho.

“Melhor ir logo resolver seus trabalhos.” Steve fala por fim, saindo do carro.

A mulher respira fundo e faz o mesmo. Não adiantaria nada ficar ali sentada, esperando a solução para seus problemas conjugais cair do céu. Eles tinham voltado à estaca zero e dessa vez parecia que seria muito mais difícil sair dela. Não haveria pesadelo que os colocasse numa boa novamente.

Ela vai direto para os fundos da casa, onde há um pequeno quarto usado para guardar tralhas, no qual durante uma conferência sobre o ‘uso de ingredientes afrodisíacos’ que tirou Steve de casa por três dias, ela havia feito uma pequena ‘reforma’ com a ajuda das amigas e colocado algumas coisinhas essenciais para uma espiã.

Com agilidade ela digita o número do Fury no seu celular restrito. Mesmo Fury tendo entrado em contato em seu número usual, ela não queria correr o risco de alguém ouvir ou ter acesso a sua ligação.

“Alô” Nick atende no primeiro toque.

“É a Natasha.” Ela se identifica. “Qual a novidade?”

“Primeiramente, desculpe por mais cedo. Espero não ter causado problemas.” Nick fala num tom casual.

“Tudo bem Nick. Só evite me chamar de Romanoff na presença de outras pessoas.” Ela pede e o mesmo ri do outro lado.

“Tudo bem. Vou passar a me policiar.” Ele fala ainda rindo.

“E sobre o caso.” A ruiva definitivamente não estava com cabeça para brincadeiras.

“Um suposto primo de 3° grau entrou na justiça exigindo acesso as contas, mas teve apenas uma liberada.” Explica rapidamente. “De alguma forma, foi declarado que o dinheiro que havia nela não provinha de meios ilegais, e o garoto pode fazer algumas retiradas.”

“Algum perigo?” pergunta enquanto vigiava a porta dos fundos por uma pequena janela.

“Não iminente. Mas não se preocupe, estaremos de olho. Qualquer coisa, você será informada.” Ele garante e a ruiva se permite suspirar com certo alivio.

“Obrigada Nick.”

“Não por isso Romanoff.” Ele desliga e a mulher permanece no pequeno quarto, encarando o telefone.

Em seguida, o coloca de lado e para em frente a um grande espelho e ergue as blusas que usava, deixando à mostra sua barriga. A cicatriz continuava ali. A marca que a lembrava que as pessoas eram capazes de qualquer coisa para atingir seus objetivos, mesmo que tivessem que passar por cima ou até mesmo atravessar outras pessoas no caminho. Ela não usava mais biquínis.


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Notas finais do capítulo

Hehehe, acho que estou sendo meio odiada nesse momento... Espero que me perdoem! :)
Até mais!