“Que cara é essa?” Pepper pergunta observando a ruiva, que se joga no sofá displicentemente.

“Sabe quando você sente que está chegando no fim da linha? Que logo vai ter que fazer uma escolha que mudara o rumo de tudo?” a ruiva retruca.

“Você está falando sobre sua situação com o Steve? Infelizmente eu não sinto empatia.” Pepper responde e a ruiva suspira.

Realmente não haveria como a Pepper sentir empatia por ela. A mesma era casada com Anthony “Tony” Stark, que também trabalhava para o governo, mas em um departamento diferente. Ambos sabiam toda a verdade um sobre o outro.

“Eu queria não ter que mentir sabe? Mas o Steve é tão cheio de regras e moralismos. Ele nunca me perdoaria.”

“Você sabia no que estava se metendo.”

“Eu só não pensei que fosse ser tão difícil.” A ruiva se põe de pé abruptamente “Droga! O que fazemos é correto, não?” pergunta retoricamente.

“Você precisa respirar fundo e manter a calma.” A loira se levanta e põe as mãos nos ombros da ruiva “Você já teve essas ‘crises’ antes e tudo terminou bem. Relaxe que as coisas se ajeitam.”

A ruiva concorda relutante com a cabeça, mas dentro dela ela podia sentir que essa crise seria diferente das outras. Alguma coisa grande estava prestes a acontecer, ela só não sabia o que.

“Hora da reunião.” Hill adentra o escritório e as duas mulheres a seguem.

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“Cara, você já viu a nova Maître?” Bucky pergunta, interrompendo o loiro que auxiliava o Cuisinier garde manger (Cozinheiro responsável pelos pratos frios, carnes, aves, ovos). Steve lhe lança um olhar repreendedor.

“Você corta em fatias uniformes. Fica mais bonito e fácil de organizar no prato.” Ele conclui as instruções e se retira com o Sous Chef em seu encalco.

“Você já viu?” o moreno insiste.

“Eu sequer sabia que estávamos procurando um novo Maître.” Ele informa “e o Albert?”

“O Albert saíra de férias em breve. Precisaremos de alguém para substitui-lo nesse meio tempo.” Bucky avisa.

“Você já a conhece?” Steve pergunta.

“Ainda não. Mas ela é gata.” Bucky fala fazendo Steve revirar os olhos.

“E essa é nossa cozinha!” a voz de Sam se faz ouvir.

“Parece que vai conhece-la agora.” Steve comenta e no mesmo instante Sam chega até eles acompanhado de uma mulher loira.

“Esses são os responsáveis pela nossa cozinha. O nacionalmente famoso Chef...”

“Steve Rogers.” A mulher completa. Seus olhos castanhos claros brilhando de excitação. “Desculpe, é que é uma grande honra trabalhar no mesmo restaurante que o senhor.” Ela fala corando.

“Tudo bem. Seja bem vinda senhorita...?”

“Carter. Sharon Carter.” Ela se apresenta estendendo a mão, que Steve aperta com delicadeza.

“Eu sou o James Barnes, mas todo mundo me chama de Bucky. O Sous Chef.” Bucky se apresenta com um sorriso galanteador, que não passa despercebido pela novata.

“É um prazer conhece-los.” Ela afirma de modo contido com um sorriso mínimo.

“Agora que estão todos devidamente apresentados, melhor terminarmos nosso tour.” Sam sugere com um sorriso e a mesma concorda.

“Se precisar de ajuda, pode contar conosco.” Steve oferece.

“Obrigada.” Sharon sorri agradecida e segue Sam, mas não sem antes lançar um último olhar para Steve, que cora constrangido.

“Ela gostou de você.” Bucky afirma desgostoso enquanto vê a loira se afastando.

“E eu gosto da minha esposa.” Steve devolve levantando a mão e mostrando a aliança.

“Diga isso a ela.” o moreno devolve apontando por sobre o ombro para a porta pela qual a nova Maître acabou de sair.

Ambos ficam em silêncio. De alguma forma, o ultimo olhar da mulher mexeu com Steve de uma forma estranha. Será mesmo que ela havia ‘gostado’ dele? Que ela o admirava era fato, afinal, sequer tentou disfarçar... mas havia algo mais. Com um suspiro o loiro volta ao trabalho. Natasha podia ser a mulher mais controlada que ele conhecia, mas uma coisa ele podia afirmar. Ela não gostara nenhum pouco da nova Maître.

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Natasha batucava o tampo da mesa de madeira com uma caneta. A reunião prosseguia sem que nada realmente interessante fosse dito. Aquilo já era esperado. A participação dela nas reuniões mensais era obrigatória pelo menos uma vez, e as mesmas aconteciam com o intuito de analisar o desempenho dos profissionais nas missões. Obviamente as 7 missões das quais ela havia participado naquele mês haviam sido um sucesso.

“Como vocês sabem, estamos sofrendo muita pressão por parte do secretário de segurança. As informações vazadas prejudicaram muito nosso trabalho. O mundo está se voltando contra nós.” A voz do diretor é ouvida, embora ele não estivesse pessoalmente ali.

“Então mostre a eles que nosso trabalho é protege-los e não o contrário.” A voz de Tony soa alta e clara.

“Se fosse assim tão fácil” o escarnio por trás das palavras do diretor é perceptível. “Continuem com seus trabalhos. Reunião encerrada.” Todos rapidamente começam a guardar suas pastas com relatórios para se retirar da sala.

“Agente Rogers, você fica.” A voz do diretor soa dura.

Natasha, Pepper e Maria trocam olhares indagadores, mas não dizem nada. As duas mulheres saem da sala deixando a ruiva sozinha com o monitor onde a imagem do homem negro permanecia imóvel.

“Sente-se por favor.” O diretor pede e a ruiva se senta.

“Aconteceu algum problema diretor Fury?” sua voz soa impassível.

“Você sabe que pode me chamar de Nick, Natasha.” Ao ouvir aquelas palavras a ruiva dá um pequeno sorriso.

Nick Fury havia sido seu instrutor, mestre e provavelmente a pessoa que mais a ajudou a chegar onde estava.

“Tudo bem Nick. O que você quer?” ela pergunta.

“Lembra-se do caso ‘461’?” a ruiva arregala os olhos, surpresa.

“Claro que lembro.” Afirma.

Um dos casos mais difíceis no qual ela havia trabalho. Durante 6 meses ela e sua equipe haviam trabalhado duro para pegar Ian Harrison. Um traficante de armas que vinha fazendo negócios com grandes terroristas ao redor do mundo. Ele fazia leiloes nos quais os interessados davam seus lances pela internet e o mais alto ficava com a oferta. Mesmo usando a internet para os leiloes, era impossível rastreá-lo. O homem sumia como fumaça.

Então para pega-lo, Natasha e sua equipe haviam dado um lance, marcaram o local onde pegariam o prêmio e ao fazê-lo, usaram micro rastreadores nos carros, na mala e até mesmo nas notas. Demorou um pouco, mas eles conseguiram encontra-lo, porem precisavam de provas que o ligassem diretamente a venda das armas. Foi ai que Natasha entrou em ação. Passado algum tempo, armaram uma emboscada. Infelizmente, o Ian Harrison era esperto e sacou tudo. No final da missão ele estava morto, assim como dois agentes da equipe e vários capangas. Natasha havia sido gravemente ferida e passou 5 semanas no hospital.

Acidente de carro... essa foi a história contada para Steve.

“Uma das contas no nome de Ian Harrison voltou a ser movimentada.” Nick avisa “Estamos investigando quem teria acesso a ela.”

“Depois de 2 anos...” Natasha murmura. Um calafrio percorre sua espinha.

“De qualquer forma, seja cuidadosa Natasha...” Nick aconselha e a mesma assente.

“Obrigada Nick. Me mantenha informada.” Ela agradece e a tela fica escura.

Quem teria acesso a conta e qual seria o interesse nela? Natasha não lembrava de algum sucessor ou braço direito. Ian tinha apenas capangas e empregados. Não confiava em ninguém. Por alguns segundos, a ruiva consegue sentir as mãos daquele homem novamente sobre si...