Memoirs escrita por Xokiihs


Capítulo 5
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! :)



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– Sabe o que seria legal agora? – ela perguntou, com um sorriso enorme no rosto. Eu reconhecia bem aquele sorriso, e quase podia ver a lâmpada de ideia sobre a cabeça dela.

– O que? – perguntei, arqueando uma sobrancelha.

– O que acha de dançarmos a nossa música?

Fiquei a olhando com cara de bobo, provavelmente. Eu estava surpreso, afinal, ela nunca tinha pedido aquilo antes. Aquela era nossa música, mas era guardada apenas para aquela memória do baile. Nós nunca tínhamos dançado com ela de fundo; ela era a música intocável, a qual nós prometemos guardar para aquele momento especial, quando nos declaramos um para o outro.

– Você não gostou da ideia? – ela perguntou, depois de perceber meu silencio. O sorriso dela tinha sumido, e agora ela me olhava preocupada.

De repente, me lembrei da situação a qual nós estávamos envolvidos. Minha esposa estava ali, na minha frente, sem os cabelos cor-de-rosa que eram sua marca registrada, e com o corpo magro e frágil. No entanto, ela estava ali, seus belos olhos verdes ainda me encaravam com aquele mesmo amor e carinho, suas mãos estavam estendidas em minha direção, e eu, como se estivesse me afogando, peguei sua mão como se fosse uma lufada de ar.

O que eu estava pensando? Sakura estava ali. Viva. Perto de mim.

– Eu amei a ideia, querida. – eu disse, apertando sua mão pequena e fria entre a minha grande. O sorriso voltou ao seu rosto, enquanto ela se movia para poder sair de cima da cama.

A ajudei a descer, vendo seus pés descalços tocarem o chão de madeira do quarto. Ficamos um de frente para o outro, nos olhando. Os olhos verdes dela, como sempre fizeram, pareciam olhar a minha alma, me ler de uma forma que ninguém mais conseguia. O corpo pequeno e franzino se encostou ao meu delicadamente, quase como se estivesse com medo. Seu braço direito passou pelo meu pescoço, e eu, acordando do meu transe, passei o meu próprio braço ao redor de sua fina cintura.

Nossas mãos esquerdas se encontraram, e então, com a música em nossas cabeças, começamos a dançar pelo quarto. Eu a guiava, e ela me seguia de forma incerta. Às vezes, pisava em meu pé, mas não se importava. Apenas riamos. Eu a rodava e a via voltar aos meus braços com precisão, aquele lindo sorriso nunca deixando o seu rosto.

Logo eu era incapaz de não sorrir, vendo o quão feliz minha esposa estava. Como se ela estivesse livre, solta depois de muitos anos presa. Era algo realmente lindo de se ver e sentir, pois uma nostalgia me acometia toda vez que eu a via girar.

Contudo, como um banho de água fria, a realidade veio, nos tirando de nossos sonhos. Ela começou a ficar tonta, e quase foi ao chão se eu não a tivesse a segurado. Por um momento, vi um flash de tristeza e desapontamento passar por seus olhos, os quais eu tanto conhecia. Porém, assim que chegou, foi embora.

– Você está bem? – perguntei, a ajudando a sentar-se na maca novamente. Ela fechou os olhos por uns momentos, respirando fundo.

– Sim, tudo bem. – respondeu, sorrindo novamente, mas sem o mesmo brilho de antes.

– Bem, foi um prazer dançar com a senhorita. – eu disse, pegando sua mão direita e plantando um beijo na palma. Ela ficou me olhando, mas logo riu, piscando um olho.

– Igualmente. – respondeu. – Você é um ótimo dançarino.

Eu ri, me sentando ao seu lado na maca.

– Nem preciso dizer quem me ensinou, não é? – ela arregalou os olhos, surpresa.

– O que? Eu te ensinei?

– Sim.- sorri. – Você sempre teve habilidade com essas coisas corporais.

– Como assim?

– Ah, você lutava, fazia balé e jogava vôlei. E era muito boa em todos os três.

– Sério? – perguntou, surpresa novamente. – Engraçado, pois agora que você disse, percebi que realmente gostaria de fazer essas coisas.

– Você sempre gostou. Acho que você via essas coisas como uma forma de escapar da sua realidade.

– Não entendi...

– Bem, seus pais tinham problemas em casa, sabe? Eles brigavam muito. Quando você tinha doze anos, eles se separaram. Foi nessa época que sua mãe te colocou para fazer mais coisas, e embora você estivesse arisca no início, logo se apaixonou.

– Nossa, eu não me lembrava que meus pais se separaram.

– É, foi bem pesado para você. Nessa época que você fez mechas cor-de-rosa no cabelo. – eu ri.

– O que foi?

– Estou me lembrando do dia em que você chegou com os cabelos pintados. Eu estava em casa, e você apareceu lá, toda feliz, com um sorriso enorme no rosto. Quando vi, achei que você fosse louca por pintar os cabelos. Principalmente porque eu amava a cor natural deles.

– Oh? Meus cabelos eram loiros, não é? - eu assenti. – Engraçado pois eu só me lembro deles cor-de-rosa. E, quer saber? Sempre amei essa cor.

– Sim, era sua preferida. – eu sorri. – O que me lembra de continuar nossa história.

– Ah! Sim, tinha me esquecido disso. Continue, por favor! – eu assenti, rindo ao ver sua excitação.

– Paramos no baile, certo? No nosso primeiro beijo... – ela assentiu, e eu continuei. – Bom, depois do baile, eu te levei para casa no horário, e quando nos despedimos, você me beijou novamente. Eu fui para casa, ainda um pouco atônito com tudo o que tinha acontecido.

“Acabou que eu não consegui dormir, e fiquei observando sua janela, pensando em tudo. Eu não tinha certeza do que eu queria fazer, estava confuso, e o medo de que tudo poderia acabar mal ainda me assombrava.

Pode parecer besteira, mas eu realmente não queria deixar de ser seu amigo. Por fim, decidi que seria melhor conversar com você e ver o que faríamos.

No outro dia, fomos para a escola juntos. Você estava radiante, conversando muito e rindo, como se tudo estivesse perfeitamente normal. No entanto, percebi que você não tinha me beijado, como tinha feito no dia anterior; e eu tampouco o fiz. Resolvi ficar na minha, esperando por sua decisão.

Quando chegamos na escola, você disse que se encontraria com sua amiga e saiu correndo. Não te vi o resto do dia. Até mesmo ir embora sozinha você tinha ido, sem me avisar. Fiquei preocupado, mas resolvi deixar para lá. Ainda assim, passamos o dia todo sem nos falar.

À noite, quando eu estava lendo um gibi, ouvi uns barulhos na minha janela. Quando abri, vi que era você, sentada no parapeito da janela. Já estava com o pijama rosa que você usava, os cabelos presos em duas maria-chiquinha.

– Oi, Sasuke. – você disse, um pouco sem graça.

– Eai?

Ficamos em silêncio, nos encarando.

– Onde você se enfiou o dia inteiro? – eu perguntei, incapaz de suportar um silêncio incomodo daqueles.

– Bem, fui na casa da Ino. – você começou a mexer em uma mecha de seu cabelo, olhando para baixo. – E você? O que fez?

– Nada de muito interessante. – suspirei, cruzando os braços. – O que você quer?

– Eu queria conversar. – você disse, ficando vermelha. Eu já estava ficando irritado com o comportamento estranho que você estava tendo, e já estava me arrependendo de tudo o que tinha acontecido.

– Sobre o que?

– Sobre nós. – eu engoli em seco, e tentei disfarçar ao máximo o medo que eu tinha pelas suas próximas palavras.

– Quer ir na praça? – você assentiu, e assim saímos de casa.

Ali na vizinha tinha uma pequena praça, que era circundada por árvores. Era o local para onde íamos quando não queríamos ficar em casa; tinha uma sorveteria em frente, e eu sempre comprava sorvete para você, já que você não tinha mesada.

Nos sentamos em um banco de madeira, e ficamos em silêncio novamente.

Aquilo estava me torturando, e eu queria gritar para você falar alguma coisa, mesmo eu também sendo incapaz de dizer qualquer coisa. Eu ia abrir a boca, mas você me cortou.

– Eu senti sua falta. – foi o que você disse, e meu coração quase pulou do peito. Clichê, não é? Mas foi realmente engraçado como eu, de repente, fiquei nervoso.

Olhei para você, vestindo o enorme casado preto e vermelho do “Red Socks”, ainda com os shorts de pijama e chinelos. Os cabelos ainda na maria-chiquinha, o rosto levemente vermelho e os lábios sendo mordidos. De repente, ali, no meio da pracinha, eu percebi algo. Percebi o quão linda você era, de sua forma simples e despojada. E aquilo foi a gota d’água para mim. Eu estava perdido.

– Sasuke? – você me chamou, encostando levemente na minha mão. Eu a olhei, e não resisti ao seu olhar. Te puxei e beijei.

E foi engraçado, porque você ficou tão surpresa, que ficou me encarando. E eu te encarei de volta, por um tempo. Assim que você sorriu em meus lábios, seus olhos brilhando e se fechando logo após, eu fiz o mesmo.

Nos beijamos ali, de novo, só eu e você. Naquele momento, eu não queria nada mais a não ser ficar com você. Eu queria te abraçar e nunca te deixar sair de perto de mim.

Quando paramos de nos beijar, seu rosto estava corado, mas você tinha um sorriso brilhante.

– Está mesmo apaixonadinha por mim, não é, Sakura? – eu perguntei, rindo ao ver sua cara de brava.

– Haha, eu não sou a única apaixonadinha aqui não, querido. – você rebateu.

Ficamos discutindo, até que nos beijamos de novo, e de novo. Até o cretino do Itachi aparecer e jogar um balde de água fria em nós dois.

– Ah, que gracinha. Eu sabia que vocês se pegavam as vezes. – ele disse, com aquele humor sarcástico usual dele.

– Itachi! Deixa de ser babaca...- você disse, cruzando os braços, vermelha de vergonha. Ele apenas riu.

– Algum problema para você aparecer aqui agora? – e estragar tudo, eu pensei.

– Nenhum problema, tirando o fato de você sair sem avisar de casa, deixando nossa mãe preocupada, irmãozinho.

– Tsc. – eu revirei os olhos, de saco cheio com essa preocupação desnecessária. Eu já era um adolescente, ora essas. – Já estamos indo.

Ele assentiu, e saiu, depois de fazer outra piada sem graça.

– Acho melhor irmos, mesmo. – você disse, ajeitando o cabelo, o qual eu tinha bagunçado.

– Sim. – então fomos andando, lado a lado.

Nos outros dias, tudo voltou ao normal para nós dois, e eu fiquei muito aliviado. Íamos e voltamos juntos da escola, as vezes até mesmo ficávamos juntos durante o intervalo. Nossos amigos já sabiam que estávamos saindo, e não demorou muito para a cobrança de namoro começasse, embora nem eu nem você estivéssemos preocupados com isso.

Contudo, um dia, enquanto eu estava no intervalo com meus amigos, a Ino chegou.

– Ei, Sasuke. Quero falar com você. – ela disse, cruzando os braços. Eu achei estranho a aparição dela, mas fui falar com a loira desvairada de qualquer forma.

– O que é?

– Quando é que vai tomar coragem de pedir a Sakura em namoro?

– Tsc, isso não é da sua conta. – eu rebati, cansado da cobrança de todo mundo; todos pareciam estar mais interessados no rumo de nosso relacionamento do que nós mesmos, e isso era irritante.

– Pois fique sabendo que a Sakura anda reclamando. – eu sabia que ela estava jogando verde, mas eu acabei entrando no jogo dela.

– De que?

– Da sua demora para fazer alguma coisa, idiota. Vocês já estão saindo há quanto tempo...? Um mês?

– Um mês e meio, não que isso te interesse. – ela bufou.

– Já passou da hora, Uchiha. Se eu fosse você, me apressava. – e assim, ela saiu, jogando o cabelo loiro para trás.

Eu estava com vontade de pular no pescoço dela, por me deixar preocupado. Eu não sabia que você queria algo oficial, já que para mim já era oficial há muito tempo. No entanto, o que a loira disse ficou preso em minha mente, e eu resolvi que teria que fazer algo.

Quando a aula acabou, fomos juntos para casa, como sempre. Contudo, você estava quieta, pensativa, o que me deixou preocupado. Quando perguntei o que era, você disse que não era nada. Mas eu te conhecia muito bem, e sabia que tinha algo te incomodando. Logo o que Ino disse veio em minha mente, e eu percebi que era aquilo. Você realmente queria algo oficial.

Nos despedimos, cada um indo para sua própria casa. Na minha, eu fui correndo para o meu quarto pensar no que eu poderia fazer para te pedir em namoro oficialmente. Fiquei horas a fio pensando, sem ter nem ideia. Era a primeira vez que aquilo acontecia, já que com Karin foi natural, não foi preciso pedido. Então eu realmente não fazia ideia do que fazer.

Por isso, recorri a Itachi. Ele era mais velho, e namorava com a mesma menina há alguns anos. Ele me falou para comprar rosas, chocolates, e te pedir na frente de todo mundo, na escola. Eu achei a ideia cafona, ridícula, mas resolvi fazer assim mesmo.

Comprei tudo, e pedi para a floricultura levar para mim na escola, no outro dia. Agi da melhor forma possível, disfarçando o nervosismo. O fato de você ter voltado a normalidade também me ajudou. Fomos para a escola, cada um foi para sua sala, e eu fiquei ansioso o tempo inteiro esperando pelo intervalo.

– Cara, você está branco. – me lembro de Shikamaru dizer, mas eu dei de ombros. Tudo estaria acabado depois do intervalo, de qualquer forma.

Quando bateu o sino, sai correndo em direção a entrada da escola, e fiquei feliz por ver que o cara que entregava já estava ali. Peguei o buque, o chocolate, e voltei para a escola. Fui até onde você geralmente ficava, mas acabei não te encontrando.

– Sasuke! A Sakura está na sala de artes, esperando por você. – Ino disse, e eu nem respondi, já fui até lá correndo.

Era uma vergonha andar com um buque enorme no meio da escola, com todos olhando para mim. Mas eu o fiz, pensando que você ficaria feliz com isso.

Quando cheguei a sala de artes, te encontrei lá, sozinha. Estava de costas, e quando viu que alguém tinha entrado, se virou, com um sorriso enorme no rosto. No entanto, quando me viu, o sorriso murchou.

Ficamos nos encarando, e eu percebi que você tinha um embrulho em mãos.

– Sasuke, o que é isso? – perguntou, observando as flores.

– Bem, são para você. – eu tratei de dizer, me aproximando e entregando as flores para você. – Sakura, quer namorar comigo?

Você ficou olhando das flores, para mim, sem dizer nada. E, de repente, quando eu estava começando a ficar nervoso, você começou a rir. Riu tanto que chegou a lacrimejar.

– Do que está rindo, idiota? – eu perguntei, cruzando os braços.

– Ah... Sasuke. – você tentou dizer, sem parar de rir. – Eles... eles nos enganaram.

– Eles quem? – perguntei, confuso.

– Nossos amigos. A Ino por acaso falou para você que deveria me pedir em namoro? – eu assenti, ainda sem entender.- Então, o Shikamaru me disse a mesma coisa. Aqueles babacas...

Fiquei olhando como um bobo para você, até entender a situação. Os desgraçados tinham mesmo nos enganado.

Mesmo assim, tinha funcionado, pois nós dois oficializamos a relação. E ainda, de lambuja, eu ganhei um CD do Metallica. E você, chocolate.”

Quando parei de falar, Sakura estava rindo.

– Que espertos. – falou, limpando as lagrimas.

– Espertos nada... uns pilantras, isso sim. – eu ri também, me lembrando de nossos amigos. – Mesmo assim, deu certo.

– Sim. Mas deve ter sido hilário.

– Na verdade, foi muito estranho. Mas de qualquer forma, tudo no nosso relacionamento era meio estranho.

Ela riu novamente, balançando a cabeça.


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Notas finais do capítulo

Olá!
Espero que gostem do capítulo. A fic era para ser uma short-fic, então logo acaba. D:
Obrigada por comentarem, favoritarem e acompanharem!
Bjs



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