Agridoce escrita por wulpyx


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura~ ♥



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Aquela tarde estava bastante movimentada a linha de metro de Tokyo.

Várias pessoas saindo dos transportes, em seu típico horário de pico. Alguns saíam de seus trabalhos, exaustos, procurando voltarem para casa ou arrumarem detalhes pelo caminho antes disto, outros de suas faculdades e o restante das escolas. Claro, havendo os tais quais apenas estavam cabulando horário e se divertindo com os amigos pelas ruas, conversando, rindo, entre os mais diferentes comércios.

— Ken-chan. — Uma mulher de cabelos compridos tirava o avental branco que cobria parte do peito e pernas, ainda mais por ser baixa, este acabava lhe atrapalhando ligeiramente aos passos. — Vou precisar sair um pouco, pode cuidar para mim? — perguntava com um mínimo sorriso, tendo as mãos em um sinal de leve implorar.

Os olhos amarelos de Kozume saíram de seu jogo portátil onde seus pequenos dedos moviam-se em movimentos ligeiros o personagem dentro da fantasia, pausando-o. Ficou alguns segundos a notar a expressão da figura materna, recebendo o olhar claro em feiçõestão neutras quanto às suas. Ela falava sério?

Sua mãe lhe pedira para acompanhar a instalar sua barraca próxima a estação de metro dali, tendo o filho ainda em roupas escolares por ter vindo direto do instituto educacional para auxiliá-la. Kuroo acabou ficando para treinar como sempre, e o loiro percorreu o caminho de maneira solitária, pousando os olhos em poucos pontos que não fosse o PSP em mãos.

A mulher mais baixa que si possuía um trabalho simples e humilde, vendendo doces e alguns outros aperitivos japoneses simples que passava o tempo em casa livre a preparar. Vendia-os naquela rua que possuía imensa movimentação de todas as idades e até mesmo classes sociais. Ganhava a vida e sustento com aquilo, e não tinha vergonha alguma de nada. Assim como notava no olhar do filho – mesmo que este fosse quase que sem emoções em sua maior parte do tempo, aparentes –, que não se incomodava com aquilo, estando ali consigo.

Sua mãe lhe olhou firmemente, notando sua insegurança quase palpável. Afinal, ela nunca havia deixado o negócio que gerenciava nas mãos do filho sem supervisão própria. Este tinha uma prática, todavia, que era limitada. Kenma possuía sérios problemas em dialogar com os clientes, o que gerava certa falta de compreensão em uma das partes.

Apesar de todos esses fatores que saberia que iriam ocorrer da mesma forma, ela não tinha escolhas ao certo. Alguns ingredientes de certos aperitivos estavam praticamente dando em falta, e não fazia muito tempo que abrira a pequena barraca.

O tempo e fluxo maior de compras se iniciavam naquele momento, e não podia deixar faltar nada do que servia, ou seria uma significativa perda de lucro.

O loiro estava sentado em uma parte baixa de asfalto dentro da barraca junto da figura materna, e não esboçava uma feição totalmente relaxado com aquilo. Sua mochila escolar estava repousada em seu lado, nesse pequeno e mais vazio canto.

— Irá demorar? — questionou em baixo tom, sobrepondo minimamente às vozes incessantes daqueles que transitavam por ali perto. Não podia negar algo assim a sua progenitora, já que o intuito principal de ter ido até o local era auxiliá-la.

— Vou a uma loja daqui duas ruas. Torça para não ter muita fila. — Ela terminou de retirar o avental, estendendo-o ao filho, tendo um olhar mais manso para o mesmo. Ele se sairia bem, assim como em tudo que tentava com persistência.

Kozume levantou-se, pegando o avental das mãos de sua mãe, a colocar o jogo portátil em seu bolso da calça, procurando vestir a peça branca. Recebeu um sorriso da mulher, notando um cliente se achegar e ser agora a vez do filho tomar seus passos, mesmo que por apenas alguns minutos. Ela se retirou, dando um aceno em sinal de que se voltaria o mais rápido possível, passando entre as pessoas a rumar o estabelecimento conhecido para a compra dos ingredientes, sumindo logo em seguida do olhar dourado do filho.

Kozume fitou a nova cliente, notando o sorriso dela ao lhe olhar e também ao que a barraca tinha vendendo. Ela estava acompanhada das amigas, cada qual comentando algo aleatório, igualmente decidindo o que iriam pedir, de vez ou outra, passando em cochichos perto do rosto da colega, sorrindo a rir baixo envergonhadas de algo. E o olhar de todas era persistente na figura do loiro enquanto mantinham aquela "conversa".

Kenma remexeu-se incomodado, passando o olhar para algum ponto aleatório enquanto elas não faziam o pedido, sentindo a vontade crescente de não estar fazendo aquilo, ficando tão exposto e tendo de interagir de tal maneira. Assim como o desejo de pegar seu PSP e voltar a jogar, porém, tinha consciência da responsabilidade ali, e daquela, não podia deixar de lado ou dar meras desculpas para sumir e não fazer.

Seus lábios separaram-se a suspirar calmamente e de forma quase imperceptível, notando que as garotas permaneciam conversando entre si e não decidiam algo. O que incomodou o loiro interiormente e um pouco as feições por seus diversos motivos pessoais e até palpáveis. Quando cogitara abrir a boca para indagar, sua fala antes de ser verbalizado somente o início se mostrou cortada repentinamente por outra pessoa:

— Um sunomono misto¹, por favor. — Um garoto também baixo, porém, moreno, proferiu ao chegar mais perto de si, portando também uma bolsa escolar e um sorriso em feições a lhe fitar.

O loiro procurou se recordar de certas palavras de sua mãe, assim como ela preparava aquilo, o qual não estava lá muito habituado para ser sincero, logo se movendo de acordo como achava que deveria. Procurou primeiramente a pequena pia do local, buscando lavar as mãos, já que antes estava jogando, e sabia o quão um PSP não era higiênico para em seguida mexer com comida diretamente.

Após secá-las, buscou a faca que ali havia, pegando tudo o que precisava. Kozume era bem ágil, e realmente, possuía uma prática – não se igualava a mãe ou sequer profissionais no ramo, obviamente –, contudo, seu tempo em realizar a preparação do pequeno prato não fora extenso. E isso se mostrava evidente na cara do jovem que pedira, não tendo algum incômodo pelo tempo passado ou reclamado consigo. O que de certa maneira ajudou para não cometer erros.

Logo o serviu, a acompanhar junto um Konacha² em um copo claro, exalando o cheiro típico de chá leve que era uma breve tradição de sua mãe servir todos os clientes ali que compravam na barraca.

Satisfeito o garoto, apenas pagou e saiu de frente da barraca para outros clientes, que notavelmente começavam a aumentar de proporção conforme os minutos se passavam. E com isso, a clientela parecia multiplicar, assim como as vozes em sua direção, com vários pedidos, perguntas, comentários. Tornava-se tudo cada vez mais complicado, ainda mais por sentir certa tensão com tudo.

E com isso, havia se passado mais de meia hora, e a mãe do loiro não havia sequer dado sinais ainda de sua volta.

≥ᵜ≤

Após Kenma estender o espetinho de uva com uma cobertura de chocolate para o homem de cabelos azuis, notara outro maior que tinha madeixas negras curtas pegar de suas mãos na ponta do palitinho, mordendo uma das uvas, lambendo os lábios grossos que sobravam resquícios de chocolate.

Porém, antes que o rapaz pudesse reclamar pelo fato de ter pegado sua comida, Klaus movera sua mão para as bochechas dele, separando os lábios a enfiar uma uva em sua cavidade, manchando os lábios pelo chocolate igualmente, puxando de volta, não o permitindo morder. Repetindo o processo a ter um sorriso sacana a expor os dentes com a visão.

— Vamos, você sabe colocar coisas maiores na bo...

— Quieto. — O albino – chamado de Yuuta por outrora – dera um soco as costelas do moreno maior, indicando para que este criasse mais modos, interrompendo sua fala pela dor. Estavam na rua!

A expressão de Yuuta era completamente zero, apesar de se manter sério diante daquilo. Notava como Kenma olhava para aquela cena um pouco surpreso, assim como certamente envergonhado. Não era o único.

O homem de cabelos azuis, Edric, acabara por paralisar um pouco com aquilo, crescendo uma breve coloração rubra em suas bochechas, mas mantendo um olhar fixo nos vermelhos de Klaus. Mordera as uvas que finalmente pararam em sua boca, tendo o mastigar lento sem desviar. Eles não tinham jeito...

— Desculpe. — O albino pediu a se aproximar de Kozume, se referindo àqueles dois e seus atos indecentes em público na frente da venda do loiro, percebendo o olhar dourado dele em si. — Dois Kakigōri³, um incolor e... Do que quer, Ryuutsune? — Passou o olhar para uma figura igualmente morena, porém, apenas com um olho rubro, tendo o outro tapado por sua franja comprida, também a ter a face uma armação vermelha.

— Melancia. — A pronúncia do garoto baixo fora igualmente baixa, tendo os braços cruzados diante de um incômodo de aparentar por apenas estar ali. O que era verdade.

Kozume assentiu com a cabeça de forma mínima, à procura da máquina pequena de Kakigōri em um canto da barraquinha, e pegar gelo no mini freezer e começar a fazer. Escutava as conversas atrás de si, aleatórias, sobre diversos assuntos e motivos, em alternados tons.

— Vocês me enojam. — Ryuutsune comentou com a língua afiada a fitar o irmão mais velho estar ainda com a pouca vergonha das uvas com o rapaz, pegando a raspadinha da mão do loiro, lhe direcionando um olhar vazio, virando-se para ir embora.

Kenma fitou o garoto desaparecer fácil entre às outras presenças devido a sua baixa estatura, sentindo o olhar azul claro do albino em si.

— Obrigado. — Yuuta formulou brevemente, lhe pagando por todos. Mesmo que naquele dia combinara com Klaus que a conta seria dele.

E assim, fazendo uma pequena menção com a cabeça e mínima reverência, retirou-se de frente da barraca, indo embora com as outras duas presenças masculinas a seguir a outra que sumira.

Kozume ficou alguns segundos a encarar aquela cena que se desenrolou de forma extremamente misteriosa, até a ida deles, tendo sua atenção a ser substituída por alguns chamados de outras pessoas, voltando logo ao trabalho. Aquilo se tornava um tanto exaustivo, por mais que não estivesse fazendo aquilo desde muito tempo.

Isso trazia algumas memórias, quando estava sozinho em casa, em sua cama, deitado com o PSP em frente aos olhos nos braços um pouco levantados, mantendo certa distância da face. Às vezes sua visão se perdia em um passe de fase e outro do jogo para o relógio de seu celular que ficava como de costume ao lado do travesseiro. Sua mãe demorava às vezes mais que o de habitual para chegar, nunca possuía um horário certo, ainda mais por esta não morar perto de seu trabalho, tendo de pegar transportes durante a noite e madrugada.

Eram poucas dessas oportunidades que usava para pensar que ela poderia estar fazendo algo diferente e não trabalhando. Quem sabe proveitoso? Porém, diante do lugar que ela geralmente assumia desde tarde até o desenrolar da noite adentro, chegava a conclusões óbvias. E até mesmo se achava um pouco bobo por pensamentos de outrora.

Ela era um grande exemplo, batalhadora, e o que estava a fazer ali não era nada.

— Kenma! — Uma voz entre as outras se sobressaiu de maneira alta e forte, tendo apenas um braço que o loiro pôde acompanhar como seu dono.

— Noya, não empurre os outros dessa maneira... — Asahi pedia enquanto acompanhava o menor atrás do mesmo, a cada passo, pedindo desculpas aos adolescentes que o menino animado esbarrava.

— Se não fazermos isso não passamos — verbalizou de forma simples, logo tendo um passo longo como breve pulo para frente, parando exatamente colado com o limite da barraca. — Não sabia que trabalhava aqui. — Abriu um sorriso a face, fitando o garoto ficar um pouco inquieto.

Logo Azumane estava do lado de Yuu, tendo passado pelos jovens com mais facilidade por seu porte e feições contradizerem completamente sua idade. Olhava o jogador da Nekoma com simplicidade, sendo visível uma animação interior do outro por vê-lo ali. Não jogavam juntos tinha algum tempo, imaginava se Hinata tivesse vindo junto, o alarde que ambos fariam.

— Por favor, dois amendoins. — Asahi pediu, já que não queria interromper o fluxo do restante dos clientes naquela barraca, afinal, não era somente eles que estavam ali para comprar algo. Pena que era só ele dos dois que pensava assim.

— Que horas você fecha aqui, Kenma? Podemos jogar depois?! Ainda não está tarde para isso. — Nishinoya proferiu em questionamentos rápidos, esboçando a agitação típica por poder imaginar colocando as habilidades em prática com um time que sabia que eram muito bons.

Kenma naquele minuto se sentiu ligeiramente perdido. Não cogitava que alguém conhecido iria lhe ver ali, ainda mais lhe reconhecer e vir falar com sua pessoa. Por no momento que buscava separar dois amendoins dos demais em uma caixa pequena que teve de se abaixar para isto, teve pensamentos levemente preocupantes.

— Eu vou para casa depois. — O loiro respondeu de forma breve a todas as indagações, tendo os amendoins requeridos em mãos, levantando-se brevemente, recebendo automaticamente algum comentário descontente por parte do jogador da Karasuno.

Todavia, atrapalhou-se um pouco com o avental e um passo errado, dando para notar que para recuperar o equilíbrio, apoiou-se de forma leve em uma cadeira dobrável ao canto, tendo um amendoim de sua mão a cair ao chão. O mesmo teve seus diversos grãos espalhados pelo lugar por ter estourado a embalagem plástica com o choque do solo.

O que não se sabia ao certo era como Yuu fora parar dentro da barraca tão rápido, com o mesmo se encontrando no momento olhando para o chão com uma cara que berrava a desolada. Estava agachado, e as mãos paradas a poucos centímetros do chão.

— Asahi-san...

— O que você está fazendo...?

— Eu não consegui pegar — sibilou a olhar para Azumane visivelmente abalado. Conhecia aquela carinha.

— Pegar? — Por um momento, Asahi olhou para o que o loiro havia derrubado, e então, não bastou apenas mais que alguns segundos passar assimilar do que se tratava. Era sério mesmo?!

— Precisamos voltar e treinar mais, Asahi-san! — exclamou a pegar o amendoim da mão de Kozume com pressa, deixando o dinheiro a tirá-lo do bolso com mais rapidez ainda, saindo da barraca e pegando com a mão livre a de Asahi, apertando-a.

— Mas e o seu? — O jovem sentia-se arrastado novamente por Yuu no meio das pessoas, se afastando do loiro que novamente ficara atônito com algum dos atos que ocorriam depressa e confuso demais.

— A gente divide, só vamos! — Nishinoya teve a sensação calorosa da mão visivelmente maior que a sua ter os dedos a se entrelaçar com os próprios, acompanhando seu passo, sorrindo por tal detalhe. Apesar de ainda o maior se desculpar pelo menor pelos esbarrares que aconteciam enquanto corriam dali, de forma inexplicavelmente – totalmente plausível – animada.

Kenma fitou a saída destes, se deixando levar por outros fatores que eram mais importantes. Tinha que limpar ali, e era visível o número de pessoas que tinha de atender ainda. Em uma posição não lá muito animadora diante de sua posição, porém, com um breve suspiro, resolveu utilizar de uma pequena vassoura atrás de uma caixa, escutando uma voz familiar que lhe causou um breve susto, motivo evidente de um arrepio seu.

— Um Oinarisan4, por favor! — Um garoto alto – de forma exagerada – de cabelos cinza e olhos verdes fez o pedido, tendo uma facilidade por passar pelos outros por certa aparência intimidadora. Que na verdade, de intimidador o dono deste não possuía nada. — Oh, Kenma-san! — Haiba reconhecera o loiro de costas, ainda mais por estar com a roupa vermelha com o nome da escola, abrindo um sorriso e euforia por vê-lo ali.

Kozume parou ao lugar, virando-se lentamente com a cara de zero satisfação ao notar o mais novo ali. Lev lhe encarava com uma esperança e alegria tão imensa, e não sabia dizer o porquê daquilo, e isso ocorria com uma frequência estranha quando ele olhava para si.

— Ei, pode trazer meu pedido?! — Um dos outros clientes reclamou, notando a incrível demora e o modo que o garoto agia, incomodando-se com isso.

— O meu também! — Uma garota bateu o pé levemente ao solo, igualmente indignada.

Kenma estava se perdendo mais do que tudo com o número de pessoas que tinha que atender, notando todos os movimentos em aparente cansaço por parte deles com sua eficiência naquele trabalho. Ato que o desprendeu da atenção de Haiba, acabando por não notar esse ter entrado embaixo da barraca junto consigo, pegando um avental extra que tinha dobrado em um canto.

— O que está fazendo? — Kozume questionou ao vê-lo vestir a peça clara rapidamente, tendo que ficar um pouco curvado ali ao seu lado devido à altura nada propícia e comum para o local.

— Irei te ajudar, Kenma-san. — Usou da resposta simples, trajando um sorriso animado a olhar para os clientes dali. Eram de fato vários, e já sabia o quanto o loiro não era acostumado a lidar com outras pessoas e agradar um público tão diferenciado e diverso, era complicado para qualquer um que não era habituado a tal tarefa.

Kenma fitou Haiba, não o perdendo de seu campo de visão, assim como notava seus movimentos mais sutis conforme ele começava a atender boa parcela dos clientes de forma simples e prática. Estava lhe auxiliando. Pareciam que os papéis haviam se invertido.

≥ᵜ≤

Após uma longa hora atendendo os clientes, Lev e Kenma pararam quietos um pouco, tendo o loiro a suspirar de forma visivelmente cansada e até mesmo levemente audível para o dono de cabelos cinza em seu lado.

— Desculpe Ken-chan, estava lotado. — A mãe do loiro havia chegado depois de todo aquele tempo, encarando o amigo do filho que tinha uma altura impecável, ainda mais perto da mulher. — Obrigada por ajudá-lo, Haiba-kun. Pode deixar que eu irei assumir daqui. — Ela assumiu poucas feições, mesmo diante do agradecimento, voltando a vestir o avental que eles haviam retirado e se encaminhando para continuar o serviço que ainda não tinha horário de término. — Ah, quer algo? — Indagou a olhá-lo de soslaio.

— Não, muito obrigado. — Sorriu, satisfeito por ver a mãe do colega de time no mínimo satisfeita com o trabalho que mantiveram.

— Como sabia onde eu estava? — Kozume perguntou, tirando o PSP do bolso a retirar o jogo do “pause”, já voltando a jogar e ter seu foco na tela. Não tinha muitas suspeitas, mas de alguma forma acreditava que ele não lhe achou por mero acaso.

— Eu estava com fome, e os melhores Oinarisan são os dessas barracas. E o Kuroo-san também me disse que você veio aqui para ajudar sua mãe. — Haiba constatou de maneira simples, ficando ao lado do garoto a observá-lo com aquele jogo portátil de sempre. Realmente, nunca se cansava.

Fitou o loiro durante mais tempo, observando seus traços com cuidado e incrivelmente em silêncio. Eram leves, apesar de ele manter uma concentração que logo demonstrasse linhas a mais em suas expressões, e isso tirasse boa parte da aparência... “Fofa” dele. Notou seus fios claros, loiros, e uma raiz escura, em um negro notável.

— Ele também me disse que você pinta o cabelo — comentou inocentemente, tocando algumas madeixas dele, notando o menor se afastar instintivamente, olhando para si um pouco confuso e evasivo a soltar a mecha de seus dígitos. — Gostaria de vê-lo sem a tinta.

— Por quê? — O menor questionou em aparente desinteresse, mas sentia-se um pouco incomodado. Kuroo andava falando bastante de si para Lev ultimamente. Que vontade era essa de saber de si?

— Porque você deve ficar bonito, Kenma-san. Sabe, todos são naturalmente, e você não é diferente. — Haiba dizia tudo aquilo sem muito pensar, arrancando uma feição meio que pensativa do loiro, ao mesmo tempo em que também incomodada. E no interior que podia notar com dificuldade,ele ter ficado meramente sem graça.

Observou-o a se virar mais para um canto oposto ao que estava em seu lado, encolhendo os ombros conforme os dedos apertavam os botões do PSP, realizando mais ações no jogo. Sorriu, indo para o lado da barraca e saindo um pouco da beira do menor, falando com a mãe do mesmo algo que fez a progenitora sorrir abertamente.

Logo voltou, mas tinha um pequeno pacote de pocky em mãos.

— Kenma-san — chamou-o, notando este lhe ignorar no primeiro chamado, permanecendo focado no jogo. — Kenma-san! — Elevou o tom, este agora lhe direcionando o olhar dourado.

— O que... O que é isso, Lev? — Perguntou a encará-lo ligeiramente descrente.

— Vamos brincar? — Fitava-o com imensa esperança, tendo um lado do pocky entre os lábios.

— Mas que brincadeira é essa?

— Você vai morder da outra ponta e no final nós vamos beij...! — Sua fala fora interrompida e o pocky totalmente despedaçado em sua boca por Kozume ter batido com o PSP contra a cara de Haiba. Eles ainda estavam no meio da rua e possuía gente ali do lado! E que ideia era aquela de beijo?!

— Vou para casa — anunciou, encobrindo a mera vergonha que sentiu por milésimos segundos, puxando o jogo portátil, notando a parte avermelhada na face dele pela batida, assim como o chocolate em seu jogo e um pouco grudando na pele dele.

— Kenma-san! — E como sempre, insistia. Não se daria por satisfeito, e por mais que aquilo soasse como talvez recompensa por tê-lo ajudado aquele tempo com as pessoas, não era alguém desse tipo. Apenas queria, sem pretextos ou como símbolo de pagamento.

O mais velho não ia ceder por ele tentar lhe ganhar no grito, contudo, aquilo tambémnão era seu motivo por não aceitar. Sabia que Haiba não mudaria seu jeito, era sempre direto, não pensava antes de falar ou fazer algo. O que às vezes acatava em consequênciaspéssimas, como naquele momento.

A confusão mental do loiro se fazia presente, junto da indecisão, como seu reflexo ainda meio paralisado. O som de "game over" instalou-se aos ouvidos dos garotos, esse não sendo o bastante para puxar a atenção do maior, porém, notou a feiçãodo outro incomodado e de mera desistência de minuto.

— Vamos. — Lev não permitiu um silêncio constrangedor – que o encarar de ambos estava tornando aquele momento –, pegando outro palitinho, empurrando para os lábios pequenos do loiro.

Kenma separou os lábios, sentindo estes terem contato com o doce, fitando o dono dos olhos verdes fazer o mesmo. Notou que Haiba colocou os braços na altura de sua cabeça, fazendo a mochila que ele carregava – sua –, tapar certa visão dos outros para os que faziam. Criava um mero paredão com o corpo exagerado em altura perto de si.

Este iniciou as mordidas ao pocky, aproximando ambos os rostos, tendo Kozume a repetir tal ato em outro ritmo, de forma bem mais lenta comparada a si. Lev notou seu olhar, assim como a forma receosa e envergonhada do mais velho, parando em uma última mordida tão perto de sua boca que poderia tocá-la com uma simples mover e mínima investida. Todavia, não o fez. Entretanto, com a face de confusão que notou do menor como se realmente esperasse ou até mesmo desejasse aquilo – talvez mera imaginação do maior –, fora o suficiente.

— Retribua.

O sussurro fora deixado de forma rápida contra a boca de Kenma, apenas para almejar dele e quebrar aquela distância. Os lábios encostavam-se de forma cuidadosa e calma, ato que parecia minucioso da parte de Haiba. Kozume permanecia parado, sentindo o gosto do chocolate, o pressionar macio. Porém, regido por àquelas sensações, moveu seus lábios minimamente, sentindo a investida de Lev se intensificar aos poucos.

Ele estalou de forma baixa as bocas, distanciando-as apenas para encaixá-las melhor, notando que o loiro fechou os olhos ao fazer isso mais repentinamente. Achando-o ainda assustado, separou-os, todavia, o ato apenas o fizera comprovar o contrário.

Quando praticara tal ação, sentiu a ponta da línguaúmida e quente dele em seu lábio superior, pedindo em silêncio e timidamente um novo contato. Juntou-as de novo, realizando o mesmo que o mais velho, tornando as trocas de estalos e pressionares suaves em um beijo sutil e lento. Kenma sentia todo o apreço de Haiba no ósculo compartilhado, tendo o lábio inferior sugado de forma fraca ao separarem lentamente.

Buscou os olhos verdes em seu campo de visão, notando em como ele ainda estava bem perto, este sorrindo de forma diferente contra sua boca que estava bem próxima a dele, trocando pequeno roçares entre seus baixos ofegares. O repuxar a face podia ser novo no caso de Lev, mas um dos motivos dele ainda era um extremamente habitual quando se tratava de Kenma.

E isso, desde que começara a passar mais tempo com ele.

— Mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Obrigado a todos que leram. ♥



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