Lá estava ela, observando a porta que anos atrás tinha flores rosa na parte inferior até o meio do objeto. Os rastros de adesivos ainda jaziam ali e em certos lugares ainda eram possíveis ver certos desenhos das pétalas. Mary Gibbs, passara os últimos anos prestando toda sua atenção em cada movimento que aquela porta de armário poderia fazer, mas nunca, a resposta que ela queria era mostrada daquele objeto. O som de música clássica tocava nos fones de ouvido da jovem e seus olhos negros se fecharam quando o punho bateu à porta.

— Querida? Quer que eu te leve para a escola? — Perguntou a mãe da jovem de aproximadamente 16 anos.

— Sim. — Ela sussurrou, pegando a mochila cor de salmão e a jogando nas costas cobertas pela blusa de frio vermelha.

Ela deu uma última olhada para a porta do armário e suspirou desapontada. Seguiu rumo à saída de seu quarto, vendo a mulher de cabelos negros descer as escadas. Mary fecho a porta de seu quarta e foi ao encontro da mãe. Deslizou pelo corrimão das escadas e pulou os dois últimos degraus parando na soleira da porta da cozinha.

— Não faça isso garota. — Repreendeu a mulher. — Pode te machucar, já disse milhões de vezes.

— Gosto disso, me lembra a infância.

— Qual? A que você viveu nos sonhos ou na terra?— Perguntou de modo brincalhão.

— Talvez as duas. — Respondeu após dar de ombros. A mulher apenas sorriu e lançou uma maçã na direção de Mary que a segurou sem rodeios e levou a boca mordendo-a. Após devorar a fruta a jovem amarrou seus longos cabelos negros em um coque e abafou o cabelo com um boné velho e surrado da cor azul.

— Vamos, Mary. — Disse a mãe. — antes que você chegue tarde.

— Boo. — a garota disse corrigindo a mulher.

— Não está muito velha para esse apelido?

— Não, eu gosto dele. Me lembra pessoas especiais.

Concluiu e seguiu a mãe porta a fora, sua mãe se dirigiu ao carro encostado no meio fio.

Mary, fitou a janela de seu quarto. Havia se passado tanto tempo e mesmo assim ela ainda esperava ansiosa. Ela se lembrava de uma aventura durante sua infância e de dois amigos que a fizeram acreditar em magia. Por muitos anos ela disse que tudo não havia passado de um sono, mas em seu coração sabia que havia sido real. Seus únicos amigos e as pessoas mais divertidas do mundo. Ela não acreditava no retorno de ambos, mas mesmo assim insistia em esperar.