Deadly Hunt escrita por Lara


Capítulo 19
Explicações


Notas iniciais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! Faz oitenta e quatro anos que eu não apareço para atualizar essa história, mas aqui estou eu. Não me odeiem, por favor. Eu sei que faz quase um ano que não posto um capítulo novo, mas acontece que eu acabei ficando ocupada, tive bloqueios e me envolvi em outros projetos. Inclusive, ano passado comecei e finalizei treze histórias, sendo doze delas parte de um grande projeto de histórias postadas mensalmente e que eram atualizadas diariamente. Sinto muito por não ter vindo antes. De verdade. Mas aqui estou eu de novo. Irei atualizar toda terça-feira, então prometo que dessa vez vocês não vão ficar tanto tempo sem me ver por aqui. E bom, depois de tanto tempo fora, eu ainda estou tentando pegar o ritmo da história de novo, então peço que tenham um pouquinho de paciência comigo. Boa leitura...



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"As balas e solavancos começam a ricochetear
Eu sou indefeso, você precisa de mim deslumbrado
Eu nasci para amar você

E ninguém jamais fará isso
Prefiro morrer do que viver sem você
Não sei o porquê vamos para a guerra

Mas a única coisa que é certa é que
Eu nasci para amar você.”

Jussie Smollett – Born to Love U

 

Capítulo XVIII – Explicações

֎

A porta do quarto é aberta no exato momento em que eu planejava sair. Suspiro aliviado ao encontrar minha esposa parada de frente para mim com os olhos arregalados, surpresa por me ver. O sentimento de alívio por ver que a mulher estava bem não demora muito a ser substituído pelo de fúria. Respiro fundo e sem dizer nada, dou espaço para que ela entrasse. Olho o relógio em meu pulso e marcavam quatro horas da manhã.

— Onde você estava? – Questiono, fechando a porta do quarto. Ally suspira e coloca o grosso casaco que usava sobre a poltrona quarto. – Você tem alguma noção do quão preocupado eu fiquei quando eu acordei e não te encontrei aqui? Eu estava prestes a acionar a segurança do castelo e proclamar que lhe procurassem.

— Sinto muito. Está tudo bem agora. – Responde minha esposa, sentando-se na cama para retirar seus tênis. Ela parecia um pouco área, mas naquele momento, eu estava furioso demais para questionar o seu comportamento estranho.

— Não, Ally. Não está tudo bem. Você não respondeu a minha pergunta. Onde você estava? Por que fugiu do castelo sem avisar a ninguém como uma adolescente inconsequente? - Indago, sem esconder a minha fúria e frustração. Ally apenas suspira e se deita, puxando o cobertor para se cobrir, enquanto se encolhe na cama. - Por que fugiu do castelo sem avisar a ninguém como uma adolescente inconsequente?

— Austin, por favor, vamos dormir. Já está tarde, minha cabeça está doendo e o dia não foi um dos melhores. Amanhã nós conversamos. – Implora a mulher, ajeitando-se na cama.

— Eu quero respostas agora, Ally. Você está grávida. Teve um sangramento pela manhã. Se quer levar essa gravidez até o fim, precisa ficar de repouso. – Exijo e Ally bufa, ignorando completamente o que eu dizia. – Você me prometeu que ficaria quieta! Prometeu que não se colocaria em perigo e que ficaria em repouso. Ally, a vida do...

— Eu sei, Austin! – Ela se levanta de uma vez e vejo a confusão e a intensidade de emoções em seus olhos. – Eu sei melhor do que qualquer pessoa nesse mundo que a vida desse bebê que estou carregando depende exclusivamente de mim. Eu sei que preciso me cuidar. Eu sei que preciso ser uma boa mãe, uma boa esposa, uma boa rainha. Eu sei muito bem de tudo isso. Então será que dá para a gente dormir e conversar amanhã?

— Para onde você foi? O que aconteceu? – Questiono, sentindo que havia algo de errado com Ally. Não era uma questão física. Algo havia acontecido que mexeu intensamente com o seu emocional.

— Austin, por favor... – Implora Ally e eu suspiro, aproximando-se da mulher. Sento-me ao seu lado e pego em suas mãos. Elas estavam frias e tremiam levemente. Seus olhos castanhos recaem sobre mim e pareciam mais perdidos do que nunca.

— Amor, por favor, me conta o que aconteceu. – Peço suavemente, enquanto tento aquecer suas mãos. Ally engole em seco e fecha os olhos, como se estivesse tentando reorganizar os seus sentimentos. – Por que saiu sem me dizer nada?

— Taynara. – O som quase inaudível que saí de sua boca faz meu coração dar um solavanco. Arfo, implorando para que eu tivesse ouvido errado. – Eu fui me encontrar com Taynara na antiga casa da família Santos.

— Você o quê? – Balbucio, encarando-a sem acreditar. – Você foi sozinha se encontrar com a desgraçada da Taynara? Enlouqueceu de vez, Ally?

— Ela não ia me machucar. – Responde e eu acabo dando uma risada irônica.

— Não ia? Pelo amor de Deus, Ally! Essa mulher tem tentado destruir a nós e a nossa família há mais de dez anos. É claro que ela estava pronta para te machucar. – Afirmo e Ally balança a cabeça, negando.

— Não. Taynara quis machucar o meu pai. Ela teve inúmeras chances de nos matar e apesar disso, nunca fez. – Afirma minha esposa e eu não consigo acreditar na forma como ela parecia ter certeza de suas palavras.

— Você só pode estar brincando comigo, Ally. Perdeu o juízo de vez? – Questiono, estralando a língua em seguida. Não estava gostando nada do rumo que a nossa conversa estava tomando. No entanto, para o meu desespero, Ally nunca pareceu tão séria e determinada como naquele momento. – O que essa mulher disse a você? Como pôde deixar que ela fizesse a sua cabeça? Seja racional, Ally. Taynara só quer nos destruir.

— Eu estou sendo racional, Austin. Taynara sempre soube o que fazíamos. Ela esteve de olho em nós desde que morávamos em Miami. Ainda assim, ela o seu único ataque direto a nós foi quando afirmamos que não nos renderíamos, quando nós nos encontramos na floresta a dez anos atrás. Ela poderia ter nos matado. O que não faltou foi oportunidade. Ainda assim, ela não o fez. – Ally se levanta e anda até a porta da varanda do quarto. Ela encara Füssen com a mão sobre o vidro da porta com o pensamento distante.

— Então você está me dizendo que de uma hora para a outra, Taynara ficou boazinha, que não deseja a guerra e que não vai mais nos atacar? É isso? – Pergunto com sarcasmo evidente. Ally me encara com seus olhos intensos.

— Ela não deseja a guerra. – Responde minha esposa e eu me levanto, incrédulo com a forma como Ally parecia ter enlouquecido de vez. – Mas ela vai nos atacar. Taynara não é boazinha, mas ela é bastante coerente com suas ações.

— Coerente? Ah, faça-me o favor, Ally. Aquela mulher não tem escrúpulos algum. Ela só quer destruir nossas vidas e pegar tudo o que nós temos. É claro que ela deseja a guerra. É benéfico para ela e o comparsa dela. Taynara vai usar toda a nossa fragilidade para nos destruir. – Garanto e Ally volta a encarar a paisagem com a expressão pensativa. – Eu não faço ideia do que ela te disse, Ally, mas Taynara só está querendo te confundir. Ela quer nos enfraquecer e usará de quaisquer artifícios que tiver para acabar com nossos familiares, amigos e com todo o nosso povo.

— Eu não espero que você entenda o que quero dizer e o que sinto nesse momento, porque nem mesmo eu sei dizer. Então, apenas ignore o que eu disse e vamos dormir. – Pede Ally, voltando para a cama. – Amanhã nós conversaremos melhor. Por hoje, eu só quero dormir e reorganizar minha cabeça e meus sentimentos.

Ally realmente parecia esgotada. Preocupo-me com seu estado de saúde, então, seguindo o seu pedido, deito-me ao lado de minha esposa e a abraço, trazendo-a para perto de meu corpo. Ally se acomoda em meu peito. E nós passamos o restante da noite em claro, com os pensamentos em conflito. Nenhum dos dois foi capaz de pregar os olhos diante de tantas emoções mexendo conosco.

Saber que Ally havia estado diante de tanto perigo não me acalmava. Minha mente também não colaborava ao criar possíveis situações onde minha esposa poderia nunca mais voltar viva para casa. Eu não sabia o que havia feito Ally agir de forma tão irresponsável, mas era inevitável não me sentir agitado com a situação.

E assim, quando o dia amanhece, logo após o café da manhã em família, a primeira ação de Ally é marcar uma reunião com Prince, Manu, Tyler e Dez em seu escritório. Quando todos nos acomodamos nos dois sofás que haviam na sala, Ally se senta em sua confortável cadeira e nos encara com seriedade.

— Vocês devem estar se perguntando o motivo de ter reunido vocês aqui com tanta urgência e pedido o sigilo dessa reunião. – Começa Ally, apoiando o cotovelo sobre a mesa. Ela respira fundo e nos encara com seriedade.

— O que houve, Ally? Você está me assustando. – Comenta Manu, dando um sorriso nervoso. – O que aconteceu?

— Ontem à noite eu me encontrei com Taynara na antiga casa de sua família. – Revela Ally e no mesmo instante Manu se levanta.

— O quê? Você se encontrou com aquela desgraçada? E como eu não fiquei sabendo sobre isso ontem? – Pergunta Manu, incomodada com a situação. Ally suspira e a encara com receio. Isso me deixa ainda mais incomodado.

— O que ela queria, Ally? – Questiona Prince com preocupação.

— Ela te machucou? Tentou te atacar? – Indaga Tyler, colocando-se em alerta.

— Não. Ela não me machucou. Foi apenas uma conversa antes da batalha final. Ambas estavam sozinhas e apenas conversamos. – Responde Ally, fazendo com que todos arfassem e passassem a falar ao mesmo tempo. – Acalmem-se! Eu estou bem.

— Você ficou louca? Ir se encontrar sozinha com a Taynara? – Questiona Dez, visivelmente contrariado com a atitude de Ally.

— Acalmem-se. Eu vou explicar tudo. Eu prometo. Apenas me deixe falar. – Pede Ally, dando um suspiro cansado.

Ela então falou sobre o bilhete que encontrou de Taynara, o pedido para que ela fosse sozinha, a conversa que tiveram sobre esse ser o último encontro das duas mulheres antes do conflito e como ela parecia estar sendo sincera. Ally também informou que Taynara afirmou que matou o pai de Manu, mas que Henry foi morto por Stefan e que ela não matou Tony. Taynara também contou sobre o seu envolvimento com Henry e como ela ainda sofre pela morte dele, mesmo depois de anos. Explicou como ela foi embora e como ela estava abalada durante a conversa. Ally também afirmou que em momento algum Taynara apresentou querer machucá-la e até mesmo pediu desculpas pelo seu comportamento em seu primeiro encontro com a gente na floresta há dez anos.

— Tudo bem. E daí? – Questiona Manu, levantando-se do sofá onde estava sentada ao lado de Prince. Ela vai até a mesa e coloca as duas mãos sobre elas. – Nós duas também tivemos passados difíceis e nem por isso saímos matando as pessoas. O que ela sofreu não justifica as ações de Taynara, Ally. Ela ainda é uma criminosa que merece ser torturada severamente até a morte como punição por todos os crimes que ela cometeu.

— Eu não estou dizendo que justifica, Manu. Apenas quero que pensem sobre o assunto. Apesar de todo o sofrimento que tivemos, nós sempre tivemos pessoas com quem contar. Eu tinha minha família e amigos. Você tinha Prince e Tyler. Taynara não tinha ninguém. Ela foi abandonada, perseguida e recebeu a culpa de crimes que não cometeu. – Explica Ally, levantando-se de sua mesa.

— Você está hesitando, Ally. – Afirma Manu, parecendo decepcionada. – Está ponderando perdoar todas as atitudes de Taynara e dos desgraçados dos seus aliados.

— Eu não estou hesitando. – Garante minha esposa e Taynara ri, negando.

— Sim, você está. Que merda, Ally! Nós teremos uma guerra em alguns meses e você simplesmente está com pena da maldita da Taynara só porque ela te contou uma história triste? – Indaga Manu, dando tapas na mesa, antes de se afastar rindo com ironia. – Você só pode estar brincando com a minha cara.

— Você sabia. – Acusa Ally e Manu a encara com seriedade. – Você sabia que ela não foi responsável pela morte de Henry e de Tony.

— Isso não faz diferença agora. Não muda nada. – Responde a cunhada de Ally, voltando a se sentar. Prince e Tyler permanecem em silêncio, encarando a cena com curiosidade e preocupação. – Ela continua sendo uma assassina ordinária que matou Cassidy e Dallas. Os seus amigos, caso você tenha se esquecido.

— Eu não esqueci, Manu. Não há um dia que eu me esqueça das vidas que se sacrificaram suas vidas para que eu chegasse aqui e você sabe muito bem disso. – Aponta Ally, demonstrando sua irritação. Ela estava começando a perder o controle e isso não era bom para a saúde dela. Manu se levanta e mais uma vez se aproxima da mesa de Ally.

— Mas não parece. Você está até mesmo defendendo a meretriz da Taynara! – Acusa Manu, completamente alterada, enquanto dá mais um tapa na mesa.

— Ally, fique calma. – Peço e a encaro com seriedade. Ela me encara e suspira, passando as mãos pelo rosto, procurando se acalmar. – Manu, peço que se controle.

— Me controlar? Você está de acordo com essa situação ridícula, Austin? Ally perdeu completamente a noção! Nós estamos prestes a ter uma guerra e ela me aparece aqui dizendo que quer que eu entenda a situação da Taynara e tenha compaixão por aquela desgraçada? Isso por acaso é a atitude que se espera de uma rainha? – Questiona Manu, andando pela sala completamente furiosa.

— Manu, por favor. – Prince repreende a esposa, começando a ficar incomodado com a atitude agressiva com a irmã mais nova.

— Emanuelle Santos, peço que diminua o seu tom de voz com nossos reis. – Exige Dez, surpreendendo a todos por usar o mesmo ar que ele usa quando confronta algum desconhecido que ousa desafiar a minha autoridade e a de Ally.

— Isso só pode ser brincadeira. – Ironiza Manu, saindo da sala.

— Aonde você vai? – Questiona Ally, fazendo Manu parar no mesmo instante. – A nossa conversa ainda não acabou.

— Já acabou sim. – Responde a mulher, demonstrando toda a sua fúria. Ally se levanta e a encara com uma postura que era intimidadora.

— Sente-se. Agora. Isso é uma ordem. – Ordena Ally, encarando a cunhada com firmeza.

— Agora vai usar sua autoridade contra mim? – Pergunta Manu, magoada.

— Sim. Eu vou usar. Porque você não está nem mesmo ouvindo o que eu tenho a dizer. Você pode ser minha cunhada, Manu, mas eu ainda sou a sua rainha e exijo respeito. Desde que eu comecei a falar, você tem me interrompido e me destratado como se eu fosse uma qualquer. Entendo a sua fúria. Não convivi tempo o suficiente com Taynara para odiá-la assim como você, mas isso não lhe dar o direito de descontar a sua raiva em mim. Eu estou em uma situação onde não posso passar por estresse elevado e eu quero resolver esse assunto da maneira mais civilizada possível. Então, abaixe o tom de voz, sente-se ao lado de seu marido e escute com atenção o que eu vou dizer. – Exige Ally, deixando claro que desobedecer ao seu pedido não era uma opção.

Manu respira fundo e faz o que lhe é pedido. Tyler lança um olhar repreendedor e Prince encara a esposa com decepção. A mulher parecia um pouco mais calma e apenas se encolhe no sofá. Dez pega um pouco de água e entrega a Ally para que ela se acalmasse e eu encaro minha esposa, preocupado com o seu estado de saúde.

O silêncio pesado permanece entre nós por alguns segundos. Ally se senta em sua cadeira e respira fundo algumas vezes com os olhos fechados, acariciando a barriga. Aproximo-me de minha esposa e massageio seus ombros, tentando transmitir um pouco de tranquilidade a mulher. Eu não sabia como reagir, mas entendia que naquele momento, Ally precisava de um apoio.

De certa forma, eu concordava com a indignação de Manu, ainda que não estivesse feliz com a forma agressiva com a qual tratou Ally. Taynara é uma ameaça, estamos prestes a entrar em uma guerra e como reis, Ally e eu precisamos ser firmes em nossas decisões. No entanto, era difícil saber o que se passava na mente de minha esposa que ao mesmo tempo em que defendia Taynara, ela também deixava claro que ela é a nossa inimiga.

— Obrigada. – Ally sussurra, dando um fraco sorriso. Deixo um beijo em sua testa e aperto sua mão, em um gesto silencioso de que eu estava do lado dela. Eu não queria causar ainda mais estresse a minha esposa e ao bebê que ela espera.

— Você está bem, Ally? – Sussurra Dez com preocupação.

— Estou sim. Obrigada pela água. – Minha esposa agradece, suspirando em seguida. Ela então se levanta e aperta minha mão com mais força antes de se afastar. Ela se aproxima de Manu e a encara com seriedade. – O que você fez vai contra os meus princípios, não sabe? Esconder uma informação importante quanto o envolvimento de Taynara no assassinato dos seus irmãos e como tudo aconteceu pode ser considerado uma traição.

— Vai me condenar pelo crime? – Questiona Manu e Prince respira mais alto.

— Chega, Emanuelle. Já deu! – Interrompe meu cunhado, furioso com a esposa. Manu o encara surpreso, mas se encolhe, envergonhada. Prince se vira para a irmã mais nova e a encara com tristeza. – Eu sinto muito, Ally. Esse assunto é algo muito delicado para a Manu e a forma que ela encontra para se proteger é atacando as pessoas.

— Eu sei disso. E é por isso que ela não será condenada pelo crime, ainda que eu me sinta profundamente ofendida e chateada pela forma como ela está me tratando. – Responde Ally e Manu suspira, parecendo se sentir culpada.

— Desculpa, Ally. É só que essa mulher... ela é um assunto que tenho lidado há muito tempo. Taynara é uma pessoa terrível e ver que você está comovida com tanta facilidade pela história dela me deixa furiosa. – Responde Manu, parecendo estar sendo sincera. – Eu só não entendo o motivo de você está tão... eu não sei. Você está defendendo a Taynara. Por que está fazendo isso?

— Eu estou grávida, Manu. – Declara Ally, surpreendendo Manu, Prince e Tyler, que sorriem felizes com a notícia. – Mas minha situação não é boa. Na verdade, eu posso morrer a qualquer momento.

— O... quê? – Balbucia Prince, levantando-se. Seus olhos exalam toda a preocupação e desespero de irmão mais velho. – Por... quê? Como assim?

— A minha gravidez não é normal. Gravidez Ectópica. O bebê não está se desenvolvendo no meu útero. Por causa disso, eu vou me sentir cada vez mais fraca e esgotada. As dores abdominais vão aumentar gradativamente, conforme o bebê for crescendo. A partir do quinto mês de gestação é que se começa o desafio já que eu preciso estar pronta para um parto emergencial ou até mesmo o rompimento das trompas, o que me ocasionaria em uma hemorragia interna e, consequentemente, a morte se não for contida às pressas. – Revela Ally, deixando o irmão ainda mais pálido. Prince se senta em estado de choque, Manu a encara assustada e Tyler continuava com os olhos arregalados e a boca aberta em completa surpresa. Aproximo-me de Ally, que puxa minha mão e entrelaça nossos dedos. – Eu estou de dezoito semanas. Minha situação é complicada, mas eu finalmente vou conseguir realizar o meu sonho de dar mais um irmão ou uma irmã a Enzo. Austin e eu temos tentado há anos e finalmente conseguimos. Estamos apavorados, mas felizes. Não espero que entendam nem que aprovem minha decisão. Mas quero que compreenda a minha dor e a minha determinação de realizar o meu sonho.

Ally suspira e eu a abraço com carinho. Meu coração se aperta ao lembrar de todos os riscos que minha esposa tem corrido. Eu a amo com todo o meu ser e desde que me vi apaixonado por ela, tenho sonhado em construir uma grande família ao seu lado. Enzo é a minha vida. É a razão do meu viver. Eu o amo incondicionalmente e de certa forma, eu já possuo o mesmo amor pelo bebê que Ally está esperando. O pavor de perde-los me deixa perdido. Não quero que minha esposa continue a enfrentar tanta dor, mas ao mesmo tempo, como eu poderia exigir que ela retirasse aquele ser que eu já tanto amo? É desesperador ao ponto de me deixar sem reação.

— Nossos pais fizeram um mal irreparável a Taynara, Manu. Não é algo que justifique suas ações contra vidas inocentes. Eu concordo com isso. Mas não imaginamos a dor que Taynara sentiu ao ser sequestrada pelos nossos pais. Eles a machucaram de forma muito cruel, Manu. Com apenas catorze anos, ela foi torturada por vários dias e em seguida teve o útero arrancado sem anestesia. Por causa do meu pai, ela teve o seu sonho de ser mãe roubado quando ainda era uma criança. – A segunda revelação pega a todos de surpresa. Manu arfa, completamente atordoada. – Ela me mostrou a cicatriz. Seus olhos exalavam uma dor tão dilacerante que eu me vi em seu lugar. Desejar com todas as forças por uma família e não ter certeza se você será capaz de tê-la. Isso é assustador. De repente, eu me vi em seu lugar. Eu senti a dor de uma mulher que desejou com todas as forças ser mãe e por causa do meu pai, isso jamais aconteceria.

“Como eu disse, nada justifica os ataques a inocentes que ela fez, mas no lugar dela, o que nós teríamos feito? Sozinha, acusada de traição e ainda ver o amor da sua vida morrer na sua frente. O que teríamos feito em seu lugar, Manu? O que você teria feito no lugar dela, vendo Prince ser morto? O que eu teria feito? Acha que a gente aceitaria bem essa situação?” – Questiona Ally, aproximando-se da cunhada. Ela pega nas mãos da mulher e a encara com seriedade. – O que eu quero não é justificar, mas todos os motivos que levam Victor e Taynara a nos atacar envolve as ações inconsequentes de meu pai. Eu preciso de um tempo para pensar em uma forma de evitar uma guerra. Nós não estamos preparados para isso e eu não estou em condições físicas e mentais para lutar como ocorreu na última vez. Agora nós temos filhos, que ainda são muito pequenos e precisam de nós. Se tiver alguma forma de evitar uma guerra, então eu me agarrarei a ela e lutarei por ela. Pelo o bem do meu reino e da minha família.

— Ally, eu... – Manu balbucia, desorientada. Provavelmente não sabia o que responder.

— O que eu quero de você é que encontre Taynara e tentem resolver essa história. Eu sinto que ela é a única que é capaz de parar essa guerra, que ela mesma disse que não se interessa. – Explica minha esposa, suspirando cansada. – Depois de conseguir sua vingança e ter matado seu irmão, Taynara perdeu seus motivos para sobreviver, assim como ela prometeu a Henry que faria. Victor deu a ela motivos, um novo objetivo para viver com a vingança contra Krósvia. Acha que consegue encontrá-la para conversar sobre esse assunto? É verdade que posso estar sendo ingênua por esperar que algo tão simples quanto uma conversa franca entre vocês possa trazer a paz, mas eu apenas quero ter a certeza de que testei todas as possibilidades.

— Eu não sei. – Confessa Manu, ainda atordoada com a situação. – Eu preciso pensar. Não posso simplesmente ignorar tudo o que aconteceu em minha vida por causa dela. Eu preciso pensar. Mesmo sabendo disso, ela ainda é a Taynara. Não dá para confiar nela. Pode ser que essa seja só mais uma jogada dela para nos enfraquecer.

— Eu concordo. É por isso que quero que investigue a veracidade dessas informações. – Fala Ally e Manu suspira incomodada.

— Eu posso... sair? Preciso pegar um pouco de ar. – Pede Manu, encarando Ally com intensidade.

— Pode. Agora sim nossa conversa acabou. – Responde minha esposa, abraçando a cunhada. – Pense no assunto e me dê sua resposta. Se achar que isso exige muito de você, pedirei que Juliana investigue ao lado de Lawrence.

— Tudo bem. – Concorda Manu, assim que se separa de Ally. Elas se encaram por mais alguns instantes e voltam a se abraçar, antes de Manu sair do escritório de Ally.

— Eu vou atrás dela. – Anuncia Tyler, dando um fraco sorriso. – Eu sinto muito, Ally.

— Obrigada, Tyler. – Minha esposa o agradece, correspondendo ao sorriso. Ele acena e também deixa a sala.

— Parece que vocês precisam ter uma conversa em família, então irei deixar vocês às sós. – Avisa Dez, fazendo uma breve reverência, antes de sair do escritório e fechar a porta para que tivéssemos mais privacidade.

— Certo. Agora me conte a verdade. – Pede Ally, sentando-se ao lado do irmão, que continuava a esboçar uma expressão de medo e desespero. – Por que vocês não me contaram que sabiam que Taynara não era a responsável pelas mortes de Henry e Tony?


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