Lavagem Cerebral escrita por Alice


Capítulo 1
Eles pegaram você também?


Notas iniciais do capítulo

To fazendo isso pelo celular. Qualquer erro me avisem que eu concerto depois.Eu sinto com muita intensidade. E quando eu odeio e odeio mesmo.



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Uma carta minha, para eles.

"Caro Estados Unidos da América (o que inclui o governo o povo e aqueles que vivem entre isso),

Setenta anos não são o suficiente. Cem também não vão ser. Porque o fato de que vocês terem jogado uma, opa, duas bombas atômicas num pais de menos de quatrocentos mil quilômetros quadrados com três dias de diferença, não vai ser esquecido facilmente.

Ao menos não por mim. [Você vai?]

Eu sinto a compulsão de explicar.

Setenta anos atrás, vocês pegaram um piloto, um avião e uma bomba radioativa que espalhou radiação por toda uma nação – uma nação como a sua, próspera, mas vocês tinham que acabar com a concorrência não é mesmo? O piloto, pobre piloto, mais uma alma que vocês corromperam: ele fez aquilo achando que era bom. Vocês sabiam que não era bom, que era cruel, que era apenas um teste, e ele seguiu as ordens com – e eu estou cuspindo a palavra – orgulho.

Como vocês ousam? Como vocês tem a coragem, a cara de pau, o horror de fazer isso? Pelo amor de Deus, ao qual vocês oram todos os dias, o poder não pode ser tão horrível assim.

Depois que Hitler e Mussolini chegaram ao poder, eles salvaram o país e ai fizeram merda. Porque eles queriam mais, queriam que a sua pátria fosse suprema e que o povo sentisse orgulho de contar aos seus netos que haviam sido eles que mataram todos os judeus.

Vocês foram pegos na mesma mentira, fizeram a mesma coisa – só que vocês foram bem sucedidos, afinal, não tinham que ter um exercito enorme para isso, embora tivessem [e ainda tem – um gigante, que amedronta crianças árabes]. Ao contrário de dois dos maiores ditadores da época contemporânea, vocês tiveram coração frio, a crueldade suficiente para jogar uma arma de destruição em massa, que piora e destrói a vida lenta e longamente, em um pais com menos de quatrocentos mil quilômetros quadrados.

Como vocês puderam? E para deixar claro, eu não faço ideia de quem seja 'vocês'. Talvez as pessoas que planejaram, já mortas, talvez os que cooperaram, que devem estar aposentados, talvez aos que corromperam os pilotos, que devem ter feito isso outra e outra e mais outra vez. Talvez a todos eles.

E foram duas vezes. Duas bombas em um pais que é uma ilha. Puta merda. Tomar no cu. Seus merdas. Otários. A cara de pau de vocês me da nojo.

Eu odeio vocês. Como vocês puderam? Vocês não se importam com ninguém, vocês criam guerras e mandam crianças para lutarem por vocês – e fazem isso ganhando dinheiro de ambos lados por terem a maior indústria bélica do mundo.

Eu odeio vocês.

Bombas nucleares não explodem prédios, bombas nucleares queimam o corpo [e talvez a alma] e deixam sombras no chão para trás.

A única lembrança que você pode ter de alguém é um sombra presa no chão. E essa é a melhor opção. Os que sobrevivem viram zumbis, a radiação penetra e te faz virar algo semi-vivo. Se você entrar na água, a radiação piora. Seus machucados não vão fechar, seu corpo vai mudar você vai enlouquecer.
Pelos Céus, isso dura tanto tempo. Vocês tinham ao menos noção do que ia acontecer com aquelas pessoas, com tudo ao redor delas, com a natureza, com a terra e a água? Não, vocês não tinham, foi por isso que vocês fizeram.

Era um teste. Seus merdas. Seus merdas. Era um teste. Ainda é um teste, porque a porra da radiação não foi embora. Vão tomar no cu de vocês, nojentos, que apodreçam no Inferno, deveria ressuscitar todos que participaram dessa putaria e fazer o mesmo. Lavagem cerebral, utilização do que não é seu, agressão, tortura, sadomasoquismo – só podem ser sadomasoquistas, quem mais iria fazer um povo sofrer desse jeito apenas para um teste.
Se queriam tanto saber que testassem em si mesmos, imbecís. São uns filhos da puta.

Tão covardes.

Tão cruéis.

Tão nojentos.

Tão covardes.

Tão odiados – por mim. Talvez pelo leitor dessa carta. Talvez pelo próprio exército. Odiados por todos aquele que se fuderam por causa da sua tirania.
Já pensaram nas famílias perdidas, no sofrimento daqueles que viveram o suficiente para sentir a radiação os matando. Maldito dia que descobriram o urânio. Maldito dia em que a Primeira Guerra começou. Maldito dia em que criaram o modo de produção capitalista. Maldito dia em que os europeus começam a explorar. Maldito dia em que descobriram a pólvora. Maldito dia em que a Igreja tomou controle. Maldito dia em que Roma tomou a Grécia. Maldito dia em que a Grécia tomou o Império Persa. Maldito dia em que o Império Persa tomou o Egito. Maldito dia em que o Egito tomou a Mesopotâmia. Maldito dia em que criaram a escrita cuneiforme. Maldito dia em que inventaram a roda. Maldito dia que inventaram a agricultura. Maldito dia que descobriram o fogo. Maldito dia em que a evolução deu errado. Maldito dia em que o poder tomou o coração de todas as criaturas vivas na terra.

Se testar uma arma para ver se ela destrói mesmo a vida de uma forma mais horrorosa do que a arma anterior fazia é algo humano, sinto muito, não estou incluída.

Eu odeio vocês, os EUA, pelo seu passado e presente. Fazem setenta anos e setenta anos atrás haviam pessoas entrando em rios e sentindo alívio, sem saber que a água também estava contaminada, sem saber que eles estavam contaminados. Sem saber que a morte demoraria e que até chegarem lá eles passariam por todas as sinas do Inferno. Sinas que os mandantes do ataque deveriam estar sofrendo, que eu tenho a esperança de estarem sofrendo agora. Setenta anos não é nada. Cem também não vão ser.

Eu os odeio no passado e no presente. Eu imploro que não façam com que eu os odeie no futuro.

Mas eu sei que vão.

Vocês não me pegaram, não me enganaram. Caro leitor, você foi pego?

Att.,

Alice Wiedemeyer Latuf, entre aniversários dos primeiros ataques radioativos causados por seres humanos contra seres humanos na história.


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Notas finais do capítulo

Você foi pego?Você odeia?Você morre um pouco por dentro quando essa data chega?



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