Herdeiros do Olimpo escrita por Junior Dulcan, Starkiller, Steward Robson


Capítulo 1
Benjamim - Dragões e Corvos Parte Um


Notas iniciais do capítulo

Eai meio-sangues! Chegando mais uma fict para animar a vida dos nossos companheiros semi-deuses, vamos ter narrativas distintas para cada autor participante da fict. Eu, Crowley, sou no autor que narra a visão de Benjamim Drake, então vai ser fácil saber quando estou narrando.Teremos Kohau e Starkiller narrando Leona Alexis e Zachary Baltazar respectivamente, espero que gostem desse novo trabalho!



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O mar é um instrumento que apenas toca suas próprias melodias, não se pode impor sua vontade sobre o grande poder azul. Ele irá tocar desde a nota mais suave de uma harpa até o estrondo mais imponente de uma guitarra, ele segue seu próprio ritmo e vontade.

Diário de Benjamin Francis Drake, Nova Orleans, 16 de Maio de 2004

A maioria dos adolescentes da minha idade passam por problemas sobre namoros juvenis e problemas com roupas, séries de TV e escola. Eu? Bom, fui educado pela minha mãe, uma pirata e tanto, então tenho problemas mais como: saquear navios, pilhar tesouros, pescar e cantar com os marujos no convés. Não posso reclamar, minha vida era ótima até efazer onze anos e tudo virar uma grande pilha de merda de gaivotas.

Naquele dia estávamos próximos a minha cidade natal Nova Orleans, amava aquela cidade, era animada e cheia de pessoas interessantes. O local perfeito para pessoas como eu. Minha mãe era pirata desde os cinco anos e com o passar dos tempos me contava histórias incríveis da vida no mar, me tornei membro efetivo da tripulação apenas aos oito anos, quando finalmente tive o treinamento adequado.

Toda a tripulação desembarcou para cuidar de seus próprios afazeres, geralmente o navio não ficava sozinho, mas nessa cidade não havia grande perigo para nós. Nova Orleans era o porto da aliança de certos piratas, águas seguras para nós "Os Dragões", outros piratas não atacavam seus aliados sem motivos, apesar de falarem que não existe honra entre ladrões, poderia facilmente dizer que ao menos existia honra em suas palavras.

Assim que atracamos, James, o braço direito de minha mãe e o capitão quando ela não estava presente, apareceu. Fomos criados praticamente juntos e tínhamos um laço semelhante ao de irmãos. Ele era mais alto do que eu, tinha um porte físico forte para alguém de tinha apenas quatorze anos, cabelos negros e naturalmente arrepiados, nariz um pouco arrebitado, lábios pequenos e sorriso travesso, suas orelhas eram um pouco maiores que as minhas e como as dos demais ostentava brincos de ouro, os olhos ligeiramente pequenos eram do tom castanho mais escuro que já tinha visto.

Ele gostava do estilo clássico, suas roupas eram como as dos antigos piratas, camisa de manga longa branca com um colete vermelho de botões grandes ajustado ao corpo com gola "V", um sobretudo de couro marrom com as mangas abertas e colarinho levantado, calças de uma liga de couro fosco um pouco larga para ajudar nos movimentos, cinto com suporte para uma pistola e um sabre de bronze reluzente, botas que vinham até os joelhos e vários anéis nos dedos.

― Preciso fazer uma visita a um amigo do outro lado da cidade. – Ele parou do lado da minha mãe. Tinha uma voz leve com toque irônico natural, parecia que estava debochando de você o tempo todo. – Tem certeza que não vai precisar de mim?

― Não precisa se preocupar James, é só uma visita à cidade. – Ele fez um aceno concordando e se retirou, já estava descendo a rampa para o porto quando minha mãe gritou: – E nada de trazer presentes perigosos para o Ben!

― Não prometo nada! – Ele saiu sorrindo enquanto finalmente nos dirigimos para a cidade. Gostava do mar, havia muitas aventuras, mas era bom estar em terra firme para variar.

A cidade estava bonita como sempre quando desembarcamos, minha mãe queria que meu aniversário fosse feito em terra firme. Tive a impressão ao passear entre as ruas que algumas pessoas nos encaravam mais do que o normal, uma senhora enrugada na porta do supermercado ficou me olhando com uma expressão desconfiada que era estranha.

― Estou enganado ou as pessoas estão encarando a gente? – Minha mãe olhou a nossa volta desconfiada, depois sorriu dizendo que não era nada demais. Era difícil saber quando ela estava realmente preocupada, às vezes chutava a bunda de muita gente que achava que não iria e em outras ocasiões não fazia nada quando parecia uma ameaça óbvia. Sempre me dizia que isso se chamava: "Medir quais lutas travamos hoje e quais travaremos amanhã".

Maria Drake é a minha mãe, uma mulher bonita com seus trinta e oito anos, dona de um charme que encanta homens e mulheres em todos os lugares que vai. Tinha um rosto de maçãs altas que deixava seu sorriso perfeito, queixo pequeno, porém firme que acentuava seus lábios cheios, orelhas pequenas e ornamentadas com vários brincos de ouro e prata, nariz pequeno e reto que combinavam com seus olhos redondos e ágeis de íris verde e atentos a todos os movimentos, sobrancelhas bem delineadas e cabelos longos e escuros. Por fim sua pele morena era o tom certo de caramelo ao leite que brilhava lhe dando o toque final no corpo bem delineado.

Ela usava uma camiseta azul com um colete de couro bem trabalhado por cima da roupa, deixando a camisa com ondas nas pontas, calça de couro fosco colado ao corpo e botas longas. Isso não era exatamente chamativo, mas as pessoas naturalmente pareciam não resistir o impulso de olhar para ela. Paramos diante de uma loja que vendia artigos para navegação, fiquei do lado de fora enquanto ela entrou para conversar com o vendedor.

Ao encarar meu reflexo na vitrine talvez fizesse sentido que as pessoas me olhassem. Não talvez pelo meu físico, só tinha um metro sessenta e dois e não era tão atraente como minha mãe, meu rosto era mais composto com linhas firmes e queixo quadrado, nariz com uma leve inclinação rapineira, orelhas pequenas como as da minha mãe e como ela usando alguns brincos, no meu caso eram dois alargadores pequenos. Meus lábios eram diferentes dos dela, menos cheios, meus olhos, porém seguiam seu traço amendoado, a íris azul era clara como um dia sem nuvens, por fim meu cabelo era castanho loiro e isso devia ter sido herdado do meu pai.

As pessoas deviam estar olhando para minhas roupas, começando por minha camisa branca de manga longa, havia um colete preto por cima com faixas azuis, muito chamativo. Havia ainda o capuz que cobria minha cabeça, preto e com um adorno de asas feitas dos lados representando Hermes o deus dos viajantes. Na minha cintura estava um cinto com bolsos, no momento vazios, a calça jeans era presa com um suporte de armas que envolviam minhas pernas, tudo isso completado com as botas altas de couro preto.

Tirei o capuz para parecer menos diferente, talvez as pessoas parassem de achar que eu iria atacá-las ou fazer alguma maldade. Não ajudou, logo havia mais turistas me encarando e, francamente, muitos pareciam monstros de tão feios.

― Vamos querido. – Nem havia notado quando minha mãe tinha saído da loja, com todos aqueles olhares minha atenção havia abaixado. – Temos que voltar ao navio, tenho que lhe falar sobre algo antes da sua festa.

Quando finalmente avistamos o porto tive um sobressalto, podia jurar estar vendo um tipo de réptil grande nadando em volta do pier. Minha mãe parecia mais nervosa que o normal, e quando finalmente estávamos dentro do navio fomos direto para a cabine do capitão.

O Olho da Tempestade era o nosso navio desde que me entendia por gente, era de porte médio e foi cuidado com muito esmero por minha mãe desde que o recebeu do pai há muitos anos. Era muito bem cuidado e recebia mudanças tecnológicas sempre que necessário, isso o tornava apto a navegar e a combater quando era preciso. Como piratas nós praticamente roubávamos cargas de grandes empresas, pilhamos tesouros e os vendíamos, nunca atacávamos pequenas tripulações ou quem precisasse de sua carga mais do que o nosso pessoal. Nossa figura de proa era um dragão marinho, sim tínhamos uma figura de proa e na minha opinião era a mais legal de todas!

O dragão estava relacionado a minha família a gerações, minha mãe sempre dizia que nossos ancestrais remontavam desde os tempos antigos na época dos deuses gregos. A família "Drake" era amiga dos dragões e costumávamos nos dar bem com a espécie, pelo menos era isso que minha mãe dizia.

A cabine da minha mãe parecia a cruza de um escritório com quarto, cheio de mapas e arquivos de tudo que tínhamos feito até agora. Uma grande cama ficava no canto esquerdo junto com seu guarda roupa, uma mesa de estudos e vários livros estavam espalhados pelo lugar, muitos com figuras de bestas mitológicas. Não era um grande leitor, não por falta de tentativas, tinha dislexia e transtorno de atenção o que tornava leitura um tópico complicado.

― Filho tenho que te falar sobre o seu pai. – Tudo bem, péssimo tópico para conversas. Não falamos do meu pai, não queria falar do meu pai.

― Sério? O que tem para se saber sobre ele afinal? Que largou a gente quando eu era um bebê e nunca mais deu as caras?

― Seu pai é um homem ocupado, ele quis estar por perto Ben, mas era perigoso. – Ela estava muito nervosa, isso não era nem um pouco característico, minha mãe não era alguém com nervos frágeis.

― Mãe, somos piratas! Vivemos em constante perigo, isso não é desculpa.

― Ben, não tem jeito fácil de explicar isso. Seu pai é um deus, ele me contou tudo quando você nasceu. Nos apaixonamos, ele gostou do meu espírito aventureiro e de como vivia. – Esperei o som "Ba dum Tiss" porque aquilo tinha que ser uma piada. Uma bem ruim.

― Mãe por favor. Um deus? Que coisa mais boba, esse tipo de coisa não existe. Isso é um tipo de piada de aniversario, não é?

― Também não acreditei Ben, mas você já está começando a ver coisas. Os monstros estão começando a notar sua presença, você já tem onze anos vai ser mais perigoso a cada dia.

― Monstros? Mãe a senhora andou bebendo? Está falando dos turistas? Isso é bobagem, sabe que não acredito nessa coisa de deuses. – O céu retumbou com um trovão assim que terminei de falar, como alguém bem raivoso gritando.

O navio tremeu e balançou como se estivéssemos em alto mar, incrível para acontecer enquanto estávamos ancorados no porto. Corri junto com minha mãe para o convés superior, chovia como se o mundo tivesse decidido jogar grandes baldes de água gelada de uma vez sob nossas cabeças. O céu era cortado por trovões e o som forte do mar agitado.

― Como uma tempestade se formou tão rápido? Nem sequer a vimos chegar no horizonte! – O navio estalava e o mar chicoteava o casco com tanta força que parecia que estavam trabalhando em conjunto para nos afundar.

Correr de volta para o porto foi difícil, a chuva parecia decidida a nos acompanhar. Mal conseguia ouvir os gritos de minha mãe me orientando a prosseguir. Ela estava segurando uma caixa de madeira de uns trinta centímetros, nem tinha visto quando havia o pegado.

Achei estranho que as lojas pareciam cada vez mais distantes, não conseguíamos nos aproximar de um abrigo por mais que nos esforçássemos. Senti quando algo perfurou meu ombro, a dor quente e o crocitar do corvo que de alguma maneira havia pousado ali e decidido que iria arrancar meu braço. A dor se espalhou do meu ombro direito até as pontas dos dedos, como se fogo estivesse sendo injetado em minhas veias.

Senti tontura e não importava o quanto batia no animal ele não me soltava. Minha mãe gritava no meu ouvido:

― Ben! Ben, Acorda! Fique comigo! Não durma!

Teria ficado bem se algo não tivesse me agarrado e puxado de volta para o navio, bati com tanta força no convés que estrelas surgiram diante dos meus olhos. Minha mãe lutava para me manter acordado, havia pessoas no convés, atacando e tentando chegar até mim.

Me coloquei de pé, não era hora de bancar o desacordado. Minha mãe lutava com quatro homens ao mesmo tempo, com certeza membros de uma tripulação rival, deviam ter se aproveitado da tempestade para nos emboscar, o corvo devia ser um truque deles também.

Mesmo com a chuva e com a tontura tinha certeza de que aqueles homens pareciam estranhos, não pareciam estar vivos. Os olhos leitosos não tinham íris, a pele estava descarnada e podre e se não estivesse chovendo poderia apostar que exalavam um cheiro de morte.

Eram patéticos em combate, o estilo de esgrima dupla de minha mãe era demais para eles, porém tinham outros tantos mais chegando. Ela praticamente flutuava entre eles, movimentos ágeis e precisos. Eles deviam ser alguma coisa estranha porque mesmo quando acertados no coração ou nos olhos continuavam como se nada tivesse acontecido.

― Acabem com a mortal! Não queremos carne de humanos, peguem o semideus! Ele sim vai dar um jantar e tanto! – Ouvir pessoas que parecem zumbis dizer que comer sua carne era um jantar e tanto era perturbador, senti vontade de vomitar ao pensar em alguém comendo a carne de outro ser humano.

― Ben! Abra o baú que estava comigo, tem algo lá que seu pai me pediu para que te desse no seu aniversário de onze anos! – Não achava a situação propícia para isso, mas obedeci. O baú estava no chão perto da minha mãe, ela o chutou em minha direção e o peguei, estava destrancado e quando o abri o brilho do bronze reluziu. Parecia dois braceletes comuns.

― Para que serve isso?! – Não conseguia ver a utilidade de braceletes no meio de uma luta contra piratas.

― Coloque de uma vez! – Não ia discutir com minha mãe no meio de um ataque, estava interessado em saber onde estava nossa tripulação numa hora como essa.

Os braceletes eram grandes demais para o meu braço, mas assim que os coloquei eles se ajustaram ao meu pulso. Muito estranho. O bracelete mudou, ele ampliou e passou a mostrar o brasão de um bastão com serpentes e assas, lâminas de bronze surgiram do lado das assas e outra ainda maior saiu da ponta do bastão me deixando perplexo.

― Isso é uma katar?!

Não esperei respostas, esse era meu estilo de luta, lâminas de curto alcance. Minha mente clareou quando passei pelo pirata mais próximo e enterrei minha nova arma em sua jugular. Fique surpreso ao constatar que ele explodiu em um tipo de areia e foi levado pela chuva, com ajuda da minha mãe repeti o processo várias vezes até que todos tivessem sido vencidos.

Sorrimos um para o outro quando tudo parecia ter acabado. A chuva ainda estava forte, mas os sons raivosos dos trovões agora pareciam um eco abafado no fundo. Era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo para que pudesse acompanhar.

― Que jeito diferente de comemorar meu aniversário, no próximo ano quero apenas um bolo. – Ela sorriu para mim, seus lábios se moveram se preparando para comentar minha piada quando o piso rachou e explodiu em nossa cara. Fui lançado com tanta força para longe que imaginei que tinha morrido, mas isso não parecia estar acontecendo, afinal pessoas mortas não podem sentir tanta dor. Ou podem?

Quando acordei totalmente desorientado procurando o navio, a noite já havia caído, conseguia ver as luzes da cidade. Estava deitado no meio do píer, ninguém parecia me notar. Havia uma mochila ao meu lado com o símbolo de asas que usava em meu capuz, minhas roupas estavam limpas e parecia que nada havia acontecido. Essa foi a última vez que vi minha mãe.


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Notas finais do capítulo

Primeiro capítulo, sempre o mais difícil! Pessoal que curtir, por favor comenta e marca como favorito! Se quiserem acompanhar iria gostar muito também! Na próxima semana continuarei a narrativa do Ben, segunda parte da sua recém descoberta vida de meio-sangue! Até a próxima!



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