–Ah! oi, Marcos- falei quando vi o homem na cabana. Tinha esquecido que Bruce tinha chamado Marcos para concertar a cama. Eu o conhecia pouco, conversávamos quando ele ia comprar um macarrão ou fósforo de última hora no mercado. Ele era um enrolado em questões de provisões para a própria casa, então ele só comprava quando sentia extrema necessidade de usar qualquer coisa que fosse, e como o mercado era mais perto que o supermercado (Sim, tínhamos um) ele comprava ali mesmo, aos poucos.

–Oi, Natasha. O que voce e o doutor Bruce fizeram nessa cama, em - ele me olhou brincando.

–Não é nada disso que esta pensando.

– Não estou pensando em nada. Só perguntei.

–Bobo! A cama estava cheia de cupins, aí quando Bruce foi deitar a cama despencou. Foi isso que aconteceu.

– Humm...

Deixei aquela copia de Tony Stark terminando de arrumar a cama, e fui deixar a sacola que carregava na cozinha. Bruce estava sentado na mesa lendo um livro com a capa de couro toda preta e sem ilustração. Ele usava aqueles óculos que sempre o deixava mais sexy que de costume. Suas sobrancelhas estavam franzidas e parecia muito concentrado no que lia, o que me fez repensar em chamá-lo.

Resolvi não mexer com ele, pois se o que ele estivesse lendo fosse tão sério, iria ser mesquinho de minha parte incomoda-lo apenas para chamar sua atenção para mim, então voltei minha atenção para a sacola em minhas mãos. Firmei a sacola na pia e a abri. Tirei o pacote de arroz, o enlatado de ervilha e uma geleia especial, que tinha acabado de chegar no mercado e que eu queria que Bruce experimentasse. Guardei tudo no armarinho que tinha encima da pia.

–Nat...- Bruce me chamou, notando minha presença- o que voce trouxe

–Ah, nada de mais. Só algumas coisas que já estavam acabando e uma geleia nova. Comprei para voce, é de morando e parece muito boa. Vi ela e pensei em trazer para voce.

–Não precisava, voce sabe.

–Eu queria. Qual é Bruce, não posso fazer uma surpresa para voce Por favor- virei os olhos.

–Ok, ok. Acho que Marcos esta pensando coisas erradas sobre a cama- Bruce deu um meu sorriso.

–Ele esta. - concordei, balançando a cabeça- cheguei aqui e a primeira coisa que fez ao me ver foi perguntar o por que da cama ter quebrado. Eu contei para ele, mas ele não quis acreditar. Ele é um pervertido. - Bruce apenas deu uma risada. Marcos chegou da porta e avisou que tinha acabado.

–Já podem voltar suas atividades costumeiras. Ah, e me avisem se meu trabalho ficou bom. Qualquer coisa é só chamar. Até mais senhorita Romanoff.

–Tchau, Marcos. - me despedi, fechando a porta quando ele saiu. - Bom, a cama foi restaurada.

–Ainda bem. Minha coluna agradece.

–A minha também. - eu disse, fiquei feliz por ter trago o dinheiro que eu tinha guardado na minha mochila, que eu costumava guardar para emergencias. Olhei para meu relógio de pulso. - Já esta tarde para almoçar, porque a gente não faz um lanche

–Boa ideia. Porque não traz aquela geleia para a gente.- sorri, me virando para pegar a geleia do armário.

–O que voce estava lendo

–Ah, só um livro de medicina. Queria me lembrar dos sintomas detalhados de uma doença. Eu tinha me confundido um pouco.

–Ah, é algo importante Quer dizer, alguém esta com suspeita dessa doença

–Não, tudo certo. Lembra falei que ninguém adoece aqui Foi só uma pesquisa para não esquecer.

–Hum... Fiquei com medo de te incomodar ou algo assim.

–Voce nunca incomoda- ele respondeu com facilidade, enquanto passava a geleia num pão que eu tinha posto na mesa- valeu.

–De nada. -peguei um pão e fiz o mesmo- Espero que a cama não de problemas outra vez, vai ser mais difícil convencer Marcos da nossa história.

–É, acho que é porque ele vive sozinho.

–Será que algum dia ele vai encontrar alguém Ele já não parece ser tão jovem mais.

– Sei lá. Quem sabe Eu encontrei. - ele olhou para mim. Corei. Não sou do tipo que troca carinho e frases de amor o tempo todo, até porque faz, literalmente, séculos que não tenho um relacionamento, então não estou acostumada a ser tratada dessa forma. Dei um sorriso meio sem graça.

Terminamos de lanchar e Bruce me ajudou a guardar as coisas. Depois pegou o livro e foi deixar no armário enquanto eu foi jogar uma água na horta. Voltei para dentro da casa. Bruce estava assistindo televisão e me perguntou onde eu fui, respondi que estava regando as plantas. Sentei ao seu lado, sem assistir à televisão.

Um toque chamou minha atenção de volta para o mundo real. Sorri ao reconhece-lo e corri para procurar minha mochila, já quase vazia. Peguei o aparelho que emitia o som agudo.

– O que é isso - Bruce veio atrás de mim.

–É um aparelho que alguns agentes da Shield costumavam ter. Só alguns de alto nível. Antes da Shield "acabar" consegui... ãhn...pegar emprestado dois deles. Um esta comigo - liguei o aparelho e uma tela acendeu, mostrando a imagem de um bebe brincando na sala- e o outro esta com Clint.

–Ei, Nat- Clint apareceu na tela- Oi, Bruce.

–Oi, Clint. - respondi e Bruce deu um aceno com a mão- Como ta a Laura

– Ela ta bem. Laura, vem conversar com a Nat- Clint olhou além da camera e chamou, logo Laura também apareceu na tela.

–Ah, Nat! Bem que Clint me disse que voce tinha fugido. Ai, isso é tão lindo- ela falou com a voz sonhadora.

–Voce esta lendo muito romance e vendo muita novela, Laura. - falei.

–Voce que esta. Não fui eu que fugi com o amor da minha vida- falou, outra vez um pouco abobada.

–Ta bom. Clint como vão meus sobrinhos

–Vão bem. Alias, Pietro esta crescendo sem uma madrinha. Vou desertar voce da família.

–Não vai- Laura interviu fazendo uma careta.

–Quero ver voce enfrentar sua esposa, Clint. Voce tem coragem o suficiente

–Não, não sou louco. Sua palavra é a voz de Deus, amor.

–Melhor assim- ela disse dando um beijo em seu rosto- A gente conversa mais tarde sobre as coisas que voces estão fazendo, Nat- ela deu uma piscadela e saiu de vista. Olhei para o Bruce, ele estava vermelho como um pimentão.

–Uh... Voces andam fazendo coisas- Clint provocou- Não é justo que eu não esteja incluído nessa conversa. Sou seu melhor amigo!

–Não se preocupe, depois te mando as fotos - brinquei. Nicole pulou no colo do pai.

– Tia Nat !! De que coisa voces estão falando

– De nada que princesas precisam saber.- Clint respondeu. - Agora deixa o papai conversar com a tia Nat.

– A tia Nat já viu como meu irmãozinho cresceu

–Sim, ela já viu o quanto ele esta grandão.- falando isso ela saiu correndo. -Onde estávamos

– Fotos.

– Ah, sim. Eu quero detalhes e não deixe embaçar. Nem quero saber se esta muito ansiosa ou não.

– E por não fala aquele vocabulário que voce usa ao falar dessas coisas

–Não posso dizer. Tenho filhos por perto.

–Uh, que super pai.

– Mas ainda quero as fotos, mas seria melhor se estivesse incluído para aquela conversa.

– Porque voce não para de perturbar minha vida Vai dar conta da sua mulher, Barton.

–Sabe o que é Preciso de algumas dicas.

–Não esta dando conta Esta deixando minha amiga frustada- perguntei com uma falsa voz indignada.

–Para de falar besteira com a Tasha e vai dar banho no Pietro, Clint.- Laura falou do outro lado.

–To indo.

–Vai obedecer a Laura, vai- provoquei.

–Cala a boca, Romanoff. - ele falou e desligou. Guardei o aparelho de volta na bolsa e procurei Bruce com o olho, nem percebi que ele tinha saído do meu lado.

–Bruce.

–Natasha, por que voce não tinha me falado desse negócio

–Não sei. Nem lembrei disso - dei de ombros, sem entender o porque de ele estar serio, ele não entendeu que estávamos só brincando

–Voce sabe que o governo pode rastrear a ligação.

–Ah, é isso - perguntei para confirmar, ele acenou que sim- Não tem como governo nenhum fazer isso. A linha é totalmente segura e sem contato com a internet. É próprio para o uso de espiões. Por isso eu peguei dois escondido, assim o governo não pergunta nada e eu vou ter sempre uma linha segura, sem ninguém ficar no meu pé. E o governo nunca soube quantos desses a Shield tinha, então eles nunca vão saber.

–Ufa... Eu realmente não queria ter que sair daqui.

–Nem eu. Mas voce sabe que Clint, Laura e eu estávamos brincando, né

– Claro.- Ele confirmou, me deixando mais aliviada com todo aquele assunto- Na verdade, ficou feliz por voces serem tão próximos.

–Clint é meu melhor amigo.

–Acho que devia ir visita-lo.

–É muito cedo para uma viagem muito longa. Por enquanto dá para matar a saudade pelo aparelho, mas eu vou depois. É só que vai demorar muito.

–Bom, por mim, desde que voce sempre volte, pode ir e voltar quando quiser. - ele disse olhando em meus olhos.

–Voce sabe que eu vou sempre voltar.- falei sem desviar os olhos. Me aproximei dele e nos beijamos- voce pode usar o comunicador quando quiser.

–Ok, mas não sei se preciso conversar com um membro da nossa antiga equipe sobre...Bom voce sabe.

– Voce não precisa conversar sobre isso, necessariamente. Pode não parecer, mas Clint sabe falar de uma coisa ou outra que não seja sobre Shield, Vingadores, seu arco e flecha, sobre sexo, sobre sua esposa, sobre os biscoitos da sua esposa ou sobre seus filhos.- falei enumerando os itens com os dedos, dei um salto como se acabasse de me dar conta de algo- Puxa! Eu basicamente resumi a vida do Barton. - Bruce riu com gosto- Sabe...Se voce continuar dando sorrisos tão bonitos, vou virar uma palhaça. -Bruce sorriu e me beijou de novo.