P.O.V Effy

     Não sabia direito aonde eu realmente estava, o Sol brilhava, o céu estava azul como eu nunca havia visto antes, era lindo. A grama fresca fazia cócegas em meus pés descalços, por algum motivo tive vontade de correr, me deitar na grama verde e brilhante.

   Foi naquele momento que reparei a roupa que eu estava usando, nunca havia visto aquele vestido em toda minha vida, era branco e esvoaçante, era quase tão fino e macio quanto seda, meu cabelo estava arrumado em  uma trança impecável e delicadamente decorado com uma coroa de flores que pareciam ser naturais.

Eu sorri.

Me sentia bonita, mas eu ainda não via motivo para usar aquelas roupas tão bonitas e delicadas, não se pareciam nada com minhas roupas do dia  a dia.

   Então eu ouvi uma voz familiar, fiquei um pouco confusa, aquele campo parecia tão grande tão perfeito, que eu não esperava ter nenhuma companhia. Mas não demorou muito para mim aceitá-la. Era Kit.

   Ele também estava diferente , usava uma camisa impecavelmente branca, bastante semelhante ao tecido do meu vestido, uma calça jeans clara, também muito limpa. Assim que seus olhos encontraram os meus, ele sorriu e fiz o mesmo.

 Kit correu até mim, e me abraçou. Logo me levantou no ar como se eu fosse tão leve quanto uma pena.

—Estava esperando por você. –Ele disse com um tom de voz tranqüilo. –

—Me esperando? Para quê? –Perguntei sorrindo observando sua expressão. –

—Para isso...

  Dito isso, ele me pôs no chão e voltou a abraçar minha cintura, minhas mãos foram rapidamente entrelaçar seu pescoço, quando uma de suas mãos subiu e acariciou meu cabelo levemente me fazendo fechar os olhos , sentindo o seu toque delicado. Carinhosamente as pontas de seus dedos acariciaram minha clavícula me dando arrepios, o que me fez sorrir.

   E antes que eu pudesse abrir meus olhos novamente, seus lábios alcançaram os meus, o beijo calmo, logo tomou intensidade, logo se tornou apaixonado. Me fazendo ter sensações desconhecidas até aquele momento.

   Ninguém nunca havia me beijado como Kit me beijava, era diferente, tinha paixão, tinha sentimento, era intenso e único.

***

  Assustada

   Foi assim que acordei, um sonho. Nada além disso, um sonho!

  Tudo o que eu sempre quis do lado de fora daqueles portões de aço, foi apenas um sonho.

Por um segundo eu realmente acreditei que tudo aquilo estava acontecendo, fui enganada por minha própria mente, aquele sonho fora o mais perto que tinha chegado de me sentir feliz em dias, e simplesmente, não fora real.

    Um longo suspiro saiu de minha garganta, levei um choque de realidade de repente, tudo voltou de uma vez, as dores, o enjôo, o cansaço infinito, as lágrimas...

   Me sentei na cama,  o que fez meu estômago se revirar. Suspirei novamente, estava esgotada,  já estava cansada de me sentir como um cadáver.

  Eu queria ver Kit, queria abraçá-lo, queria ouvir sua voz me dizendo que vai ficar tudo bem.  Mas eu não podia, eu não estava mais na solitária.  Me deitei novamente, abraçando o travesseiro, e deixando as lágrimas tomarem conta de mim.

***

  -Ela ainda está viva? –Pude ouvir Irmã Jude perguntar do lado de fora de minha cela. –

—Está, mas está deitada. Não se levantou nenhuma vez, eu chequei. –Disse uma voz masculina, talvez ela tivesse posto um segurança do lado de fora. –

—Então como pode ter certeza? –A megera perguntou novamente. –

—Ouvi a voz dela, não exatamente a voz. Mas ela estava chorando, então está viva. –

—Tudo bem então, vou pedir comida para ela, e daqui a meia hora leve-a para a sala de recreação. –Disse ela,e provavelmente saiu logo depois, eu pude ouvir passos pesados no corredor. –

  Eu não me sentia bem, não me sentia capaz de sair daquela cama, mas se fosse isso o necessário para ver Kit, eu o farei. Precisava vê-lo, precisava conversar com ele. Tirar este peso de meus ombros.  Eu precisava de um amigo.

—Ouviu isso? Você já já vai sair daqui. –Disse o segurança contra a porta. –

—Uhum. –Foi tudo o que consegui pronunciar. –

—Olhe, eu sinto muito. Não concordo com o que fazem com os pacientes aqui. Mas mantê-los no lugar, inclusive você é o meu trabalho. –Disse o segurança, seu tom de voz me pareceu sincero. – Eu sinto muito mesmo Effy.

—Okay. –Sussurrei com a voz fraca. –

—Talvez eu possa te ajudar a sair daqui, você não merece isso.

 Algo em minha mente rapidamente se ligou. Agora, eu finalmente pude ver esperança dentro de mim. Mas de uma coisa eu sabia, eu não iria embora sozinha.

  Não importa como, ou quando, eu iria sair dali com Kit ao meu lado!