Black Hole - Interativa escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 9
A Treta das Tretas


Notas iniciais do capítulo

Ui, ui, ui! Temos uma SUPERTRETA neste capítulo. Adivinha de quem é a culpa? Nossa querida Ally-língua-afiada causou uma treta que deu em enfermaria, conversa com o superior, e... Tá, bom, podem ler.



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– A esperança é a última que morre – disse Mabel.

– É – disse Gabbe, que estava ao lado esquerdo da pequena. - Nós morremos antes dela.

Eles começaram do começo. Viram vários vídeos sobre o Jotunheimen, ou seja, viram como era o Black Hole antes de virar um buraco negro. A parte principal era formada por duas fileiras de montanhas com um lindo lago entre elas. Eles entraram junto com a agente Fox em um debate sobre o que poderia estar acontecendo, que tipo de mudança poderia ter ocorrido para causar os problemas atuais. Estudaram esse tipo de coisa, e essa foi a primeira aula. Depois, foram liberados para o almoço. Assim que isso aconteceu, Mabel e Elly foram atrás de Avelin.

– O que aconteceu, Lin? – Perguntou Elly.

– Não foi nada. Nós só conversamos.

– Ela não brigou? – Perguntou Mabel. – Me desculpem, gente, eu não queria ter causado problemas...

– Ela só disse para não fazermos de novo na frente dos outros, Mabel. Nós podemos cantar e nos divertir, mas os agentes não gostam de ver. Vamos cantar só no dormitório a partir de agora, está bem?

– Está bem.

Eles foram almoçar, e depois, direto para a Sala 2.

– Como eu disse, - começou a agente Fox – estamos aqui para sobreviver, e não para brincar de lutinha. Então, eu vou ensinar a vocês como sobreviver nas montanhas.

A maioria considerou a aula chata. Afinal, eles queriam mesmo pegar nas armas e sair dando tiro em todo mundo. Mas não foi assim que aconteceu. No entanto, algo parecido fez as coisas se tornarem sombrias na Sala 2.

~

Alex Greenwich estava bem na dele, concentrado na confecção de uma armadilha. A agente Fox tinha ensinado, e Alex estava se saindo muito bem com isso. Ele estava sentado no chão, encostado em uma pilastra afastada, enquanto a gritaria se seguia entre os outros, que estavam no centro do salão mais brincando do que treinando. Vez ou outra, alguém ia falar com Alex. A primeira foi Mabel.

– Por que você está longe de todo mundo?

– Porque estou acostumado a ficar sozinho. E eles não estão levando as coisas a sério. Não a maioria.

– Se quer levar isso a sério, precisa entender que somos um time, e não cada um por si. Além disso. Acho que eles precisam que alguém diga isso a eles. Nós estaremos te esperando.

Mabel se levantou e foi embora. Alex a observou indo, e voltou a atenção para sua armadilha quase pronta. Minutos depois, ele percebeu a presença de outra pessoa.

– Você está começando a me entediar – disse Ally. – A gente não morde. Por que tá se escondendo?

Se esconder era uma das coisas que Alex fazia de melhor, graças ao seu histórico de vida, mas não era o que ele estava fazendo.

– Se eu quisesse me esconder, estaria bem longe daqui.

– E por que não foi ainda? Se não está com a gente pode ir embora. Ah, eu já sei. Você está com medo? Coitadinho, o bebê está com medinho de ser punido pela agente Fox por não comparecer ao treinamento. Mas tem medo dos colegas, porque sabe que a qualquer momento pode levar um...

Alissa provavelmente diria “soco”, se não tivesse sido atingida por um. Alex perdeu a paciência com a garota, não iria ficar ouvindo aquele monte de bobagens. Ele costumava ser subestimado. Mesmo na escola, os garotos maiores o subestimavam, achavam que, por ser um garoto fechado, Alex aceitaria as provocações. No entanto, Alex estava acostumado a brigar com seu pai, quando se esconder não era o suficiente para proteger o irmão e a si mesmo. Ao contrário do que Alissa pensava, Alex não estava ligando muito para as regras, assim como a própria Ally costumava fazer.

Alissa deu alguns passos para trás, cobrindo a parte inferior do rosto com as duas mãos. O incidente chamou a atenção de todos, que permaneciam chocados, olhando para a cena. Alissa tirou as mãos do rosto e olhou para elas, que estavam cobertas de sangue. Como você pode imaginar, isso não a deixou muito feliz. Gabbe e Stux olharam um para o outro, prevendo o que acontecer a seguir. Por isso, eles correram e seguraram os braços de Ally, bem a tempo.

– Seu grande idiota! - Assim que ela partiu para cima dele, se viu presa entre os dois meninos. - Me soltem! Eu vou fazer picadinho de você!

Alex levantou e encarou Ally, esquecendo sua armadilha. Ele estava pronto para o caso de Ally ser mais forte que os meninos.

– O que está havendo aqui? – Gritou a agente Fox, se aproximando da confusão.

– Greenwich me deu um soco! Me soltem, vocês dois.

– Agente Greenwich, por que agrediu a agente Blackhorn?

– Porque ela é uma idiota e estava implicando comigo.

– Idiota é você

– Agente Blackhorn, por que estava implicando com o agente Greenwich?

– Porque ele não está participando do treinamento.

– Estou sim – disse Alex, apontando para sua armadilha.

– Escutem, os dois. Isso aqui não é o jardim de infância. Eu não vou tolerar esse tipo de comportamento aqui. Nenhum dos dois teve um bom motivo para fazer o que fez. No entanto, uma agressão física é muito mais grave do que uma agressão verbal. Eu sinto muito, agente Greenwich, mas terei que notificar meu superior por isso. Agente Nicacio, por favor, leve a agente Blackhorn para a enfermaria.

~

A agente Fox pediu que todos se sentassem no chão ou nos bancos que havia aqui e ali na Sala 2. Pelo comunicador que havia na orelha dela, a agente Fox comunicou seu tal “superior” sobre o acidente na Sala 2. Alguns minutos depois, apareceram dois agentes vestidos como guardas que levaram Alex. A agente Fox continuou o treinamento com três agentes a menos, e os que restaram, estavam dispersos demais, de modo que logo foram liberados do primeiro treino.

Alex foi levado pelos corredores até uma sala com varias cadeiras onde ele teve que esperar. Ele não tinha nenhuma expressão, não ousava olhar para o lado. Ele simplesmente esperou que algo terrível acontecesse com ele.

Depois, ele foi chamado para entrar na sala que havia adiante, que era o luxuoso escritório onde um homem bem mais velho que a agente Fox o esperava. Ele usava roupa azul, o que significava que era importante, mas Alex sabia que ele era mais importante do que a agente Fox, pois ela tinha se referido a ele como “seu superior”. A plaquinha de identificação dizia “Harris”, o que fez Alex supor que deveria chama-lo de agente Harris. No entanto, ele permaneceu quieto, esperando ordens. E elas vieram.

– Sente-se.

Alex obedeceu. O homem estava muito sério, parecia não ter gostado da notícia. Mas todo mundo gosta de saber que um menino socou a cara de uma garota sem motivo aparente em um grupo de crianças sem nenhuma expectativa para a Aurum.

– Agente Greenwich. Sabe por que está aqui?

– Para treinar e buscar Kuni Yovesh.

– Não. Se eu perguntasse para que você está aqui, você me responderia isso. Quero saber por que está aqui.

– Porque eu fui escolhido.

– Você só foi escolhido por que havia uma seleção. Como você disse, sua missão é salvar Kuni Yovesh. No entanto, você nem sabe quem ele é. Imagino que tudo o que você sabe sobre ele é: um garoto de 12 anos que foi para o Black Hole pela Aurum. Só isso. Estou errado? – Alex acenou negativamente com a cabeça.

– Não senhor.

– Os pais de Kuni Yovesh morreram quando ele era muito pequeno. Ele foi criado pela tia, Melissa, uma das melhores agentes da base central da Aurum.

– A agente Fox.

– Ela tinha uma carga extensa e não tinha tempo para cuidar dele. No entanto, ela sempre foi próxima de mim, o suficiente para me convencer a deixar o menino aqui enquanto ela trabalhava. Kuni ficava sob os cuidados de grupos seletos de agentes, que não tinham trabalhos perigosos ou que exigissem muita dedicação. Eles eram pagos a mais para se dividir entre seus trabalhos e cuidar do pequeno garoto. Kuni cresceu aqui, nesta base, conhecendo todos os nossos estudos, se divertindo nos laboratórios, brincando nas salas de treinamento. Ficando cada vez mais forte e sábio. Era o queridinho da Aurum. Todos o amavam. – Alex percebeu que o olhar do agente Harris estava distante, como se ele lembrasse dos bons momentos de Kuni na Aurum. Ele olhou para Alex, com o olhar duro. - Eu não sei o quanto o grupo do qual você faz parte sabe sobre esse assunto, mas a Aurum, definitivamente, não os vê com bons olhos. Vocês não estão ajudando a melhorar isso. Você, principalmente, não ajudou em nada com esse comportamento. Mas eu vejo muito de Kuni em você.

– Em mim? – Alex se surpreendeu. Com certeza, não esperava por isso.

– Kuni tinha uma personalidade peculiar. Ele participou de diversas simulações e até mesmo de pequenas expedições. Durante esse tempo, uma coisa foi observada no comportamento dele. Kuni não dava o braço a torcer, principalmente quando se tratava de proteger seus companheiros e a integridade da missão. Ele era capaz de qualquer coisa, e nunca deixaria que seu grupo, que era minoria, fosse ameaçado. Você, agente Greenwich, só precisa expandir seus conceitos. Por enquanto, você é minoria perante o seu grupo. Mas, em breve, seu grupo será minoria perante a cordilheira. E eu sei que, quando isso acontecer, vocês vão proteger uns aos outros. É por isso que vocês vão em grupo, e não sozinhos. Esse é o nosso maior arrependimento com relação a Kuni. O enviamos sozinho. Eu fiquei sabendo da cena no refeitório. Eu achei que vocês estavam se entrosando.

– Estamos nos entrosando, senhor.

– Por isso agrediu sua companheira?

– A agente Blackhorn está além da compreensão. Ela semeia a discórdia, não colabora nem um pouco para o entrosamento que o senhor quer. O senhor pode ter certeza de que, se me der mais uma chance, isso não vai se repetir.

– Como eu disse agente, quero que isso se repita, mas em grande escala. Você me diz que a agente Blackhorn é um elemento que os separa. Você precisa sobrepor isso. Precisa ser um elemento que une o grupo, e precisa ser mais forte do que ela, mais forte que qualquer outro. É por isso, agente Greenwich, que eu vou colocar uma condição em você. Levante-se.

Alex levantou. O agente Harris pegou uma faixa azul escura que estava sobre a mesa. Alex percebeu que era um bracelete, e ficou com medo. Pensou que poderia ser uma marcação de banimento, mas isso não fazia sentido com o que ele estava falando. O superior deu a volta na mesa e foi para o lado direito de Alex. Ele não ousou olhar para o lado.

– Eu, agente Lion Harris, diretor de expedições da base central da Aurum, promovo você a agente Alex Greenwich, capitão de equipe.

O agente Harris se afastou e Alex olhou para o braço dele, onde seu superior havia colocado o bracelete, que dizia “capitão de equipe”. Ele olhou para o agente Harris, que já estava do outro lado da mesa.

– Mesmo com sua idade, Kuni Yovesh foi capitão de muitas simulações. Espero que você honre seu novo cargo, e faça o que for preciso para garantir o sucesso da missão e a integridade dos seus companheiros.

~

Quando Alex chegou ao dormitório, todos os outros estavam lá. Ally estava sentada na cama, segurando um paninho no nariz. HaNa, Gabbe e Stux estavam com ela, tentando mantê-la calma. Kai e Annika conversavam, cada um em seu beliche. Mabel, Elly e Lin estavam sentadas no chão perto da parede de fundo. Assim que viu Alex, Mabel gritou.

– Alex! – Ela se levantou num pulo, correu até ele e o abraçou, tão forte quanto podia. As duas se levantaram e foram até ele, acompanhadas por Kai, que também desceu de seu beliche. Quando os três chegaram até Alex, Mabel ainda não o tinha soltado. O rosto dela estava virado para a esquerda, de forma que, quando ela abriu os olhos, enxergou o bracelete.

– O que é isso? – Ela o soltou e leu, com dificuldade, mas em voz alta.

– Capitão de equipe. Uau!

Ally, Lin e Kai o parabenizaram e o abraçaram.

– Parabéns, cara – disse Kai.

– Parabéns? – Gritou Ally. – É isso mesmo? Ele me agride, e em vez de ser punido, é promovido?

– Mil desculpas, Ally. Eu não queria ter feito isso.

– Mas fez.

– Bom, você mereceu. Agora já sabe que não deve mexer com que tá quieto. – Ally abriu a boca para responder, mas antes que o fizesse, Alex disse. – Equipe, formação, por favor.

Os quatro que o cercavam correram para fazer a formação que a agente Fox tinha ensinado a fazer quando estivessem no dormitório. Estavam muito felizes. Annika desceu do beliche e se posicionou na frente dele. Stux, Gabbe e HaNa também assumiram posições.

– Parabéns, Alex! – Disse Stux, de seu lugar.

– Pelo que mesmo? – Cochichou Gabbe para Stux. Surpreendentemente, ele não tinha prestado atenção.


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Notas finais do capítulo

Grande Gabbe, sempre atento. Quero saber o que vocês acharam desse capítulo cheio de emoção. Hoje, vai ganhar biscoito quem adivinhar o que vai acontecer a partir de agora, com essa incrível novidade.

Saldo de Biscoitos
Alex: 1
Ally: 0
Annika: 1
Avelin: 1
Elly: 1
Gabbe: 0
HaNa: 0
Kai: 1
Mabel: 0
Stux: 0

Contagem de Jujubas:
Alex: 4
Ally: 1
Annika: 8
Avelin: 5
Elly: 7
Gabbe: 8
HaNa: 4
Kai: 7
Mabel: 4
Stux: 8