Black Hole - Interativa escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 12
Escalada


Notas iniciais do capítulo

Chegaaaaamos com mais um capítulo de Black Hole, interativa! (Imaginem isso na voz de uma apresentadora de TV muito animada). Hora de subir na montanha mais perigosa do mundo, será que vai dar ruim?



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A nave foi conduzida para pousar sobre a águia da Aurum, pintada no chão. A nave se abriu e eles deram de cara com a sorridente agente Fox.

– Bom dia crianças. Vamos, temos que ser rápidos.

A agente Fox foi em direção ao interior da base, e o grupo a seguiu. Mesmo tentando andar rápido, eles pareciam estar ficando para trás. A agente estava mesmo com pressa.

– Espera! – Disse Mabel. – Não vai explicar nada pra gente? É sério?

– Não temos tempo.

– Mas você nos deve uma explicação!

– Eu sei. Mas não aqui.

Alex tocou o braço de Mabel, sinalizando que deveria ter paciência. Ela assentiu. Eles entraram na base e seguiram até um galpão semelhante ao da Base Central. Havia veículos e pessoas. Mas bem menos. Também havia salas ao redor, e a agente Fox levou o grupo para uma delas.

– Antes de conversarmos, precisamos colocar os upgrades nos uniformes de vocês. Posicionem-se.

Cada um foi para a frente da sua cabine. Elas não estavam abertas, e havia um grande espelho em cada uma. A agente Fox começou a mexer em um computador.

– O primeiro upgrade não foi noticiado a vocês, porque ele não foi autorizado. Mesmo assim, eu dei um jeito dele acontecer. Afinal, eu prometi. Fiz com que os uniformes fossem holográficos, portanto, eles podem mudar de cor.

A agente Fox apertou mais um botão e todos os uniformes mudaram de cor. A maioria tinha os detalhes (como botas, cintos, luvas, e demais apetrechos) pretos. Eles olharam para si mesmos, admirados, e uns para os outros. O uniforme de Mabel era rosa com detalhes amarelos. O de Alex era azul claro. O de Esfinge era púrpura. O de Avelin e o de Gabbe eram vermelho. O de Ally e o de Stux eram pretos com detalhes brancos. O de Kai era branco. O de Annika era azul com detalhes brancos. E o de HaNa era verde.

– Não acharam que os deixaria ir para a grande missão de vocês parecendo árvores ambulantes, acharam? Caso precisem se camuflar, podem mudar a cor no computador de bordo da roupa. Ele é controlado no bracelete, como vocês aprenderam. Existem as opções montanha, floresta, água, deserto, cidade e espaço. Não sabemos o que vai ter lá. É melhor estar preparado. Os demais controles da vestimenta vocês conhecem. Os outros upgrades estão na cabine. A propósito, o meu superior não autorizou as armas brancas, mas ele não precisa saber que eu dei um jeito nisso. Quero que estejam preparados com as armas com as quais vocês lidem melhor. Agora, apressem-se.

Eles ajudaram uns aos outros a colocar os upgrades. Como eles já sabiam, os upgrades eram: um bracelete que era o computador de bordo da roupa deles, e controlaria a comunicação e a liberação de ar no capacete; o capacete, com uma espécie de gola aderida à roupa; cintos de vários tipos, que ficavam na cintura, nas coxas e nos braços, carregando principalmente munição e pequenas armas; um conjunto de faixas que ficavam presas na parte superior do corpo, sendo que atrás, poderia armazenar armas maiores, mochilas cilíndricas de pano com suprimentos e o cilindro de gás, que era ligado ao capacete por um tubo.

– Mabel – disse a agente Fox, caminhando até a pequena.

– O que foi?

– Você sabe mexer com o handgun, não sabe?

– Muito mais do que com qualquer arma que eu tenha treinado aqui. Treino com o handgun desde pequena. Por quê?

– Nosso laboratório de armas tinha alguns protótipos... Eu espero que você se adapte. – A agente Fox entregou a Mabel uma versão menos caseira e mais tecnológica do handgun, e um recipiente de couro com pequenas flechas.

– Obrigada. Eu vou me sair muito melhor assim.

A agente Fox sorriu. Ela quis acreditar que veria Mabel novamente. Mas ela era pequena, inofensiva, frágil. Estava armada com um atiradorzinho de nada. Aquelas flechinhas dificilmente dariam conta de protegê-la. Mas Mabel tinha aos outros nove para protegê-la. E eles fariam isso. Apenas isso dava à agente Fox alguma esperança.

Quando eles ficaram prontos, a agente Fox os levou para um veículo comprido, parecido com os antigos ônibus. Mas não tinha rodas. Ele tinha uma porta lateral bem grande, e assentos no seu entorno. Eles se sentaram e colocaram os cintos, e a porta se fechou. A agente Fox foi com eles. O veículo começou a voar baixo e saiu pelo grande portão aberto. Todos estavam olhando para a agente Fox, como se esperassem ela falar.

– Bom, até que enfim temos algum tempo para respirar e conversar. Antes de mais nada, desculpem pela pressa, pela correria a que estão sendo submetidos. Mas, como vocês estudaram, devem escalar de dia e acampar de noite. E a cada minuto de atraso, vocês perdem um minuto de escalada. Um minuto de luz do dia. Agora, sobre a repentina notícia do início da missão. Devem estar se perguntando porque eu não disse nada a vocês... Mas eu também não sabia. Quando fizeram os testes, o agente Harris, meu superior, me garantiu que era apenas coisa de rotina, para saber se vocês estavam se desenvolvendo. Só de noite, ele falou comigo. Os testes tiveram ótimo resultado. Vocês concluíram com ótimo aproveitamento, e isso significava que estavam prontos. Harris me mandou para cá, para a Base de Oslo, para preparar tudo para esta manhã. Ele simplesmente não me deu chance de contar a vocês. Eu sinto muito por isso.

– Não tem problema, Melissa – disse Mabel, segurando a mão dela. – Nós sabemos que você não teve culpa.

– Mabel tem razão – disse Esfinge. – Se não estivéssemos prontos, não nos mandariam.

– A não ser que estejam desesperados – disse Ally.

– Não, não – palpitou Annika. – A Aurum sabe que seria inútil nos enviar se não estivéssemos prontos. Se nos mandaram, eles têm o mínimo de confiança em nós.

– Quero saber se vocês confiam em vocês mesmos – disse a agente Fox. – Vocês não precisam da Aurum. A Aurum não vai ajudar vocês a partir de agora. Vocês só terão uns aos outros.

– Eu confio – disse Alex. – Confio em cada um de vocês. Nós somos uma equipe. E apesar das desavenças iniciais... Tenho cada um como um irmão. E tenho a agente Fox como uma mãe. Nós não somos uma equipe. Não somos um time. Somos uma família.

Alguns segundos de emoções se passaram. Medo, esperança, amor. E a agente Fox tornou a falar.

– Já que falou em família, me lembrou de uma coisa. Eu tenho algo a devolver a HaNa.

– A mim?

– Sim – a agente Fox pegou um envelope dentro de um compartimento na parede na nave. Ela realmente tinha pensado em tudo. – Você tentou entrar na base com essa carta, e eu a barrei. Agora pode toma-la de volta. E Aeron – ela pegou uma foto no mesmo compartimento. – Você não tentou esconder isso de mim, mas sei que é importante.

Os objetos passaram de mão em mão, até chegar a seus donos. HaNa e Stux ficaram emocionados por receberem seus pequenos objetos, que pareciam tão simples, mas eram tão valiosos. A carta que o pai de HaNa escreveu pra ela antes de morrer, nunca aberta. E a única foto, a única lembrança que Stux tinha de sua família. Eles já tinham conversado sobre o assunto família, portanto compreendiam o sentimento um do outro. E mesmo com o cinto de segurança, Stux passou o braço por trás de HaNa, como se quisesse acolhê-la. Ela se sentiu muito melhor.

– E tenho presentes para todos. - Ela pegou alguns saquinhos no vão. - Tem um saquinho pra cada um. Amarrem nos cintos e só abram de noite.

Eles passaram os saquinhos entre eles, e sentiram um frio na barriga quando a nave começou a descer. Ela não voava alto, aproximadamente a meio metro do chão. A porta se abriu, mas estava para o outro lado. A agente Fox tirou o cinto, se despediu de todos e os ajudou com os últimos ajustes. Depois, eles desceram, e ela sentou novamente. Aos poucos, a porta se fechou, e a nave foi embora. Quando ela saiu do caminho, eles encontraram a montanha que escalariam. Havia uma espécie de trilha nessa subida. Vários agentes já tinham subido ali, até mesmo voltado (quando iam para explorar a montanha, e não para entrar). Então havia um caminha marcado com sinalizadores, e em alguns pontos havia pequenas áreas planas com resquícios de acampamentos. O grupo ficou observando a montanha se agigantar, como se no final houvesse apenas a morte como opção. Por muitos segundos, eles ficaram só olhando. Ninguém ousou dar um passo. Tudo até ali parecia brincadeira, e eles pareciam finalmente estar se dando conta de que tudo era real. O perigo era real.

Mabel deu um ou dois passinhos para trás, como se quisesse desistir. Mas isso já era impossível. Finalmente, Alex respirou fundo e começou a caminhar. Ele foi pulando nas primeiras pedrinhas e aterrissou no caminho íngreme que levava para cima. Mabel demorou, mas foi atrás dele. Aos poucos, eles foram se colocando na trilha, e criando coragem para enfrentar o medo. Eles estavam ali porque tinham se metido. E teriam que arcar com as consequências de seus atos, talvez impensados atos.

~

Eles escalaram fazendo pequenas pausas, sem enfrentar animais, monstros ou coisa do gênero, até que a noite começou a cair, e eles decidiram montar o acampamento. Eles pararam em um lugar plano, que tinha um bastão fincado no chão, com uma luz verde na ponta. Era o primeiro sinalizador. A primeira parada da trilha que havia sido montada. Havia um total de sete sinalizadores, para os sete dias de subida. As áreas planas haviam sido montadas por eles, eram pequenos círculos de terra fina. Alex apertou um botão no seu bracelete.

– Computador, checar condições do ar.

– Checando... Nenhum sinal de radioatividade. Baixo nível de acidez. Alto nível de oxigênio. O ar está seguro.

– Ok, podem tirar os capacetes. - Todos apertaram botões em seus braceletes. Eles desconectaram o tubo do cilindro, destravaram e removeram os capacetes e tiraram as mochilas. – Quem monta a fogueira?

Esfinge e Lin montaram a fogueira. Tudo na bagagem era muito prático, projetado pela Aurum para facilitar a vida dos agentes de expedições. A fogueira era só uma caixinha de ferro. Dentro dela, havia cubos de carvão. Seguramente acoplado em um vão na lateral, havia um pequeno disparador, do tamanho de uma borboletinha. Era só girar e o carvão pegava fogo. A caixa poderia ser reutilizada várias e várias vezes. Havia saquinhos herméticos com cubos de carvão, dentro das mochilas, para repor. De manhã, era só guardar a caixa. Mas, mesmo com a fogueira acesa, ela não estava pronta.

As meninas pegaram um kit de montagem com quatro barras duplas de ferro. Cada barra deveria ter uns dez centímetros, mas esticadas, teriam trinta. Na ligação entre as duas barras, havia uma dobradura e um suporte com trava para a terceira barra da ligação. A primeira barra da dupla era fincada no chão. A segunda ia para o lado, e encontrava outra dobradura. Assim, era formada uma armação. Para finalizar, era só desdobrar uma placa de metal e colocar sobre a armação, pra ser como uma chapa. E enfim era hora de cozinhar. HaNa pegou um caixa que tinha alguns grãos. A comida mais surpreendente da Aurum. Os grãos eram um pouco maiores do que grãos de feijão, e eram coloridos como confete. Com uma pinça, HaNa espalhou trinta grãos na chapa e pingou uma gota de água em cada um. Com água e calor, o grão inchava até ficar do tamanho de um sushi. Aquele grão tinha todos os nutrientes necessários, e uma fórmula desenvolvida pela Aurum para saciar a fome. Três doses por dia eram suficientes. Esse grão poderoso era chamado de Bolim. Pra ver como o pessoal da Aurum é criativo. A parada tinha gosto de bolo, mas de um jeito mais delicioso e nunca enjoava. Isso porque cada cor de grão significava um sabor diferente. Havia doces e salgados, mas sempre sabores exóticos. Macarrão com legumes, arroz e frango, feijão acebolado, carne com batatas, pizza de queijo, lasanha à bolonhesa, batata frita, doce de laranja, bolo de cenoura, chocolate com banana, torta de limão, mousse de maracujá, enfim, o que você imaginar. Os bolins eram realmente muito vantajosos em todos os sentidos, um grande tesouro. Ah, havia os bolins líquidos. Era pra jogar na água e, em uns dois minutos, você poderia ter um suco ou um refrigerante. Algumas cores eram repetidas, por isso, sempre havia siglas marcadas no grão. Claro que você precisaria ter uma visão muito boa pra saber.

Depois de comer, eles conversaram um pouco. Na verdade, bastante, pois pretendiam dormir pelas dez horas, e ainda eram sete e meia. Uma coisa importante aconteceu durante a conversa. Mabel, aparentemente desinteressada nos assuntos do grupo, ficou observando um arbusto de frutinhas vermelhas que pareciam deliciosas. A garota estava tentada a pegar uma para provar, mas antes que o fizesse, um esquilo apareceu e roubou sua ideia.

Felizmente.


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Notas finais do capítulo

Wow! Mabel, Mabel, olha lá, hein... Isso parece perigoso. O que será que aconteceu ao pobre esquilinho? Qual será a reação de Mabel? Que perigos eles ainda enfrentarão? E que emoções? Precisamos de casais pra shippar, né? Ah, o que será que a agente Fox colocou nos saquinhos? Valendo um biscoito.