65° Edição dos Jogos Vorazes - Interativa escrita por BadBitch


Capítulo 3
Megan Rytaker




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–Megan você não vai comer nada? -Perguntou meu pai oferecendo um pão.
–Estou sem fome. -Falei não querendo revelar que estava nervosa, quem não está? Hoje é dia de colheita.
–Mamãe está te chamando! -Gritou minha irmã do quarto.
Sorri forçadamente e levantei da mesa procurando qualquer maneira para disfarçar meu nervosismo.
Era sempre assim perto de uma colheita, eu ficava nervosa no dia anterior e mal trabalhava, passava a noite rezando e de manhã mal conseguia digerir um pedaço de maça.
Quando cheguei ao nosso quarto minha irmã ria sapeca sentada na cama e rolando na mesma.
Minha mãe estava rindo também de braços cruzados acima do peito apoiado no parapeito da janela entre-aberta.
–Queria falar comigo? -Perguntei sentando-me na cama puxando Peggie para perto de mim fazendo cafuné em seus cabelos escuros.
–Queria te mostrar uma coisa. -Respondeu ela com sua calma e leveza de sempre, minha mãe puxou uma sacola de papel de suas costas, era marrom, mas com uns mínimos detalhes na cor verde musgo.
–O que é isso? -Sinto meus olhos se pesarem sobre a sacola.
–É um presente ué!
–E pra quem é esse presente?
–Pra você sua bobinha.
–Ai meu Deus, sério? Mãe não precisava!
Fui em sua direção e peguei a sacola abrindo-a sobre a cama, era um vestido amarelo bem clarinho com detalhes rendados nas mangas e na bainha, era a peça mais linda que ela já havia me dado, uma vez eu peguei um vestido emprestado de uma lojinha de beira de estrada, mesmo sendo bonito não se comparava à esse que ela havia me dado.
–Mãe! É tão lindo... Porque está me dando isso? Nem é meu aniversário.
–Ah, não precisa ser aniversário para se dar um presente não é? -Ela sorriu e passou a mão em meu rosto. -Tão linda... Vá vestir o vestido querida, vamos ver se o seu tamanho ainda é o mesmo!
Fui até o banheiro e me ajeitei na frente do pequeno espelho, eu ainda estava com meu pijama de flanela cor de rosa que tenho desde que tinha a idade de Peggie. Meus cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo ralo, ainda não havia lavado o rosto e os olhos azuis estavam com as pupilas mexendo freneticamente, isso acontece sempre que estou nervosa.
Tiro o pijama vagarosamente por seus botões e arrasto o vestido amarelo sobre meu tronco, ele ia até um pouco acima dos joelhos e suas mangas se franziam nos cotovelos.
–Como ficou? -Perguntou minha mãe adentrando no banheiro. -Ai meu Deus! Eu nunca a vi tão linda minha filha...
–Obrigada pelo presente mamãe. -Falei abraçando-a fortemente.
–Obrigada por tanto orgulho que você me dá diariamente.
Depois de toda a tão conhecida melação, tomei um banho e botei a roupa novamente, ficou realmente muito bom.
Prendi os cabelos em um coque desfiado bem simples e coloquei meus melhores sapatos.
Minha irmã estava com um vestido azul que reconheço de minha primeira colheita e sapatos brancos, feito uma boneca.
Peggie é tudo para mim, ela tem dez anos e é uma criança muito feliz e inteligente, é a pessoa que eu mais amo em toda minha vida, não suporto quando mexem com ela, ao contrário de mim, ela vai para o colégio ainda e sofre muito com uns garotos mais velhos, sempre tenho que ir lá defende-la, afinal ela é minha irmã e é minha obrigação garantir a sua segurança.
–Peg minha princesa você está linda! -Exclamei abraçando-a com força e fazendo cócegas em sua barriga enquanto ela se contorcia rindo.
–Você já vai para praça?
–Eu vou passar em um lugar antes.
–O mesmo de sempre que eu nunca posso ir...
–Juro que te levarei lá na sua primeira colheita.
–Esperarei ansiosamente ok?
–Ok princesa, prometo.
Saio do quarto deixando-a terminar de se arrumar e ando em direção à floresta que não é tão longe daqui já que minha casa mora praticamente
no limite do distrito.
Quando chego na floresta paro para sentir aquela brisa deliciosa que batia contra o meu rosto enquanto eu andava lentamente em direção à Salvação.
O que é Salvação? Na época da crise, eu e meus amigos tivemos que cortar o dobro de árvores e com o tempo, o número de lenhadores aumentou e as árvores diminuíram o que foi para nós o significado de pobreza na maior parte do distrito, mas eu e meus dois melhores amigos uma vez andando pela floresta por lazer encontramos um lugar com muitas árvores enormes, havia alguns animais para caça e um enorme lago, haviam flores e cogumelos, era o nosso lugar, ele foi nossa salvação por isso o nome.
–Ei estranha! -Chamou minha melhor amiga Torie saindo de trás de uma árvore. -Que isso? Vestido novo? Roubou?
–Você está louca? Claro que não! Minha mãe me deu de presente.
–Nossa, sério? Muito tempo que não ganhamos presentes não?
–Para de se lamentar, cadê Jack? -Perguntei me referindo ao nosso outro melhor amigo. -Já era para ele estar aqui.
Ficamos conversando por um tempo e uns minutos depois Jack chegou suando.
–Olá minhas meninas.
–Onde você estava? -Perguntamos rindo.
–Longa história, só temos quinze minutos.
Aqueles quinze minutos passaram como se fossem dois, e então era a hora da colheita.
Fomos juntos a colheita andando e conversando para poder amenizar o clima.
Assim que chegamos à praça tiramos sangue (Que eu confesso que ainda não sei para o que serve) e cada um foi para sua fileira de acordo com a idade.
Não sei o porquê, mas em minha fileira tinha poucas meninas, mas estava sem forças pra comentar isso com Torie.
–Também está nervosa como eu? -Perguntou Torie, sempre fui de disfarçar um pouco o que sinto, mas hoje estou com pressentimento estranho.
–Todos estamos não? É só saber controlar.
Ela riu e me deu um beijo no rosto.
Vi minha família chegando para ficar na ala dos familiares e sorri com a proteção que eles aparentavam me dar, eu os amava muito.
–Olá distrito sete. -Falou a nossa representante Yrina, nos primeiros anos ela era super animada porque ainda tinha esperanças de representar qualquer outro distrito, como o um ou dois, mas não, ela já está a anos nesse distrito, ele deve pelo menos agradecer que não está no onze muito menos no doze. -Vamos ver o vídeo vindo da Capital especialmente para vocês.
O vídeo era o mesmo todos os anos, em todos os distritos, desde que os Jogos começaram.
"Guerra, uma guerra terrível" Qualquer pessoa que passa três anos olhando para aquele troço gravaria algumas partes.
–É tão lindo... -Comentou ela quando acabou o vídeo fingindo que secava as lágrimas. -Agora vamos ver quem serão os tributos do distrito sete! Primeiro as damas claro... -Enquanto ela andava em direção à bola gigante com nomes minha mão suava grudada na de Torie. -A nossa tributo feminino será... Megan Rytaker!
Torie apertou meu pulso com força e eu estava zonza, ouvi de longe o grito de Peggie.
–Me solta Torie, eu tenho que ir. -Murmurei e ela vagarosamente foi soltando meu pulso que ficou vermelho.
Sai do meio daquela multidão de garotas e fiquei no corredor para subir as escadas, todos me olhavam e desejavam boa sorte, e eu iria precisar.
Quando subi no palco Yrina começou a falar umas coisas que eu não ouvi, meus sentidos não estava agindo normalmente.
A única coisa que veio à minha cabeça é que: Nunca levarei Peggy à Salvação.


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Notas finais do capítulo

bjs da DF