Acordei com minha mãe abrindo a janela, fazendo raios do sol invadirem meus olhos.
-Acorda Anne. -Chamou ela pelo apelido que eu odeio. Murmurei algo que nem eu mesmo entendi e ela riu.
-Mãe, é Ginger. -Falei me alongando.
-Okay garotinha... Vamos se levante, hoje tem colheita. -Claro, se não tivesse ela não estaria aqui me acordando
-Eu sei mãe, último ano esqueceu?
-Como posso esquecer que você será livre de uma vez por todas?! -Deu um sorriso mínimo e ela saiu do quarto.
Levantei da cama e andei em direção ao banheiro, olhei-me no espelho e vi o de sempre. Cabelos ruivos ondulados, olhos verdes acizentados e sua pele pálida.
-Último ano... -Murmurei para mim mesma. O que fazer de diferente?
Abri o armário do banheiro e peguei uma caixa de tinta, não sei como usar, mas mesmo assim li as instruções e apliquei a tinta no
cabelo ruivo. Fiz tudo o que a caixinha mandou e em alguns minutos meu cabelo estava preto.
Sorri com o resultado e fui tomar um banho, lavei os vestígios de tinta e passei um condicionador cheiroso no cabelo.
Minha família é a coisa mais preciosa que eu tenho. Minha mãe e meu pai são tudo para mim, temos um acordo dos Jogos e sei que não posso descumprir, eu nunca descumpro minhas promessas.
Quando eu entrei na academia do
distrito aos onze anos eu treinava basicamente preparação física, mas depois do treze começou o treino pesado, eu sou ótima com arco e flechas e alguma armas de fácil manuseio.
Meus pais ficaram abalados com a morte do meu primo John nos Jogos, ele também não pretendi ser voluntário, mas acabou sendo sorteado e morto por um tributo do distrito onze, não tenho raiva do onze, sei que lá dentro é matar ou morrer.
Enfim, meus pais me fizeram prometer que se algum dia me sorteassem eu teria de ir para a arena, mas caso ao contrário não iria me voluntariar, acho que isso os deixa mais seguros, então assim faço.
Saio do banho e enrolo-me na toalha indo para o meu quarto para escolher uma roupa. Na maioria das vezes, minha mãe me faz me vestir como uma boneca no dia da colheita, pois temos que ir com nossas melhores roupas, o que é monótono para nós, felizmente meus pais tem uma boa condição financeira.
Ponho um vestido coral que destaca meus novos cabelos e sapatilhas brancas, além de um bracelete dourada com pedras que tenho desde pequena.
Deixei os cabelos soltos e os sequei, passei uma lápis branco na linha d'água e um gloss quase transparente só pra dar um brilhinho básico.
Desci as escadas e senti o cheiro de panquecas queimadas, minha mãe está tentando fazer o café de novo... Em dia de colheita dispensamos as serviçais e ela infelizmente tenta fazer o café, admiro seu esforço não suas panquecas.
-Querida fiz panquecas de... -Ela parou e me encarou, pensei que ela ia me matar por causa do cabelo. -Ai meu Deus, o que você fez?!
-Última colheita, mudei um pouco, não gostou?
-Não. -Falou ela sincera servindo minha panqueca fazendo-me rir, ela amava meu cabelo ruivo.
Meu pai chegou na cozinha e também ficou surpresa, mas disse que gostou porque eu sai da mesma unanimidade de sempre.
Comi aquela panqueca engolindo e tomei um copo de suco de laranja (Que graças a Deus estava bom).
-Preparada para hoje? -Perguntou meu pai e eu sorri.
-Porque não estaria? Vai dar tudo certo... -Falei e ele assentiu olhando para o relógio. -Já está na hora, vamos?
Todos nos levantamos e fomos em direção à Praça Pública aonde seria realizada a colheita como todos os anos.
Tirei sangue e fui para a fileira das meninas de dezoito anos.
Logo Jane chegou, ela é a mulher que sorteia e fica "cuidando" da gente na Capital.
-Esse distrito é tão lindo! -Falou ela sorrindo, qualquer um gostaria de ser a representante do distrito dois. -Vamos ver o vídeo vindo especialmente da Capital para vocês! -Alguns distritos odiavam aquele vídeo e torciam para o painel cair na cabeça da representante, mas aqui no dois somos bem capitalistas e repetimos as falas do vídeo, já sabemos de cor as falas. -Agora vamos sortear os tributos afortunados desse ano! Primeiro as damas... -Ela andou até a bola gigante e pude sentir meu coração palpitar. -Anne Catharine Forks!
Era isso... Minha vez de brilhar.