Não se Esqueça das Rosas escrita por Arabella


Capítulo 7
Cigarros e Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Por favor perdoem a minha demora, mas eu escrevi e reescrevi esse capítulo muuuitas vezes. Eu agradeço de verdade por todos os reviews, todos eles foram de extrema importância para mim :) Até lá embaixo!



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Alexa conseguiu arrastar o garoto para longe da multidão após explicar para Olive que ele era um “primo de segundo grau”. Estavam embaixo de uma das árvores que circundavam a casa de Blair, os dois estáticos e se encarando desconfiados.

–Eu só vim entregar isso. –O garoto falou, por fim. Parecia ter uns seis anos, o rosto gorducho e a expressão ansiosa.

Alexa ficava enjoada só de imaginar o Cobra lidando com crianças nessa idade.

–Quem te pediu esse favor? –Ela tentou parecer descontraída, sentando-se na grama.

–Não posso falar. Por favor pega o pacote. –Ele insistiu, repentinamente alerta.

A garota suspirou alto enquanto tomava o pacote de suas mãos, analisando pela primeira vez o papel bege que o envolvia. Parecia oco de tão leve, balançando-se com suavidade entre suas mãos.

Alexa sentiu o suor embebendo suas palmas, molhando o papel enquanto sua respiração se acelerava. Aquele pequeno embrulho poderia mudar tudo... se ela ao menos soubesse que a irmã estava segura...

Quando ergueu os olhos para encarar o garoto, este já estava no meio da rua. Corria trêmulo, algo em suas passadas demonstrando o quanto estava nervoso.

–Ei...! –A voz de Alexa se propagou pela rua deserta e apinhada de carros vazios. Algumas pessoas da festa a encararam, atônitas, mas a garota não se importou ao largar o embrulho e dar alguns passos em direção ao menino.

Foi em vão, concluiu após segundos. Ele já havia sido tragado pela escuridão acolhedora dos quintais ao redor, deixando uma Alexa assustada em cima da calçada.

Ela se permitiu desabar sobre o meio-fio, algumas lágrimas quentes lhe invadindo os olhos. Droga, sempre chorava! Se sentia como uma criancinha estúpida, os ombros sacudindo com os soluços incontroláveis. Esse era o efeito de Cobra sobre ela... idiota, idiota...

–Blues! –Ouviu uma voz masculina nas proximidades.

Alexa inspirou profundamente, endireitando a postura. Esfregou o rosto com as mãos, forçando um sorriso fraco e se erguendo em seguida.

Ela finalmente virou a cabeça para o dono da voz, Thomas. Uma outra garota morena a encarava com curiosidade, enroscada no pescoço dele. Os dois estavam encostados em uma cerca, aproveitando a privacidade que a penumbra os oferecia.

–Hum, oi. –Alexa murmurou, sem-graça. Obviamente tinha interrompido alguma coisa ali.

–Precisa de ajuda em algo? –Blair respondeu, para a sua surpresa. Nunca tinha trocado uma palavra com a morena.

–Não. –Ela expandiu o sorriso, levantando-se e limpando a sujeira da saia.

–O que aconteceu? –Thomas insistiu, se desprendendo da garota para andar até Alexa.

–Nada. –Ela respondeu, o tom de voz ríspido. Não estava paciente e o pacote, ainda encostado na árvore, provocava sua ansiedade.

Thomas estreitou os olhos escuros, alternando o peso do corpo entre os pés.

–Você estava chorando. –Ele sussurrou, baixo o bastante para que Blair não os ouvisse. –Eu não sou idiota.

Alexa pestanejou, um calafrio lhe subindo pela espinha.

–Tanto faz. Obrigada pela preocupação... –Sua voz transbordava sarcasmo- Mas realmente não é da sua conta.

Thomas bufou alto. O maxilar estava travado em conjunto com os olhos tristes, deixando claro que estava ressentido.

–É pessoal. –Alexa admitiu em uma tentativa de amenizar a contrariedade do garoto. –Você não entenderia...

–Relaxa, realmente não é da minha conta. –Ele soltou um sorriso irônico enquanto se afastava, Blair enlaçando seu braço prontamente.

Alexa revirou os olhos fazendo uma careta.

–Desculpa. –Ela disse, a voz trêmula e os olhos mareando novamente. Se odiou por parecer tão fraca.

Ele pareceu ter percebido o estado melancólico da garota, porque estacou no chão no mesmo segundo. A morena o encarou, confusa.

–Blair, pode nos dar alguns minutos? –Thomas perguntou, a voz inexpressiva.

Blair grunhiu em resposta, mas se afastou em seguida.

–Por que tá fazendo isso? –Alexa quis saber, fitando séria o rosto do garoto.

Ele deu um sorriso torto, exibindo covinhas que a garota ainda não tinha reparado.

–Eu gosto de ajudar. Me sentir útil, sei lá, deve ser algum transtorno mental. –Ele fez uma longa pausa, os olhos fixos nos de Alexa. –Quer me falar alguma coisa? Como o porquê de ter fugido mais cedo ou, talvez, o porquê de estar nessa festa aonde você não conhece ninguém? Eu sei que você não estava vindo pra cá. –Ele ergueu uma das sobrancelhas, inquisitivo.

Alexa deu um longo suspiro. Os olhos de Thomas ainda pesavam sobre ela e, por alguns segundos, ela realmente quis contar tudo para o garoto. Algo em sua postura, no sorrisinho despretensioso e, principalmente, nos olhos escuros lhe inspirava uma confiança irracional.

–Hum, é muita coisa. –Ela murmurou por fim. Falou as próximas palavras antes que pudesse contê-las: -Eu não sei o que vou fazer quando sair daqui.

Thomas pareceu surpreso. Ele manteve silêncio por alguns segundos, apalpando o bolso traseiro da calça jeans e tirando um cigarro em seguida. Alexa o encarou impassível, voltando a se sentar no meio-fio. Ele acendeu o cigarro, o repousando calmamente nos lábios entreabertos.

–Você se incomoda? –Thomas indicou a fumaça.

Ela meneou com a cabeça em negativa, ao que ele sorriu. Sentou-se do lado da garota, o movimento raro de carros na rua e o som da festa atrás deles sendo os únicos que quebravam o silêncio.

–Você precisa de um lugar para ficar? –Thomas perguntou por fim, o rosto calmo.

Alexa sentiu uma urgência na boca do estômago enquanto se aprumava, repentinamente desconfortável. O garoto estava tão perto que ela podia sentir o cheiro de couro que se desprendia da sua jaqueta, a fumaça do cigarro lhe golpeando a face e carregando o vento gélido noturno.

Ele soltou uma risada rouca e baixa ao observar a reação da garota. Ergueu as mãos em seguida, como quem se rende.

–Céus, Blues, eu não tô dando em cima de você. Foi uma pergunta sincera, sem segundas intenções, juro. –Ele colocou um dedo sob o queixo da garota, afagando de leve a sua pele por meio segundo.

Ela não pôde deixar de sorrir enquanto espantava a franja dos olhos. Estava começando a achar o cheiro da fumaça insuportável, mas a companhia do garoto compensava aquilo.

–É, eu preciso de um lugar. Mas eu sempre me viro. –Alexa deu de ombros.

Thomas afastou o cigarro dos lábios, os quais esboçavam um sorriso leve e sem-humor.

–Eu tenho um lugar se você quiser. Não é muito agradável, mas é seguro.

Alexa sorriu ao ouvir a palavra-chave: “Seguro”. Disfarçou a empolgação, mantendo um tom de voz distante:

–Hum, pode ser. Onde seria?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Por favor deixem reviews, eles fariam o meu dia :) Amo bater um papo com meus leitores e, principalmente, quando vocês me dão um norte sobre a recepção que a fic tem
Beijão, Arabella



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