Corredores - O troféu de ouro escrita por Math Terry


Capítulo 3
Problemas




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Ákali e eu corremos por várias ruas, algumas pessoas nos observavam perplexas, outras simplesmente ignoravam.
Estávamos em uma rua de calçadas maiores que o normal, um poste de luz piscava, mesmo com o sol fatigante em seu auge. O relógio parou de apitar em frente a um depósito. Olhei para Ákali e sussurrei, "Stop", voltamos ao normal, ele olhou para mim e em seguida para sua perna de madeira, perdeu o equilíbrio por alguns segundos e suspirou, pouco tempo depois voltamos a atenção para o local enorme, numa placa ao alto estava escrito Grande Depósito, provavelmente fora bastante utilizado no passado, mas agora estava praticamente abandonado.
–Aí tem coisa -comentei.
–Só nos resta entrar -disse ele caminhando à frente.
Revirei os olhos e o segui, andamos com passos largos e a respiração ofegante, corremos por volta de 1 hora, procurando.
Chegamos em frente de um portão feito de cobre pesado, estava descascando nas bordas, dava para ver que fora pintado várias vezes ao longo do tempo, Ákali e eu nos entreolhamos brevemente e então começamos a puxar, precisamos de muita força para o portão se mover, já que não estávamos transformados, por sorte não estava trancado.
Abriu com um grande estrondo, uma nuvem de poeira subiu aos poucos, entramos no local, era grande e velho e caixas de madeira estavam espalhadas por todo lado, ruídos habitavam a cada canto e alguns ratos e baratas se escondiam a medida que a luz de fora entrava e rebatia em seus olhos.
–Por que diabos seu relógio nos trouxe aqui? -Perguntou Ákali.
–É isso que precisamos descobrir.
Andamos ombro a ombro, meu coração estava tao acerelado que pensei que poderia ser ouvido a quilômetros de distância. Nossos passos rangiam a madeira do chão, fazendo eco nas paredes do depósito
Este consistia de dois andares, mas o seu interior era aberto, de forma que ao olhar para cima era possível ver o segundo andar e mesmo o teto.
Meu nariz já estava ardendo com a poeira, não havia nada lá dentro, eu estava na dúvida sobre por que viemos parar neste lugar.
Foi quando ouvi passos.
Viramo-nos ao mesmo tempo, por dentro da nuvem de poeira, duas formas masculinas caminhavam em nossa direção, mesma altura, a luz fazia sombra em seus rostos, deixando-os escuros e sombrios. Reconheci o jovem da direita, era o corredor que havia levado uma pancada forte de mim no outro dia, por um momento pensei que ele estaria morto, pelo visto era mentira.
Eles pararam, e, como se esperassem a nossa reação, em um silêncio sombrio, e então seu riso macabro ecoou por todo o armazém, gelando meus ossos e fazendo um arrepio passar pela minha espinha.
E então começaram a brilhar; o tom avermelhado que emanava de suas tatuagens e olhos lhes davam uma aparência fantasmagórica.
Avançaram mais um pouco quando falei, o medo podia ser percebido na minha voz:
–Eu... Eu lembro de ter te visto cair!
O garoto da direita gargalhou e rebateu :
–Não tire conclusões precipitadas, criança, essa era a primeira lição que você teria que ter aprendido, ah, é verdade, você não teve o devido treinamento...
Eu avancei em sua direção, ele se desviou e eu me estatelei no chão, ainda no chão o senti me chutar,
Olhei para Ákali, desesperado, ele parecia assustado. Me desvencilhei e saí correndo.
Por cima do ombro gritei:
–Ei! Se concentre, não se guarde, eles vão tentar te matar na primeira oportunidade.
Ele assentiu e o vi se adaptar. Antes mesmo de eu perceber, estávamos correndo lado a lado, como ele era rápido!
Saltamos juntos, a aura azulada ao nosso redor, os dois inimigos estavam vindo em nossa direção, consegui desviar de um dos golpes, Ákali levou um soco na nuca e caiu no chão com um estrondo, eu estava sozinho nessa!
Voei para cima do inimigo mais próximo, punho fechado e dentes cerrados, meu soco acertou a parte direita de sua cabeça e ele caiu no chão, inconsciente.
Uma sensação de desespero apareceu, como eu lidaria com o segundo? Derrubar o primeiro tinha sido completa sorte. Olhei ao redor procurando opções melhores que o meu punho, vi uma pedra grande o suficiente. Arremessei-a e corri em sua direção.
No último segundo ele se desviou da pedra, eu não esperava por isso, hesitei e esse foi meu erro fatal, ele pulou em cima de mim e com as pernas prendeu meu corpo, com as mãos começou a socar meu rosto. Não havia escapatória, esse seria o fim, perder antes mesmo dos jogos começarem, engraçado, não?
Foi quando os socos cessaram e ele caiu para o lado. Ao lado do corpo agora desacordado estava um livro. Olhei assustado para quem o havia arremessado, e foi quando vi a garota. Cabelos ruivos, agora soltos e batendo ao vento, ela arfava, parecia ter corrido muito para nos alcançar.
Levantei rápido, assustado com os acontecimentos repentinos, olhei para onde Ákali estava, já havia recobrado a consciência e agora gemia e resmungava xingamentos.
Soltei um suspiro de alívio e então me virei para a garota, ela olhava para nós com o rosto corado, pela sua expressão não era possível dizer o que realmente sentia.
Aproximei-me dela, Ákali, agora de pé, me seguiu.
– Você está bem? Aliás, obrigado por, ah, você sabe. E, ah.. Meu nome é Zeke.
Ela esboçou um sorriso.
–Heather. Não há de quê. Eu sempre quis conhecer um de vocês -Ela disse com um grande sorriso no rosto.
–Como assim um de nós?
–Você sabe.. Vocês correm, eu já vi um homem assim, quando era criança -Ela disse, o que me surpreendeu.
–Como...? Mas... -Fui interrompido com o relógio apitando loucamente.
–O que está acontecendo? -Perguntou ela, olhando-o.
–Você gosta do que nós somos, corredores, né? O que acharia de se tornar uma? -Perguntei, sorridente.
–Caso você tenha uma perna de madeira, não se preocupe com isso. - Afirma Ákali enquanto ria.
– Por favor?? - Disse Heather, confusa, porém rindo. -Eu? Sério? Isso seria incrível!
Seus olhos se encheram de lágrimas, como se tudo fosse tão rápido e tão de repente que não pudesse ser verdade. No entanto, era.
Coloquei a mão no bolso e tirei um dos relógios, ele estava quente e também apitava, junto com o meu e o de Ákali, ela me estendeu seu pulso direito, estava animada e parecia saber o que estava fazendo. Coloquei o relógio e selei seu feixe, me afastei alguns passos e vi o que já esperava, a aura azulada aparecia ao seu redor e as tatuagens também, ambas brilhando em um tom azul ciano, mais claro que o normal, desenhos diferentes apareceram,uma ampulheta em seu braço esquerdo e uma asa de aparência angelical em seu braço direito, assim como as minhas tatuagens eram um tornado e uma outra com um aspecto de onda sonora, as tatuagens dela eram totalmente inéditas, tentei entender o que elas significariam. Por fim a aura se dissipou.
Seus olhos brilhavam e seu corpo havia mudado, a tornando mais esbelta, seus cabelos sedosos e seus traços mais tênues, ela estava linda.
Heather olhou para si mesma e começou a chorar de felicidade, por fim puxou a mim e Ákali para um abraço e ficamos ali, nos abraçando, com dois corredores inimigos desmaiados ao nosso lado, me perguntei quanto tempo havia passado com isso tudo.


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