O outro lado da moeda : Skye escrita por Blake


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/637255/chapter/5

Skye foi a primeira a saltar da SUV, passando por cima de Ward para concluir esse feito e seus olhos eram um misto de ódio e muito ódio, então, sabiamente, ninguém decidiu falar consigo enquanto marchava até o primeiro andar do avião.

Ainda pressionava o ferimento, que passou a poucos centímetros do seu apêndice, e tanto sua mão quanto sua blusa estavam ensopadas em seu sangue, mas o mais irônico era que não estava propriamente brava por ter levado um tiro, mas sim por ter levado um tiro pela maldita incompetência de Coulson.

Sua primeira parada foi no bar, onde pegara a garrafa de vodca, depois a enfermaria onde pegou agulha cirúrgica, linha e uma pinça. Jemma possivelmente cuidasse dos ferimentos de Coulson, Fitz tentasse desvendar o objeto misterioso, Ward estivesse socando algo e May pilotasse o avião, já que não vira nenhum deles enquanto coletava seus itens.

Bebia do próprio gargalo enquanto levantava a blusa para ver realmente o estrago, o que não era tão fácil com todo aquele sangue. Tirou a blusa, arremessando-a num canto qualquer e jogou vodca por cima do ferimento, fazendo o sangue escorrer e revelando-o mais claramente.

– É, dói da mesma forma que das últimas vezes – comentou enquanto agarrava o colchão e o comprimia entre seus dedos, reprimindo uma careta de dor.

Olhou novamente para a laceração que apesar de ter passado de raspão levou uma considerável quantidade de carne. Bebeu mais um pouco da vodca antes de iniciar seu remendo, nunca fora muito boa naquilo.

Enfiava a agulha na carne e a puxava do outro lado, tomando fôlego a cada movimento e bebendo mais um pouco.

– O que é isso ?! – May indagou num ar contrariado quando viu a cena um tanto incomum. Skye meio debruçada na cama, um litro de vodca numa das mãos e dois pontos mal feitos no outro lado da sua barriga.

– Meu vestido de noiva – respondeu calmamente sem levantar os olhos para a chinesa e já estava pronta para dar outro ponto quando a mulher tomou a pinça de suas mãos.

– Vamos, deixa eu te ajudar com isso – a mulher falou num tom mais brando e Skye apenas a encarou num ar surpreso.

– Não, obrigada. Você não parece do tipo delicada – retrucou, mas não teve muita escapatória já que May a puxou pelo braço, levando-a até a enfermaria, a contragosto. Pelo menos não esquecera da vodca, sentia que iria precisar.

May a fez sentar-se numa maca e retornou com uma anestesia que aplicou nas laterais do ferimento, só após se certificar de que fizera efeito começara a costurar a garota. Óbvio que antes retirara os pontos desastrosos que essa fizera.

– Quem eram aquelas pessoas ? – iniciou tomando mais um gole.

– Trabalham para a HYDRA, uma organização criminosa – May respondeu mantendo um ar concentrado no que fazia.

– O que ?! HYDRA ... - repetiu e segurou no pulso da chinesa, fazendo-a parar com os pontos – Eu já ouvi esse nome antes – iniciou num ar de urgência – Eles costumavam falar “HYDRA vai ficar satisfeita” ou algo do gênero, mas eu sempre pensei que fosse um codinome pra um líder, ou sei lá – falava rapidamente, enrolando-se nas próprias palavras – E agora você tá me dizendo que é uma organização inteira, não uma pessoa ... – encarou May e balançou a cabeça positivamente fazendo-a acompanhar seu raciocínio.

– HYDRA pegou o projeto Red Room, implantou na America, está criando um exército de super espiões, coletando armamento e superpoderosos – ela ditava os fatos e já parecia imaginar qual era o objetivo deles.

– Superpoderosos ?! – Skye repetiu como se a mulher houvesse se equivocado.

– Sim, eu e Coulson nos deparamos com um, ele era capaz de arremessar bolas de fogo, mas nada que uma bala na nuca não desse jeito. – May explicou calmamente enquanto voltava a costurar a menina.

– Isso é o máximo – falou de forma espontânea, recebendo um olhar reprovador de May – Um pouco ... – se retratou rapidamente com um meio-sorriso.

– A questão é que eles iniciarão uma guerra – May continuou em seu tom monocromático.

– Então eu recomendo que vocês debandem bem rapidamente porque se depender do Coulson, vocês todos morrerão – soltou sarcasticamente e riu, apesar de não estar se divertindo.

– Você tem uma língua bem comprida não é ? – a chinesa comentou mas não aparentava aborrecimento. Skye sabia que, naquele avião, May era a mais leal a Coulson mas nem isso foi o suficiente para segurar sua língua afiada.

– Se minha sinceridade é ter uma língua comprida, com certeza eu tenho – rebateu, bebendo mais um pouco, já estava chegando na metade da garrafa e não aparentava nenhum sinal de embriaguez – Não sou nenhuma Madre Teresa e não me leve a mal, mas não pretendo morrer nesse avião de merda, acima de tudo, não pretendo morrer pelo Coulson – finalizou seriamente, seu tom era frio.

– Está tudo bem ?! – Ward questionou ao entrar na enfermaria e ver May fazendo o curativo em Skye, seu cenho franzido traduzia toda sua confusão, mas o fato da menina estar sem blusa o causava certo constrangimento também já que evitava olhar diretamente para ela.

Skye percebeu o embaraço dele e não perdeu tempo em tirar proveito da situação – Como assim ? Quer dizer que o grande agente Ward, nunca viu uma mulher sem blusa antes ? – falou cheia de malicia e quando ele a encarou, piscou, provocando-o - Não se anime, não é dessa vez que irei morrer – respondera-o ironicamente enquanto saltava da maca e caminhava na direção do moreno, passando bem rente a ele, apesar do espaço ser mais do que suficiente para os dois – Eram seis – sussurrou, ficando na ponta dos pés para alcançar o rosto do moreno, permitindo que ele sentisse seu cheiro, que era uma mistura de amadeirado com toques cítricos e só então saiu, num ar todo confiante. Deixando Ward numa confusão ainda maior.

SHIELD TEAM

– O que acabou de acontecer aqui ?! – Grant questionou na direção de May, que exibia um sorriso de canto, quase como se não acreditasse no que aquela garota era capaz.

– Skye ... Skye acabou de acontecer – ela comentou simplesmente, guardando todo material que havia usado.

Jemma terminava de remendar Coulson e o mandava descansar, apesar do homem não ter a menor intenção de obedecer àquela recomendação. Tinha coisas muito mais importantes para lidar e sabia que não conseguiria ficar parado, não depois do que houve no Brasil. Não depois da forma que fora enganado por alguém que ele considerava uma das suas melhores amigas, talvez deixasse de ser tão ingênuo e aprendesse que nesse ramo, não há espaço para amizades.

Ainda revirava em sua cabeça o homem capaz de lançar bolas de fogo e como ele e May mal conseguiriam escapar com vida daquele buraco, porém o mais intrigante fossem as perguntas que os captores o fizeram repetidas vezes enquanto o torturavam “Aonde estão os obeliscos ?” "Aonde estão os diviners ?", não fazia ideia do que eles falavam, aparentemente, eles não acreditaram. Agora o homem estava determinado a descobrir o que diabos eram aquelas coisas e se assegurar de que HYDRA não pusesse as mãos neles.

Duas batidas na porta.

– Entre – ele respondeu sem tirar os olhos de alguns arquivos.

May adentrou a sala e revelou toda a conversa que tivera com Skye mais cedo, o que deixou Coulson ainda mais intrigado.

– Chame-a aqui, por favor – o homem pediu mas a agente continuou estática ao lado da cadeira – Algum problema ? – ele questionou ao notar que ela não se movia.

– Não acho que ela irá ajudá-lo – May ponderou, tentando soar menos literal do que Skye seria.

– Não acho que ela tenha uma escolha – Coulson rebateu e sua voz saiu feroz, ele acima de qualquer um estava irado – Agora vá chamá-la! – foi sua ordem final.

Convencer Skye a sair do seu dormitório para ir falar com Coulson não foi uma missão fácil, mas quando a asiática ameaçou arrancar todos os pontos que havia acabado de fazer, algo no seu tom dedurou que ela falava sério e Skye entendeu o sinal de perigo.

– O que temos que fazer aqui pra ganhar um dia de folga ? Já que levar um tiro não é o suficiente! – resmungava alto, irritada. Respirou algumas vezes, tentando se acalmar antes de deparar-se com Coulson.

– Vossa Majestade solicitou minha presença ? – iniciou num tom sarcástico ao atravessar a porta.

O homem pareceu ignorar a morena a princípio, mantinha a cadeira virada, sem encará-la – Eu sei que você está brava e não tiro sua razão – ele iniciou e só então virou, seu rosto estava uma horrível, parecia ter sido atropelado por um caminhão. A garota sentiu até um certo divertimento em vê-lo daquela forma, uma espécie de revanche que ela não poderia dar-lhe pessoalmente e ele pareceu notar, ao vê-la sorrir sadicamente – Agora preciso que canalize essa raiva nas pessoas que fizeram isso conosco – ele foi enfático em sua sentença.

– Claro ... Até porque eu me importo muitíssimo com a sua cruzada ?! – falou cinicamente, enrolando uma mecha do seu longo cabelo no indicador. Era até divertido a quantidade de idiotices que tivera que ouvir nos últimos dias. – Deixe-me lembrá-lo de algo – falou e seu tom mudou do sarcástico para um tão frio que seria capaz de congelar o inferno – Eu estou aqui porque você me considera um risco pra sociedade, eu estou aqui para você me monitorar. Eu não sou uma das suas agentes, eu definitivamente não sou sua amiga e vai ser um dia frio no inferno no momento que eu resolver lhe ajudar – suas mãos estavam apoiadas na mesa e sustentava o olhar do homem, demonstrando uma incrível força de espírito.

– Você tem razão – ele iniciou e se levantou, era bastante imponente, mesmo com a cara toda remendada – Mas acima de qualquer um aqui, você é a que tem mais motivos para querer derrubar a HYDRA, eles a tiraram tudo. Te transformaram numa assassina e tenho a leve impressão de que se você gostasse do que era, não teria fugido – ele falava calmamente, sem tirar os olhos de sobre a menina – Você diz que não se importa, mas também acho que não seja verdade. Você não deixaria uma pessoa inocente morrer, não deixou os agentes Fitz-Simmons morrerem e tenho certeza de que se puder impedir que milhares de inocentes morram, o fará – ele prosseguia, as mãos enfiadas no bolso e um ar completamente informal, quase como se analisasse a morena – Não faça por mim, faça por eles, impeça que mais inocentes morram – o homem finalizou e encarou a garota, como se tentasse desvendar o que se passava na mente dela.

Skye o fitava no mesmo ar imparcial de antes, não esboçara nenhuma reação durante o discurso sentimental do mais velho, mas não podia negar, ele tinha razão. Daquele avião, ele seria o único que ela deixaria morrer caso tivesse a chance, era um tanto quanto rancorosa e não tinha a menor vergonha disso.

– O que você quer ? – questionou por fim e suspirou num ar cansado, nem ela acreditava que dissera aquilo.

– Tudo que você conseguir coletar com as palavras obelisco e diviners, eu quero absolutamente todos os dados relevantes para essas palavras, ok ? – ele pediu, com uma das sobrancelhas erguidas.

A garota concordou fracamente e saiu do escritório, indo para o seu cubículo novamente. Puxou seu laptop da mochila e iniciou sua pesquisa, não fazia ideia de como duas palavra iriam ajudá-los a derrubar uma organização criminosa,mas já havia ligado o foda-se para a lógica, nada ali parecia fazer sentido mesmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O outro lado da moeda : Skye" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.