O outro lado da moeda : Skye escrita por Blake


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Andei sumida, I know, mas prometo que passando novembro tudo melhora, enquanto isso, vou postando esporadicamente, quando a inspiração vier *-*'



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PHIL

Já estava ali a quantas horas ? Duas, três ? Não fazia ideia, mas definitivamente aquilo estava demorando mais do que previu, remexeu-se inquieto na cadeira. Aquele era o teste da paciência.

Um homem alto, de cabelos grisalhos e um ar meio alcoólatra entrou na sala – Phillip Coulson - falou com um sotaque extremamente arrastado e parecia preferir estar morto a estar ali. Fitou Coulson e só então puxou a cadeira defronte ao mesmo, sentando-se.

Phillip estava com o mesmo ar fúnebre do detetive a sua frente.

– Esse é mesmo o seu nome ? – o homem tornou a questionar, parecia quase intrigado pela figura que repousava a sua frente, afinal, ele era um completo fantasma; as digitais não deram em nada, assim como o reconhecimento facial, e o nome não constava em nenhum sistema do mundo... Era como se Coulson não existisse e aquela conversa não passasse de uma piada de mau-gosto.

Phillip permaneceu em silêncio, encarando o detetive com certo tédio.

– O que é aquela menina ? E aquela mulher ? – o homem parecia um tanto desesperado por respostas, possivelmente porque repórteres inconvenientes estavam no seu pé. Aquele “episódio” já tomara proporções que o detetive Riffel não estava particularmente interessado em ter que lidar, diferentemente dos demais detetives, agentes, e afins, Simon Riffel gostava de manter as coisas simples no seu distrito e ter pouco o nenhum trabalho. Odiava notoriedade.

Silêncio foi o que recebeu, embora os olhos inteligentes de Coulson brilhassem em sabedoria.

– Você acha que está protegendo-as ao fazer isso ? – detetive Riffel lançou outra pergunta, tamborilando os dedos sobre a mesa metálica e esquadrinhando a feição de Phillip – Elas serão caçadas feito animais, eles não irão parar e não haverá nada que eu possa fazer para ajudá-las – tentou tocar na parte “sensível” do homem, mas apenas recebeu um olhar gélido como resposta. Ameaçá-las não era a coisa mais sensata a ser feita e cada músculo de Coulson dedurava isso.

– Já estamos rastreando o dinheiro que você usou para pagar todos os procedimentos feitos naquele hospital – parou por um segundo, puxando a pasta que pusera sobre a mesa e abriu na parte de interesse – Três cirurgias, uma sendo emergencial, duas por perfuração à bala, uma laceração, um braço quebrado, um leito na ala psiquiátrica e cerca de dez curativos – ditava, arqueando as sobrancelhas como se estivesse realmente surpreso – Deve ter sido cara essa conta e uma festa bem animada – concluiu com desdém.

Nada, Phil Coulson era um verdadeiro túmulo.

– Se encontrarmos a origem do dinheiro, antes que você nos diga qualquer coisa útil, eu não poderei fazer mais nada por você, nem pelos seus amigos do hospital – falou num ar feroz e notou pela cara de Coulson que ele não contava com aquele detalhe – Você não achou que fossemos deixá-los de fora né ? – Simon sentiu que tinha fisgado Phil bem ali e prosseguiu naquela linha de interrogatório – Melinda May e Grant Ward – falou o nome dos agentes, fazendo Coulson cerrar as mãos sobre o colo.

Tudo que Coulson desejava era socar a cara daquele suíço alcoólatra desgraçado. Sua May precisava descansar e não ser interrogada por algo que ela nem fazia ideia de ter acontecido. Onde estaria o maldito do Gonzalez ? Aquele era um péssimo momento para o homem deixá-lo na mão.

Controlou sua fúria e permaneceu em silêncio, quando Simon notou isso, bufou e levantou-se de forma contrariada, deixando a sala.

MAY

May não estava nada feliz, passar por uma cirurgia não fazia parte dos seus planos quando entrou naquele complexo. A chinesa era do tipo que fazia seus próprios curativos, odiava estar a mercê de outro ser humano, sua autossuficiência sempre falava mais alto. Acordar e não dar de cara com Coulson também não melhorou seu humor, mas para finalizar com chave de ouro, ficara sabendo do episódio envolvendo Skye, melhor dizendo, Ward havia mostrado-a as filmagens já que era a única coisa que passava na televisão Suíça no momento.

Tentou sair do leito, mas foi “impedida” por Grant que delicadamente a incumbiu alguma razão, afinal, havia mesmo acabado de sair de uma cirurgia e possivelmente tivesse no mínimo três órgãos remendados. Não seria de nenhuma ajuda, para ninguém.

– Onde eles estão ? E Coulson ? – questionou altivamente, enquanto Ward mancava até a cadeira ao lado da chinesa.

– Eu não sei, quem me falou tudo foi uma tal de Leah, eu juro que estou tão no escuro quanto você, mas nenhum dos outros estão aqui – respondeu sinceramente e suspirou, levando ambas as mãos até os cabelos. Seria muito pedir por um pouco de tranquilidade ? Não precisava nem ser muitos dias, apenas um estava de bom tamanho.

– Deve ter um motivo para ela ter feito isso, Lincoln, ela ficou sabendo sobre a morte dele ? – May questionou de forma incerta, tudo bem que perder Lincoln foi um baque forte para todos, mas duvidava que fosse o suficiente para a jovem perder o controle daquela forma.

– Eu não sei, mas ela nos colocou na maior enrascada... Não que isso seja uma novidade – o moreno resmungou com amargura.

A asiática franziu o cenho e realmente quis bater no agente, afinal, se fossem ver quem tinha mérito na culpa, SHIELD ganharia – Nós a pusemos nessa enrascada, todo o resto é nossa responsabilidade – rebateu ferozmente.

Ward tinha até uma frase preparada mas foi interrompido quando Miles entrou no quarto feito uma bala de canhão; sem chamar atenção, mas causando um grande estrago.

– Eles estão vindo atrás de vocês – ele falava de modo apressado, usava um jaleco e uma máscara, possivelmente se passando por um médico.

– Quem ? Quem está vindo ? – tanto May, quanto Ward questionaram.

– Todo mundo, CIA, MI6, a inteligência Russa, Chinesa, todo mundo – ele dizia, coçando a têmpora – Temos que ir – anunciou e olhou pelo corredor, vendo que dois grandalhões, que, com certeza não eram enfermeiros, aproximavam-se. Eles pareciam checar quarto por quarto, já que Miles havia invadido o sistema do hospital e trocado o nome dos pacientes, eles teriam que ir de um por um até encontrar a dupla, o que os daria dois minutos, no máximo, para escapar.

– Ok ... – pensou alto e tirou o jaleco, assim como a máscara, passando-o para Ward – Eu vou atrasá-los, enquanto você empurra a maca de May, pegue a saída de emergência, tem sempre uma ambulância de prontidão – falava num ar nervoso e considerava que apenas essas dicas fossem ser o suficiente, afinal, Ward era um superespião.

– Por que você está fazendo isso ? – May indagou, com confusão.

– Porque é minha culpa – ele admitiu e deu de ombros, saindo do quarto e indo arrumar alguns problemas.

MIKE

Uma linha de suor marcava a testa do negro. Estava nervoso como nunca antes estivera na vida e chegava a tremer um pouco segurando no volante do veículo.

– Calminha aí, essa cara de contrabandista de arma não nos fará passar pela fronteira – Victoria, sempre muito positiva, avaliou. O lançando um olhar minimamente desdenhoso.

Fitz e Jemma eram outros que denunciavam todo aquele plano, eles não eram bons mentirosos, todos, absolutamente todos sabiam desse pequeno detalhe e mesmo assim, lá estavam eles, tremendo no banco traseiro enquanto aguardavam na fila de carros que tinham intenção de deixar a cidade de Berna.

– Parece ter bastante policiamento né ? – Fitz avaliou, com a voz meio falha.

Jemma concordou e fez menção de pôr a cabeça para fora, para vomitar, sendo puxada por Victoria.

– Controlem-se, agentes! – a mulher ralhou com a dupla, olhando-os de forma séria. Fitz-Simmons idolatravam aquela mulher e nunca foram repreendidos por um superior, então imagine a cara de vergonha da dupla.

– Perdão, agente Hand – disseram em uníssono.

– Eu não me importo se vocês são irmãos, primos, ou se ele é seu maldito pai, quando aquele policial vier revistar esse carro a boca dos dois estarão unidas, impedindo que gaguejem e nos mandem para a prisão! – ordenou e eles apenas concordaram, nunca diriam não para uma ordem tão direta quanto aquela e bem, o plano não era tão ruim assim.

– Não somos irmãos – Jemma sussurrou baixinho.

– Você tem superforça, agora crie fibra também – Vicky incentivou Mike, que respirou profundamente antes de aproximar o carro do pedágio.

A ruiva ajeitou o terninho muito elegante sobre o tronco e sorriu de forma vitoriosa, Tripp parecia muito grogue pelos remédios para causar algum problema.

– Bom dia – Mike falou, lançando para o policial um sorriso tenso enquanto o entregava os passaportes dos ocupantes do veículo.

O homem avaliou o passaporte e os demais passageiros, Victoria parecia uma dondoca incomodada com a demora daquela “vistoria”, enquanto Fitz-Simmons realmente se beijavam e Tripp fingia dormir.

– Qual o motivo da sua visita ? – o oficial questionou com o cenho franzido.

– Uma viagem em família, eu, meu esposo e nossos filhos, menos aquele carinha ali que está engalfinhado com a minha filha – Victoria era uma completa atriz e rapidamente respondeu, de uma forma bastante convincente.

A boca de Mike estava seca, tamanho era seu nervosismo.

“Os suspeitos acabaram de pular no rio Aar, sem sinais de sobreviventes” uma voz estridente ecoou no rádio. Todos dentro do carro perderam uma batida do coração, enquanto o policial sorria, com certo divertimento.

– São vinte euros – falou mais descontraído, entregando os passaportes para o moreno semi-catatônico.

Victoria ao notar que o homem demoraria a reagir, pegou os passaportes e tirou o dinheiro ela mesma, entregando-o para o policial. A mulher também pressionou a coxa de Mike bruscamente, tentando chamá-lo para a realidade - Vamos, querido – falou num ar extremamente falso e só então Mike acelerou, enfim cruzando a fronteira. Parou um pouco mais a frente, sentia-se incapaz de dirigir. Quem assumiu o volante foi Victoria, enquanto todos afundavam no mais profundo silêncio, sendo tirados dele instantes depois, pelos soluços convulsivos de Simmons.

KATHERINE

Após aqueles quatro carros, surgiram mais, para ser mais precisa, cinco carros a mais. Katherine não estava em bons lençóis e sabia disso. Primeiro, não poderia sair matando oficiais suíços, isso seria bem errado. Segundo, não conseguiria despistá-los, já que não ficava invisível e quanto mais desabilitava os carros, mais deles apareciam. Aquele jogo estava ficando chato e Kate entediada. Mas o gran finale ainda estava por vim, para completar sua trágica situação, eles enviaram um helicóptero que lançava uma luz nauseante na direção da Inumana, embora fosse manhã e eles não necessitassem daquilo. Bem, não poderia desabilitar um avião sem matar as pessoas dentro dele, o que a voltava para a situação número 1.

Coçou a têmpora, enquanto uma onda de tiros vinha em sua direção, era difícil pensar enquanto era alvejada (não que sentisse), apenas o barulho a incomodava um pouco.

Vá por debaixo da terra” sua voz interna a recomendou.

Mas eu precisa respirar nesse estado, quanto tempo consigo segurar o fôlego ?” divagou e chegou a conclusão que conseguiria prender a respiração por quatro minutos, tinha que ser o suficiente. Teria que ser. Encheu o pulmão de ar e parou de planar sobre os carros, emergindo completamente na avenida.

Diferentemente do que alguns podem pensar, intangibilidade não foi um dom muito agradável de se aprender a lidar, a jovem Katherine vivia caindo dentro de bueiros, despencando do próprio quarto e caindo na sala, destruindo todos os aparelhos eletrônicos da casa ... Foi um inferno na terra, então conseguia entender como Skye sentia-se com aquele dom em particular, pelo menos o seu não causava problemas a outras pessoas, já o de Skye afetava a todos. “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades” e Katherine tinha certeza que Skye era mais do que adequada para ter um poder daquela magnitude.

Pensava nisso enquanto seguia pela avenida, com sorte, em linha reta. Já sentia falta de ar e resolveu pôr a cabeça para fora, em busca de oxigênio. Nenhum carro da policia ou helicóptero. Sorriu e abaixou-se novamente, precisava se apressar caso quisesse ingressar naquele quinjet.

WARD and MAY

Tentar não mancar era a parte mais difícil, mas nada que boa vontade e um pouco de morfina não tenha ajudado. May fingia ser uma paciente, enquanto Ward empurrava a maca dela na direção contrária aos agentes, realmente esperava que Miles soubesse o que estava fazendo ou aquilo não terminaria muito bem. Entrou no elevador instantes depois de ver Miles esbarrar na dupla e fingir uma convulsão, o que foi particularmente engraçado.

Mantivera a cabeça baixa, afinal, não queria correr o risco de alguém o reconhecer ou melhor dizendo, não o reconhecer como sendo um médico dali e bastou a porta abrir para sair empurrando a maca de May até a saída de emergência, como dito por Miles, havia mesmo uma ambulância de prontidão, assim como um motorista, que bastou ver o “médico” com a paciente para iniciar o veículo. Ward fingiu ir falar com o senhor e num movimento rápido chocou o rosto do mesmo contra o volante, apagando-o instantaneamente. Encostou-o contra a parede e acelerou a ambulância, ligando até as sirenes para as pessoas o darem passagem.

– Vamos para onde ? – May indagou, fizera um malabarismo e já estava sentada ao lado de Ward. Repouso era algo que não entrava em seu dicionário.

– Isso tem rádio – o moreno pontuou e May rapidamente soube o que ele pretendia.

Pegou o aparelho e foi girando até estar na frequência segura da SHIELD, torcia para não terem decolado aquele quinjet ainda, necessitariam de um lugar seguro para pensarem num plano de extração para Coulson e Miles.

– Mike ? Katherine ? – chamou, com certa expectativa. Nenhuma resposta. – Alguém ? – tentou mais uma vez.

– May Fu ?! – Hunter respondeu com a voz falha e meio arrastada, parecia estar em extrema dor, mas o sarcasmo (felizmente) não sofreu nenhum dano – Se juntando a festa ? – questionou.

– Onde estão os outros ? – a chinesa decidiu ignorar a pergunta e a piada do inglês, mas pôde ouvi-lo suspirar do outro lado, fato que comprimiu ainda mais seu coração.

– Eu não sei, eles deveriam nos encontrar aqui – admitiu.

– Precisamos de uma carona nesse quinjet, Hunter, as agências de todos os países estão na nossa cola, Coulson vai precisar de ajuda – falava de forma apressada, sempre atenta a estrada a sua frente, enquanto Grant fazia umas manobras que muitos julgariam impossíveis para uma ambulância.

– Por que não usaram o Gordon ?! – indagou com certa confusão, parecia bem mais óbvio e prático.

– Merda! – May vociferou, esquecera completamente dos Inumanos na ala psiquiátrica, assim como Eric na enfermaria, olhou para Ward de forma suplicante, mas recebeu apenas um manear negativo com a cabeça.

– Não podemos voltar, May, eles já devem estar longe a essa altura – tentou persuadir a asiática, que parecia travar uma luta entre seu bom senso e seu instinto – Estaremos aí em quinze minutos, Hunter – o homem tomou o aparelho da mão de May e desligou.

– Você não sabe o que farão com eles, caso os peguem! - a chinesa agitou-se no assento, inquieta.

– Eu sei o que farão conosco, caso nos peguem, e sei o que farão com Coulson caso ele saia da jurisprudência da policia Suíça. May, se a CIA puser as mãos nele estamos perdidos - falou entre dentes, sua perna doía como nunca antes, mas a adrenalina que se apoderou do seu corpo o impedia de sentir muito bem qualquer coisa.

– Eles pegaram Miles... - a mulher divagou, cada fibra do seu corpo parecia sangrar.

Passaram por muitas coisas; inumanos, assassinos, supersoldados, vilões, mas se pusesse numa balança, aquilo era muito pior, infinitamente pior.


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