O outro lado da moeda : Skye escrita por Blake


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Daisy McGonagall Dumbledore,meu primeiro comentário,obrigada,e espero que continue a acompanhar.



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SKYE

Apoiava-se no colchão na tentativa de sentar, a visão estava turva e demorou algum tempo até recuperar todos os sentidos, não sabia por quanto tempo havia ficado desacordada e seu primeiro instinto foi levar a mão até o sutiã, o chip não estava lá; toda a cor do seu rosto se dissipou.

A porta foi aberta e de forma hábil a garota já estava de pé, encostada ao lado da parede, num ar defensivo, mas não agressivo. Coulson a encarava e ela sustentava seu olhar, abandonando a performance de garota ingênua, eles já sabiam mesmo, não tinha porquê continuar naquela farsa.

– Sente-se – ele falou pacientemente apontando para a cadeira e só após a garota ocupar o assento, ele sentou-se. May permaneceu em pé ao lado do homem, parecia um pitbull e Skye bem sabia que se sequer coçasse a cabeça de uma forma ameaçadora a mulher a derrubaria daquela cadeira num piscar de olhos, embora também houvesse observado que eles não haviam trazido nenhuma arma de fogo, considerou aquilo um bom presságio.

– Qual é seu nome ? – ele iniciou no seu costumeiro tom pacifista, mas havia algo assustador em sua feição dessa vez.

– Skye – respondeu prontamente – Apenas Skye – completou como se lesse o pensamento do mais velho, sua feição era uma máscara intransponível, fora treinada para todos os tipos de interrogatórios, pelo menos daquela vez não estava tentando burlar a máquina, estava sendo sincera.

– Pra quem você trabalha ? O programa red room ainda está ativo ? – ele indagou e mesmo que tentasse disfarçar, a garota notou um certo nervosismo em seu tom.

– Eu não trabalho para ninguém e não sei que programa é esse – respondia de forma evasiva, porém completamente honesta e Coulson parecia saber que ela não mentia, mas não estava completamente satisfeito com as respostas que estava recebendo.

– Então quem a treinou ? Tiros, venenos, facadas ... Alguém se esforçou pra te fazer resistente – ele prosseguiu, não se importando em impor um tom irritadiço a sua sentença.

– Eu não sei – retorquiu e seus olhos transmitiam uma ira capaz de incendiar toda aquela sala – Num dia eu estava no orfanato, no outro estava enfileirada atrás de uma dúzia de outras crianças e a única coisa que nos disseram foi que aquele seria nosso novo lar – finalizou. Odiava relembrar seu passado.

– Conte-nos tudo que você sabe sobre esse programa – ele ordenou e apesar da carranca séria, havia uma certa ternura em seu timbre.

Encarou o homem por longos instantes, suspirando pesadamente – Eu tinha cinco anos quando fui levada para o programa, tínhamos que treinar por horas a fio, não só o corpo, mas também a mente. Nos ensinam a lidar com todo tipo de armamento, ter resistência e principalmente, nos ensinam a matar – jorrava aquelas informações num ar nostálgico, doía lembrar-se de tudo aquilo, de todos aqueles torturantes anos – Os primeiros anos são os piores, é uma surra atrás da outra, por qualquer mínimo erro, mas depois de apanhar, você aprende a bater e a bater sem piedade. Eles nos tiram qualquer empatia pela vida humana, inclusive a nossa – pausou e manteve os olhos perdidos no nada por algum tempo, a lembrança que surgiu na sua mente a fez perder o fôlego por alguns segundos – Quando fiz dez anos eles me levaram, junto com mais sete ou oito outras crianças até essa floresta, lá eles nos deram um mapa, uma garrafa de água e um tiro. Se não estivéssemos no ponto de encontro, mostrado no mapa, em três dias, morreríamos na floresta. Aquele era nosso teste ... Só três de nós retornaram – contou aquela história com um pesar enorme, mas não derramou sequer uma lágrima, não sabia o que era chorar a muito tempo. Eliminara todo sinal de fraqueza da sua vida.

May e Coulson apenas ouviam aquele relato num ar de descrença, não descrença no que a garota dizia, mas descrença que alguém fosse realmente capaz de fazer tal atrocidade.

– E quem vocês deveriam matar ? Quais eram os objetivos dessa organização ? – Coulson pressionou.

– Ministros, embaixadores, empresários, juízes, terroristas, ativistas ... Só alvos de alta importância e que fossem contrários aos objetivos do grande Uncle Sam. Hackeavamos sistemas, colhíamos segredos, chantageávamos pessoas, alterávamos dados das bolsas de valores estrangeiras para favorecer a pátria-mãe ... Fazíamos o que nos mandavam fazer – respondeu num ar cansado e meio irônico, enquanto fitava as próprias mãos.

– O presidente nunca sancionaria algo assim – Coulson foi enfático na sua afirmação.

– Presidentes vem e vão,Sr., a única coisa constante são os segredos - respondeu num tom paciente e compenetrado.

– E por que uma organização tão importante assim nunca surgiu no nosso radar ? – ele prosseguiu na sua urgência por respostas.

Skye deu um meio sorriso, mas era um sorriso triste – Porque ninguém se importa se estamos vivos ou mortos, ninguém sabe quem somos, por isso nos chamam de Ghost’s ... E o mais importante, não cometemos erros – umedeceu os lábios, antes de prosseguir – Se eles querem um acidente é exatamente o que recebem, suicídio, latrocínio ... E tenho minhas suspeitas de que eles têm a maioria dos policiais em seus bolsos – finalizou, recostando-se na cadeira.

– É isso que você tem naquele chip ? Evidências contra essa organização ? – ele questionou e tirou o pequeno objeto do bolso.

A morena fitou-o e ergueu os olhos até o homem, tinha uma certa fúria em sua postura o que fez May empertigar-se inteira – A única coisa que você precisa saber sobre esse chip é que ele não é da conta de ninguém e isso inclui você – respondeu de forma destemida e Coulson notou que ele não conseguiria nenhuma resposta vinda da garota.

– Mesmo assim irei mantê-lo, você parece ter um certo apego – ele tentou tocar num ponto sensível, não conseguiu.

– Do que ele servirá se você não consegue quebrar minha encriptografia ? – retrucou num ar sarcástico e Coulson teve plena certeza de que gostava daquela menina, ela era uma incógnita que ele estava determinado a solucionar.

– Quantas pessoas você já matou ? – aquele interrogatório parecia estar durando séculos,tentava se manter paciente, mas estava se tornando difícil.

– Diretamente duas – novamente fora evasiva

– E indiretamente ? – o homem questionou prontamente.

– Muitas – disse com a voz falha, o nó que isso lhe trouxe a garganta fora difícil disfarçar. Ele pareceu notar pois franziu o cenho, quase como se decidisse se tocava naquele assunto, tinha a impressão de que aquele era o ponto sensível de Skye. Convenceu-se que valia a tentativa, afinal, qualquer informação era valiosa.

– Como assim ? – mais uma vez ele pressionou, recebendo um olhar vazio da garota.

– Isso também não é relevante pra você – sibilou num tom baixo, dando ênfase a cada sílaba que saia dos seus lábios.

– O que pretende fazer comigo ? – fora a sua vez de fazer uma pergunta, estava cansando-se daquilo e sinceramente, considerava que uns anos na prisão não fossem tão ruins assim.

– O que você pretende fazer conosco ? – May falou e aquilo fez toda sua espinha congelar, até falando a mulher parecia perigosamente letal.

– Nada – respondeu enquanto seus olhos encontravam-se com os globos escuros da chinesa, conhecia aquele tipo de escuridão encoberta em toda aquela pose de assassina impiedosa, pois assim como May, Skye tinha o mesmo olhar. Tinham cicatrizes semelhantes e ambas sabiam o quão perigoso isso as tornava.

– Eu tenho a agent Simmons no meu ouvido, dizendo que você está dizendo a verdade, mas mesmo assim eu acho difícil acreditar, você pode até ter dito a verdade, mas isso não é tudo ... Você está escondendo mais alguma coisa – Coulson tecia suas divagações e era possível ouvir seus neurônios pensarem no próximo movimento.

– Todos nós estamos escondendo algo, Sr. – disse simplesmente, deixando a ideia vagar pelo cômodo.

– Mas diferentemente dos demais, eu não confio em você, e especialmente não confio em você solta na sociedade que eu tento tão arduamente proteger, enquanto eu não souber suas reais intenções você não irá a lugar nenhum – ele finalizou num tom sério, cerrando ambos punhos sobre a mesa.

Skye apenas concordou com a cabeça, sabia que eles não a deixariam sair livremente dali, tinha um senso de realidade bastante apurado. Olhou ao redor e tornou os olhos para o mais velho – Já fiquei em ambientes menores – retrucou de forma destemida e Coulson sorriu, mas era um sorriso que sugeria algo a mais.

– Agent Simmons, traga nosso novo dispositivo até aqui, por favor – ele pediu e em poucos minutos a garota britânica entrava na sala com uma espécie de pulseira. Todos seus sentidos ficaram em alerta e aquilo possivelmente ficou visível em seu rosto.

– Isso é a nova invenção dos agentes Fitz-Simmons, uma pulseira munida de GPS e que além de checar seus sinais vitais, vai monitorar todas suas atividades online – ele ditava as mil e uma utilidades do adereço num ar calmo e quase entediado – Mas a melhor parte é que se você tentar fugir ele também é programado para lhe dar um choque de 120 volts, com uma corrente elétrica de 20 miliampères ... Você é inteligente o suficiente para saber que não será uma boa ideia optar por essa opção – ele não parecia confortável em ameaçá-la daquela forma, mas não parecia haver outra alternativa – Quando você se provar digna de confiança, estará livre para partir, sem a pulseira, claro – ele tentou se “justificar” enquanto abria o dispositivo e fazia menção de pô-lo no braço da morena.

Skye tirou as mãos de cima da mesa e as acomodou no colo, enquanto olhava descrente para Coulson – Vocês não são tão diferentes deles no final das contas – afirmou num ar abatido antes de estender o braço e ter a pulseira conectada. Fez uma careta quando sentiu algumas agulhas perfurarem seu pulso, possivelmente pra dissipar melhor o choque. Tentava desesperadamente imaginar o que o futuro a reservava, mas em nenhum dos cenários que montou, os finais eram bons.


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