Lucas chegou cedo ao local, até para dar uma observada. Era isso. Nada demais. Uma pizzaria, grande, bem-cuidada, animada por quatro bonecos animatrônicos. Uma galinha, um urso, uma raposa e um coelho. Pessoalmente, Lucas não gostava muito desses bonecos, eram muito assustadores. Mas esses... quase pareciam... tristes...?

–E então? Impressionantes, não são?

Lucas se virou. Atrás dele, um rapaz pouco mais velho que ele, com um uniforme roxo e um distintivo amarelo. O olhar dele era meio... estranho. Lucas olhou com atenção. Olhos arregalados, porém inteligentes e afiados. Sorriso um pouco psicopata. E um curativo no dedo indicador.

–Depende do que você considera impressionante.

–Eu adoro animatrônicos. Fiz vários cursos de mecânica; você deve ser o segurança noturno, não é?

–Si-sim. Mas... quem é você?

–Me chame de Purple. Roxo é uma cor interessante.

–O-ok.

–Bem, seu turno começa em 5 minutos. Melhor você se arrumar. E tenha uma excelente noite. Mas preste atenção: os animatronics não são o que parecem ser.

Lucas não estava prestando muito atenção; estava novamente olhando para os animatronics; mas a essa fala, ele se virou, mas Purple já tinha ido embora.

“Não são o que parecem ser?”

São 11:57.

–Lucas! Meu garoto! Venha aqui!

Lucas virou-se. Era um senhor baixinho, aparentemente pela casa dos 50 anos, mas com cara de simpático. Sorridente, segurava com cuidado um tablet e um controle remoto, junto com uma lanterna.

–Aqui estão seus equipamentos. São 11:59. Para impedir qualquer adolescente engraçadinho de tentar entrar aqui, eu irei trancar a pizzaria inteira, mas às 6 da manhã eu voltarei e destrancarei. Se você terminar a semana de trabalho, você pode trabalhar mais duas noites aqui. Alguma pergunta?

–Não, senhor, obrigado.

–Então divirta-se!

Lucas achou estranho; com certeza, passar seis horas trancado com robôs não era exatamente uma diversão. Pelo menos o trabalho seria fácil; e ao fim da semana ele poderia pegar seu dinheiro. Com os pensamentos distantes, ele andou até o escritório, passando pelo refeitório.

Havia um papel em cima da mesa.

O papel dizia:

“Lucas, eu lamento muito mesmo, mas infelizmente, o caminho que você traçou é sem volta. É uma pena, poderíamos ter sido grandes... amigos...”

A última palavra estava rabiscada; embaixo, onde deveria haver alguma assinatura, havia apenas uma espécie de desenho, feito com... sangue.

Lucas largou o papel no chão, assustado.

Correu até o escritório, sentou na cadeira.

“Deve ser a atmosfera.”, pensou ele, desesperado e ofegante, “deve ser a atmosfera desse lugar maldito.”

Em algum lugar, sinos soaram.

“Sua primeira noite começou, Lucas.”