Angelica estava na frente da pirâmide de Ahm Shere, admirando o enorme diamante quando do nada o Senhor Khalid surgiu e a ergueu pelo pescoço.

– Agora é a sua vez! – Ele disse e a Sra. Crawford, mãe de Helena, a esfaqueou.

Angelica acordou com um pequeno grito. O livro O Retorno da Múmia estava na sua barriga. “nunca mais leio isso antes de dormir!”. Ela pensou. O que será que Evelyn quis dizer com “os livros são reais”?

~.~

Helena também estava próxima da verdade. No quarto da sua mãe, atrás de um armário, Ela encontrou uma passagem na parede. Estava escuro e ela tropeçou numa caixa. Ao abri-la ela encontrou um livro dourado com o olho de Hórus na capa. Em seguida, Alguém agarrou seu braço. Era sua mãe.

– Aqui não, filha – Anck su namun disse, puxando Helena para fora.

~.~

Angelica andava apressada a caminho da casa dos O’Connells.

– Evergreen! – Imhotep apareceu na frente dela.

– Senhor Khalid! - Angelica se assustou – Nossa! não o vi chegar.

– Ah, mas essas garotas são confiantes demais! Trabalhando, vivendo sozinhas, andando sozinhas... Porque não chama alguém para acompanhá-la? Este mundo é mais perigoso do que o seu.

– O mundo não é perigoso, homens são - Ela sorriu nervosamente, tentando apagar qualquer efeito rude das palavras.

Não funcionou. Imhotep sentiu a leve indireta e a fitou. Ela tinha os olhos de Rick. Olhos que buscavam uma saída, ansiosos.

– Nem todos os homens. – Ele disse. Porque Seth havia dado poderes para matá-la quando ele podia simplesmente lhe torcer o pescoço num estalar de dedos? De qualquer forma, ele iria “guiá-la até sua morte” usando a hipnose que Seth lhe concedera.

– Angelica – Ele a olhou nos olhos – Escute a minha voz, minha voz é seu comando agora – Os olhos dele brilharam.

Angelica levou a mão à garganta e o sol refletiu na sua pulseira de Isis. Aquilo distraiu Imhotep, mas ele continuou.

De repente, um falcão mergulhou entre eles, e num grito estridente arranhou o rosto de Imhotep com suas garras.

– O que houve? - Angelica perguntou ao despertar do transe.

Khalid tinha um ferimento na face, Angelica pegou um guardanapo e ofereceu a ele.

–Não me toque! – Imhotep saiu furioso.

Para a surpresa de Angelica, o rosto dele estava curado quando saiu. Ela podia jurar que estava sangrando.

~.~

Quando Angelica chegou, Os O’Connells e Ardeth lhe deram as boas vindas. O pai dela, Carlos, também estava lá.

– Angelica! Você esta viva! – Carlos estava aliviado ao vê-la.

– Porque você esta aqui? – Angelica perguntou a ele.

– Nós precisamos te contar uma coisa. É sobre quem você é. – Rick disse a ela.

– Querida, Você não é minha filha biológica... Eu... Estava saindo com outra mulher quando sua mãe ficou grávida. – Carlos se envergonhou.

– Porque não me surpreendo? – Angelica disse irônica. Ver o seu pai novamente deixava-a tensa.

– Eles – Carlos apontou para Rick e Evelyn – são os seus pais verdadeiros.

– Isso não é possível... Eu nasci da minha mãe. Ela me amamentou! – Angelica sentiu indignação.

– Algo aconteceu Angelica. Algo mágico que te tirou de mim e a levou para Sarah – Evelyn disse gentilmente.

– Acreditamos que foram os deuses egípcios. Eles mudaram você do útero da Evelyn para o da Sarah. Também trouxeram você e Helena para cá. – Carlos explicou.

– Como pode meter a mamãe nessa loucura? – Angelica disse furiosa.

– Angelica, eu também não acreditei no começo, mas temos provas. – Rick disse. Não gostava do rumo sobrenatural que a conversa estava tomando.

– Faz parte do seu destino Angelica. Você pode sentir a verdade, sinta agora – Ardeth a aconselhou.

– Não preciso sentir nada aqui – Com os olhos umedecidos Angelica se virou para Carlos – Se você não quer ser meu pai, ótimo! Eu não preciso mais de pais. – Ela olhou para os O’Connells.

– Por favor – Evelyn disse – Você esta em perigo. Meus livros são verdadeiros. Khalid é a múmia e ele-

– Já chega! – Angelica se dirigiu para a porta. Evelyn tentou segui-la, mas Rick a impediu. Ele também era um órfão. Sabia que Angelica precisava de tempo.

Carlos foi atrás dela.

– Angelica, Espere! – Carlos gritou.

– Me deixe em paz!

– Filha… - os olhos dele se umedeceram - Eu mereço o seu ódio. Mas se você não pode me ouvir, ouça a sua mãe – Carlos entregou um diário a ela. Era o diário de Sarah. Junto com ele estava um envelope escrito “para Angelica” na caligrafia inconfundível de Sarah.

– Ela me disse para te entregar isso quando fizesse 18 anos. Eu falhei com você. Perdão.

Lágrimas desceram da face dele. Angelica pegou as coisas da mãe e foi embora.

~.~

Na mansão Crawford, Helena queria respostas.

– Mãe, é sério que não vai me dizer o que era aquilo?

– Já disse. Não é nada – Anck su namun disse sem a encarar.

– Mas...

– Senhora Crawford, essa garota estava lá fora, disse que é amiga de Helena – Uma servente as interrompeu.

– Olá – Angelica forçou um sorriso – Desculpe, mas eu preciso mesmo falar com a Helena.

Helena e Angelica foram conversar em particular.

– Meu pai esta aqui – Angelica disse, com a voz partida.

– Meu Deus! Ele te machucou?

– Pior. Veio dizendo que eu... Eu fui adotada...

– Mas que diabos?!

– Lena, estou cansada disso. Quero voltar pra casa! Vim aqui para chamar você para ir comigo.

– Angel... Não posso ir pra casa porque – Helena sorriu – já estou em casa. Achei meus pais!

– Acredita mesmo neles? Eles podem estar mentindo, é tudo o que as pessoas sabem. Aquela história de...

– Eles não mentiram pra mim! Não é minha culpa se sua vida não esta bem! – Helena deu de ombros.

– O que? – Angelica foi surpreendida.

– Quer dizer... Bem... Não precisa ter ciúmes... – Helena tentou consertar, mas era tarde.

– Isso é besteira – Angelica sorriu nervosamente – Nunca tive nada que você...

– Você sempre teve seus pais com você! Não faz ideia de como é ser sozinha, acreditar que você foi abandonada como lixo, estar com pessoas que não se importam!

– Lena... Pelo amor de Deus...

Imhotep entrou furioso na Mansão.

– Não consegui mata-la de novo! – Ele esbravejou

– Fale baixo, Helena esta aqui! – Anck su namun o avisou – matar quem?

– A filha dos O’Connell.

– Por quê?

Naquele momento, eles ouviram um estrondo e um grito. No outro cômodo, Angelica havia caído das escadas, após Helena usar seus poderes nela.

– Droga! Te machuquei? – Helena apareceu no topo da escadaria

– Estou bem. – Angelica disse enquanto a Sra. Crawford a ajudava a se levantar – Eu deveria ter ficado em casa.

– Angel, desculpe! Não consegui controlar...

– Já entendi! Vou embora! – Angelica disse impaciente, segurou suas costelas e respirou fundo para conter a dor – desculpe pela bagunça, Sra Crawford, Adeus. Sr. Khalid.

A sra. Crawford ofereceu uma carona a Angelica mas ela recusou. Depois de conversarem com Helena, Imhotep e Anck su namun foram falar em particular.

– Porque você quer matar Angelica? – Anck su namun perguntou.

– Se esqueceu do que os O’Connells são capazes?

– Mas... Ela não acredita nisso. Além do mais não teríamos achado Helena sem ela.

– O próprio Deus Seth me pediu para mata-la. Disse que eu jamais governaria o mundo enquanto ela respirasse.

Anck su namun se sentiu frustrada. Imhotep ainda possuía aquela sede de poder que acabou por separá-los. Ela quase havia matado Angelica antes e se arrependeu disso. Ela não queria voltar para o submundo. Imhotep desapontou-se com a falta de apoio dela.

~.~

Quando Angelica chegou ao seu pequeno apartamento, se sentiu completamente desolada. Ouviu uma pequena batida na janela. Era um falcão. Ela deixou a ave entrar, era mansinho, não podia ser o mesmo de antes. Mais tarde ela leu a carta de Sarah:

“Minha querida filha,
Feliz aniversário!

Se esta lendo isto, Eu parti. Por favor, não se rebele contra Deus ou com a vida, pois os dois agem de maneiras misteriosas. Aposto que você floresceu numa linda mulher. Queria vê-la e falar com você olhando nos seus olhinhos.

Você é tão especial minha menina. Eu te recebi de dois seres incríveis pensei que eles eram anjos, mas são algo mais complexo. Elas me disseram que você conheceria seu destino agora, em outro mundo. Eu escondi isso de você junto com os desenhos que você fez delas no meu diário. Eu fiz isso porque queria que você fosse apenas minha. Perdoe-me.

Queria tanto estar com você para ajudar.

Qualquer que seja o seu destino, nunca se renda aos seus medos minha querida. Por favor, não ouse depender de nenhum homem ou deixar algum fazê-la de idiota. Não sofra por minha causa, pois tudo o que desejo é que você seja feliz. Toda vez que olhar no espelho, lembre-se de que você é boa, suficiente e capaz. Nós todos carregamos uma cruz nessa vida e embora seja pesada e difícil, devemos continuar seguindo em frente com fé, coragem e amor. Aproveite a vida porque ela é emprestada.

Não posso te seguir pra sempre, mas meu amor pode.

Mãe”.

Angelica olhou dentro do envelope. Havia um colar com um pequeno crucifixo. O último presente de sua mãe. Ela o colocou e chorou até dormir, segurando as coisas de Sarah.

Depois de Angelica cair no sono, o falcão que ela deixou entrar se transformou na Deusa Isis. A Deusa a havia protegido de Imhotep mais cedo. Ela beijou a cabeça de Angelica, magicamente a protegendo de todo o mal que Seth poderia causar. Néftis também apareceu.

– Helena esta bem – Néftis olhou para Angelica – Elas são como nós quando éramos jovens.

– Pensei a mesma coisa – Isis sorriu – Mas éramos almas menos solitárias.

~.~

Evelyn estava ansiosa.

– Sinto que a perdi de novo! – Ela disse a Rick.

– Um passo de cada vez, amor.

– Talvez... Eu posso fazê-la se lembrar – Lin disse.

– Como se ela nem havia nascido? – Alex perguntou.

– Uma flor de Lótus pode trazer as memórias da alma – Lin explicou.

– Não é justo. Vamos esperar – Rick aconselhou.

– Não podemos esperar, Ela corre perigo! – Evelyn disse a ele.

– Coloquei Medjais de guarda no apartamento de Angelica esta noite. Também estaremos procurando por Imhotep, ou Khalid como ele deseja ser chamado agora – Ardeth disse a eles.

~.~

Naquela noite, Imhotep sonhou com Seth novamente.

– Não é só sua culpa. Ela é superprotegida, Mas a morte a perseguirá – Com essas palavras, Seth respirou num escorpião, transformando-o numa pequena pedra vermelha. Ele deu a pedra a Imhotep e percebeu que ele pensava em Anck su namun.

– Esqueça-a. Essas vadias não podem ser leais.