O pequeno visor vibrou em um novo anúncio de strike.

— Isso não é justo, Annie. —Brincou Percy, apanhando uma bola para jogar. — É a terceira vez que derruba todos os pinos.

Ela riu, afastando alguns fios de cabelo do rosto.

— É justo sim, Jackson.

Mais cedo, Annabeth descobrira que Percy não gostava de ser chamado de Jackson. Segundo o rapaz, ser chamando pelo sobrenome por amigos era como uma bronca.

— Me chamou de Jackson? — Indagou, tentando fazer uma careta.

—Sim, Jackson.

— Agora a coisa é pessoal.

Caminhou desajeitadamente a pista de boliche, segurando a bola com as duas mãos.

— E isso, meus amores, são os segundos que antecedem a ascensão de um rei do bo...

Antes que terminasse a frase, deslizou na pista lisa e caiu. De pernas para o ar, soltou um gemido de dor, pois além da queda, batera o braço a toda velocidade na bola.

— Percy! — Gritou Annabeth, correndo em sua direção. Jason e Piper a seguiram. — Você está bem?

O rapaz fez um jóinha.

— Cara, você quebrou alguma coisa? — Jason indagou enquanto ajudava o amigo a se levantar. — O barulho do seu braço foi bem forte e...

— Não foi o braço. — Disse Percy, ainda com dor. — Foram as partes.

— A bola bateu lá?

— Afirmativo, Grace.

Jason, que antes estava a ponto de rir, ficou em choque.

— Ai. — Disse, levando o amigo para uma das cadeiras desocupadas. — Então repouse bem... você vai precisar.

Piper, que saíra sem que ninguém percebesse, voltou com um copo água em uma das mãos.

—Aqui, beba isso. — Estendeu o copo à Percy. — Não irá tirar a dor, mas...

Rapidamente, ele bebeu a água. Depois, ficou brincando com o copinho, rasgando-o em pequenos pedaços.

— Aquilo tudo fazia parte do meu plano de ascensão. —Falou o garoto, em tom de riso. — Perceberam como meu tombo foi majestoso? As pernas subindo graciosamente para o alto, a dramaticidade do meu corpo estirado ao chão...Avisem o Leo que ele acaba de perder o posto de diva do grupo

— Percy? — Chamou Jason.

— Sim.

— Cale a boca.

Todos riram juntos.

* * *

A noite já caía sobre a cidade e as estrelas, embora em pequena quantidade, cintilavam com toda a sua graça.

— Obrigada pela companhia, Percy. — Agradeceu Annabeth, em frente à sua casa. — Não precisava me acompanhar da estação do metrô até aqui.

— Não precisa agradecer, Annie. Não foi sacrifício nenhum. Além do mais, eu precisava me redimir por ter estragado a partida de boliche de todo mundo.

— Não, você não atrapalhou. Quero dizer, foi um acidente.

— Uma ascensão. — Corrigiu ele. — A ascensão de um rei do boliche.

Annabeth riu.

— Rei do boliche? Preferia quando era diva.

— Divas não podem mandar que cortem a cabeça de inimigos,mas reis...

Annabeth riu.

— Na verdade, as divas podem fazer o que quiserem. Divas mandam no mundo.

— Então uma diva não levaria um tapa no rosto se fizesse isso?

Percy se aproximou de Annabeth lentamente. Envolveu seus braços ao redor dela, trazendo-a mais para perto. Annabeth sabia o que estava prestes a acontecer, mas ao invés de recuar, fechou os olhos e esperou pelo momento. Percy estava cada vez mais perto, ela podia sentir sua respiração. Sentiu seu coração bater forte dentro do peito, como se cada segundo na espera fosse uma eternidade. Ela queria beijá-lo, queria de tantas maneiras e lugares diferentes. E sentia que Percy queria também.

Alguém pirragueou, interrompendo o momento. No mesmo instante, se separaram.

—  Annabeth. — Disse Atena, sem sequer dirigir o olhar para a filha. Seus olhos cinzentos se fixaram em Percy. —Para dentro. Agora.

E, nesse instante, ela soube que algo muito ruim viria a seguir.