O fatídico dia de sábado (in)felizmente chegara. Annabeth pensara durante toda a semana em desculpas plausíveis que pudessem justificar sua falta no passeio arranjado por Piper, mas nenhuma desculpa lhe parecia boa o suficiente. Agora, já em frente ao local de encontro determinado previamente, a garota se arrependia amargamente de ter sido tão seletiva quando as desculpas. Não fosse por sua seleta lista de boas desculpas, ela poderia estar dormindo ou assistindo aos episódios atrasados de sua série preferida. Cogitou ligar para a mãe e pedir que retornasse ao shopping para a levar para casa, mas na antes mesmo que pudesse alcançar o telefone, Piper e Jason apareceram no fim do corredor.

— Annie! — Exclamou a amiga, correndo para um abraço apertado. — Ainda bem que veio.

— Como você mesma disse, eu não tinha outra escolha. — Respondeu a loira, dando um sorriso amarelo. — Olá, Jason.

Com um aceno de cabeça, o rapaz também a cumprimentou. Jason e Piper, sem dúvida alguma, formavam um belo casal. O rapaz, que era loiro e alto, era dono de uma ética e honestidade invejável a qualquer pessoa e, apesar de namorar Piper há apenas um mês, a olhava com certa veneração e muito carinho.

— Os rapazes já devem estar chegando. — Ele disse, checando o celular. — Leo disse que o carro de seu pai está lotado de garotos.

— Pobre Hefesto. — Lamentou Piper. — Todos estarão presentes hoje?

— Sim, amor. Hoje conhecerá todos os meus amigos.

O casal se encarou e, prevendo que uma sessão de carícias constrangedoras iria começar, Annabeth desviou o olhar. Piper dissera que conheceria todos os melhores amigos de Jason ao mesmo tempo em que a amiga conheceria (exceto por um tal de Leo Valdez, que estava na casa de Jason quando a namorado fora jantar lá pela primeira vez). Passados alguns minutos, um grupo de garotos apareceu no começo do corredor em uma enorme algazarra. Quando avistaram Jason, gritaram e correram, fazendo ainda mais bagunça.

— Jason! — Gritou um garoto miúdo que se assemelhava a um elfo em versão latina. — Você não faz ideia do inferno que foi embarcar em um carro com esses brutamontes me esmagando contra o vidro.

— Menos, Valdez. — Um outro disse. Era alto e tinha um físico de alguém que já fora acima do peso a iniciara a fazer academia. Traços asiáticos preenchiam-lhe o rosto. — Você não reclamou quando eu lhe dei salgadinhos.

— Salgadinhos são vida, Frank. Quem reclamaria de receber uma dose a mais de vida?

Revirando os olhos, o garoto que se chamava Frank pousou os olhos em Piper.

— Você deve ser a Piper, não é?

— Sim, sou eu.

— Caramba, Jason não para de falar de você! — Interrompeu o garoto-elfo — Chega a ser cansativo e...

— Leo! — Jason exclamou. — Tenha modos.

— Tudo bem, mamãe. — Resmungou Leo. — E você, quem é?

Percebendo que todos os olhares se fixaram nela, Annabeth falou:

— Meu nome é Annabeth Chase, sou amiga de Piper.

Os garotos se encararam com aspecto de riso, como se escondessem um segredo dos demais. Começaram, então, a fazer apresentações para as duas garotas.

— Eu sou Leo Valdez, o mais bonito, O imbatível, O terror das garotas, O gostoso para dedéu...

— E o mais convencido, se quer saber. — Interveio o garoto asiático. — Eu sou Frank Zhang, prazer em conhecê-la.

— O prazer é todo meu. — Disse Annabeth, apertando firmemente a mão do garoto.

— Sou Charles Beckendorf, mas pode me chamar de Charlie. — Disse outro garoto. Era negro e detinha de belos e penetrantes olhos castanhos escuros. Parecia ser uma pessoa bem simpática. — Também sou meio irmão de Leo, não que isso seja algo bom.

Leo deu um tapa de leve em Charles, que sorriu e retribuiu o gesto.

— Eu sou Connor e esse aqui é o Travis, meu irmão mais velho. — Disse um garoto ruivo, indicando para um exatamente igual, embora alguns centímetros mais alto. — Não somos amigos próximos de Jason, mas viemos de intrusos. Se quer saber, estou solteiro e...

— Connor, Não encha o saco. —Travis disse.

— Para você é fácil dizer, está namorando a Katie. — Resmungou o garoto.

Antes que pudesse começar uma discussão, Jason interveio.

— Tyson pediu para que alguém fosse busca-lo na entrada principal do shopping, se não fosse incômodo. Está meio perdido e o Alga e o da boina não estão ajudando enquanto boiam e são lerdo como sempre.

— Eu vou. — Disse Leo. — Eu e os dois Stolls podemos executar essa missão.

— Eu vou, também. — Charles disse. — Crianças bagunceiras não podem andar por aí sem supervisão.

Leo mostrou-lhe a língua antes de começar a cantarolar em uma voz esganiçada de falsete uma canção que dizia que garotas ricas e mimadas andavam no shopping em passos iguais. Charles se contagiou pela canção e então, junto aos Stoll, os dois saíram andando pelo shopping atraindo olhares de todos. Dessa forma, apenas Frank, Annabeth, Jason e Piper restaram em frente ao cinema.

— Uau. — Disse Piper ao namorado. — Seus amigos são bem animados, não?

— Não se preocupe, quando os outros dois chegarem ficará pior.

Rindo, Piper beijou Jason. Annabeth e Frank encararam um ao outro, envergonhados por terem ficado como vela.

— Chase não é um sobrenome muito comum, não? — Disse o garoto, tentando iniciar uma conversa.

— Acho que não, apenas conheço minha família com esse sobrenome.

— Sua mãe é a arquiteta Atena, não é?

— Sim. — Disse Annabeth sem ficar surpresa. Estava acostumada ao reconhecimento da mãe.

— Ela planejou a escola de luta de meu pai. — Comentou Frank. — Fez um belo trabalho, embora ela e meu pai frequentemente entrassem em discussão. Eu não a culpo, ele é um pouco explosivo.

— Ela tem o gênio forte. Eram a combinação perfeita para fazer um bomba explodir.

Frank sorriu e continuaram conversando até ouvirem novamente a canção improvisada por Valdez. Viraram-se e, logo atrás dos garotos, Annabeth enxergou um desconhecido. Era muito alto, os cabelos castanhos claro cobrindo-lhe um dos olhos castanhos. E, logo atrás dele, havia um outro que ela não conseguira enxergar.

— Finalmente todos chegaram em segurança. — Leo disse, desvencilhando-se dos amigos.

O garoto grande caminhou até Piper e a cumprimentou, fazendo o mesmo com Annabeth logo em seguida. Chamava-se Tyson e adorou conhecer a namorada de Jason e sua amiga. Enquanto se cumprimentavam, o outro garoto conhecia Piper.

— Ora, mas dessa vez dispenso apresentações. — Disse o garoto em uma voz conhecida por Annabeth. — Olá, Annabeth.

Ela encarou o rapaz, identificando-o como sendo Percy.

— Eu lhe disse, Percy. — Leo falou. — A garota da festa estava aqui. Agora pode calar a boca e parar de tagarelar sobre ela o dia todo?

Percy corou.

— Já que é assim, podem parar de tratar Percy e Grover com apelidos? — Frank disse,

Grover usava o mesmo chapéu rastafári do dia da loja e sorriu ao ver Annabeth. A garota ainda estava em choque por ter encontrado Percy ali. Sentia-se mal arrumada e, de súbito, sentiu uma vontade enorme de checar se o seu batom ainda estava presente nos lábios (ainda que, geralmente, não ligasse para maquiagem). E quando todos foram comprar os ingressos para o cinema, ela não pôde deixar de perceber o quão bonito Percy ficara em sua camisa verde mar.

“Droga” Pensou “O que estou fazendo?”

Embora tentasse se conter, as borboletas invadiram seu estômago quando Percy sorriu para ela na fila dos ingressos, deixando-a ir à sua frente.