Se eu parar no hospício escrita por Laura in Wonderland


Capítulo 1
Que saudade...


Notas iniciais do capítulo

NOME LINDO tem essa história, né? Eu sei, eu sei... Haushuashsa
Bem, isso foi uma ideia que surgiu na minha cabeça ultimamente e eu espero que gostem!
A história vai ser mais voltada para os menores, mas os outros também vão aparecer bastante durante a fic.



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Point of View (POV) - Dani

“Talvez

Se eu fosse menos louca

Se eu não fosse quem soca

Desesperadamente sem parar

Um travesseiro branco

Se eu seguisse em frente

Se eu não fosse propícia

A visualizar gente rolando do barranco

Quem sabe

Você não chamasse

A polícia

Talvez”

- Clarice Falcão, Talvez

Essa tinha sido a música tema da minha vida durante os últimos seis meses. Ela me passa uma coisa boa... Como se eu não fosse a única pessoa do mundo que se sente desse jeito.

Eu a escuto sempre que posso. E me pareceu uma boa oportunidade escutá-la no carro, enquanto o motorista rondava as ruas de São Paulo a procura do Raio de Luz.

Sim, eu estava de volta. Finalmente. Depois de dois anos fazendo intercâmbio nos Estados Unidos, o único sentimento que restava era saudades.

Saudades das minhas amigas, da Carol, do Chico... E até mesmo da Ernestina e dos meninos, por mais chatos que eles sejam.

Tão longe, eu aprendi a dar valor a eles. Porque eu percebi o quão importante eles são na minha vida.

– Dani! – gritou Carol, com aquele seu jeito doce de ser, me tirando dos meus pensamentos. – Já chegamos! – ela desceu do carro e foi ajudar o motorista a tirar as duas malas que eu tinha levado de dentro do carro. Carol tinha ido me buscar no aeroporto, e queria me levar para casa, mas eu disse a ela que o Orfanato é mais minha casa do que qualquer outra que eu tenha. Então ela me trouxe para esse lugar: uma casa enorme e antiga, que guarda muitas lembranças felizes de todos que já vieram pra cá.

Desci do carro e peguei uma das minhas malas; Carol pegou a outra. Viemos arrastando aquele enorme peso até a entrada do Orfanato, onde eu toquei a campainha e a Tati abriu a porta.

– Tati! – abracei ela, e ela retribuiu – Que saudade eu tava sua! – a abracei mais forte ainda.

– Eu também, Dani... Nem acredito que você voltou! – ela sorriu e saiu do abraço. – Mas entra logo! Eles prepararam uma festa pra você!

– Sério? – perguntei e a minha resposta foi um sim com a cabeça.

“Bem vinda de volta, Dani!” era o que diziam alguns cartazes espalhados pela sala inteira, outros apenas diziam “Sentimos saudades...” e ainda outros, diziam textos enormes.

Fui recebida por vários dos meus amigos, que estavam muito felizes pela minha volta. Mais ao fundo, percebi o rosto de duas pessoas completamente estranhas, mas que aparentavam ter a minha idade.

Era um menino e uma menina. A menina parecia muito tímida com o que estava acontecendo, já o menino, tinha um sorriso maléfico estampado em sua boca.

– Tati, quem são esses? – perguntei, sinalizando os dois com a cabeça.

– Esses são a Maria e o Thiago. – respondeu – Vou apresentar vocês.

Ela me levou até perto dos dois e nos apresentou (“Maria e Thiago, essa é a Dani. Dani, essa é a Maria e esse é o Thiago” disse). Se eu conheço o Binho como conheço, provavelmente ele já tinha falado de mal de mim pra eles dois... Aposta quanto?

Revirei os olhos pensando nessa possibilidade, e nem reparei que a Tati não estava mais ao meu lado. Nem a Maria. Quando olhei de volta, vi apenas o Thiago, e senti-o percorrer o olhar sobre todo o meu corpo, até finalmente chegar aos olhos.

– Perdeu alguma coisa? – resmunguei, rudemente. Ele apenas riu e saiu pra dançar, quando uma música animada começou a tocar.

Point of View (POV) – Binho

A Dani estava muito diferente. Alguma coisa havia mudado sem ser em sua aparência, já que agora, ela estava muito mais bonita do que há dois anos.

Vi ela conversando com as meninas, sorrindo, rindo, brincando... Isso é tão diferente. A Dani sempre foi uma menina muito amarga e fria. Não brincava com ninguém, quase nunca sorria... Só quando estava perto da Tati e da Ana, claro.

Parece que ela não é tão chata quanto eu achava que fosse...

Point of View (POV) – Tati

Que saudades que eu tava dessa garota, meu Deus... Dá vontade de ficar conversando o dia inteiro só pra “pôr as fofocas em dia”.

– Então, amiga... Me conta.

– Contar o que, Tati? – perguntou Dani, como se não soubesse do que eu estava falando. Mas é claro que ela sabe. Bem, acho que sim.

– TUDO! Precisamos contar os babados... – afirmei e ela riu. (“Só você mesmo...”) – Ah, Dani! Você não sabe da última!

– O que foi? – ela curvou-se para frente, e dava para perceber que estava bem curiosa.

– O Binho e a Ana. – eu sorri mais do que precisava e a Dani ficou sem entender.

– O que têm eles? – o tom de voz dela mudou, parecia mais preocupada.

– Eles tão namorando! – afirmei, animada. Dani engoliu seco.

– Na-namorando?!

Point of View (POV) – Ana

Não acredito que essa galinha da Daniela voltou pro Brasil, francamente... E sabe qual é o pior de tudo? Eu vi o Thiago todo pra cima dela e o MEU namorado olhando fixamente pra ela, enquanto ela conversava com a Tati.

Aquela falsiane!

Mas eu vou ter que fingir que está tudo bem, claro. Vou ter que voltar a dizer que sou a melhor amiga dela e daquela vadia da Tati que se joga pra cima de todos os meninos.

Fui até a cozinha beber água, para ninguém perceber que eu estava fervendo de raiva.

– Ana, ta tudo bem? – perguntou Mili, enquanto vinha passando pela cozinha.

– Tudo ótimo, Mili! – sorri falsamente, mas eles sempre acham que eu estou sorrindo de verdade e que sou uma menina extremamente inocente. – Tudo maravilhoso...

Point of View – Dani

Tentei sorrir um pouco com a notícia, mas era meio difícil. Eu não quero parecer clichê nem nada. Eu sou bem mais do que isso, mas... Eu gosto do Binho desde que eu entrei no Orfanato. E sinceramente, essa não é a melhor notícia que eu poderia ter recebido.

Mas começou a tocar “Malha Funk – Vira de Ladinho” o funk mais sem noção existente, mas o mais legal quando se quer rir e dançar feito uma doida.

Eu, Tati, Bia e Cris fomos as primeiras a começar a dançar. E eu me diverti tanto, que até deixei o namoro do Binho de lado.

“Esse é o malha funk

Os muleque são dengoso

Vem pra cá tchutchuca linda

Os muleque são dengoso”

Eu ainda lembrava a coreografia e fui ensinando as meninas. De repente, todas as garotas estavam dançando aquela música, por mais tosca que fosse.

Os meninos começaram a dançar também, aí tipo, COMEÇOU A VIADAGEM.

Não sei, senti saudades de tudo isso... Dessas loucuras, dessas risadas... Eu amo esses caras.

Com a animação, nem tinha percebido uma coisa: não tinha visto a Ana até agora.

Point of View – Ana

Nossa, que lindos dançando! Seria uma pena se um vídeo desses fosse mostrado para a escola inteira, não é mesmo?

Peguei minha câmera novamente e vi os tontos dançarem de novo. Comecei a rir sem parar, até que ouço alguém entrar na cozinha.

– O que você vai fazer com esse vídeo? – perguntou Maria.

– É só de recordação, Maria, relaxa... – menti. Não precisava que a Maria soubesse de mais coisa do que ela sabe... Não mesmo.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Tomara que sim...
Mereço chocolate? Mereço, claro que mereço.
E a propósito, comentem o que vocês querem que tenha ou acham que preciso melhorar... Sabe, isso é bem importante pra mim.
Beijos se quiserem,
{Lau}ra.



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