Durante muito tempo, tudo o que Satsuki fez foi encarar aquela carta sem saber o que dizer. Emudecida pelo fato de que seu antigo melhor amigo lhe chamava, repentinamente, para ficar em seu apartamento, ela simplesmente não sabia.

Parecia o tipo de coisa que Daiki faria.

O dia seguiu calmamente, sem que ela respondesse ao amigo. Sem saber o que responder a ele. Em seu escritório, ela trabalhava no desenho de um novo tipo de calçado, com uma desenvoltura melhor que permitiria a atletas que apoiam o peso maior nos calcanhares, um maior conforto.

Perdida, não notou Midorima se aproximando. E tampouco, lendo a carta aberta de Daiki por sobre seu ombro.

− Parece o tipo de coisa que o Aomine faria. – A voz de Midorima a fez soltar um gritinho de susto que quase a derrubou da cadeira. – Quando você vai? – Ele prosseguiu, como se seu espírito não tivesse saído do corpo.

− Você me assustou, Shin-chan! – Ela não sabia quando aquela mania irritante de chamá-lo assim tinha começado. Provavelmente na mesma festa em que havia descoberto sobre o namoro dele com Takao. – E quem disse que eu vou?

Midorima ajeitou os óculos sob a ponte do nariz e colocou sobre a mesa dela um papel amarelado, pontuando os gastos em vermelho.

− Isso disse. Se você quiser mesmo continuar produzindo esses calçados – e sei que quer – precisamos que o dinheiro entre mais, Satsuki. Estamos gastando muito com suas ideias. Precisamos de lucros.

Ela sabia disso, mas mostrou a língua para ele em resposta, enquanto via Midorima caminhar até a porta. Mas ele parou, olhando-a de canto.

− E fique na casa dele. Não temos dinheiro para um hotel! – ele bradou. – Chaveiro esquisito. Esse Aomine mal agradecido. É graças a mim que sua carreira está alavancando!

Quando ela lançou o vaso que se espatifou contra a parede, Midorima já havia desaparecido no corredor. Então ela começou a rabiscar a carta furiosamente em resposta:

Daiki,

 pensei sobre sua proposta de dar uma palestra a respeito dos tênis e ela parece ótima! Expandir os negócios para o exterior é uma ideia que carrego comigo desde sempre, então podemos pensar na possibilidade de marcar essa palestra. Tenho certeza de que seus amigos irão adorar me conhecer.

Ficar na sua casa parece uma desculpa para eu cozinhar pra você, Dai-chan! Mas do jeito que você é descuidado, não deve estar se alimentando direito, então vou aceitar sua proposta.

Espero você me dizer para quando compro as passagens.

P.S: O Midorima leu a parte da carta onde você falava do chaveiro dele. Ele ficou muito bravo.

Beijos,

Satsuki.