Quando nos tornamos um casal? escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Único




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Meus olhos estão abertos.

Vidrados.

Você já sentiu aquela sensação de estar repetindo cenas?

Uma escolha errada e tudo desmorona.

Sinto como se já estivéssemos chegados a esse ponto. Muitas outras vezes estávamos exatamente aqui. Eu já estive aqui, no instante entre o morrer e sobreviver. Quando não temos mais forças para brigar, quando as palavras morrem na garganta. Quando você chora e eu choro. E nós dois vamos para lados opostos.

— Você continua sendo o mesmo garoto sem sentimentos! – Hermione diz com a mão em movimento. Parece tanto com um adeus.

— E você continua sendo a mesma irritante sem amigos! – Rebato com todo o meu desdém, minha raiva, não sei exatamente o que sinto. Como mesmo que começamos isso tudo?

— Eu... Eu... – Ela respira com dificuldade. – Eu te odeio tanto!

E nesse instante parecemos duas crianças. Mesmo depois de uma guerra bruxa, mesmo depois de salvar o mundo, mesmo depois dela se formar ainda parecemos as mesmas crianças. Birrentos. Teimosos. Cabeças duras.

Eu sei que ela me ama.

— E eu te amo! – Grito com a voz rouca.

Eu percebo que era isso. Isso que ela estava esperando.

Quando foi que nos tornamos um casal? Quando trocamos um beijo desesperado no meio de uma guerra, deixando para trás toda a confusão, todo o medo e toda a dor pelo menos por alguns segundos? Não sei bem se foi nesse momento, alguma coisa me diz que nos tornamos um casal quando eu percebi que ela era uma garota. Quando aquele jogadorzinho a convidou para o nosso baile. Talvez tenha acontecido quando ela jogou um monte de pássaros em mim. Tenho certeza que não foi quando trocamos o primeiro beijo. Foi antes.

Quando um casal realmente se torna um casal? Quando dão as mãos? Quando dormem na casa um do outro? Quando deitam na mesma cama? Ou quando resolvem dizer isso?

Hei, eu te amo.

Hei, eu preciso de você aqui.

Hei, será que você não percebe que sou o que sou graças a você?

Quando minha boca deixa escapar as palavras certas ela praticamente para de respirar.

Seus olhos ainda são os mesmos. Castanhos. Estão vermelhos, encharcados das lágrimas que eu a fiz derramar. Nem me lembro o que fiz dessa vez. São tantas brigas, tantas reconciliações, perdi as contas de quantos hematomas foram causados nesse tempo em que estamos juntos. Seus cabelos continuam enormes em volta do rosto pálido com poucas sardas, ainda parecem uma juba de leão, e estão ainda maiores devida a discussão.

— O que você disse? – Hermione pergunta com a voz tão baixa que mal poderia ouvir.

Mas eu escutei. E sei que ela também escutou.

Ela precisa que eu repita.

Quando mesmo que nos tornamos um casal?

Quando eu voltei para o acampamento graças ao desiluminador? Ou quando eu percebi que realmente você não gostava do Harry? Quando nos encontramos do lado de fora da toca e enquanto a lua iluminava o céu tive a coragem de te beijar? Quando eu finalmente dei o primeiro passo na sua formatura?

Nunca fui bom com palavras. Sou muito inseguro para utilizá-las ao meu favor. Sou muito imaturo para usar as certas. Minhas palavras servem para fazer sorrir, ou para fazer chorar. Sei usá-las para irritar, para brincar, não sou bom usando-as para encantar.

Eu sou um desajeitado, tenho cabelos alaranjados, e sou um péssimo apaixonado.

Mas como eu amo esse garota que grita comigo, que faz com que eu diga coisas idiotas, que é tão inteligente que chega a ser insuportável. Amo a mulher forte que luta bravamente, que consegue exatamente aquilo que deseja. Amo a menininha que não sabe cozinhar, que fica com a cara fechada e com as bochechas infladas. Amo a minha Hermione. Minha. E gosto de saber disso. Saber que ela é minha.

— Eu te amo.

Digo. Minha voz é calma, alta, e ela entende perfeitamente.

Vejo seus pés andando em minha direção.

Sinto seus dedos frágeis tocando meu rosto cansado e com uma barba que insiste em crescer mesmo que eu faça de tudo para impedi-la.

Nossos lábios se tocam.

Não tão desesperadamente quanto na primeira vez. Não tão doce como da ultima. Um meio termo. Leve. Quente. Doce. Forte. Diferente.

Quando mesmo que nos tornamos um casal?

Na primeira briga?

Na segunda?

Em todas as outras que ainda viram?

Talvez no último eu te odeio. Ou no primeiro eu te amo.

— Eu também te amo Rony. – Ela deita sua cabeça em meu ombro.

Não sei por que estávamos brigando.

Só sei que nunca deixarei que ela escape de mim.

Posso dizer “eu te amo” pela eternidade.

— Não sou um legume insensível? – Pergunto sorrindo.

— É o legume mais sensível que conheço. – Ela me responde também com um sorriso.

Nos tornamos um casal quando não podíamos mais ser outra coisa.


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Notas finais do capítulo

Reviews!!! Eu adoro recebê-las!!! Por favor enviem!! HahahaObrigada pela leitura, espero que gostem... Beijosss!



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