You escrita por Ryuuki


Capítulo 1
único


Notas iniciais do capítulo

Nya, é uma one-shot bem fofinha. Não tem lemon nem yaoi, é mais shounen-ai mesmo. Nada de coisas pervertidas q
Anyway, espero que gostem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/63664/chapter/1

Enrolado nos meus cobertores, eu espirrava feito um condenado de tempo em tempo enquanto assistia a um noticiário qualquer na TV. Como detestava ficar resfriado.

Não tinha jeito. No inverno, isso sempre acontecia. Graças à bola de neve que levei nas costas que Reita jogara, vou ficar com o nariz congestionado, dor de garganta e corpo fraco até o final da semana, no mínimo.

 

Falando em Reita, ele havia esquecido o baixo aqui quando o pessoal veio ensaiar, já que, como eu estava resfriado, não era bom pegar friagem saindo de casa, então eles me pouparam disso.

 

Peguei o controle remoto que estava afundado em alguma parte de meu sofá e troquei, insistentemente, de canal, procurando algo decente ou pelo menos que me distraísse. Nada. Eram vários canais sendo que nem ao menos um passava algo prestável. Incrível.

 

Levantei-me do sofá, lembrando-me bem de proteger meus pés do frio, aconchegando-os em uma pantufa que Ruki havia-me presenteado no natal, e fui até a cozinha preparar uma boa e fervente sopa.

 

Assim que eu coloquei meu pé na cozinha, ouvi a porta da frente ser esmurrada com força. Quem poderia ser em plenas – olhei rapidamente para o relógio preso na parede – onze horas da noite? Ainda mais batendo nessa porta desse jeito? Humph.

 

- Hai! – gritei. Minha voz estava rouca e esganiçada, e minha garganta doeu. Bom, pelo menos o indivíduo parou de bater. – Quem é? – certifiquei-me antes de abrir. Eram onze da noite, então podia muito bem ser um maníaco estuprador. Não, eu não sou paranóico.

- Eu! – respondeu. Fez-se silêncio e o ser percebeu que eu não iria abrir sem uma identificação mais clara. – É o Reita, Uke! – É, era de fato era. Só ele chamava-me pelo sobrenome.

- Veio pegar seu baixo? – sorri após abrir a porta, divertindo-me com a memória fraca do baixista.

- Hai. – ele sorriu também, então parou, analisando bem meu rosto. Eu devia estar acabado. – Você está bem mal, hein, Kai-chan. – Riu por fim.

- É, obrigado por notar. – Reita riu novamente. – Entre.

- Arigatou.

- Seu baixo está ali. – apontei para o canto da sala de estar após fechar a porta e logo me dirigi à cozinha para preparar minha sopa.

 

Coloquei a água na panela, mas assim que fui colocá-la no fogo, acabei espirrando sobre a mesma.

 

- Merda. – grunhi irritado. Teria que trocar a água.

 

Coloquei novamente, mas foi inútil. Espirrei de novo em cima da panela.

 

- Você está mal mesmo, nee? – Reita estava apoiado na soleira da porta da cozinha com o baixo guardado na capa e pendurado nas costas. Um sorriso de divertimento estava estampado em seu rosto. Idiota. – Quer que eu te ajude com isso?

- Não precisa. – recusei emburrado. Detestava passar a imagem de impotente, ainda mais quando era só para colocar água numa panela para esquentar.

- Deixa de ser chato. – ele já estava ao meu lado tirando a panela de minhas mãos. O baixo não se encontrava mais nas suas costas. – Senta aí que eu faço isso pra você.

 

Meu rosto esquentou automaticamente, e eu não sabia o porquê. Reita nunca havia sido atencioso assim comigo, só gostava de me tirar do sério. Só isso.

Um frio desceu por minha barriga.

 

- Uke? – o baixista colocou a mão em meu rosto. Minha respiração falhou e meu coração acelerou repentinamente. – Você está com febre, não é? Seu rosto está muito quente e vermelho. – ele riu. Senti minha face enrubescer mais ainda. Reita estava muito perto.

- N-Não sei.

- Virou gago também? – soltou outra risada. – Senta aí que eu vou cozinhar pra você.

 

Como não vi outra alternativa, apenas cedi e sentei-me na cadeira.

 

Enquanto ele cozinhava, eu tentava espiar o que exatamente estava preparando. Acho que era a primeira vez que eu via Reita cozinhar.

Não disse uma palavra sequer durante todo o processo, só fiquei analisando-o cuidadosamente.

 

Ele não demorou muito, afinal, sabia onde ficava cada coisa na minha cozinha, pois agora que eu comecei a morar sozinho, Reita se aproveitava da minha casa quando tinha algo errado na sua.

Quando ele dormia aqui, sempre ia beliscar os sacos de biscoitos de madrugada e achava que eu nunca percebia. Bom... nunca disse a ele que sabia.

 

- Por que tá com esse sorrizão? Você devia estar com cara de defunto e nariz escorrendo. – repreendeu-me Reita entre risadas, pegando-me de surpresa. Eu nem mesmo tinha ideia que sorria.

 

Ele colocou uma tigela na mesa, empurrando-a para mim e me deu uma colher.

 

- Bom apetite. – desejou com um sorriso no rosto. Mas, ao contrário dos demais sorrisos de Reita, esse não tinha divertimento. Era um sorriso sincero. Senti outro arrepio.

 

Eu coloquei a colher dentro do líquido fervente e remexi um pouco. O cheiro era tão forte que descongestionou meu nariz num instante. Meus olhos arderam levemente.

Quantos litros de pimenta Reita havia posto ali? De qualquer maneira, o cheiro era bastante agradável.

 

Coloquei um pouco da sopa na colher e, antes de colocá-la na boca, assoprei suavemente. Estava bastante quente, e isso era visível graças à fumaça que saia da tigela.

Notei que Reita me observava minuciosamente, o que me constrangia mais ainda. Droga... Por que ele tinha que ficar me olhando...? Minha mão tremeu um pouco. Eu estava começando a ficar nervoso com essa observação, e sentia meu rosto quente de novo, bastante quente.

 

Finalmente consegui colocar a colher na boca, degustando o máximo que podia daquela sopa, pois por culpa de meu resfriado, eu mal conseguia sentir o gosto da comida.

 

- Nee, Reita... – eu comecei cabisbaixo. Por algum motivo não conseguia olhá-lo nos olhos nesse momento. – Arigatou.

- Não se preocupe, Kai-chan. – sorriu. – Mas hein, eu vou dormir aqui, está bem?

- Hai, hai. – concordei de imediato, agora o encarando. Já era tarde, não o deixaria ir embora à uma hora dessas. – Está muito tarde.

- Não seja idiota, não é por isso. – resmungou irritado. – Não vou deixar você nesse estado sozinho. Não consegue nem fazer uma sopa. – sorriu.

 

Senti meu corpo todo esquentar agora, e não só o meu rosto. Arrepios percorriam-me de segundo em segundo, aquele friozinho na barriga era insistente.

 

- E vê se termina logo essa sopa. – ordenou ele. – Já estou escolhendo um filme para vermos quando você acabar.

 

Filme? Ele ia mesmo fica aqui cuidando de mim? De verdade...?

Não disse mais nada e terminei a sopa o mais rápido que pude – o que resultou na minha língua queimada -, e fomos para a sala, assistir o filme que Reita tinha escolhido.

E para minha surpresa, não era bem um filme. Era um live.

 

- Vamos ver qual live? – indaguei sentando-me ao seu lado no sofá.

- Repeated Countless Error.

- Ehh? – estranhei. Reita não gostava muito desse live porque, bom, ele tinha seus motivos. - Tem certeza?

- Hai.

 

Bom, se ele realmente estava certo, não havia nada que eu podia fazer.

 

O live começou e nós ficamos atentos. Era estranho você assistir a você mesmo... é um pouco embaraçoso e desconfortável, na verdade. Sem falar que nesse, Ruki fazia alguns pequenos indícios de fanservices com Uruha e... era nessas horas que eu tinha vontade e, ao mesmo tempo receio, de olhar para o rosto de Reita. Porém, quando eu arrisquei, não enxerguei nenhum ressentimento ou tristeza em seus olhos. Eles estavam sorrindo, para falar a verdade, e isso era anormal e um tanto estranho.

Reita já amou Ruki, mesmo que este fosse apaixonado pelo guitarrista-das-coxas-de-fora.

 

- Reita...? – murmure baixinho, e acho que ele não foi capaz de ouvir. Pensei em chamá-lo de novo, mas lembrei-me que não sabia o que dizer.

 

As músicas foram passando, e com elas, meu sono foi chegando. Em Calm Envy minhas pálpebras pesaram tanto que eu não aguentei; fechei-as por um momento.

Senti minha cabeça tombar um pouco, mas eu estava tão exausto que não me importei; só queria descansar um pouco.

 

Sabe quando você está de olhos fechados quase sonhando, mas mesmo assim tem a consciência de que está acordado? Eu estava assim.

Algo arrastou por meus braços, e então percebi que era a coberta que estava sobre mim.

Porém, logo depois disso, outra coisa arrastou por meus braços e costas, e pela textura eu sabia que não era a coberta. Um arrepio desconcertou todo meu corpo, fez com que meu coração acelerasse arrebatadoramente. Os dedos de Reita mexiam-se delicadamente por dentre meus cabelos, o que me causara tais sensações.

Era tão agradável que eu não poderia ter qualquer outra reação. Só não queria que ele parasse...

Fingindo que dormia ainda, remexi-me, aconchegando-me em seu peito e deitando minha cabeça sobre seu ombro. Eu realmente não tinha noção do que estava fazendo...

 

Algo macio e suave tocou de leve meus lábios, algo que no início eu não soube identificar. Mas, quando percebi, meus olhos se abriram automaticamente.

Reita estava me... beijando...?

 

- Gomen ne... – murmurou ele, sua voz grave me deixou atônito momentaneamente. Seus olhos ainda estavam fechados. – Eu não queria ter te acordado...

- Eu... – minha voz falhou. Se eu não estava com febre antes, bom, agora eu estava. – Eu não estava dormindo...

 

Meus olhos miraram seus lábios; ele estava sorrindo.

 

- Sabe, Uke... – seu rosto ainda estava a menos de dois centímetros do meu enquanto ele falava. – O chibi sempre foi muito atraente... – disse, pausadamente. – Mas... o seu sorriso era o meu sol nos dias nublados, nas tardes chuvosas. Só com ele, meu dia já se tornava feliz.

 

Suas palavras haviam sido como um baque, um tranco, uma sacolejada em um delírio absurdo. O Reita estava se declarando para mim? Quero dizer... no fundo de meu peito eu sempre senti uma ponta de felicidade quando ele me atormentava, mas... agora parece tudo tão mais claro, e ao mesmo tempo mais turvo, confuso.

 

- Mas eu via seus olhares para o Ruki no palco e...

- ... E não percebeu as brincadeiras que eu fazia apenas com você? – ele riu, reprovando-me. – E no palco o assunto é diferente... o chibi é muito provocativo. – deu de ombros.

 

“E eu achava que ele implicava comigo por não me levar a sério...”, pensei.

 

- É por isso que está aqui, cuidando de mim? – perguntei receoso.

- Você não entende, não é? – bufou, impaciente, afastando sua face da minha. Um sorriso malicioso surgiu em seguida.

 

Lentamente ele fora aproximando novamente seu rosto. Quando seus lábios estavam próximos dos meus, ele os desviou, direcionando-os ao meu pescoço.

Minha garganta fechou e eu prendi automaticamente minha respiração quando sua boca tocou a pele descoberta de meu pescoço. Vagarosamente, ele arrastava seus lábios por essa parte, contornando-a da maneira que desejava. Repentinamente ele parou, escolhendo um pequeno pedaço como alvo. Então algo úmido assaltou-me.

Sua boca se demorou nessa parte, arrancando-me sensações que foram difíceis de controlar. Alguns sons abafados escaparam por meus lábios, o que certamente estimulou Reita a continuar.

 

Quando sua boca chegou perto da minha novamente, descobri que eu estava ofegante, minha cabeça doía, meu rosto estava úmido e uma de minhas mãos pressionava sua nuca para que ele não se distanciasse.

Ele encostou sua testa na minha. Também estava com sua respiração descompassada.

 

- Você está com febre. – seu tom de voz demonstrava preocupação.

 

Agora foi a minha fez de aproximar os rostos, pois eu o fiz sem hesitar, juntando nossos lábios.

Ele correspondeu à minha atitude inusitada e sua língua já explorava minha boca, entrelaçando-se na minha. Reita mexia seus lábios delicadamente nos meus, o que jamais imaginei que fosse possível. Sempre o vi como uma pessoa gentil, mas não sabia que ele conseguia ser realmente assim.

 

Quando sua boca separou-se da minha, ambos estávamos, novamente, ofegantes.

 

- Vamos, deite aqui. – ele me puxou para mais perto, aconchegando minha cabeça em seu peito e remexendo em meus cabelos.

 

Ele nos cobriu com a coberta e continuou a mexer em meus cabelos e a acariciar meu rosto.

 

- Espero que tenha entendido agora. – murmurou ele, sorrindo para mim.

- O quê? – eu realmente não lembrava. Mas ao invés dele suspirar, revirar os olhos ou se irritar comigo, ele apenas manteu o sorriso e me respondeu:

- Que o que eu mais quero é você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nyaa, tá aí. Espero que gostem, e reviews são um amor *u*~