O treino estava sendo o mesmo de sempre. Depois de quase morrermos desidratadas de tanto suar, bebemos bastante água e fomos tomar banho. Eu treinei bem e não deixei transparecer, mas enquanto me vestia lembrava de Daiki e eu, e comecei a sorrir. Continuamos a dormir juntos, então...

– Hum. – Sumiko cantarolou, chegando – Sorriso suspeito.

– Que? – Deixei uma risada escapar.

– Beijou Aomine de novo?

– Não. – Cantarolei.

– Sei...

– E você? – Dei um meio sorriso – Akashi me disse que vocês estão saindo.

– Uhm... Hum. – Ela abaixou o olhar, corando.

– Kawaii! – Exclamei correndo até ela e apertando suas bochechas.

– Ah, pára de palhaçada! – Ela exclamou.

Eu ri e Jun saiu do chuveiro já rindo. Sumiko fez cara de tédio.

– Relaxa, baka. – Ela disse – Kagami e eu estamos saindo.

– Gostando de alguém? – Cantarolei.

Ela riu, revirando os olhos.

– Hai. – Assentiu – Mas... Sumiko, você se veste direito, ne? Sabe, quando sai com Akashi.

– Eh... Como assim?

Nos entreolhamos e a olhamos abismadas. Ela abaixou o olhar, envergonhada.

– Ahhh, eu sei! – Ela exclamou, sentando – Eu queria me arrumar melhor, mas ele me chamou pra sair assim mesmo, não é?

Tive que concordar com isso.

– Eu te ajudo! – Jun exclamou.

Sumiko corou e se encolheu. Jun e eu nos entreolhamos de novo, nunca vimos Sumiko assim! Era até engraçado. Tínhamos agora um plano nas mãos: arrumar Sumiko!

Dias depois, Jun e Sumiko foram pra minha casa. Eu recebia algumas roupas da agência depois das sessões de fotos e Jun disse que seriam perfeitas para arrumar Sumiko. Ela pôs tudo em cima da minha cama e fez combinações com elas. Sorriu orgulhosa de si e nos olhou. Eu estava animada por Sumiko querer nossa ajuda e olhava para as roupas, ansiosa! Sumiko as olhava um pouco receosa.

– Acho que não. – Ela disse.

– Há? Vocês são do mesmo tamanho! – Jun exclamou em dúvida.

Sumiko fez cara de tédio e pôs uma das mãos no meu peito. Exclamei corando.

– Eu não tenho isso tudo! – Ela exclamou.

Fiz cara de tédio e dei um tapa na mão dela.

– A gente dá um jeito! – Jun disse.

– Hum... – Sumiko suspirou.

No final das contas, Sumiko vestiu uma calça com brilho, sandálias com salto baixo e uma blusa clara de mangas curtas. Amarramos seu cabelo em rabo de cavalo e ela ficou linda!

– Hum... – Sumiko se olhava no espelho como quem não gostara de nada.

– Nani? – Jun sorriu – Está perfeito! Você não gosta de saia, ne... – Ela resmungou.

– Está estranho. – Ela torcia a expressão.

– Ele vai gostar. – Eu sorri animada.

Meu celular vibrou e eu o peguei. Era mensagem de Kise com uma foto em anexo. Eu a vi e comecei a rir. “Olha quem nós achamos! Encontro duplo!”, ele escreveu. A foto eram Kise e Takara com Midorima e Kyoko. Midorima fazia cara de tédio fitando Kise e Kyoko estava encolhida com o reflexo da luz em seus óculos. Kise sorria largamente e Takara sorria um pouco envergonhada. Eu ria e as meninas não entendiam.

– Nani? – Jun perguntou.

– Nada, nada. – Sorri.

Acompanhei as duas até o ponto do ônibus e elas foram embora. Eu fiquei tão feliz por ter ajudado Sumiko com Jun! Foi bem divertido ver o outro lado dela. O lado feminino!

De noite eu recebi uma mensagem de Sumiko com uma foto em anexo. “Ele quis uma foto ¬¬”. Eu não entendi, mas logo vi a foto. Era Akashi que tirava a foto sorrindo levemente e Sumiko fazendo sinal de paz com um sorriso largo, porém se via claramente que ela estava um pouco corada e com vergonha. O fundo era de um restaurante. Pensei ironicamente que foi bom mesmo nós termos ajudado Sumiko a se arrumar.

...

Os pais de Daiki saíram no sábado e eu fui para casa dele. Vimos a metade de um filme e o resto os lençóis da cama dele. Eu fiquei por cima e no final desci o corpo um pouco e deitei em sua barriga, fechando os olhos e suspirando. Ele deixou uma risada escapar.

– Nee? – Perguntei ainda deitada em sua barriga – Você vai me ver no jogo?

– Contra Hokutona?

– Não. – Sorri – Esse eu não fui escalada. Contra Shikomoe.

– Quer que eu vá? – Ele sorriu.

– Hai, hai! – Sorri, mordendo o lábio.

– Então eu vou. – Ele começou a mexer no meu cabelo.

“Daiki...”, pensava, “Você me ama?”.

– Baka! – Exclamei suavemente – Não fale assim.

– Nande? – Ele riu.

– Nada. – Sorri levemente.

“Porque parece que somos namorados.”, pensei, “Nós não somos... E isso dói em mim.”.

– O que está pensando em fazer?

– Hum? – Ele não entendeu.

– Depois do colégio.

– Faculdade... – Ele disse – Mas não sei ainda de que?

– Hum, hai... Também não sei. – Disse, aconchegada na barriga dele.

– Você já trabalha. – Ele riu.

– Pra mim é só um passatempo. Não sei até quando vai durar. – Dei de ombros.

– Você é bonita, vai durar.

Sorri.

– Baka, baka. – Cantarolei sorrindo – Não fale essas coisas.

Ele riu, mexendo no meu cabelo.

– Oe, Satsuki...! – Ele ia dizer rindo.

Meu coração doeu naquele momento, doeu mesmo. Ele mesmo se interrompeu e parecia esperar pela minha reação, mas eu não tinha nenhuma. Estava parada, imóvel e ainda deitada em cima da barriga dele. Engoli a seco e me sentei com minha franja tampando meus olhos.

– Uhm... Gomen. – Ele gaguejou, percebendo o que fizera.

– Tudo bem. – Disse quase inaudível.

Peguei minhas roupas íntimas na ponta da cama e me vesti, levantando em seguida para vestir o resto das roupas. Daiki me fitava e parecia não saber o que dizer. Levantou e vestiu a cueca, se aproximou de mim pondo as mãos nos meus ombros.

– Gomen...

– Eu disse que tudo bem. – Dei de ombros para ele me largar.

– É sério! – Ele disse – É que...

– O que? Eu sou muito parecida com ela? – Disse sem olhá-lo – Até na cama?

– Oe...! – Ele me olhava surpreso – Não fala isso! Você falou que nem ela, aí eu...

– Pensou nela? – Me virei para ele.

Ele arregalou os olhos, surpreso. Meus olhos estavam marejados.

– Hanako.

– Eu estava com você. – Disse com a voz de quem queria claramente chorar – Ali! Na sua cama! Você é tão idiota que nem sabe se concentrar em apenas uma garota. – Disse, me virando.

– Hanako! – Ele exclamou.

Vesti minha blusa e saí pela porta. Ele não me seguiu, e mesmo se o fizesse, eu bateria em seu rosto. Entrei em casa e fechei a porta em um estrondo. Meus pais estavam na sala e se assustaram com o barulho. Me fitaram em dúvida e eu pedi desculpas, mentindo e dizendo que foi sem querer. Subi as escadas e quando cheguei ao segundo andar, Satsuki vinha em minha direção.

– Que barulho foi esse? – Ela perguntou em dúvida.

– Nada. – Disse friamente, passando por ela.

– Hanako, nani...?

– Tem muita gente pensando em você. – Disse grosseiramente.

Entrei no quarto e bati a porta, me apoiando nela e deslizando por ela até me sentar no chão. Eu respirava nervosamente, querendo chorar até me esvair em lágrimas. Apertei os olhos e elas finalmente começaram a escorrer pelo meu rosto. Me perguntava “por que?” incessantemente! Por que ele pensou nela enquanto eu estava com ele?! Tudo o que eu fiz... Tudo o que eu fiz por ele foi em vão. Foi realmente em vão!