Youth escrita por bates


Capítulo 1
Capítulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/636518/chapter/1

Um dia nós vamos revelar a verdade

Que aquele irá morrer antes de chegar lá

-Youth - Daughter

No início, nós éramos três.

A garota que tinha os cabelos da cor do oceano fora a primeira a ir embora. Ela chamava-nos de sortudos por termos nossos corações ainda batendo, e dizia que queria que o seu também batesse, mas ele estava partido.

Ela se foi durante uma madrugada quente de verão, os mosquitos dançavam à luz dos postes quando ela deu seu último sorriso, seu último suspiro antes de estourar seus miolos.

Em seu último dia, ela nos disse que seu coração havia morrido. Agora ele, de fato, está morto.

Em seu funeral todos diziam o quão bom foi conhecê-la, mas ninguém a conheceu da forma que nós a conhecíamos: da forma mais crua e genuína que existe.

O garoto que roubara a liberdade do vento para si foi o segundo. Ele chamava-me de sortudo por ainda estar sangrando, e dizia que também queria sangrar, mas a maioria de seus sentimentos estavam mortos e acabados.

Ele se foi durante uma manhã chuvosa de outono, as crianças corriam com suas capas de chuva para suas escolas quando ele deu o último trago de seu último cigarro, o último gole de sua última cerveja, antes de uma corda levar embora todo o seu ar, e junto com ele, sua liberdade.

Em seu último dia, ele me disse que não sentia mais nada, somente o grande vazio de um coração decepcionado. Agora quem está decepcionado sou eu.

Em seu funeral todos diziam que já sabiam que ele iria partir dessa forma, mas ninguém sabia que o sonho dele era ir embora era após cometer o seu último crime, com tiras ao seu redor, com suas armas apontadas para ele.

Agora as sombras ocupam o lugar que eles deixaram. Minha mente estava aflita. E tudo o que eu desejava era que eu pudesse destruir esse meio, essa vida medíocre e solitária, e pular para o final, para a morte.

Eu fui o último, eu sou o resto, incendiei meus sentimentos junto com a ponta do meu cigarro. Coletei os amores errôneos de meus dois únicos amigos.

Nós fomos imprudentes, fomos a juventude selvagem, perseguimos as visões de nossos futuros apenas para chutá-las nos traseiros podres.

Mas agora não existe um nós, agora só existe um eu, um eu depressivo e solitário. Só restou uma silhueta, um rosto sem vida que logo todos irão esquecer.

Meus olhos marejam quando lembro as nossas últimas conversas, ecoando na minha cabeça, ecoando no meu peito, elas só me destroem por dentro.

Agora é a minha vez, o garoto com olhos tão profundos quanto a escuridão. Eu disse ao oceano, disse ao vento, disse à escuridão que eles ainda têm sorte de estarem respirando, porque eu estou arfando com meus pulmões corroídos pela solidão.

Eu me fui durante uma tarde fria de inverno, os adolescentes saiam para seus encontros com roupas quentes quando eu soltei minha última lágrima, quando eu li meu último livro antes de me jogar na escuridão do vasto oceano com o vento levando minhas aflições.

Em meu último dia eu disse a mim mesmo que meu rosto estava sem vida. Agora de fato ele, e todo o meu ser, estavam sem vida.

Eu não sei o que disseram em meu funeral, mas eu sei que nada do que foi dito havia sido verídico, porque ninguém me conhecia como a garota dos cabelos de oceano e o garoto livre como o vento me conheceu.

Eu só queria ter deixado claro para todos que me conheciam superficialmente, e os dois únicos que me conheciam profundamente que, vocês foram a causa disso, vocês causaram isso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!