Bom, meu nome é Ludmila Susanna Ferro, tenho 16 anos e sou filha da Priscilla Ferro e Claudio Ferro, os advogadas mais famosos e importantes de Buenos Aires. Você deve estar imaginando que sou aquele tipo de garota mimada e chata, mas ainda bem que não sou.

Meus pais até gostariam que eu fosse assim, já que querem que eu seja a garota mais perfeita do mundo, aquela que tira boas notas, que não vai para festas, que é atualizada e cheia de classe. Na verdade eu sou obrigada a ser assim, porque se meus pais descobrem que eu tirei um décimo a menos da média do colégio me trancam no quarto o dia todo e só me tiram de lá quando acordo para ir ao colégio.

Então me esforço o máximo que posso para conseguir notas boas e tento me controlar nas aulas para não falar nada, para não ficar de castigo, que é a coisa mais ridícula que existe, já tenho 16 anos caramba! Mas nada me impede de ir em uma festinha ou outra sem que meus pais saibam, isso não mata ninguém.

E aqui estou eu indo para o colégio, primeiro dia de aula e de mais um ano com a cara enfiada nos livros. Vou a pé mesmo, não gosto de ir de chofer, é muito melhor ir com a Naty, minha melhor amiga.

- Tenho quase certeza que o que o professor de geografia saiu da escola e entrou um bem mais gatinho, vi no site do colégio. - Disse Naty caminhando do meu lado. Ela é uma garota que eu admiro, é livre, divertida, faz o que bem entende e é isso o motivo pelo qual meus pais não gostam dela.

- Tomara que seja verdade! O professor de geografia tem uns 90 anos! Lembra aquele dia aquele dia que ele passou mal no meio da aula e levaram ele pro hospital? Agora toda vez que ele tosse, eu fico preocupada. - Eu digo, fazendo com que a Naty ficasse um bom tempo rindo sem parar.

- Nunca vou esquecer esse dia! Foi muito engraçado.

- Que maldade.

- Vai dizer que não foi?

- É, foi sim. - Eu digo começando a rir também.

Chegamos na escola depois de uns quinze minutos. Estávamos em cima da hora, pois mal entramos na escola o sinal bateu e tivemos que ir direto para a sala. Por sorte haviam duas carteiras vazias uma do lado da outra, mas era bem na frente. Não tivemos escolha e foi naquelas mesmo em que sentamos.

E então entrou na sala um professor novo, que era bem bonitinho por sinal.

- Bom dia classe. - Disse ele.

- Bom dia. - Respondeu a classe com aquela voz de desânimo.

- Eu sou o Leandro, o novo professor de geografia de vocês.

A Naty me chamou baixinho e piscou para mim, e eu fiz o mesmo. Ela sempre sabia das coisas antes de todo mundo.

A aula seguiu normal, com uma revisão do que aprendemos no ano passado.

Depois de mais duas torturantes aulas, o sinal do intervalo finalmente tocou e eu e a Naty fomos correndo pra a fila da cantina, que ferve de gente.

Naty ficou atrás de mim na fila e na minha frente estava um garoto alto, com os cabelos castanhos e os olhos também. Ele parecia mais velho que eu, mas era bonito, bem bonito.

Ele olhou pra mim e deu um sorrisinho de lado e eu apenas fiz o mesmo. Depois de pegar o lanche, eu sentei num banco que tinha no pátio mas a Naty não chegava nunca, até que finalmente ela chegou.

- Não sabe o que eu descobri.

- O que você descobriu? - Eu perguntei não muito interessada.

- Sabe o garoto que tava na nossa frente na fila?

- Que que tem?

- Ele chama Federico, tem dezoito anos, está no terceiro ano do colegial, é repetente. Alguns falam que ele se droga, mas o povo inventa muito, não sei não.

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