Valsa do Pó escrita por BIFES


Capítulo 1
A Festa


Notas iniciais do capítulo

Dominike e JanJan vão se divertir nessa festança?



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Era o grande dia. Pela primeira vez depois de talvez alguns 60 anos, a cidade se reuniria, sem conflitos, discussões ou barracos, em um salão com o intuito de dançar romanticamente até o sol raiar.

Ou, como prometiam os organizadores, até o pó acabar.

O único entretenimento que há na pequena Cunaguá é nada mais, nada menos que passar horas no terminal de ônibus irritando motoristas que aguardam seus horários. Isso para os jovens, claro. Para os mais velhos, existem algumas praças com mesas de xadrez para exercitarem seus cérebros não tão ativos como antes.

Os organizadores, cansados de ver tal descaso com os pobres motoristas, resolveram se juntar e planejar alguma coisa que atraísse pessoas de todas as idades. Foi então que surgiu a brilhante ideia de fazer uma festa, onde haveriam bebidas, valsa, pó 'mágico' e serviços de prostituição. Mas, na necessidade de evitar bagunça e eventuais desentendimentos, o serviço de prostituição foi retirado do plano, substituído pelo bar com salgadinhos.

Dominike, uma mulher já com seus 40 anos, estava animada pela festa. Já seu esposo, Janelson Jango, ou simplesmente JanJan, não queria largar sua querida cerveja e seu amigo sofá para dançar com a mulher que sequer lhe trouxe algum filho - ela não conseguiu engravidar, para seu desânimo. Mas ela insistiu tanto que ele acabou cedendo, desde que depois da festa ela o animasse 'mais abaixo'.

É, deixemos os detalhes de lado.

Ela estava exuberante. Vestido longo vermelho que alugara da loja de locações de vestidos formais mais cara da cidade - pobre cartão de crédito, pensou JanJan - junto com salto alto preto e muita, mas muita maquiagem. JanJan pensou em perguntar se ela estava indo trabalhar no circo, mas preferiu ignorar. Pensava que depois da festa teria alguma recompensa por tal esforço.

Ele, entretanto, estava apenas com sua calça jeans velha de sempre, com sapatos de couro da década passada e uma blusa social azul, já rasgada em certas partes de tão velha. Ela repudiou-lhe, mas sabia que ele nem tinha algo para vestir mesmo. Jogou um pote de gel no cabelo do marido e finalmente saíram, na Brasília amarela que ele herdara do avô.

— Já estamos atrasado. Acelere, JanJan, pelo amor de Cristo! — reclamava a esposa.

— 'Orra! Acalma essa cara de palhaça! Vai numa festa ou enterrar o pai? — respondia ele.

30 minutos depois, chegaram. Não era lá um belo salão, mas tinha estacionamento. JanJan estacionou próximo da rua, para caso precisasse de ajuda para empurrar o carro na saída. Precaução nunca é demais, dizia ele e trocentas outras pessoas.

Dentro, estava tocando Danúbio Azul tão alto que JanJan sentiu surdez ao entrar no salão; Dominike ignorou-o e correu direto até o maior aglomerado de pessoas, onde estava tendo a distribuição gratuita de pó. Pediu um saco e já pegou uma garrafa de conhaque que estava jogada ali no balcão. Iria beber todas e cheirar todas. E talvez chupar muitas depois.

Que? Ah, deixa pra lá.

JanJan observou-a de canto, enquanto saboreava um delicioso chop; viera tão deslumbrante pra sequer dançar? Havia algo de errado. Muito errado.

Então lembrou-se de sua amante e esqueceu qualquer hipótese que lhe vinha na cabeça. Bebeu diversos chops até cair no chão de tão chopado, vendo tudo escurecer e mais nada ouvir.


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Notas finais do capítulo

Ia fazer one shot mas quero dormir, então vai short fic mesmo - L



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