Prólogo

Melanie Malfoy estava – no sentido mais literal da palavra, completamente ferrada.

Segundo a Lei de Murphy, sempre que algo pudesse dar errado, aconteceria, desencadeando uma série de outros acontecimentos desastrosos. Infelizmente, as coisas sempre eram extremas quando se tratava dela, ocasionando num infortúnio de proporções catastróficas.

Havia tido aquele pressentimento de que algo daria terrivelmente errado quando acordara algumas semanas atrás, completamente despida e com uma sensação ruim no estômago, ao lado de ninguém menos do que Albus Potter, sem se lembrar de muita coisa e, pior, sem fazer ideia de como acabara indo pra cama justamente com ele.

Na época, recordara brevemente de como seu irmão praticamente a obrigara a ir com ele na festa que Lily Potter estava dando. E ela foi, mas somente porque Draco Malfoy surtaria ao descobrir, exatamente como naquela vez no primeiro ano em que ela mandara uma carta dizendo que o Chapéu Seletor havia a colocado na Lufa-Lufa.

Bom, seu pai certamente surtaria agora, diante das consequências.

E, por alguma razão, diferente de antes a perspectiva de um Draco Malfoy furioso não parecia mais algo tão divertido.

Porque, aparentemente, hormônios adolescente, uma festa sem controles e bebida tinham o poder de mudar toda uma vida.

Em sua defesa, a Princesa Malfoy nunca imaginou que um pequeno descuido pudesse gerar um desfecho tão caótico, nem que uma imprudência momentânea tivesse consequências tão indesejáveis. A Malfoy se orgulhava de sua sensatez e discernimento, mas talvez ela não tivesse tanto assim do que se orgulhar, levando em conta toda a situação em que ela própria se metera graças a um ato impensado.

“Nota mental. Nunca mais ouvir o Scorpius, porque tudo o que vem dele é perigoso e potencialmente destrutivo”

– Você precisa falar com ele – Decretou Rose, com um olhar de pena.

– Rose, não. Por favor – Suplicou, em um gemido – Eu consigo lidar com a situação sozinha. Quer dizer, o papai vai até ficar furioso no começo, mas ele e a mamãe vão me apoiar. E até o Scorpius vai ser prestativo. Juro solenemente.

– Não, Mel! – A ruiva estava irredutível – Olha, o Albus não é idiota.

– Não tenho tanta certeza disso. Ele é idiota, sim. O Rei dos idiotas – A loira bufou, carrancuda e zangada, cruzando os braços em uma birra infantil.

Rose revirou os olhos.

– Vocês dois são idiotas, na minha opinião.

– Você acabou de dizer que o Potter não é idiota – Melanie retrucou – Como posso aceitar conselhos seus se você vive mudando de ideia?

– Mel, não é essa a questão – Rose colocou a mão em seu ombro, seu tom compreensivo – A questão é que você não fez sozinha, então não é justo você enfrentar tudo isso só.

A Malfoy soltou o ar pela boca, cansada. A amiga tinha um ponto válido. E, por mais que não gostasse se admitir, o Potter do meio não era tão estúpido, ele ligaria os pontos rapidamente. E, quando descobrisse, uma omissão só tornaria a situação mais complicada ainda.

A grande verdade é que ela e o Potter sempre se detestaram.

Normalmente, eles se ignoravam. Infelizmente, haviam pequenos momentos onde a antipatia natural que tinham um pelo outro falava mais alto, resultando em insultos, azarações e ocasionais acidentes envolvendo inocentes feridos.

– Você está certa – Admitiu, com uma careta que se dividia entre a contrariedade e o enjoou.

Aquilo não ia prestar.

E pela calcinha rosa do Darth Vader, ela estava fodidamente fodida.