O Mestre de Go escrita por Nael


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eu sou realmente apaixonada por Hikaru no Go, não me perguntem o porque já que não sei jogar esse raio de jogo. =P
Enfim, boa leitura.



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— Shindou! – o rapaz de cabelos escuros e esverdeados na altura dos ombros chamou o que estava parando mais a frente de um portão de madeira. Este tinha cabelos negros e a franja mais clara.

Touya correu até finalmente alcançar a figura de Hikaru que tinha as mãos nos bolsos e olhava para cima.

— Shindou. – ele se aproximou ofegante. – Mas que droga. Pelo jeito que falou que era urgente eu pensei que tinha acontecido alguma coisa. – o outro o olhou rápido com um sorriso de canto.

— Shindou? O que foi? – logo ele se arrependeu da pergunta e encarou o chão. – Desculpe, foi uma pergunta idiota. Era aqui que seu avô morava?

— Sim, foi aqui que tudo começou. – ele falou finalmente e apesar do luto tinha a voz tranquila.

— Tudo? Tudo o que? – Hikaru o olhou e empurrou o portão adentrando a propriedade.

— Nós somos rivais, eternos rivais e isso nunca vai mudar. – ele se virou para Touya. – Agora eu posso afirmar isso porque só agora você sabe e reconhece a minha força. Mas... – ele suavizou sua expressão. – A maneira como tudo começou. Como eu me interessei por Go e você me perseguiu... – ele suspirou e abriu passagem para o outro. – Você também se tornou meu amigo e em nome da amizade e rivalidade eu vou te contar.

— Shindou você não está fazendo o menor sentido. – Touya falou meio irritado. – Me contar o que afinal?

— A verdade. Sobre nosso primeiro jogo. A verdade sobre Sai. – Touya se surpreendeu com aquilo e passou pelo portão seguindo o rapaz.

— Onde estamos indo? – ele perguntou enquanto era guiado pela propriedade. Havia caixas espalhadas e homens trabalhando na retirada dos moveis.

— Depois do funeral do meu avô muitas coisas foram retiradas, mas ainda restam algumas. Então... – ele disse com um sorriso. – Vou te levar até o Sai.

— O que? – ele puxou o ombro de Hikaru. – E-Ele está vivo? Ele mora aqui?

— Não exatamente. – Hikaru falou coçando o queixo, se soltou dele e entraram na casa. – Eu acho que você não vai acreditar em mim de qualquer forma, mas já estava na hora de eu falar isso pra alguém. – eles subiram as escadas para o sótão.

— Por que eu não acreditaria em você?

— Porque eu também não aceitaria algo tão impossível assim. – ele parou e Touya viu que havia um tabuleiro no chão.

— E então? – o rapaz perguntou olhando ao redor procurando por alguém.

— Aqui está. – Hikaru indicou o tabuleiro. – Este é, ou melhor, este era o Sai. Foi daqui que ele surgiu. Foi aqui que eu o conheci.

ᴥᴥᴥᴥᴥᴥᴥᴥᴥᴥᴥᴥᴥᴥᴥᴥ

— Você está me dizendo que o Sai da internet era um fantasma que te seguia? – Hikaru assentiu simplesmente com a cabeça para Touya. – Você... Você está falando sério? Olhe nos meus olhos e diga Shindou Hikaru.

O outro cerrou as sobrancelhas e encarou seus olhos.

— Fujiwara no Sai foi o maior jogador de Go que existiu e seu fantasma que ficava preso nesse tabuleiro me assombrou, me ensinou Go e chegou bem perto de alcançar a Jogada de Deus. Essa é a mais pura verdade, Touya Akira.

Touya fechou os olhos por um momento e suspirou.

— Isso explicaria nosso primeiro jogo e o que jogou com meu pai também, mas... – Akira não sabia ao certo o que dizer. Estaria Shindou louco? Seria por conta da perda que acabara de sofrer? Mas então como explicar as inúmeras vezes que ele jogou parecendo ser outra pessoa, em um nível totalmente superior? Fantasmas... seria mesmo possível? –Tudo bem, eu vou tentar ao máximo acreditar em você Shindou.

— Mesmo? – a expressão do rapaz mudou, seu semblante se iluminou e pela primeira vez desde a morte de seu avô ele sorriu e isso não passou despercebido por Touya.

—Sim. Mas... – ele riu baixo. – É uma pena, sabe.

— Como assim?

— Não que eu não esteja reconhecendo sua força, mas... Se isso é verdade eu o enfrentaria cara a cara, sem truques ou mentiras ao menos uma vez. Eu adoraria jogar com o Sai de novo. Acho que é por isso então que jogar com você me diverte tanto. – ele pegou o pote de peças. – De acordo com a sua história, pode-se se dizer que uma parte de você é o Sai.

— Está procurando o Sai em mim ainda? – Hikaru fechou a cara. – Eu não sou como ele e embora eu tenha te contado tudo isso para que você pudesse reconhecer o Sai e... Você simplesmente acha que eu tô inventando tudo, não é!? E que o Sai é tudo coisa da minha imaginação e...

— Eu não disse isso. – Touya o interrompeu. – Me deixe terminar. Eu decidi acreditar na sua história então querendo ou não você tem uma parte do Sai em você, afinal ele te ensinou não foi? O mesmo vale para mim e meu pai. Então ao mesmo tempo você conseguiu criar uma identidade nova no jogo Hikaru. E eu reconheço isso. – ele colocou a peça preta.

— Eu sei que você me acha louco. – ele pegou o pote de peças brancas e jogou. – Mas é... Acho que tem razão, Sai é uma parte de mim de qualquer forma.

Uma hora depois o último caminhão levava os últimos pertences. Hikaru levava o tabuleiro com as duas mãos. A partida terminou em empate.

— O que vão fazer com a casa? – Touya perguntou enquanto carregava os potes com as peças.

— Não sei ao certo. Minha mãe é a única herdeira. Deve vender provavelmente.

— Hum. E quanto acha que ela pedirá?

— Eu não sei. Por que a pergunta?

— Meu aniversário é mês que vem. E meu pai disse que posso pedir qualquer coisa. Acho que seria legal comprar esse lugar. E... talvez criar uma escola de Go.

— Touya... Você está falando sério?

— Meu pai se aposentou, mas ainda ama Go, tenho certeza de que gostará da. ideia. Além disso, já pensei no nome prefeito. O que você acha de Instituto de Go Fujiwara?

— Akira... Eu acho que se Sai pode nos ver agora ele provavelmente está sorrindo.

Akira ficou catatônico, Hikaru realmente acreditava no que dizia, afirmava e assentia com uma clareza impressionante. É, mesmo que não passasse de uma brincadeira Akira entraria nela então.

— Olha a frente. – um grito agudo os fez sair do pensamento.

Um vulto de bicicleta atingiu os dois em cheio fazendo as peças preta a brancas se espalharem pela calçada. Por pouco o tabuleiro não foi arremessado para longe.

— Aí, mas que droga. – a garota foi a primeira a se levantar. – Qual é a de vocês ficando parados assim no meio do caminho.

— Como assim? Estamos na calçada. Você não devia descer uma ladeira de bicicleta. – Touya se irritou. – Olha a bagunça que você fez.

Ele se virou para Hikaru que abraçava o tabuleiro, mas estava todo esfolado.

— Você está bem? – ele se levantou olhando o tabuleiro que só estava um pouco arranhado.

— Estou.

— Bando de malucos. – disse a garota de cabelos longos e escuros aparentava ser mais nova.

— Ao menos seja educada e peça desculpas. – Hikaru gritou.

— Até parece. – ela subiu na bicicleta de novo. – Ainda mais por essa a velharia manchada. – ela indicou o tabuleiro mostrando língua e saiu pedalando rápido.

— Ei! Volte aqui sua... – Touya falou, mas se interrompeu ao ver que Hikaru a encarava sumir no horizonte. – Shindou?

O rapaz se voltou para o tabuleiro e então Touya viu que ele deixou uma lágrima cair na madeira que refletia seu rosto de tão limpa.

— Hikaru? O que...?

— Liga pra uma ambulância. Mande eles pra rua de baixo onde a garota foi.

— O que? Por quê? Shindou?! – ele sacudiu o garoto pelos ombros. – SHINDOU! – Hikaru olhou para cima para o céu nublado o ignorando completamente. Fechou os olhos.

— Sai... – Akira o encarou espantado. – Acho que você poderá ter sua revanche Touya.

— Hã? Eu acho que vou chamar uma ambulância é pra você. – O rapaz se levantou começando a juntar as peças um pouco irritado.

— Sai... – ele repetiu baixo abrindo os olhos e fixando as sobrancelhas cerradas na rua. Venha. Estou pronto! Está na hora de terminar aquela partida.


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Notas finais do capítulo

Final dando aquela pitada de esperança porque sim e porque o Sai é fofo demais pra sumir pra sempre. ^^



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