Marie caminhou até o ponto de ônibus, onde esperou apenas cinco minutos antes de pegar um que passasse perto da sua casa. Subiu, pagou e se sentou, prestando atenção no caminho e em seus detalhes. Viu uma mulher brigando com o filho, que não parava de colocar o dedo no nariz, depois viu uma casa muito, mas muito bonita, depois observou um mendigo sendo ignorado pelas pessoas que passavam, depois um garoto muito bonito. Logo o reconheceu: ele morava no seu prédio, tinha uma namorada chata e estudava no mesmo colégio que ela. Mas Marie nem sabia o nome dele.

Ele, ao entrar no ônibus, também a reconheceu, mas a loura fingiu que não tinha visto o garoto. Ele pagou e foi até ela:

- Posso me sentar ao seu lado?

- Claro... - disse Marie, sem olhar para ele, e quando fez isso, fingiu surpresa: - Ah! Você é... o garoto do prédio, com quem eu esbarrei um dia desses...

- Sim. O meu nome é Jake.

- De Jacob?

- Sim, mas não o daquele filme com vampiros.

- Ah sim. Deu pra notar. Meu nome é Marie. - e a loura sorriu.

A garota foi olhando as casas que iam passando, iluminadas pela luz do por do sol, enquanto Jake olhava pra ela, intrigado.

- Você está sempre muito sozinha, não é? - ele perguntou.

- Não, imagina, tenho uma turma grandona de amigos.

Ele soltou um pequeno risinho. Ela também.

- Não teve muita graça. - ele disse.

- Eu sei. Mas é sério, eu tenho vários amigos da minha antiga cidade. Tem a Mary, a Dalila, o Marcus, o Edward...

- ... de Crepúsculo? - ele perguntou. Ela riu.

- Não. Mas ele é legal. Até foi meu namorado na sétima série.

- Sério?

- Uhum. E você? Tem vários amigos por ser popular, certo?

Jake fechou a cara. 

- Sabe, eu posso ser conhecido, mas não gosto de rótulos. Ser conhecido só pela aparência? Nada a ver. 

- Então por que você namora uma popular? Que eu saiba, alguém que não gosta de rótulos não se importaria em namorar uma esquisitona.

- Como você? - Ele perguntou, e ela ficou vermelha vermelha.

- Não!!! Não tô falando de mim!

- Tá. - e logo seu sorriso se desvaneceu. - Namoro a Lígia porque no começo, ela era legal, mas agora, acho que já vou terminar com ela.

- Por quê?

Jake olhou demoradamente para Marie, que de repente se sentiu muito envergonhada.

- Ah, desculpa, desculpa. Tô aqui fazendo um monte de perguntas sobre sua vida. Parece um interrogatório.

- Tudo bem, he he. Você não parece ser do tipo que sai espalhando por aí. Vou terminar porque ela começou a se revelar uma garota muito... plástica. Insuportável, grudenta. Sabe?

- Sei. - Marie disse, com o olhar "perdido no horizonte". De repente, se deu conta de que estava quase chegando perto de casa. - Ah! Já é aqui que eu desço.

- Eu também. - o garoto disse, se levantando e puxando a cordinha do ônibus.

Os dois desceram, ainda conversando um pouco, e caminharam juntos até o prédio. Entraram no elevador e foram no mesmo andar. Marie se despediu de Jake quase abrindo a porta do apartamento, já que eram vizinhos de frente. Entrou em casa, encontrando o pai preparando um jantar. É mesmo, pensou, na sexta feira o pai faz o jantar.

- Oi pai! - A loura o cumprimentou animadamente, o surpreendendo.

- Tá diferente hoje, filha. Aconteceu algo?

- Fiz dois amigos! ^.^

- Que bom! ^^

E comeram a refeição conversando felizmente. De repente, Marie olhou para um canto da parede e viu Angela, sua mais recente amiga. Balançou a cabeça, ela não estava mais lá.

- Acho que foi só impressão - ela falou pra si mesma.

- O quê? - perguntou o pai.

- Nada.