Versos simples... escrita por IuryOliveira


Capítulo 1
O que fazer deste amor?


Notas iniciais do capítulo

Não era sociável, não me encaixava naquelas rodinhas de amigos que só queriam aparecer, muito menos tinha amigos. Todos só me olhavam como um estranho, um louco, um garoto suicida.
O que há de errado comigo?



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Meu nome é Liam Storm, e não é apenas no sobrenome que há, na minha mente também ocorre muitas vezes. Tenho 19 anos e sofro de atelofobia, bom, medo da imperfeição, de não ser bom em nada. Moro com meus pais, eu tinha uma irmã, mas ela se suicidou na banheira após uma foto sua nua vazar na internet. Meus pais ficaram muito abalados, mas era a vida. Todo dia 13 íamos ao cemitério levar flores ao túmulo dela, e amanhã faria 2 anos que ela se foi. Era uma menina de 17 anos tão linda, mas tinha um mal, acabava de conhecer um cara e já saia com ele.

Eu tinha o meu lado suicida, meus braços haviam marcas espalhadas, que eu cobria com a manga do casaco para evitar explicações. Sempre pedia para a noite não chegar, pois era quando eu mostrava quem realmente eu era ser. As vozes invadiam a minha mente, me fazendo cortar todo o meu corpo com o gilete, desde os pulsos até as minhas pernas, era gostoso ver o sangue cair ao chão, a dor era o que eu precisava sentir, mas comparado a dor que o amor me fazia ter, era mais fácil se cortar do que amar e ser amado.

Era um coração, mas parecia um orfanato, de tanto amor que nascia e ali era abandonado. O amor que eu sinto, tem nome e endereço, Lauren, minha vizinha. Desde que ela se mudou para cá, aos cinco anos, assim que bati meus olhos nela, vi que era amor. Uma menina linda, que ao passar dos anos, foi ficando mais e mais. Aqueles cabelos negros e seus olhos castanhos claros que iluminavam com a luz do sol ao toca-los.

Era complicado para mim, ter que abrir a janela do meu quarto e dar de cara com ela transando com outro cara na janela da frente, mas mesmo assim eu a amava, meus ''colegas'' diziam ser loucura minha, mas se amar a Lauren era loucura, queria morrer louco.

6:30 da manhã, o despertador forçava em me acordar para ir a escola naquela manhã, um dia antes de completar 2 anos da morte da minha irmã. Levantei e fui até o banheiro, quando abri o armarinho para pegar a escova, lá estavam os frascos dos remédios que eu insistia em não tomar, mesmo que a vontade era grande de sumir, para minha mente, a morte era preciso. Voltei ao quarto, e ao olhar no espelho enquanto me arrumava, via um garoto magro, desnutrido, feio, como alguém poderia ama-lo assim. Desci as escadas, lá estava meu pai lendo seu jornal enquanto pegava tomava um gole de seu café e minha mãe em pé ao lado da mesa, servindo-o com bolo. Eles olharam para mim e eu para eles.

_Não vai tomar café com a gente filho?

_Não mãe, estou atrasado mais uma vez!

_Você tem que comer algo filho, vai ficar doente, ai quero ver!

_Não enche mãe, desde quando se preocupa comigo?

_Jorge, veja como esse garoto está falando comigo!

Meu pai não tirava os olhos do jornal e a deixava falando sozinha. Se ela desse mais atenção aos filhos, talvez a Clara ainda estaria com a gente, como ela me fazia falta, eu não me sentia só quando ela estava viva, ela me animava, me fazia sorrir, mas o caminho errado a levou.

Sai e comecei a caminhar em direção ao ponto de ônibus da escola, esperei e esperei até que ele chegou, mas como de costume, sempre passava de mim e eu tinha que correr atrás dele, mas naquele dia, Ricardo, garoto da escola que se achava o tal, apareceu na janela e começou a me atacar ovos, até eu tropeçar e cair no chão.

Fiquei de joelhos, levantei a cabeça e limpei o rosto, olhava para ele com uma raiva que crescia mais dentro de mim, voltei para casa, minha mãe perguntou o que tinha acontecido, mas nem falei com ela, subi furioso para o quarto e bati a porta bem forte, que parecia ter saído da parede. Ao chegar na janela, me deparei com Lauren na sua janela.

_Oi.- Falei.

_Oi.- Ela nem levantou a cabeça.

_Tudo bem?- Tentei criar uma conversa

_Parece estar tudo bem garoto!? Se tivesse tudo bem eu não estaria aqui, não enche tá!- Parecia estar nervosa

Voltei para dentro e sentei na cama até a noite chegar, foi ai que tudo começou. As vozes começaram a vir em minha cabeça, eu apertava-a com as mãos, mas a dor só aumentava, e as vozes diziam para eu me cortar, mas eu não queria, mas era mais forte do que eu. Fui até a escrivaninha, peguei um gilete que já havia sobre ela, me sentei ao lado da cama e começava pelo braço, fazia três cortes em cada um, gritava de dor, minha mãe batia na porta que estava trancada, eu tinha que fazer aquilo, era preciso, a minha alma que chorava, vendo o meu fim.

Parecia que a lâmina falava comigo, as vozes faziam a minha mente criar um diálogo entre eu e aquele objeto, ela parecia dizer, ''me usa'' e eu dizia que não, eu tinha prometido para meus colegas que nunca mais eu ia fazer aquilo, e ela me fazia uma pergunta, '' E onde estão eles agora? Vai, se corta, me usa.''

A noite passou e ao amanhecer, percebi que havia dormido ali mesmo, estava todo ensanguentado, me levantei, e fui ao banheiro do quarto ao lado, o da minha irmã, e lá estava a banheira, me chamando, cheia até a boca, quase transbordando, mas resisti e sai após me lavar.

Desci as escadas e lá vinha minha mãe me fazer suas perguntas chatas, como eu queria sumir, para nunca mais ouvir ela falando.

_O que você fazia no quarto naquela hora Liam!?

_Se fosse pra você saber, eu faria na sua frente.

_Olha aqui mocinho, vou te deixar sem seus vídeo games ouviu bem?

_Ah, faça o que quiser, não me importo para o que você vai fazer ou não, agora deixa eu ir.

_Não se atrase, temos que ir ao cemitério hoje.

_Ainda insistem nisso, mas O.K.

Sai e fui andando até a escola, cansado, mas cheguei. Havia um enorme corredor, e para cada lado que eu olhasse, havia alguém me olhando e rindo de mim, de fato pelo o que aconteceu ontem, as ovadas.

Ao chegar no meu armário, meu colega Timmy veio até a mim.

_E ai Liam, como está?

_Bem como sempre.- Finjo estar bem, para evitar explicações. Quando terminei, Lauren passava ao meu lado e eu a olhava feito um idiota.

_Liam! Liam! Esquece ela cara, já disse que é loucura, ela nunca vai olhar para você.

_Será?- Algo tocou a minha mente, parece que se eu não fizesse aquilo eu nunca mais ia fazer, sai e deixei o Timmy falando sozinho, andei atrás da Lauren até chegar ao lado de fora do colégio, coloquei minha mão sobre o ombro dela que virou rapidamente.

_Você de novo, que direito você tem de tocar em mim!?

Não liguei para o que ela falava, respirei fundo e falei.

_Desde que tínhamos 5 anos, eu não paro de pensar em você, aquela doce garotinha que andava de bicicleta em frente de casa e brincava de boneca sozinha no quarto por que eu via, mas hoje percebo que foi um erro me apaixonar por tanto tempo pela pessoa errada feito você, meu erro é gostar de pessoas como você, que não sabem nada de amor, que deita com todos os caras da cidade e ainda a certinha de todas.

Ela apenas olhava para minha cara, tipo, ''o que você está falando menino idiota?'', e todos olhavam para nós, mas não sei o que estava fazendo, do nada me veio uma coragem, parecia que aquele seria meu último momento de fazer aquilo, então eu continuei.

_Dóis sabia? Ah! Lembrei, você não se importa.

Quando eu estou sozinho, ficava ali, pensando em diálogos para falar, mas naquela hora, não sei de onde saia tantas palavras contra o meu amor pela Lauren.

_Você só pode estar drogado, um garoto louco, nunca te notei, apenas sabia que era meu vizinho, mas quem seria louca de se apaixonar por você, ou melhor, quem seria louca de gostar de você, se enxerga garoto, olha pra você, todo desleixado, fedido, magrelo,se eu fosse você, nunca mais voltava para a escola, depois do mico que passou.

Ela saiu e me deu as costas, e como sempre, fiquei ali, parado, olhando pro nada, quando me virei, lá estavam todos, me olhando, rindo de mim. Decidi correr, corri muito até chegar em casa. entrei, batendo a porta da sala, corri pela escada até o meu quarto, fechei a porta com a chave e a janela com o cadeado, parecia que tinham ido ao cemitério sem mim, menos mau. Liguei a luz e peguei um caderno e uma caneta na gaveta e decidi escrever uma carta.

Fechei os olhos até vir o que escrever na mente, então comecei.

: A vida consiste em metade de mentiras que a gente é obrigado a dizer, e metade de verdades que a gente é obrigado a se calar, durante toda a minha vida eu amei somente uma menina, um amor tão próximo e tão desperdiçado por um alguém que não conhece o significado do amor, que se deitava com todos os garotos que achasse atraente, bom, depois da morte da minha irmã, conheci uma nova amiga, um simples objeto que esteve comigo todas as noites, com elas, fiz marcas em meu corpo, marcas essas que irão comigo até a morte, o amor não. O amor morre com a morte. Metade de mim é abrigo, outra metade, medo. Mas ninguém precisa saber, a verdade é que me explicar é pedir para não ser compreendido. Assim, guardo tudo comigo, pois conheço a alegria que vem, mas sei da tristeza que fica. Sempre me diziam que era preciso ter Deus, que todo mundo precisa de Deus, mas eu não precisei, já que ele nunca esteve comigo quando mais precisei. Não liguem, as vezes ir embora na maneira mais cruel, é uma forma de amor, amor próprio. Se eu dissesse tudo o que eu sentia, talvez ninguém compreenderia, então guardei tudo para mim, e tudo ira comigo. Deixo aqui os meus versos simples a você:

Lauren, eu estava ali por você,

E você me mandou embora,

Aprendi que o amor não machuca,

São as pessoas,

O amor é apenas um sentimento,

então vamos marcar um dia,

Pra você ir se foder O.K.!

Os ventos sopram fortes em minha mente, bagunça minhas memórias, sacode toda minha estrutura sentimental, e quando se vai, deixa uma bagunça tremenda. Pai e Mãe, posso não ter sido um bom filho, mas eu era apenas um fantasma fugindo do medo, do medo de dizer que amava vocês. Vocês por costume, me perguntavam se eu estava bem, e eu respondia que sim, por costume, mas só por costume, e vocês nem ligavam mais, a morte não é a maior perda da vida, a maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos, sempre tive aquela sensação de que faltava algo em mim, aquela sensação de não sentir-se importante para ninguém, e espero que se divirtam, não tenho mais o que fazer nesse mundo, me perdoem...''

E assim, andei até o banheiro, abri o pequeno armário e peguei o frasco de remédio, andei até o outro quarto e fui até o banheiro, deixei a carta na porta e a tranquei, entrei na banheira, abri a tampa do frasco e engolia todas as pílulas. Junto, cortava os pulsos, misturava meu sangue com a água que logo ficava meio rosada, parece que aquela cena voltava a se repetir dois anos depois, mas agora era comigo. Fechei os olhos e me afundei na banheira, dando adeus ao a todos, ao mundo, ao amor, aos meus versos simples da via, não é atoa que amor rima com dor, eu amava na dor e sentia dor quando me cortava, essa era a minha vida...

Fim...


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que gostem...



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