Shadow Moon escrita por letter


Capítulo 2
Wolfsbane, Pirraça e Armário


Notas iniciais do capítulo

Hello leitores :) Acho que consegui deixar vocês curiosos com o prólogo hehe missão cumprida. Capítulo recém nascido para vocês. Espero que gostem, embora seja mais uma introdução a tudo o que está por vir (atenção nas entrelinhas :x ).



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Assim que amanheceu o dia Minerva McGonagall declarara que todas as atividades dentro do castelo naquele dia seriam suspensas para que os amigos da falecida garota pudessem prestar suas condolências e homenagens em um velório preparado pela família da moça e, para que os de mais alunos guardassem luto em forma de respeito.

Que a garota fora assassinada não havia dúvidas. Quem a viu contou como o corpo fora mutilado e mal tratado, apenas um animal para fazer tamanha desgraça. Talvez fosse por isso que não havia dedos apontados para Teddy Lupin o acusando, porém isso não se devia ao fato de que ninguém nunca o acusaria de tal crime, se devia ao fato de poucas pessoas sabiam do gene licantropo que se expressara em seu sangue.

— Foi Nêmesis – murmurou Dunch enquanto acompanhava um Teddy mais apresentável ao salão principal na noite anterior.

Teddy na hora sentiu seu estômago se revirar como se houvessem o acertado um balaço. Nêmesis era a melhor amiga de Victorie Weasley e estava sempre ajudando Teddy com o preparo de suas poções. Algumas pessoas suspiraram de alivio quando ele apontou no Salão Principal, até então estava “desaparecido” e muitos imaginavam que o pior havia acontecido a ele, porém, se soubessem o que ele era de verdade...

Victorie Weasley se afastou de seu toque quando o garoto se aproximou dela em meio à multidão que se aglomerava em lágrimas no Salão Principal e Dunch resolveu ficar o mais longe que podia de Teddy Lupin.

Ótimo, as duas pessoas com que mais se importavam achavam que ele atacara Nêmesis, supôs Teddy. Porém... Ele mesmo se perguntava se atacara a garota.

Lupin não se lembrava de ter tido noite pior em sua vida. Passara a noite inteira em claro, longe de qualquer alma vida ou morta, tentando forçar sua memória ao máximo para se lembrar da noite passada. Nada. Branco total. E isso lhe dava certeza de uma única coisa: havia se transformado. Não que o corpo doendo como se um trasgo montanhês tivesse praticado sapateado em cima dele não o denunciara isso, porém ao forçar sua memória ao máximo e nada se recordar apenas o confirmara que havia passado parte da noite como lobisomem. As poucas vezes na vida que tivera o prazer de se transformar não se recordava de nada que o acontecia na forma animal, por mais que se forçasse.

Teddy fazia uso de wolfsbane desde que se entende por gente para não se transformar em lobisomem durante as luas cheias, uma poção fumegante e dificílima de ser preparada. As poucas vezes que negligenciara o uso da poção havia se transformado, mas nunca por uma noite toda, apenas por parte dela, acreditava que isso nunca aconteceu por que tinha mais wolfsbane circulando no seu sangue do que oxigênio, apenas quando a quantidade da poção mata cão diminuía ocorria certos episódios isolados. Por mais que não se lembrasse, concluiu que não tomara sua poção da forma correta no dia anterior.

Pela manhã um grupo de alunos rumou junto com o corpo docente da escola para o velório da falecida garota. Teddy não foi. Sabia que não conseguiria olhar para Nêmesis nem para as pessoas chorando a sua volta sem saber se fora o culpado pelo seu assassinato ou não. Teddy nem ao menos conseguiu expressar seu luto. Conhecia Nêmesis desde seus onze anos de idade, ela era uma das únicas pessoas que sabia de sua real condição e o ajudava a lidar com isso, foi a primeira pessoa a saber de seus sentimentos para com Victorie e foi quem o apresentara a Dunch, hoje seu melhor amigo. Teddy queria chorar pela a amiga, esbravejar de raiva e se revoltar, assim como todas as pessoas da escola estavam, mas não conseguia. Estava incapacitado de sentir qualquer coisa.

Parecia que contra sua vontade seus sentimentos foram arrancados de seu peito e não retornariam ao seu devido lugar enquanto Teddy não soubesse o que aconteceu. Tinha certeza que nunca faria tal coisa a alguém, tinha certeza que mesmo em sua forma de lobisomem nunca atacaria uma pessoa que gostasse tanto, tinha certeza que não era um assassino. Mas... não conseguia ter a certeza se o fizera ou não.

Durante a tarde fez questão de tomar uma dose a mais de wolfsbane. Escondia a poção fumegante em garrafinhas dentro de um cofre que ficava em seu armário, notou que havia poucos fracos da poção e sentiu mal ao pensar que pela primeira vez em muito tempo não teria Nêmesis para ajudá-lo a preparar.

Teddy deitou em sua cama no dormitório do sétimo ano da Grifinória, imaginava que a noite Victorie estaria de volta e talvez fosse possível que pudessem conversar. Não poderia ter a pessoa que mais amava no mundo achando que tomara parte no que aconteceu. Forçou a se manter com os olhos abertos para não dormir, queria estar suficientemente exausto a noite para não correr o risco de passá-la acordado. Nem notou quando caiu no sono.

Antes mesmo de abrir os olhos Teddy sabia que algo estava errado.

Não sentia o seu colchão de penas, nem o travesseiro, nem o descanso que uma cochilada traz. Sentia o cheiro de terra molhada, as mãos ásperas, a respiração ofegante e o respirar de outra pessoa. Não podia estar mais surpreso quando abriu os olhos e viu...

— Vic? – perguntou ele incerto para a garota prostrada a sua frente. Victorie estava com os olhos vermelhos, roupas pretas e cabelo mal penteado, ajoelhada a sua frente, o olhando com cautela — Onde...? – começou Teddy balbuciando olhando em volta, parecia um velho armário de vassouras.

— Eu te encontrei logo a pouco perto do salgueiro lutador, não falava coisa com coisa e acabou desmaiando no meio do caminho – contou ela, ainda o avaliando.

Teddy não sabia se perguntava por que ela o escondeu ao invés de chamar ajuda, ou se mencionava Nêmesis, ou se tentava se lembrar da hora em que havia deixado a torre da Grifinória.

— Fique calmo – pediu Victorie o surpreendendo.

— Eu estou calmo – respondeu ele perplexo, levantando um dos joelhos para apoiar o braço que corria pela cabeça.

— Quando seus cabelos e olhos ficam vermelhos, você está sentindo tudo, menos calmo – contrapôs Victorie firme — Eu o trouxe para cá porque você está com a aparência de que não estava fazendo alguma coisa certa. Quer dizer, olhe suas roupas. E com toda a história da Nêmesis... – os lábios de Victorie tremeram, e seus olhos se encheram de lágrimas ao mencionar o nome da amiga.

Por instinto e sem pensar, Teddy se apoiou nos joelhos para ficar da mesma altura de Victorie que continuava ajoelhada dentro do pequeno armário de vassouras e passou os braços em sua volta em forma de um abraço.

— Vic, eu sinto muito, muito mesmo – falou ele baixinho em seus ouvidos — Até agora estou esperando acordar e ver que isso tudo não aconteceu. Ainda não caiu a ficha... E eu... Eu não quero que você ache que fui eu que mat...

Victorie se afastou abruptamente de Teddy.

— Você acha que eu acho que você tem algo haver com isso? – perguntou a loira perplexa, seus olhos claros pareciam que iam saltar de tão arregalados.

Teddy abriu a boca, mas não emitiu nenhum som. Por essa não esperava.

— Nunca, nunca pensaria isso de você. Você não faria mal nem a um sapo – contestou Victorie — Não acredito que achou que alguma hora eu pensei isso de você.

— Eu me transformei ontem à noite – confessou Teddy — E da mesma forma como você me encontrou agora, eu acordei ontem, no meio da floresta... Sem lembranças. Não sei o que andei fazendo ontem, mas coisa boa não foi.

— O seu eu lobo deve estar faminto, por anos você não se transformava para alimentá-lo, deve ter caçado algum animal. E como você está em choque, achando que foi o culpado pela morte de Nêmesis, deve ter andando sonambulando por aí, por isso o encontrei assim.

Teddy olhou para baixo para notar a si pela primeira vez. Parecia alguém que achou uma moita muito confortável no canto do castelo e decidira dormir sobre ela. Estava com as vestes sujas de areia, lama, lascas de gravetos e pequenas folhas.

— Eu fiquei com medo de que outras pessoas achasse que você tem algo a ver com tudo isso, e quando te vi assim, não queria que ninguém mais o visse – explicou Victorie — Mas eu tenho certeza que não foi você, mesmo você não tendo essa certeza.

Teddy sentiu que amava Victorie um pouco a mais nessa hora.

— Você provavelmente tem razão. Irei procurar madame Pomfrey, preciso mesmo de um tônico para relaxar e dormir. Ás vezes até uma poção da memória para eu me lembrar do que fiz como lobo e tirar isso da cabeça – Victorie assentia enquanto Teddy falava — Como você está com isso tudo? – perguntou o garoto, nunca teve muito tato para lidar com situações complicadas e problemas emocionais dos outros, mas tentaria se esforçar.

Victorie deu de ombros, soltando uma fungada e se sentando no chão empoeirado do armário.

— Eu não quero acreditar que isso aconteceu. E eu não sei como eu continuarei daqui pra frente depois disso. Nada mais será igual.

— Não – Teddy confirmou com pesar, isso afetaria tudo na vida da namorada e até na sua — Mas vamos ter que viver um dia de cada vez, sempre manter Nêmesis em mente para que ela nunca seja esquecida e descobrir o que realmente aconteceu para que ela fique em paz.

— Um animal a atacou Ted – respondeu Victorie — Não temos o que descobrir além. Apenas... – Vic balançou a cabeça, soltou um pesado suspiro — Apenas continuar.

A loira se debruçou pro lado para empurrar muito de vagar a porta do armário para espiar se a barra estava limpa, ou se havia alguém passando do lado de fora. Teddy achou muito sensato a atitude da namorada de não deixar que ninguém o visse assim. Victorie confiava nele, mas ele não tinha tanta certeza se as outras pessoas que sabiam seu segredo se portariam da mesma forma.

Ela se levantou e foi saindo de fininho, Teddy a seguiu. Estava com as articulações rígidas de ter ficado encolhido tanto tempo num espaço tão pequeno. Estavam perto do salão principal, num armário no saguão de entrada. Parecia ser horário do jantar, o Salão Principal estava cheio, mas eles iriam apenas aproveitar que todos se entretinham no silêncio e na comida e passariam direto.

Ninguém os notariam andando tão sorrateiramente passando pelo lado de fora do saguão, se não fosse por Pirraça, o poltergeist que vivia em Hogwarts, que não passava de um pequeno velhote usando roupas de colorido berrante e um chapéu em forma de sino. Cujo seu único propósito de vida/morte era apenas causar confusão, quebrar coisas, e ser o mais aborrecedor e o mais criador de casos que for possível.

Pirraça pareceu encher os pulmões com uma lufada de ar e barrou a todos os ares como uma canção:

— Lupin, lobo, louco, andando disfarçado para não ser culpado!

Quem ouviu e viu que interpretasse como quisesse.

Teddy odiou nessa hora ser metamorfomago ao imaginar como estaria agora sua aparência com todos aqueles olhos no salão principal postos sobre ele, enquanto cada qual formulava uma opinião mais distorcida que o outro sobre toda a situação.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Por favor, não deixem de comentar com as opiniões, sugestões, críticas ou oi de vocês :D O que acharam??? Até o próximo, beijos galerinha.