Dormimos por algum tempo, não muito, e também nem tão pouco assim, pois quando acordei minha prima já havia saído do quarto, só estávamos eu e Jacob. Me afastei dele devagar na tentativa de não acorda-lo. Precisava de um banho, algum tempo sozinha para ao menos entender tudo o que estava acontecendo.

As palavras ditas por ele mais cedo não queriam sair da minha cabeça, e eu, sinceramente, não fazia questão nenhuma de tira-las de lá. Era bom, a sensação de saber que ele também sentia o mesmo que eu, talvez com um pouco mais de intensidade.

Eu sabia que Jacob não mentiria em relação a isso, seria quase um suicídio, depois da demonstração de carinho entre ele e meu pai ontem anoite, qualquer piso em falso e ele ficaria sem a cabeça, literalmente.

Não havia motivos para me preocupar com isso, mas algo dizia que eu deveria, algo ecoava na minha mente que aquilo não estava certo, eu e Jacob. Queria poder não me importar com isso, em vão, é claro.

Também tinha Tyler, daqui a pouco o encontraria na pedreira, e não sabíamos como seria essa noite, como as coisas aconteceriam, não sabíamos se iriamos conseguir mantê-lo preso, e a salvo.

Quando eu finalmente me arrumei, Jacob já não estava mais dormindo no quarto, ele provavelmente estaria no andar debaixo, e foi pra onde eu segui, encontrando grande parte da minha família com uma cara nada boa.

– Ah não! – falei, arrancando longos suspiros dos mesmos. – Eu vou ficar bem, já disse. Cadê o Jake?

– Ele foi pra casa, avisar a matilha. – Edward disse em um fio de voz.

– Tudo bem então. – andei em direção a porta sentindo os olhares nas minhas costas.

Sim, eu estava, sem duvidas nenhuma, morrendo de medo. Eu poderia nunca mais voltar pra casa, dependendo da situação que encontraríamos assim que a lua cheia caísse sobre o céu, mas eu não poderia demonstrar, e tio Eddie pareceu entender bem o recado, já que não havia comentado nada com ninguém, e estava visivelmente incomodado.

Antes eu do que minha família.

– Não me esperem e ... – recebi uma imensa reprovação de olhares. – Eu vou voltar!

Abracei cada um deles com um aperto no coração sem igual, minha mãe, se pudesse estaria chorando, só pela sua cara era notável. Isso me doía muito, mas eu devia isso a eles, e a Tyler.

– Amamos você. – meu pai disse, já que todos estavam em um silencio ensurdecedor.

– E eu amo vocês, pra sempre! – falei em quanto saia de casa indo em direção a pedreira.

Chegou a hora!

*****

– Sentiu alguma diferença? – perguntei a Tyler enquanto alcançava as correntes a ele que se amarrava entre elas.

– Não, na verdade. – falou simplesmente.

O silencio tomou conta do local novamente, o que era um saco, eu quando fico nervosa costumo tagarelar sem parar, totalmente ao contrario de Tyler. Por outro lado, eu estava preocupada, Jake ainda não havia chego.

– Ty, as vezes falar ajuda. - ele negou com a cabeça.

– Não consigo, Kath.

Me calei, continuando a ajuda-lo com as correntes. Ele já estava suado e tremia um pouco, insisti em dizer que estava com febre, mas o mesmo negava, dizendo ser algo de acordo com a transformação. Logo ouvimos alguns passos se aproximarem e a sala foi invadida pelo cheiro amadeirado, que apareceu com uma cara nada boa.

– Estive na mansão dos Cullen. – falou lançando um olhar para Tyler. – O clima lá não tá bom.

– Jura, Jacob? – perguntei.

Não era hora de falar da minha família.

– Foi mal. – se desculpou. – Tá tudo bem?

O som de ossos se partindo ao meio tomou conta da pequena pedreira me fazendo levar as mãos a boca, e Tyler caia no chão em quanto gritava.

– Se afasta! – gritou com dificuldade. Senti que os braços de Jacob me puxavam para fora, me livrei deles andando até o garoto jogado no chão.

– Ty, você vai ficar bem. – segurei seu rosto entre as mãos, e mais ossos se quebraram.

– Vamos embora Katherine! – Jacob ainda me puxava.

– ME SOLTA! – gritei pra ele. – Tyler?

– Saí daqui! – falou com mas dificuldade ainda. – Tira ela!

Dei uma ultima olhada nele em quanto me deixava ser levada por Jacob, eu teria que me desculpar com ele depois, mas estava nervosa. Não é todo dia que você lida com a morte cara a cara.

E agora, literalmente, havia começado.