-Vou entregar as provas de vocês. -E com essa frase, a turma do 9º ano, que por incrível que pareça estava quieta, vira uma verdadeira zona, todos eles estavam reclamando. –Não reclamem, por favor.

-Teve 10?-Perguntou uma aluna.

-Não. -Respondi simplesmente.

-E zero?

-Acho que não, não me lembro muito bem. Então vamos lá, Bruno. –Entreguei todas as provas e o meu tempo acabara, peguei as provas dos alunos que faltaram, e fiz meu caminho até o corredor.

-Tchau professor. -Diz uma aluna.

-Tchau. -Sai da sala, estava indo para o quinto andar, quando a inspetora me chama.

-Professor, a turma do 2º vai ter prova, e eles já tem o fiscal, então o senhor pode ir embora.

-Ah claro, muito obrigado por avisar. -Desci as escadas, e fui para a sala dos professores, assim que entrei, abaixei a cabeça, ela estava lá, a professora de Biologia mais linda do mundo.

-Bom dia Alexandre.

-Bo-Bom dia.-Eu digo. Droga, pensei, por que eu tinha que gaguejar?

-Você não tem aula agora?

-É tempo de prova do 2º ano, fui liberado para ir embora. –Eu digo, conseguindo finalmente não gaguejar. - Como foi a aula do 8º?

-Péssima, minha cabeça está doendo de tanto barulho que eles fizeram, dá para acreditar que eles são tão infantis?

-Eles acabaram de sair do 7º, relaxe daqui a pouco eles ficam melhores.

-Você fala isso porque dá aula para o 9º.

-Eles são barulhentos também, mas quando eu peço silencio, eles fazem. Eles parecem gostar de mim, as garotas que sentavam no fundo, agora sempre sentam na frente na minha aula.

-Não me diga. -Ela diz irônica.

-O que você quer dizer com isso?

-Obvio que elas iriam ficar na frente, o professor de Física bonitão começou a dar aula para elas. –Eu poderia fazer um comentário sobre ela me chamar de bonitão, mas eu era tímido demais para isso.

-Pode ser.

-Bom dia. -Diz o professor de historia, Rafael. E isso faz com que minha conversa com a Laura termine.

-Professor. - Diz uma aluna. -Os trabalhos que o senhor pediu para nós fazermos nas férias. –Ela me entrega todos os trabalhos, que devo dizer, eram muitos, os alunos realmente precisavam de nota em física.

-Obrigado. -Eu digo, viro de costas e ela vai embora.

-Depois se finge de desentendido, uma aluna veio entregar os trabalhos.

-Uma aluna veio entregar, pois uma aluna é representante. –Eu respondo, não querendo ser rude, meu coração batia ainda acelerado no meu corpo, parecia que ia sair pela boca, quando ela se aproxima de mim.

-Claro que sim, sem motivos a mais não é, professor. –Ela vira de costas e volta a arrumar as suas coisas, descido fazer o mesmo, pego minhas coisas, e sai do saio da sala dos professores, saio do colégio, e vou para o estacionamento. Antes de entrar no carro, vejo Laura indo a pé. Entrei no carro, liguei e fui até ela, cheguei perto dela, abaixei o vidro, e tomo coragem.

-Quer uma carona?

-Pode ser. –Ela entra no carro, e me diz o seu endereço, dirijo até lá, no completo silencio. Chegando lá, vi saindo do carro com muitas bolsas.

-Quer ajuda?

-Não precisa.

-Deixa de ser teimosa. –Ela relutante aceita, pego as bolsas (todas, diga-se de passagem) e levo até dentro da casa dela, e coloquei em cima da mesa da cozinha. –Pronto.

-Obrigada pela ajuda. Posso te oferecer um café?

-Por que não. –Ela foi para a cozinha e eu me sentei no sofá da sala. Olhando para o apartamento bem decorado e impecavelmente arrumado, ela tinha uma foto em um porta-retratos dela com alguns alunos, uma foto quando ela visitou Paris, e uma foto com a família. Ela tinha uma coleção de discos de varias bandas, vi algumas provas em cima da mesa.

-Aqui está, seu café.

-Obrigado. -Tomei um gole, eu realmente estava precisando de café. –Sabe, Biologia nunca foi meu forte. –Tentei puxar assunto.

-Eu sempre fui boa em Biologia. Meus problemas eram as Exatas.

-Então somos o contrario, o meu problema eram as Biológicas.

-E as Humanas?

-Sempre fui mais ou menos, não era nem péssimo, nem excelente.

-O mesmo para mim.

-Já corrigiu as provas de Biologia do segundo bimestre?

-Já, mas não entreguei ainda, afinal, ainda é terça. E você?

-Já corrigi, e entreguei a maioria, só falta as provas de uma turma.

-Não sabia que era tão organizado.

-Tem muita coisa que você não sabe sobre mim. –Eu digo, olhando sorrindo para ela, coloquei a xicara na mesa, eu havia terminado meu café. –Eu acho que já vou indo, obrigado pelo café.

-Por que você não fica, Alex?-Ela diz, quando eu me levanto.

-Eu-Eu...-Não tinha uma desculpa para ir, o motivo real é que eu estava com medo de cometer uma loucura, como agarrar ela ali mesmo. –Tudo bem, eu fico.

-Quer mais café?

-Não, obrigado.-Eu digo, me sentando novamente, ela pega as xicaras, leva para a cozinha, e senta dessa vez ao meu lado no sofá. Nós ficamos conversamos sobre vários, temas até que voltamos ao tema escola.

-Como foi dar aula para uma turma, que já teve um professor de física.

-Eles estão no 9° ano, é a primeira vez que eles estão vendo essa matéria, seria complicada uma mudança repentina de professor, mas pelo que eles me disseram o antigo professor deles era ruim, então, eles se adaptaram relativamente bem as mudanças.

-Você só dá aula para eles?

-Para o segundo ano e uma outra turma em outro colégio. Eu voltei a dar aulas recentemente, fiquei um tempo parado. E você, só dá aula para o 7°?

-Não, eu dou aula para varais outras turmas em outras unidades.

-Deve ser cansativo.

-As aulas não, mas corrigir prova dessa quantidade de alunos, sim.

-Você mora sozinha?

-Moro e você?

-Eu e meu gato.

-Você tem um gato?

-Tenho.

-Eu adoro animais, mas eu não sei se eu conseguiria cuidar, quase sempre estou fora.

-É complicado cuidar desse jeito, mas eu consigo. –Ela sorri. –Quem sabe você um dia não vá à minha casa conhecer ele?

-Claro, eu adoraria. –Dessa vez eu sorri, nós não conversávamos olhando um para o outro, nos olhávamos ocasionalmente, mas nesse momento viramos ao mesmo tempo, eu ainda sorria e ela também, meu coração batia a mil por hora, eu estava com vontade de fugir dali, mas ao mesmo tempo beijar ela loucamente, minha mente dizia que era errado, afinal somos apenas colegas de trabalho, meu coração, me dizia apenas duas palavras: Beije ela. E eu deixei a razão de lado. Cheguei perto dela, pressionando nossos lábios. Nós abrimos nossos lábios, ao mesmo tempo aprofundando o beijo. Minhas mãos vão para o cabelo castanho dela, as dela para os meus braços fortes. Nós separamos para tomar ar, mas em poucos segundos o beijo continua. Ela começa a me deitar no sofá, e quando interrompemos o beijo, ela já estava em cima de mim, sorrimos.

-Você não faz ideia de quanto tempo eu queria fazer isso.

-Não, você que não faz. –Ela levanta e me leva até o quarto.

Lembro-me que naquele dia, não almocei, nem jantei em casa. E fui para o colégio no dia seguinte com a mesma roupa que eu estava no dia anterior