Dizem que tudo começou em uma noite fria de junho.
Boatos.
Tudo começou bem antes, no momento em que fomos concebidos, no momento em que o amor se concretizou e se fez gente, gente como a gente.

Thomas falava muito, mas não dizia nada, guardava somente para si seus segredos e quem realmente era, gostava de fazer as pessoas sorrirem. Desde pequeno aquele menino de enormes olhos castanhos, que se esbugalhavam enquanto ele contava alguma de suas historias, seu cabelo, loiro, que com o tempo se tornou mel, parecia estar sempre atrapalhado, as bochechas vermelhas, que com o tempo perderam a cor, os lábios grossos emolduravam um sorriso que sempre encantou a todos, até mesmo quando aprontava uma de suas travessuras, era só exibir aquele rosto bonitinho que se livrava das broncas.
Thomas sempre se conteve com o pouco que tinha, nunca buscou mais, não precisava de mais segundo ele, mesmo depois de crescido, dizia ter o necessário para sobreviver.

Isabella gostava de falar, estava sempre disposta a argumentar sobre o que quer que fosse, poderia discutir sobre a guerra no Vietnã, assim como defender a maior idade penal. Nunca foi de muitos amigos, mas era capaz de dar a vida pelos que tinha. Sempre era a menina da primeira carteira que encantava com seu jeitinho de ver o mundo, quando criança, mantinha sempre os cabelos negros, cortados no meio das costas, seus olhos estavam na maioria das vezes brilhando, o nariz arrebitado e a boca pequena nunca chamaram a atenção que ela queria, desde que se entendia por gente gostava de pensar nos porquês do mundo.
Isabella estava sempre buscando algo a mais, sentia sempre, de alguma forma um vazio dentro de si que nunca era preenchido, mesmo tendo tudo, ainda era repleta de nada.