Sabor de Sangue escrita por Angie


Capítulo 12
Capítulo 9




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Erin se sentia perdida. Seus pensamentos gritavam que ela deveria ligar para Elora, contar sobre tudo o que Hyden lhe disse, mas ao invés disso ela entrou novamente no prédio do colégio, compareceu a sua primeira aula e se apresentou como Katherine Madden, desculpando-se por estar tão atrasada. De repente tudo aquele fingimento não parecia mais divertido.

Ela sabia que nada daquilo era normal. Hyden não deveria saber nada sobre ela. Todos os anos que passou se escondendo em Winter serviram de que, afinal?

Deveria estar com medo por ter sua máscara tirada a força, mas essa não era sua emoção mais latente. O que mais doeu foi a rejeição, ela nunca havia sido tratada daquela maneira por quem quer que fosse.

“… você continua não significando nada para mim, então suma da minha vida. É o melhor que você pode fazer agora.” Isso foi o que ele tinha dito. Quem Hyden pensava que era?

Erin estava com raiva. Seu sangue fervia pedindo para que ela devolvesse todas as palavras que ele jogou na sua cara em forma de socos. Deveria ter matado ele ali, ou ao menos tentado. Deveria pegar seu celular naquele momento e ligar para Elora. Ou Kaz.

Deveria fugir e não mais voltar. Se ele sabia, não era o único.

No entanto, ela não tinha acabado de cruzar o oceano porque acreditavam que era o momento certo de se mudar para outra cidade? Tinha esperado passar ao menos algumas semanas em Londres e não apenas um dia.

Um pensamento se arrastou em sua mente fazendo com que ela se perguntasse o porquê de Kaz ter acreditado que aquele lugar era seguro para ela. Ele sempre investigava cada cidade, casa, colégio para onde ela iria. Aquilo não poderia ser tratado como uma brincadeira. Ela não poderia ir para qualquer lugar sem informações, pois se assim fosse, nunca se sentiria segura. Esse pensamento a fazia querer rir. Lugar nenhum era seguro. Tudo aquilo servia mais para acalmar a neurose de sua mãe.

Será que Elora sabia de algo daquilo tudo?

De certa forma essa torrente de pensamentos lhe acalmou ligeiramente. Kaz a considerava como uma filha e se tinha escolhido aquele lugar era porque acreditava que ela estaria em segurança ali. Hyden não deveria ser uma ameaça. Ao menos era nisso que ela queria acreditar.

– Se você não desmanchar essa cara preocupada, eu vou ser obrigado a ter uma conversinha com o meu irmão. – comentou o garoto ao seu lado, e se não fosse o fato de ele a estar encarando, Erin teria duvidado que ele havia lhe dirigido a palavra.

– O quê? – estava se sentindo uma idiota por apenas piscar e manter uma expressão confusa, mas não conseguia se fazer entender a que ele estava se referindo. Parecia algo totalmente sem nexo, pois, o que ela poderia ter haver com o irmão dele?

– Sou Gabriel Montgomery – ele se apresentou, lhe estendendo a mão e com um olhar desconfiado Erin retribuiu seu comprimento. – Irmão do Hyden. – completou calmamente.

Erin se levantou bruscamente, quebrando o aperto de mãos como se a mão de Gabriel estivesse pegando fogo e cerrou as suas em punhos. Gabriel franziu o cenho e só então ela percebeu que todas as cabeças daquela sala tinham se virado em sua direção.

Belo trabalho em não chamar atenção, Erin!, ironizou seu subconsciente.

Ela quase podia ver a expressão decepcionada de Elora quando contasse como foi seu dia.

– Algum problema, senhorita Madden? – questionou o professor. Ela não soube decifrar se ele parecia mais preocupado ou impaciente.

– Katherine não está se sentindo muito bem, senhor Grey. – disse Gabriel gentilmente. – Creio que seja a ansiedade por este ser seu primeiro dia em nosso colégio. Se o senhor permitir, gostaria de acompanhá-la até a enfermaria.

Ou ela estava mesmo com cara de doente – provável, – ou as pessoas confiam muito nele por ali, pois o senhor Grey sequer a questionou antes de assentir os dando a permissão para sair. Erin manteve sua cabeça baixa ao passar entre os alunos, com bastante consciência de que Gabriel estava bem atrás de si.

– Desculpe-me por isso. – disse ele já no corredor. – Tive que pensar rápido e você não parece ser do tipo de garota que facilita as coisas.

Ignorando-o Erin ajeitou a alça de sua mochila sobre um ombro e seguiu em direção oposta a que ele indicara. Ela não estava nem um pouco a fim de conversar com Gabriel, o irmão dele já tinha sido irritante e sinistro o suficiente pela vida inteira.

– Erin – ele chamou. –, a enfermaria é por aqui. E mesmo que você esteja bem, acho que devemos manter as aparências.

– Ah, por Deus! – ela se exaltou, virando-se para ele. – Será que existe alguém nesse inferno de colégio que não saiba o meu nome?!

Gabriel pôs um dedo de frente aos lábios, pedindo em silêncio que ela falasse mais baixo.

– Só eu e o Hyden sabemos e tem um motivo para isso.

Gabriel ergueu as mãos, como se ela fosse um animal arisco que ele estivesse com medo de assustar.

– Um motivo?

Ele assentiu.

– Mas eu não posso te explicar tudo. Esse assunto só pertence a você e meu irmão.

– O que eu tenho haver com ele? Até agora Hyden me pareceu um incrível imbecil, e só.

– Ele nem sempre é assim.

– Imagino. – disse ela com ironia. – Dizer a garotas que ele não conhece pessoalmente que elas não significam nada para ele e ordenando que sumam de sua vida deve ser simplesmente parte do charme, não é mesmo?

Os olhos dourados de Gabriel se estreitaram.

– Eu preciso mesmo ensinar aquele babaca como tratar as garotas.

– E enquanto isso eu espero a distância. Preferencialmente com um oceano entre nós, tchau.

Ela ia se virar novamente, mas ele segurou seu braço, impedindo-a.

– Olha, eu prometo que vou tentar convencer ele a ser mais gentil. Vocês precisam conversar.

– Eu não tenho mais nada a conversar com ele.

– O que você sabe sobre o Hyden, Erin? – soltou seu braço.

– Além de todos os fatores que me fizeram ficar morrendo de raiva? Nada.

Gabriel assentiu.

– Foi o que pensei. Se Hyden tivesse usado um pouquinho do cérebro também, ele não teria sido tão ruim com você, mas escuta, vou tentar convencê-lo a contar tudo. Se ele não o fizer, eu conto. Você também tem direito ao seu passado.

É, Erin estava mesmo precisando saber se o que Gabriel disse era ou não verdade. Suas opções eram confrontar Elora – que com toda certeza a levaria para o mais longe possível dali. – ou ouvir Gabriel e Hyden. Nenhuma delas lhe agradavam.

Ela emitiu um suspiro.

– Quer saber? Me leva para a enfermaria. Eu preciso mesmo de um remédio para dor de cabeça.

♥♥♥

– Eu não gostaria de estar na pele de quem te deixou com raiva. – disse Angela ao entrar em uma das salas de treinamento da sede da Aliança.

Annielle mantinha o maxilar cerrado com força a medida que atirava um punhal atrás do outro nos alvos. A média de acerto dela era excepcionalmente boa. Como que para demonstrar que havia lhe ouvido ela apenas lhe lançou um olhar zangado e continuou o que estava fazendo.

– Foi ele de novo, certo? – questionou posicionando-se de braços cruzados em frente ao próximo alvo que Annielle utilizaria.

A damphir arremessou o projétil afiado e sem esforço Angela o pegou no ar, a centímetros de seu rosto, então o largou no chão, fazendo o retinir da lâmina soar em meio ao silêncio previamente formado.

Annielle suspirou.

– Hyden Morgan é uma pedra no meu sapato e enquanto ele não sair de lá, não poderei ficar em paz.

Annielle sempre foi uma boa caçadora. Receber como missão capturar Hyden Morgan e prosseguir falhando uma vez após a outra não tinha sido nada benéfico para o ego dela. Agora era pessoal.

– Talvez você devesse desistir. Entregar a missão para um outro membro.

– Nem se o inferno congelar. Se aquele anjo não tivesse aparecido naquele momento… Mikaela atrapalhou tudo. Em um segundo Hyden estava lá e depois… nada.

– Então ela parou o tempo. – Angela refletiu.

– Acreditou que sim. – concordou Annielle. – Mas ela não estará lá da próxima vez e pode acreditar, vou acabar com ele.

– Você deve capturá-lo e não matá-lo.

– De preferência. – ela cruzou os braços como se não gostasse nada daquilo.

Angela sorriu diante da chateação da amiga, mas por mais que acreditasse na capacidade de Annielle, não conseguia ver como ela conseguiria derrotar Hyden Morgan, nem mesmo com o apoio de Daniel. O filho de Henrique era simplesmente… forte demais. Pensar nisso a fez tomar uma decisão.

– Vou com vocês na próxima.

Annielle negou.

– O Daniel não vai gostar. Nem sua mãe.

– Eu não estou pedindo permissão, apenas deixando claro um fato. E o Danny sabe muito bem que posso me manter em segurança.

A frase não dita pairava no ar: “Ambas sabemos que sou mais forte que vocês.”

A damphir caminhou para o próximo alvo, posicionando-se de frente a ele.

– Espero que ele não se distraia com você.

– Ele não vai. E se o Daniel acreditar mesmo que por um segundo que Hyden Morgan é uma ameaça para mim, as coisas tendem a ficar ainda mais interessantes.

Annielle atirou um outro punhal acertando o centro e seus olhos brilharam como se ela fantasiasse que aquela era a cabeça do príncipe vampiro. Ela pôs uma mão na cintura e abriu um pequeno sorriso.

– Eu mal posso esperar por isso.


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