Another Chance with No Regrets escrita por Segunda Estrela


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu tenho que admitir que me decepcionei bastante com o spin-off de Shingeki no Kyojin. Quero dizer eu esperava que fosse algo tão revelador sobre a personalidade do heichou, mas só revelou personagens mal caracterizados e um senso de escrita meio pobre. Sei que a maioria não vai concordar, vendo que "No regrets" é muito popular. Mas a história não segue o estilo do mangá original, tende ao cliché e perde toda a grande "moral" sobre o fatalismo tórrido da vida. Talvez não seja tão fácil me fazer entender, mas esse autor cobre de maneira superficial as personagens e suas mortes. Eu não gostei nem da Isabel ou do Farlan, além do Levi-heichou ter se tornado um atônito sem emoção. Eu não comentaria muito, mas eu li recentemente uma entrevista com o Haji-chi e vi que mais uma vez, minha linha de pensamento era muito parecida com a dele. Não precisaria da morte de um grande amigo para ele entrar, foi apenas o seu senso de justiça aflorando. Nenhum drama extraordinário e cliché, apenas o sórdido desenrolar característico de Shingeki no Kyojin.



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Levi era um ladrão, isso era tudo o que era e tudo que havia treinado para ser. Não o mais forte da humanidade, não o soldado que valia todo um esquadrão. Era apenas Levi, desonesto e sobrevivendo.

No mundo em que vivia as pessoas eram consumidas pelo desespero e pelo ódio. Atrocidades eram comuns e a gentileza não existia, se existia, Levi nunca tinha visto. Em um mundo daqueles, como um garoto podia encontrar a luz e como um homem podia se livrar das trevas?

Ele sobreviveu por anos, e sobrevivendo dia após dia, ele ficou muito bom nisso. Ele era forte, com o poder que corria em suas veias podia fazer tudo. Tudo que o mundo inferior permitia, pois não importava o quão vigoroso fosse, não era o bastante para alcançar o céu das terras lá fora.

Por anos ele continuou o mesmo, ainda forte, impiedoso. Seus atos não vinham de uma crueldade lúgubre, mas havia algo de indiferente e distante em sua alma. Algo que foi sendo construído lentamente pelo tempo, como uma fortaleza de rochas ao redor do seu coração. Mas mesmo ele, com seus olhos frios e distantes, escondia a verdade mais profunda. Ele, aquele indivíduo singular com olhos insondáveis, era terrivelmente solitário. Talvez pelo isolamento, talvez pelo abandono. Mas ele não se permitiria abater pelo sofrimento, e como um homem, ele jamais deixaria que nenhuma de suas fraquezas o fizesse hesitar.

Se ele havia matados pessoas, é por que haviam lhe feito assim. Alguém que seria forte, alguém que lutaria e não morreria. Não precisava de um motivo para viver, apenas vivia, por que assim haviam lhe feito.

Era um dia singular, mas dias singulares eram o usual. Levi girou em seu equipamento roubado, roubado como quase tudo aquilo que possuía. As pessoas se retorciam como ratos de esgoto em surpresa, vermes que nunca veriam o mundo lá fora. Que nunca veriam soldados lutando de verdade. Era quase cômico, aquilo que protegia as pessoas das feras atrás das muralhas, dos titãs, ali servia para propósitos egoístas, em um lugar onde todos eram egoístas.

Mas nada disso passava pela mente de Levi, ele era quase uma máquina, perfeito em seus movimentos, sem falhas. Poderia passar horas no ar e ainda seria magnífico. E, talvez por destino, isso foi notado por um homem ganancioso e com grande habilidade de explorar o potencial das pessoas.

Os olhos focados e afiados de Erwin Smith tremeram de entusiasmo, ele viu força naquele homem, uma força que precisava. E não demorou muito para ficar cara a cara com ele e deixar claro seus objetivos.

Quando Levi o viu pela primeira vez, não houve dúvidas, aquele homem não se arrependia de nada. Nos seus olhos brilhava uma determinação feroz que Levi não se preocupou muito em compreender. Erwin lhe estendeu a mão, com todos os significados por trás daquilo. Um homem da lei, um soldado, demonstrando confiança para um ladrão sujo da cidade subterrânea. É claro que ele estava mentindo, e ambos sabiam disso. Um homem como aquele, com olhos como aqueles, não confiava em ninguém.

Mas aquele homem veio com uma oportunidade, uma que parecia tentadora, estranhamente tentadora, mas só para aqueles que não conheciam o terror dos titãs. E por sorte, Levi não conhecia.

Ele queria sua força, sua devoção, queria que estivesse pronto para morrer se lhe ordenasse. Queria que o homem baixinho de olhos cinzentos lutasse ao seu lado. Levi hesitou, uma atitude razoável. E então pensou no mundo lá fora, e se lembrou do inferno em que vivia. Sua resposta não foi imediata, queria tempo, precisava dele. Então voltou para sua casa, dizendo que lhe responderia em alguns dias.

Tudo passou pela sua mente, todo o sofrimento e a dor dos miseráveis e vagabundos que nunca chegariam à lugar nenhum. Não havia dúvidas que ele queria sair, sempre quis. O problema era saber se confiar naquele estranho homem valia a pena.

Quando estava perto de casa não pôde deixar de notar um trapo, nada mais que um monte de lixo enrolado em lençóis sujos e jogado em um beco. Ele se aproximou devagar, e só quando chutou aquilo para longe percebeu que era uma pessoa. O fedor então se fez claro e Levi não evitou uma careta de desgosto.

"Imundo"

Ele viu então que o trapo era apenas um garoto que costumava segui-lo de vez em quando. De braços finos e olhos ansiosos, ele via Levi ativar o equipamento e deslizar pelo ar com certa curiosidade. Algumas vezes tinham trocado meias palavras, o garoto tentava vender-lhe coisas, e às vezes Levi comprava. Não era mau, não era bom. Era apenas uma criança e era fraca.

Era isso com todos que moravam ali, não passavam de nada além de animais que morreriam mais cedo ou mais tarde. Suas vidas, suas memórias e sentimentos, nada importava por que todos eram tragados pela terra. Eram tragados sem ressentimentos por aquele mundo tão corrompido.

Da próxima vez que os dois homens se encontraram, Levi não tinha mais dúvidas. Ele entrou no exército para usar sua força para um bem maior. Não que ele se importasse com a missão, com os titãs ou com a humanidade. Ele apenas era bom nisso, era o melhor. E foi o melhor desde o primeiro dia.

Na sua primeira missão ele foi impecável, mesmo sem experiência ou treinamento. Os outros se sentiam intimidados quando descobriam suas origens, esqueciam quando viam suas habilidades e se lembravam quando viam suas atitudes. Levi não era bom com palavras, nunca tinha sido. Foi criado para sobreviver em um mundo onde os que falavam demais morriam. Mas não se importava que seus companheiros o temessem, não se importava com nada além de continuar ali, fazendo seu trabalho. E os outros soldados não o incomodaram mais, eles estavam ocupados em um luta que não sabiam se podiam ganhar.

Na sua segunda missão ele foi impecável. Ele viu um rapaz que vivia falando sobre sua família e amigos morrer, sem nenhuma glória. Não houve momento de silêncio, o mundo não parou por um segundo pelo luto. Ele apenas se foi, e ninguém teve tempo para lamentar.

Na sua terceira semana ele foi impecável. Quando descansava na base, conheceu um estranho casal que dizia que iam se casar e ter uma grande família um dia. Obviamente ele não entendeu como eles esperavam fazer isso. Sabia que se quisessem ter um futuro, não podiam ficar ali. Então atribuiu isso à ingenuidade e estupidez. Naquela mesma semana, os dois morreram e , novamente, ninguém teve tempo para lamentar.

Na sua quarta semana ele cometeu um erro. Talvez por ter decidido confiar um pouco nos seus companheiros, talvez por não querer se sentir tão solitário. Ele tomou uma decisão errada e outros sofreram por isso. Alguns deles Levi tinha somente visto, outros nem isso. Pessoas que ele não conhecia, mas que morreram por ele e morreriam de novo pela humanidade.

Na sua quinta semana não tinha mais tanta certeza da sua decisão. Cada dia despertava um senso de responsabilidade que ele nunca pensou que teria, e de longe não desejava. Uma vontade de ajudar aquelas pessoas, pessoas que não sabiam seu nome ou ao menos quem era. E isso jamais funcionaria para ele. Não tinha sido criado para proteger ninguém. Tinha sido criado para ser forte, e ainda era muito bom nisso.

Na sua sexta semana ele viu o homem que o tinha mandado ali, Erwin Smith. Não tinha prestado muita atenção nele antes disso, mas naquela situação era impossível evitar. Ele tinha levado muitas pessoas para a morte. E não pareceu mostrar nenhum remorso, nenhum arrependimento. Levi não entendeu, aquele homem era o líder. As pessoas confiavam todas as suas vidas nele. Como ele podia fazer tão pouco caso de todos aqueles soldados?

A resposta que Erwin lhe deu foi clara, e certamente esclarecedora.

" Eu não desejaria eles de outra forma. Se estão aqui fora, é por que estão preparados para morrer pelas pessoas lá dentro."

Levi não quis compreender de imediato. Todo o sacrifício era irracional, hediondo. Eles não eram fortes como ele. Não podiam sobreviver como ele. Jamais lutariam como ele.

Na sua sétima semana ele decidiu usar sua força, não para voltar vivo. Mas para fazer com que outros voltassem. Ele não admitiria isso para si mesmo, ou para qualquer outra pessoa. Poucos diriam que suas atitudes mudaram, ainda era frio, rude e distante, mas todos os soldados podiam sentir que alguma coisa estava diferente com ele. Não sabiam bem o que, mas cada vez mais uma ânsia ardente queimava em seus peitos, uma vontade de acreditar naquele homem tão forte. Acreditar na nova força da humanidade, capaz até mesmo de deter os titãs.

Na sua oitava semana ele viu Erwin Smith novamente. Eles conversaram mais uma vez e Levi disse que não concordava com tudo aquilo que ele fazia. Erwin não o censurou. E contou que não se importava se alguém o matasse por não apoiar seus métodos cruéis. Mas queria que essa pessoa continuasse o avanço da humanidade, continuasse lutando e tivesse a certeza de fazer sacrifícios nas horas certas. Por que se não pudesse fazer isso, não seria capaz de ganhar nada. Se outra pessoa tivesse essa força, ele partiria sem remorsos. Por quê não importava quem comandava, contanto que todos continuassem avançando.

Naquele momento Levi percebeu que aquele homem não só não possuía arrependimentos, mas ele tinha uma certeza absurda de tudo aquilo que fazia. Não haveria outra pessoa capaz de o substituir. Fazia parte da ironia cruel e sádica daquele mundo, era o destino que todos ali haviam escolhido. Era necessário certa crueldade para vencer nas terras dominadas pelo caos.

Suas escolhas eram aceitar e confiar cegamente naquele líder impiedoso, usando toda sua força para lutar pelas pessoas, ser verdadeiramente útil, diferente de tantos outros. Ou voltar para sua casa, o lixo de onde saíra, e esquecer tudo que vira sobre a terra onde o sol se punha.

Na sua nona semana ele estava com um senso de confiança batendo forte no seu peito. Ele era diferente de qualquer um ali. Ninguém chegava ao seus pés. Ninguém tinha capacidade de fazer o que ele fazia. Ninguém tinha o poder de mudar as coisas como ele. Levi sobrevivera por muitos anos por que era forte, mas não iria morrer agora, pois tinha acabado de começar a viver.


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Notas finais do capítulo

Bom, primeiro, muito obrigada por ler e perder seu tempo nessa bobagem, eu realmente agradeço.
Não estou dizendo que minha versão é muito melhor ou sei lá o quê... é só minha opinião do que aconteceu, já que o spin-off que não é canon. Você está livre para discordar, são poucas pessoas que não gostaram do spin-off.
Eu nem tinha certeza se ia postar essa fic, mas sei lá.
Mas eu gostaria até mesmo de ouvir os argumentos de quem não gostou da minha interpretação, de verdade. Só pra saber o que as pessoas pensam da história original, por que gostaram dela. É uma curiosidade. Por favor?



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