Coadjuvante escrita por Halibel


Capítulo 1
Prólogo: O dia que a dona Ramona pariu a Chuva - I




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Aniversários. Ah, quem não ama ter um? Festa, amigos, doces, salgadinhos, presentes, o bolo... e ser o centro das atenções, claro!

Que não.

Porque nem no meu aniversário consigo ser o que se chama de... é, como era mesmo? Ah, isso mesmo, protagonista! Alguém sempre, SEMPRE consegue roubar a cena no meu aniversário. Não é justo! Eu não roubo a cena no aniversário de ninguém...

Na verdade eu nunca roubo a cena...

A não ser aquela vez no ônibus quando estava voltando do Matsuri e toda aquela cultura japonesa fez questão de sambar bem do jeito brasileiro no meu estômago por causas das curvas que o ônibus dava e... Ah, por que eu estou contando sobre isso mesmo? Sim, não tem motivo. Então não vou contar. Mas imagino que vocês devem imaginar oque aconteceu, foi bem...

"blérgh"

Tenho macarrão de yakisoba grudado no meu nariz até hoje. Ah, eu ainda não me apresentei? não sei poque estou interagindo com minha própria mente, mas acho que é a infecção de urina que me deixa assim, se bem que eu já me curei há uns 4 anos. Meu nome é Chuva. Sim, isso mesmo que leu: CHUVA. C de carro, H de hipotermia, U de urina, V de vacina e A de amor. Chuva, como aquele tema de 80% dos tumblr por aí. Sou um mito.

Realmente, não sei o que minha mãe tinha cheirado no dia em que me registrou, mas, vamos voltar alguns parágrafos e ir para o tema-central-nem-tão-central-assim: o dia em que a dona Ramona pariu a Chuva.

... O nome desse tema é muito estranho... Mas como toda mãe mija seu filho eu posso considerar que todas as mães dão a luz a chuva? Não, porque sou única. Mentira, sou substituível até por um abajur. E olha, já estou desviando do assunto de novo, que incrível dom é esse?

Bom, acontece que eu não nasci como qualquer criança, e isso incluí meu nome.

Meu primeiro aniversário já foi o 'melhor', diga-se de passagem. Dona Ramona se empanturrou de churros estando grávida de nove meses e a dois dias da cesariana que traria a vida a pequena Marina. Tá, até ai tudo bem, já tinham escolhido o nome, até eu me sentiria aliviada de ouvir esse detalhe no começo da história, se não soubesse que meu nome registrado no cartório definitivamente não é Marina. Enfim, dona Ramona, empanturrada de churros, resolveu sair de carro no chuvoso dia de oito de novembro de mil novecentos e noventa e oito para comprar mais churros, sozinha, sem marido, sem ninguém, grávida de nove meses e a dois dias da cesariana. Foi até uma padaria, porém não tinha churros, apenas bolinhos de chuva e como dona Ramona ama massas, não se importou de comprar bolinhos de chuva, voltou ao carro e advinham? o carro não ligava, tentou, tentou e o danado não andava. Dona Ramona começou a sentir contrações e resolveu chamar um táxi para ir embora e chamar o guincho, chamou o táxi, estava indo embora quando começou a parir. Sim, ela me pariu num táxi, acho que foi por isso que eu chorei mais do que o normal quando nasci, eu hein. Resumindo: meu nascimento foi regado de chuva, taxistas, pedestres, pessoas curiosas, aromatizante de carro e... bolinhos de chuva.

Além do meu padrinho ser um ex-presidiário chamado Alice, que fez o parto da minha mãe.

E mesmo assim ainda não sou uma pessoa interessante. Por que alguém tem sempre que roubar a minha cena?

Até agora, só duas pessoas vieram falar comigo, NO MEU PRÓPRIO ANIVERSÁRIO. E uma delas só queria saber onde era o banheiro, a outra foi até educada, me desejando um feliz aniversário e em seguida me perguntando onde estava o Marco, meu irmão. Fala sério, quando eu penso que vou receber atenção o Marco rouba a cena, mereço.

É, acho que sou mesmo uma coadjuvante na minha própria vida.

Continua...


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