A Menina da Carteira ao Lado escrita por Cherry Bomb


Capítulo 1
Capítulo 1




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Capítulo 1

Era o primeiro dia de aula num dia fatídico e calorento até demais. Eu não entendia o porquê do calor no Inverno, deveria ser frio, oras! Mas foi até bom, aquele dia calorento em que passei trancafiado numa sala cheia de gente suada, porque foi naquele dia fatídico em que eu que conheci a Menina da Carteira ao Lado.

Cabelos vermelhos ondulados, olhos castanhos, uma pele branquinha e óculos quadrados que insistiam em cair no nariz avermelhado. A menina da carteira ao lado tinha um sorriso resplandecente e alegre, que atraía qualquer pessoa que a fosse olhar. Me lembro exatamente de como ela estava em seu primeiro dia de aula: Cabelos soltos, camiseta cinza justa, calças jeans e um sorriso no rosto.

Lembro de como nos conhecemos. Era o primeiro dia de aula num dia fatídico e calorento até demais. Todos os alunos estavam felizes de se reencontrar, embora arrastados pelo fim das férias. Porém, a menina da carteira ao lado era, sem dúvidas, a mais feliz de todos. Ela não tinha motivos para abrir aquele sorriso que rasgava o rosto, mas estava tão feliz que parecia que só sua presença naquele lugar a deixava alegre.

O sinal da primeira aula bateu e todos nós fomos para uma fila desorganizada até a sala de aula. Sentei em meu típico e fatídico lugar, e então olhei para a esquerda, para a cadeira vazia que vinha a seguir. Antes das Férias, ela pertencia ao Luca, um garoto desordeiro e desatento que só queria saber de conversar com seu amigo Jorge, que assumia uma expressão triste, a aula toda. Então aconteceu: A menina da Carteira ao Lado andou, ainda com o sorriso no rosto, para a carteira ao lado, e então sentou nela.

O tempo passou, as aulas se arrastaram, mas A menina da carteira ao lado continuava com um sorriso no rosto, que desaparecia algumas vezes, mas sempre voltava.

Foi na aula de Filosofia em que tomei coragem. A professora passou alguns poemas para nós, todos com questões de interpretação de textos, mas eu só pude pensar em como o sorriso da Menina da carteira ao lado era bonito. Quando terminei de copiar e responder tudo, procurei no caderno de Filosofia e achei um poema de Chaplin que, se tudo corresse bem, me daria uma chance com a Menina.

Rasguei um pecadinho de papel de meu caderno e escrevi, numa letra formosa:

Porque o meu coração é tão iluminado?
Porque as estrelas estão tão brilhantes?
Porque o céu é tão azul
Desde a hora que eu conheci você? – Charles Chaplin”

Então, reunindo toda a coragem existente em mim, virei-me para o lado e entreguei-o para A menina da carteira ao lado.

Ela pegou o bilhete, curiosa, e então o leu. Depois de lê-lo várias vezes, suponho, ela abriu o sorriso mais bonito do Universo e escreveu, no verso, alguma coisa. Só sei que era de cabeça, pois nem consultar o caderno ela consultou. Então se inclinou em minha direção, e ainda com aquele sorriso maravilhoso, entregou-me:

Te dou um Céu
Cheio de Estrelas
Feitas com caneta bic
Num papel de Pão. – Zeca Baleiro”

Li o bilhete várias e várias vezes, e então abri um sorriso também, que não chegava perto da beleza da Menina da Carteira ao lado, mas ainda assim, um sorriso.

Olhei para ela mais uma vez, que sua vez abriu um sorriso sapeca e deu uma piscadela, e então voltou-se para frente, desenhando várias estrelas pequeninhas em seu caderno.

Desde aquele dia, passei a trocar poemas com A menina da carteira ao lado sempre que pude, mas nunca nos falamos verdadeiramente. Espero ansioso até o dia em que meu papel de pão rabiscado de estrelas chegue aqui em casa, mas não me importo realmente se as canetas responsáveis pelo rabisco serão bic ou não.


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