Máscaras de Nossas Vidas escrita por Anita


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/6352/chapter/1

Máscaras de Nossas Vidas

Notas Iniciais:

 

Cavaleiros não é meu, mas a história é, logicamente. Este é um casal incomum, então se não gosta disso, caia fora! Anita_fiction@yahoo.com é uma caixa de mail para os que gastaram desta história, que não será continuada!

 

Dedicada a Vane, que me pediu...

 

Olho Azul Apresenta:

Máscaras de Nossas Vidas

 

 

 

  Um bando de garotos brincava de brigar pelo pátio do Santuário, passei sem dar a mínima, pelo ao menos não aparentemente. Pessoalmente acho algo completamente errado de seus mestres permitirem tal coisa! Brincar que brigam!? Por favor! Estamos em um tempo pacífico, não é hora para brincadeiras, devemos treinar para desta vez estarmos preparados para a batalha.

 

  Continuo andando, já estou longe, porém escuto os gritos de um dos garotos, está chorando, reclamando que se machucou. Se eu fosse mestre dele o deixaria só, o abandonaria, um chorão como aquele jamais seria um bom defensor!

 

  Mas afinal o que Aioria queria!?

 

  Cheguei, finalmente até seu templo, não gosto de abandonar o meu, ainda mais em serviço, porém o de Aioria ficava a frente, se algo acontecesse, vide invasão, eu poderia ainda cumprir meu dever.

 

-O que quer?-o jovem se virou assustado, dando as costas para a entrada, ai, agora alguém poderia atacá-lo que ele morreria sem saber porque.

-Uau! Camus, que susto!

-O mesmo levará se não voltar à sua posição!-ele se virou murmurando algo sobre ter gente ainda para ser morto na frente dele.-O que queria?

-É que hoje é aniversário do Miro, você sabe...-eu assenti, se dissesse que não sabia, ou seja, a verdade, ele começaria a me mandar pensar mais nas pessoas e não nas regras...-Pois é... A gente decidiu comemorá-lo.

 

  Já ia dizendo que era para mandar as congratulações, ele deve ter percebido, ou ando me tornando previsível.

 

-Como, com tanto trabalho, andamos nos tornando distantes uns dos outros, decidi chamar todos para uma festinha na boate do vilarejo aqui do lado.

-Uma festinha? Ele já não está velho demais para isso?

-Não é bola e bolo, não, Camus. É, sei lá, uma confraternização, bebida, amigos, dança, alegria... Sabe, o tipo de coisa que você não faz há muito tempo!

-Mande as minhas congratulações para ele.-e quase consegui escapar.

-Você vai sim!-ouvi uma voz bem forte atrás de mim, ou seja na direção em que eu ia.-Nem pense em faltar senhor Camus.

 

  Era Shaka, sem dúvidas alguma, encarei-o.

 

-Para quê? Mal falo com o sujeito...

-Acabou de aparecer com um bom motivo.-o cavaleiro de Virgem dizia. Era ainda estranho vê-lo de olhos abertos. Nunca realmente acreditei nos tais rumores, mas ainda temia um pouco seus olhos.

-Qual?

-Mostrar a ele que se importa com uma data tão especial! Além do mais nem é seu período à noite.

-E pedimos a Athena para colocar muitos cavaleiros de bronze por aí, já que todos vamos.-Aioria acrescentou.-Vai, Camus, é importante pro cara.

-Importante? Eu me impressionei quando notei que sabíamos nossos nomes um do outro!

-Não sei se sabe, mas...-Shaka parecia escolher as palavras, aiiii, quando aquela boca abria eu sabia que não tinha opção.-Mas ele acaba de ter seu coração partido. Além de juntar todo mundo, nossa intenção era a de animá-lo.

-Nem sabia que tinha namorada e não me interessa. Um Cavaleiro nem devia ter relacionamentos! Nosso único compromisso é com nossa deusa Athena e fim de papo.-eu estava encurralado, dos dois lados eram paredes e na frente estava Shaka enquanto atrás estava Aioria.

-Se não for...-o Cavaleiro de Virgem deixou as reticências no ar, eu rosnei... Não tinha opção pelo jeito.

-Mas vou ficar pouco.-Shaka sorriu e pude ouvir Aioria gargalhar.-E nem tentem me segurar por lá!

-Certo, vamos Camus, eu te acompanho até seu templo.-Shaka já estava andando enquanto me despedia formalmente de Aioria e o seguia.

 

Eu o alcancei logo, ô paciência pra andar tão devagar!

 

-Você é muito frio.-comentou.

-Obrigado, é minha meta de vida.

-Camus, você vai e fim de papo...-chegamos à sua casa e ali ficou.

-Pensei que fosse me acompanhar...

-Já conseguiu algo impossível que é me irritar, quer mais?-eu já disse que tinha medo daquele cara? Pois é...-Deixe-me contar uma história... É sobre um rapaz que passava a vida botando tudo em ordem alfabética, nos livros era por autor, nos cds por cantor e assim ia. Ele inclusive namorava em ordem alfabética! Como toda história nos temos um dia. Um dia ele morreu. Seu nome começava com M se não me engano, sei que o colocaram depois de um com X e antes de outro com C. Creio que não adiantou pra ele não é? Afinal, para a eternidade ele ficará desordenado...

-E o que eu tenho a ver com isso?

-Você é muito certinho... Viva a vida Camus!!! Ou um dia ela te fará viver... Ou, pior, se arrependerá para a eternidade.

-Até mais...-eu me fui, odeio quando Shaka começa com palestras... Por que ainda ouço suas estorinhas... Esta última foi o cúmulo do ridículo!

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

  Cheguei na boate no horário que me marcaram, plenas dez da noite, não é a toa que simples cavaleiros de Bronze os derrotaram, não devem dormi! E aí não cumprem o serviço direito...

 

  Shura estava comigo. Ele passou cumprimentando todos que haviam chegado e entregamos nosso presente para Miro, que se divertia com uma mulher que provavelmente era da vida, tamanhas as roupas, ou no caso, falta de tamanho...

 

-Que bom que veio!-falou Aioria no momento em que me sentei.

-Pelo ao menos alguém está satisfeito...-logo colocaram uma bebida qualquer que não era vinho tão pouco parecia de qualidade.

 

  Dei uma olhada ao redor, observei os vários Cavaleiros e enfim a pista de dança. Estava lotada, mas pude logo ver quem estava na festinha e que dançava... Águia, Camaleão, Cobra (eu acho que a Shina não é de Cobra, mas se não for é um bicho parecido...).

 

-Quer dançar?-o garoto voltou a perturbar...-Vamos lá!

 

  Então me puxou para perto das garotas, tentando me sacudir, fui saindo de fininho enquanto se distraía com a Águia. Bati em algo, virei-me para ver Shura e Shaka me empurrando novamente para ali, que agora era uma roda.

 

  As luzes batiam em meus olhos e Shura me fazia o favor de me rodar ainda mais... Talvez, como eu já imaginava, aquela bebida era forte demais! Eu rodava, tudo rodava, a música começou a ficar distante e-

 

TUM!

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

-Você está bem!?-abri lentamente meus olhos e vi uma máscara primeiro, olhei ao meu redor, enquanto meus olhos se abriam e focalizavam. Eu estava sentado na mesa de antes, agora vazia exceto por mim e...

-Cobra?-olhei a amazona de cabelos esverdeados colocando a mão em meu rosto.

-Acho que não tem febre... Você não está acostumado com isso não é?-ela deu uma risadinha.-Toma, beba...

-O que é?-perguntei olhando para o copo que me oferecia.

-É só água...

-Vamos, gata! Temos uma noite pela frente!-um homem apareceu, olhei-o, forcei a mente, mas nunca o tinha visto antes. Shina o olhou.

-Eu já estou indo, Dito.-ela me olhou, ou pelo ao menos se voltou para mim.-Vai ficar bem aqui?

-Acho que sim...

-Não se levante agora ou ficará tonto, descanse e depois vai estar pronto pra outra.-e ela se foi com o homem.

 

  Observei a ambos por algum tempo na pista de dança. Bailavam como se o mundo fosse acabar com o corpo, coração, alma e mais corpo ainda. O cara simplesmente não respeitava e suas mãos pareciam querer memorizar o corpo da garota.

 

-Ao invés de treinar, essas amazonas ficam se dando a qualquer um...-comentei, quase num sussurro irritado.

 

  De repente eles desapareceram. Olhei ao redor e ainda vi uns fios de cabelo verde sumir pela porta de saída. Sei que não estava sozinha... Agora ela tem um namorado...

 

-Com ciúmes?-voltei-me assustado para ver Shaka ao meu lado. Dei de ombros.

-Não! Apenas não sou a favor...

-De ela ter a vida dela?

-O que ela irá fazer lá fora com ela, Shaka?

-Isso é entre eles... Sem contar que esta fic tem leitores menores de idade...-ele deu uma gargalhada e começou a beber aquela bebida do Tártaro...(NA: Mundo dos Mortos, ao invés de colocar inferno decidi botar este.)

-Pois eu digo que não vão ficar observando estrelas...-falei, deixando bem claro o que se passava pela minha cabeça.

-Eu já disse que eles são livres para fazerem o que quiserem...

-Mas se ela deixá-lo ver seu rosto será um crime!

-Não que muitos se importem ultimamente.-virei a cara, rosnando de raiva.

-Shaka! Logo você que é tão certinho...

-Camus, desista da ordem alfabética!

 

  Eu desisti, mas foi dele.

 

  Levantei-me bravo e saí pela mesma porta que Shina e o tal Dito. Não os vi, mas nem quis procurar. Fui direto para a minha casa que ficava num lugar bem afastado no Santuário. (NA: Os Cavaleiros de Ouro não dormem normalmente em seus templos, eles têm casa própria. E eu não inventei isto, vejam Shina e Marin tanto no anime qt no manga elas tinham casa e creio que os outros também.)

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

  A verdade é que a partir daí quando não era Aioria, era Shaka, ou Shura ou até Mu que me arrastavam para aquela boate. Eu não ficava muito, só até eles irem dançar.

 

  Aioria agora estava de caso com a Águia e a Cobra, caso estejam se perguntando, a cada semana aparecia com um... Se há algo pior que namoro é esse tal de “ficar”. Não digo porque não tenho ninguém. Muitas, ignorantes de meu posto, tentaram me levar para suas camas. Óbvio que se é para eu namorar será com meu dever de proteger Athena e o Santuário, com quem me casarei.

 

  Hoje estou mais uma vez aqui sentado observando Shina dançar... Não! Não é bem a ela, mas minha vista me levou a observá-la! Não me sinto atraído ou com ciúmes,como Shaka diz. É só que ela é a que mais chama a atenção...

 

  Logo, mais uma vez, desapareceu...

 

-Peguei!-dei um pulo de onde estava e olhei aquele que me tentara matar.

-Nunca mais faça isso!-falei ameaçador para um Shaka risonho demais para meu gosto.-Qual a graça?

-Eu te peguei novamente olhando para Shina...-viu porque me expliquei antes!? É a terceira vez que tenho que repeti-lo, sem contar com aquela do aniversário de Escorpião.

-Quantas vezes devo me repetir? Aquele jeito, cá para nós horrível, dela dançar chama atenção demais!

-Sei...-ele fez cara de cético... De novo...

-Sabe, Shaka, não me esquento mais contigo!

 

  Ao invés de ir embora me decidi por ficar e dançar com uma das garotas que me chamava. Certo... Fiquei por uma única música e me fui.

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

  Eu estava caminhando pelo Santuário numa quarta-feira, era minha folga, mas não fazia mal fazer uma pequena ronda. Passei por uns locais de treinamento vendo os novatos sofrerem, por uma boa causa, lógico. Observei as ruínas, treinei meus conhecimentos sobre cada uma delas e agora já estava anoitecendo.

 

  Foi quando ouvi alguém treinando.

 

  Procurei essa mulher e vi Shina, estava num penhasco e lá embaixo algum dia passara um rio que se tornou um monte de rochas pontiagudas.

 

  Ela treinava pulos, socos; fazia muitas coisas ao mesmo tempo... Tinha ficado bem mais forte que era na última batalha... Pelo ao menos.

 

-Quem está aí!?-ela aplicou seu ataque em minha direção. Não preciso dizer que os evitei facilmente.

-Poderia ter machucado alguém...-falei me aproximando.

-Era a minha única intenção.-falou meio ameaçadora. Sorri.

-Nunca me machucaria com aquilo.

-Foi minha falha... Uma pena.-ela gargalhou de leve e veio correndo para cima de mim, me desafiando.

 

  Aceitei o desafio.

 

  Assim ficamos por um longo tempo, só paramos quando vimos de longe o relógio novamente se acender. (Notas: Isso deve significar meia-noite, creio)

 

-É hora de eu ir fazer minha guarda...-ela parou o ataque que me faria.

-Já? Fique mais um pouco, não fará diferença, ninguém nos invadirá nesse instante.

-Não, já é hora. Boa noite, amazona.-ela segurou minha mão. Virei-me assustado. Se antes eu já era frio, agora estou ainda mais.

-Por favor... Estou pedindo para que fique.

-Já disse que devo ir, por favor eu peço. Para que me solte.-digo isso já tirando a minha mão dela. Sei que estou vermelho, deu até para ouvir uma risadinha sarcástica da amazona.

-Então por que não vai? É livre!-falou, ainda mais irônica.

-E porque não quer que eu vá?

-Por causa...-ela baixou a cabeça, mas logo a levantou.-Vou te deixar saber se fechar os olhos.

-Para que os fecharia? E o que me garante que não fará nada comigo?

-Tem medo de mim? Uma simples amazona...

-Urgh! Você venceu...-meu ponto fraco, o orgulho. Fechei os olhos, tremendo de ansiedade, estava preparado para tudo, um ataque, ela me prender, me jogar naquelas agulhas de pedra... Bem para quase tudo...

 

  Fiquei ainda de olhos fechados sem que nada acontecesse, talvez Shina quisesse saber se eu havia confiado nela. O que me espanta é que havia!

 

  Foi quando o senti o calor do corpo dela se aproximar do meu, estava tenso, preparado para o tal ataque enquanto a sentia fechar a distância que nos separava. Tudo no meu corpo gritava perigo, estava sendo bobo ao deixar uma garota perigosa como ela se aproximar!?

 

  Mas algo, bem lá no fundo me manteve firme no chão, com os olhos fechados, e logo o suspense acabou quando senti um toque, bem de leve nos meus lábios.

 

  Se antes eu estava frio, agora havia congelado.

 

  Foi bem leve mesmo, mas duradouro, assim Shina ficou por um minuto mais ou menos, pode ter si do um segundo, uma hora. Acho que perdi a noção do tempo para falar a verdade.

 

  Ela se afastou, encerrando o tenro beijo e eu lentamente abri meus olhos, estava tonto, afogado num mar de incertezas.

 

  Novamente ouvi o barulho de sorriso...

 

-Boa noite, então.-e se foi, me deixando ali, sem ação alguma.

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

  Lá estava eu, mais uma vez na tal boate. Desta vez ninguém havia precisado me convencer, ia lá para ver Shina. Não a havia encontrado no dia anterior e hoje, sexta, era a minha esperança. Eu...

 

  Sentia saudades dela.

 

-Vamos, Camus, vamos dançar, cara!-Aioria me chamava, Marin havia ido ao Japão ajudar a princesa Athena com algo.

-Não...-respondi pela centésima, ou milésima, vez.

-Por que? Parecia tão animado para vir...

-Exato, agora eu vim, não quero dançar.-respondi, olhando para a pista de dança, nenhuma amazona de belos cabelos verdes a vista.

-Para que então? Não bebe, não brinca! Ah... Está querendo uma gatinha né?-fiquei vermelho, agradeci à semi-escuridão do local.

-Não!-sei que era um não, porém soou como um “cai fora” e que bom que Aioria se mancou...

-Está bem, calma, amigo...-e se foi.

 

  Ah! Meus olhos se iluminaram, o tempo parou, tudo ficou mudo... Lá ela estava, entrando com algumas amazonas que apenas conheço de vista. Logo se foram e estava sozinha, vindo em minha direção.

 

  Virei a cara para não ser pego a olhando. De novo.

 

  Parou perto dali, falando com uns amigos... Sua voz era tão doce... O que era aquilo que eu sentia? Quando a vi parecia que se movia em... Câmera lenta.

 

  Olhei para o chão, tudo rodava, mas não era como quando desmaiei de embriaguez. (NA: ele tinha bebido um copo! É tão exagerado...) Era diferente, algo novo estava em meu coração, quase uma alegria, um delírio!

 

-Oi, gatão!-olhei assustado para cima e foi como quando acordei da outra vez. Lá estava meu Anjo. Anjo!? De onde tirei isso? Estou pirando, ou só andando demais com Aioria?-Algum problema, nunca me viu, hehe?

-Não, é só que me assustou...

-Ah, claro! Estava tão ocupado estudando cada centímetro do chão... Perdão.-ela falou, rindo, sentou-se, então, ao meu lado.-Vamos tomar algo? Por minha conta...

 

  E eu podia recusar?

 

  Conversamos pela próxima hora inteira, rimos, discutimos, concordamos, ficamos também naquele silêncio gostoso, que diz tudo até mais!

 

-Quando vai me chamar pra pista?-ela perguntou terminando o último gole de seu sexto copo.

-Como?-eu próprio estava distraído num daqueles silêncios.

-Dançar! Seja cavalheiro e me convide, larga essa de Cavaleiro! Vamos! Seja homem...-olhei, ao terminar meu quarto copo. Até que o trocadilho havia sido engraçado.

 

  Chamei-a para dança.

 

  Pode ter sido meu estado ébrio da hora, mas ao bailarmos ao som da lenta canção era como se bailássemos no céu e em algum lugar ainda mais perfeito!

 

  Assim ficamos por milhares e infindas músicas... Até que...

 

-Vamos lá pra fora... Aqui está quente.-falou ela, já me puxando pela mão, concordei com a idéia. Fui criado num local muito frio e mesmo estando há um bom tempo na Grécia, ainda sentia calor fácil.

-Ah, o Mediterrâneo, temperaturas insuportavelmente quentes de dia e insuportavelmente fias à noite... Amo este lugar!-falei, como sabia que não falaria em meu estado normal.

 

  Andávamos pelas ruínas, nos afastando definitivamente da boate. A direção me era conhecida... Para o templo de Diana.

 

  Shina sentou-se numa das pedras na entrada, onde tinha uma estátua da deusa caçadora com uma corça.

 

  Eu a olhei, de pé, apoiado na estátua.

 

-A Lua está linda hoje!-ela falou, apontando a imensa bola branca no céu.

-Sim...-falei maravilhado com outra beleza.

-Olhe-a, então, admire-a.

-Shina...-sentei-me ao seu lado, ela me olhou.

-Fala.

-Não me sinto bem, é melhor voltarmos, não devia ter bebido aquilo de novo.

-Você é muito bom menino. Rebele-se um pouco...

-Prefiro que não seja hoje, é tarde e não estou bem.

-Vai se sentir melhor se fechar os olhos.

-Por que?

-Feche-os!-fechei naquele instante, sem temer nada desta vez.

 

  E os senti, mais ambiciosos que antes, porém ali estavam seus belos lábios, roçando os meus, me provocando. Seus braços se enroscaram em meu pescoço, impedindo que eu me afastasse e sua língua aprofundou o beijo.

 

  O frio da noite deu lugar ao calor do beijo. Minha pele tremia de prazer, era tão bom, ser rebelde, ao menos uma vez na vida.

 

  Mas eu não estava fazendo nada de errado. Era errado me divertir alguma vez? Era só um beijo! E que beijo...

 

  Eu próprio nos separei, por ar...

 

  O silêncio voltou a cair... Desta vez olhei a Lua, realmente era linda! Mas não resisti e voltei a admirá-la.

 

-O que vê em mim?-Shina perguntou, sem me olhar.

-Como?

-O que vê em mim que o faz me preferir a esta bela Lua?

-É que a gente vê a Lua todos os dias.-ela se aproximou e deitou a cabeça em meu ombro.

-Sabe, antigamente os gregos atribuíam a Lua a uma deusa filha de Zeus. Também a atribuíam a outras, mas isto não importa...

-E no que esta importa?-perguntei.

-Artemisa era seu nome, ou Diana, é esta que está do nosso lado, na corça, como você já deve saber.

-Entendo...

-Era conhecido como a deusa virgem. Enquanto uma irmã amava batalhas e a outra o sexo, esta era frágil e virgem... Porém bela! Como a Lua no alto... O interessante é que Artemisa era a deusa a qual as antigas amazonas idolatravam, era sua defensora. Nunca realmente entendi isto...

-Por isso vocês têm que usar a máscara? Para simbolizar esta virgindade?

-Algo assim, acho. Para mim, a máscara é o mesmo que a virgindade... E sabe o que Artemisa fez com aquele que a viu se banhando?

-Sim... Ela o transformou em cervo.

-E fez com que os próprios cães do caçador o caçassem até sua morte... Ela era muito vingadora, como as Amazonas.

-O que quer dizer com isso?

-Que a Lua está linda!-e o silêncio mais uma vez nos dominou, Shina não falou mais nada.

 

 Decidi que era hora e a levei até sua casa, logo depois indo até a minha. (NA: Os cavaleiros de ouro não moram nos seus templos! Têm casas bem simples em algum lugar por ali...)

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

  Nos próximos dias Shina me evitou e logo notei que só fui usado para mais uma noite. Nas outras semanas não tive mais ânimo para ir à boate. Só em pensar no lugar imaginava Shina com algum outro.

 

  Por vezes a vi com outros, de fato e lembrei da conversa da outra noite... Ela me havia transformado em cervo e me estava matando por dentro!

 

  Mas qual seria o por quê daquela agonia toda!?

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

-Ei! Camus...-Shaka entrou, acompanhado de Miro em minha casa. Eu estava deitado, olhando para o teto, tentando me entender...

-E aí, cara? Como vai!?-Miro perguntou sentando numa cadeira e Shaka sentava numa brecha da minha cama.

-O que fazem aqui?

-Não o temos visto... E ontem você faltou à reunião do grupo.-Shaka começou.

-Estão todos preocupados. Sem dúvidas que você não é assim.

-Eu estou bem, podem ir.-respondi, nunca olhando para eles, Shaka me olhou, eu senti.

-Pô, cara! Levanta esse clima! Assim fica me lembrando de mim mesmo...-Miro, não entendo meu pedido de silêncio, continuou.-Fala qual o nome dela!

 

  Shaka o olhou de repente, eu permaneci olhando pro teto, frio como sempre devia ter sido nesta história toda...

 

-Ela quem?-Shaka perguntou.

-Bem, ele está claramente apaixonado, queria saber quem é... Sabe a Shina? Puxa! A gente saiu numa noite e foi demais, andamos pelo santuário, conversamos pacas! Mas não ganhei nem um beijinho! Depois de termos dançado, passeado, conversado! Nadinha de nada, aquela mulher é mais virgem que... Sei lá! Uma sacerdotisa.

-Hummm, Shina, hein? Você não ficou tão arrasado assim! Lembro de seu aniversário...-Shaka falou.

-Ah! Eu não me deixo abater por tanto tempo assim...

 

 

  Fiquei olhando pro teto... Será que Shina só saía com os caras? Nada além!? Mas comigo... Vai ver ela achou o Escorpião muito tagarela e...

 

  Meus pensamentos se destruíram quando Miro continuou a falar:

 

-E ela faz isso com todos, sem contar que nunca repete o mesmo cara pra ele não pensar que vai ganhar algo, se é que me entende.

-Camus...-Shaka interrompeu o garoto, que já tinha um sorriso na cara, certo eu olhava-os quando se distraíam! Nem sempre posso manter minha pose, infelizmente.-Qualquer que seja o motivo já notei que não nos vai contar. Está tudo bem, há coisas que não mudam de uma hora pra outra. Você é uma delas... Mas... Você não pode esperar que as coisas venham na sua mão! Se for uma garota, você tem que ir lá e falar com ela, exigir alguma providência, ou tomá-la por si próprio! Se não resolver, não estaciona, bola pra frente!

 

  Ele se levantou, me olhando. Eu ainda fingia não ligar...

 

-Vamos, Miro, ele já é crescido e pode tomar as decisões, sozinho.-Miro assentiu e se foi, falando sobre uma garota qualquer que era uma amazona nova...

 

  Levantei-me também, mas não pretendia pensar numa amazona nova e sim minha boa e velha Shina.

 

  Minha? Sim, muito minha... Eu fui um idiota! Só esperei para que ela desse algum passo, mas neste momento tinha me decidido sobre todos os meus sentimentos.

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

  Ela estava olhando um lago, estava de noite, provavelmente mirava o reflexo da Lua. Confesso que era lindo! Todo o quadro da minha bela Vênus olhando sua Artemisa.

 

-Bu!-ela se virou, realmente pareceu assustada.-Pensei que tinha percebido a presença de meu cosmo.

-Tenho assuntos mais importantes que seu cosmo ou de qualquer outro.

-Se eu fosse um invasor...

-Já lhe disse que o Santuário não vai ser invadido assim...-eu sorri, me aproximando e sentando na beira do lago, ela me seguiu.-O que está dando em você?

-Por que?

-Está tomando uma iniciativa... Não é seu típico.

-Não sou tão previsível assim!-dessa vez eu a olhava nos olhos.

-Não!? Então me perdoa por me ter enganado a seu respeito!

-Melhor...

-Mas por que resolveu se tornar... Imprevisível?-ela falou a última palavra num tom irônico demais!

-VocÊ, talvez, a vida... Talvez porque percebi que estava perdendo demais sendo neutro, como meu nome manda.

-Seu nome?

-Sim... Meus pais amavam livros, colocaram meu nome o de um autor muito famoso: Albert Camus. Era conhecido pela sua neutralidade. Decidi mudar isso, parar com esta coisa de morno.

-Virará frio? Como devia ser...

-Não. Acho que seria tarde demais... Meu coração está quente demais, pode estar frio, mas por estar tão perto de você sinto calor, minhas mãos suam...

-Deve estar doente...

-Doente por você, talvez sim. Com certeza sim!-ela sorriu, eu sabia disso, mesmo com aquela máscara...-E até estou disposto a correr riscos...

-Isto é bom.

-E já comecei, vindo dizer que te amo...

-Ah é?

-Sim e muito. E agora vou...-mostrei  com gestos que valem mais que mil palavras. Tirei sua máscara e vi um belo rosto ali embaixo. Ele estava corado, talvez pelo susto...

-Não tem medo de eu fazer alguma coisa?

-Não pode me transformar em cervo e eu não tenho cachorros.

-Esperto... Mas eu te avisei que teria conseqüências!

-Estou disposto.-e a beijei. Sim, eu a puxei e dei um beijo daqueles...

 

  Eu realmente não sei se namorar uma amazona é certo, ou se este relacionamento vai funcionar. Porém ando aprendendo muitas coisas e estou pronto para lutar por ela se necessário... Porque luto pela minha felicidade!

 

  Ao nos separarmos ela me olhou, se antes tivesse visto seu rosto saberia que era correspondido... Seu olhar era inexplicável. Ela usava uma máscara, por isso não precisava destas farsas na expressão que nós usamos, que eu usei muito. Ela era genuína e era linda!

 

-Eu te amo, Camus...-ela falou o que eu já sabia.

-Eu também. Só não entendo uma coisa... E Seiya?

-Sei superar certas coisas, ele foi uma delas. Mas luto pelo o que quero e finalmente consegui, deixe-me descansar em paz nos seus braços agora...-e descansamos em paz no calor um do outra enquanto durou.

 

  Ah! E aquilo era eternidade!

 

Fim!

 

Anita, 31/10/2002

 

Notas da Autora:

 

Uau!!! Feliz dia das Bruxas pra você e finalmente chegará Novembro, trazendo com ele as sonhadas férias... Bem, na verdade traz com ele o amado Dezembro, hehe.

 

Essa fic foi feita assim, com esse casal, no mínimo diferente, a pedido da Vane que chegou pra mim e disse que nunca tinha lido uma fic com esse casal que é seu predileto. Como também amo um do qual nunca vi (além da minha) eu resolvi satisfazer seu desejo, e que outros façam-no também, pois sem dúvidas é divertido de se trabalhar!

 

O Camus ficou OoC porque eu prefiro personagens mais cômicos, de certa forma também porque é em primeira pessoa e é claro que o próprio Camus usa uma máscara no rosto, mas só que simbolicamente. Eu o fiz diferente, para mostrar que ele era diferente! E também pra fic não ficar baixo astral, hehehe.

 

  A pedido da Vane, Shina não chora pelo Seiya (como eu a prefiro), nem o Camus é machista ou alcoólatra. Aí está, eu o fiz beber um pouco, mas pelo bem da piada, hehe.

 

  Você gostou!? Mesmo!? Ah!!! manda um mail pra mim!!! Fala sobre o quê posso escrever, mas principalmente comente sobre o que gostou e no que posso melhorar em relação a esta fic. Porque a menos que a idéia seja maravilhosa, não a aceito, por já te minhas próprias idéia e falta de tempo.

 

  Uma coisa que observaram a meu respeito é que não sei mostrar a dor de um coração partido e notei aqui também, então desculpa! Mas drama não é pra mim... Minha vida é horrível, então algo tem que ser bom...

 

Meu mail é anita_fiction@yahoo.com e pode encontrar mais fics meus no meu site http://intermega.com.br/olhoazul assim como participar do meu fórum, onde a Vane às vezes vai, ou ler outras fics, como a da própria. Enquanto faz isso, disponho de alguns mp3 e traduções de songs!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Máscaras de Nossas Vidas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.