Acabei saindo do parque e indo diretamente para a casa dos meus pais. Caminhei durante trinta minutos até chegar. Quando cheguei, bati na porta e minha mãe prontamente abriu. Apesar da idade, ela é bem bonita, com seus cabelos louros levemente cacheados.

– Filho, entre! – ela sorriu e gesticulou para que eu entrasse. Atrás dela estava meu pai, Paul, sentado em uma poltrona lendo um jornal.

– Oi mãe. – falei quando entrei na casa e ela fechou a porta. Havia um cheiro delicioso de frango assado no ar e quando olhei para a cozinha vi que em uma travessa havia macarrão ao alho e óleo. Sorri, percebendo que minha mãe havia se lembrado da minha comida favorita quando era criança e quando eu não tinha nenhuma preocupação na vida. Desviei os olhos da cozinha para o meu pai. Fui até ele e lhe dei um abraço. Meu pai sempre fora meu parceiro e melhor amigo. Nós pescávamos juntos no lago na nossa antiga fazenda e ficávamos a beira do rio a tarde inteira.

– Acho melhor nós almoçarmos logo, estou com muita fome. – ele sorriu.

– Eu também acho. – sorri para ele. Tiramos tudo da cozinha e levamos até a mesa de jantar. Assim que me sentei, minha mãe perguntou:

– Quero saber porque você não dormiu noite passada. Ficou de contar o que aconteceu a mim e ao seu pai, Jake.

– Tudo bem. Noite passada eu sonhei com uma garotinha cantando Imagine, do John Lennon. Eu não via seu rosto, mas lembro que tinha uma voz parecida com a de uma menininha pequena. Depois, eu a ouvi chorar e uma moça silenciava ela, dizendo que ela estava bem, mas eles não voltam mais. – disse.

– Você tem que encontrar essa menininha. – disse minha mãe. Eu sabia que ela iria dizer isso.

– Eu concordo. – disse meu pai.

– E o que essa menininha poderia representar? Vocês querem que eu adote ela? – disse em tom de deboche.

– Não fale assim. E se você adotar? – replicou minha mãe.

– Eu não vou. – respondi, na lata.

– Pare Jake, já chega. – disse meu pai, nitidamente irritado. – Sonhos tem um significado.

– Ah, claro que tem. – disse ironicamente. – Obrigada pelo almoço, mas eu já vou indo.

– Jake! – replicou minha mãe.

– Deixe-o ir, querida, é melhor. – ele segurou minha mãe. Saí da casa irritado. A vida era minha e eu que devia decidir o que fazer ou não. Fui direto para minha casa e quando cheguei já eram duas horas da tarde. Tomei um suco de morango que estava na geladeira e quando terminei fui para o meu quarto. Vi meu mural de fotos e percebi que escondida entre milhões de fotos havia uma. Tirei a foto com cuidado. Era eu e meus pais. Estava me balançando enquanto eles me seguravam minha mão e me balançavam para frente e para trás. Atrás da imagem havia uma única frase:

“ Nós amamos você mais que tudo neste mundo!

Com amor, papai e mamãe”

Devolvi a foto para o mural e me peguei pensando nela. Cheguei a conclusão de que as vezes nós precisamos dos pais para nos ajudar em tudo, assim como nos balançavam para frente e para trás quando éramos crianças.